Fragmentos de Lembranças escrita por Yume Celestia


Capítulo 23
Ligação


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vai você nesse maravilhoso dia? Como eu havia comentado nas notas do capítulo anterior, eu iria iniciar uma nova fase na fic, e aqui está o primeiro capítulo desa nova fase. Boa leitura à todos.



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As mudanças começaram a afetar a rotina monótoma. O quarto que eu era acostumado a passar maior parte do meu tempo, já não tinha mais minha presença tão frequente. As coisas complicaram depois da gravidez de Caroline, e como previmos, Tia Luíza não só surtou, como enfureceu com Caroline, e para completar, avisava constantemente Anabell para tomar cuidado ou poderia acontecer o mesmo com ela.

Caroline se recuperava das coisas lentamente, posso afirmar com toda a certeza de que ela não superou completamente a traição de Josh, e que os problemas só estavam começando. Ela se recusava a contar sobre a gravidez para ele, mas estava começando a ficar evidente. Ela começou a ganhar peso, e parou de ir ao colégio sem dar explicações. A reação mais obvia das pessoas, foi desconfiar.

Anabell era a quem mais apoiava Caroline, constantemente a presenteava com mamadeiras, e roupas para a criança que ela esperava. Isso tudo acabou aproximando Anabell de minha família, que por sua vez, só a admirava ainda mais.

–-x--

Admirávamos deitados no chão do teto, o céu estrelado daquela noite gélida. Ela cumpriu a promessa feita meses antes. Encarava em silêncio as estrelas. Apesar da beleza daquela noite, havia alguém ao meu lado que possuía a mais maravilhosa beleza que meus olhos puderam um dia captar. Ela observava as estrelas, e eu ao seu lado a observava.

Alguns metros abaixo, um casal de idosos fazia o mesmo e observava as estrelas sentados em cadeiras de balanço. No colo da senhora, um rádio antigo tocava o mais antigo dos jazz's. A vizinhança era tão calma e silenciosa, que o som apesar de suave e baixo, atravessava os alto-falantes do rádio, e acabara por atingir nossos ouvidos. Quando notei, Anabell havia adormecido. Ela parecia estar tão cansada, que fui incapaz de acordá-la. Deitei sua cabeça sobre meu peito, e acariciava seu cabelo enquanto o jazz enfeitava o ar.

–-x--

Quando abri os olhos, o sol brilhava atrás das nuvens. Sob minha cabeça, um travesseiro, e em meu corpo cobertores. Anabell não estava mais ao meu lado, nem ao menos no mesmo lugar. Levantei meu corpo dolorido, e espantei a preguiça para longe.

Desci as escadarias com passos leves e silenciosos. Anabell estava na sala, com o telefone pendurado em seu ouvido. Parecia estar irritada com a ligação. Discutia em voz alta com a pessoa do outro lado da linha.

– Se ousar colocar esses seus pés imundos em minha casa, eu juro que vou.. - Ela gritava.

– Anabell? - A chamei interrompendo sua ameaça.

– Eric? - Ela disse assutada. - A quanto tempo está aí?

– Bom, não a muito tempo. Acabei de acordar e você não estava.. e, desculpe, mas está discutindo com alguém? - Perguntei.

– Não.. não, é só uma pessoa indesejável que resolveu aparecer e quer me visitar, só isso. - Ela respondeu nervosa. Colocou o telefone de volta no gancho, respirou fundo e se acalmou.

– Tem certeza? Você parecia muito furiosa.

– Absoluta, Eric. - Ela sorriu disfarçando. - Vamos, Sebastian deve ter preparado algo.

Aceitei seu convite, mas indignado. Ela escondia muitas coisas, e aquilo só despertava minha curiosidade. Não conseguia tirar da cabeça que a pessoa com quem ela discutia ao telefone, poderia ser o mesmo homem que brigava com ela no hospital. Isso me deixava ainda mais intrigado, pelo pouco que ouvi, aquele homem queria o mal de Anabell e ela desejava distância. Ela dizia que aquilo não passou de um sonho meu, mas eu tinha certeza de que foi real, e mais certeza ainda do que ouvi. Victória confirmou a saída daquele homem do quarto que me abrigava durante o coma.

Logo depois, Anabell desligou todos os telefones existentes naquela casa, e pediu para que Sebastian reforçasse o sistema de segurança instalado. Ela tentava agir normalmente, mas eu sabia que tinha algo acontecendo, e que ela estava visivelmente preocupada. As palavras de Alice vieram a tona - "sinto que algo terrível está pra acontecer" - eu só não imaginava que sua previsão estava certa.

Sebastian havia reforçado o sistema de segurança, e eu jurei que ficaria mais atento à ela, também preocupado com o que poderia lhe acontecer.

Uma semana após a ligação, ela acabou se despreocupando. Não sei realmente o que aconteceu, mas a pessoa que ligava talvez tenha parado. E a nossa rotina havia voltado ao normal, exceto pelos enjoos e desejos de grávida de Caroline.

Tia Luíza conseguiu um professor particular disposto a ensinar Caroline em casa, e as coisas lá não eram muito diferentes. Ela era obrigada a aguentar todas as aulas que o professor oferecia durante seis horas. Tia Luíza conseguiu cancelar a vaga de Caroline no colégio, e a curiosidade dos restante dos alunos só se despertava ainda mais. Ela mal saia de casa, era pouco vista, e sempre que isso acontecia, ela havia ganhado mais peso, ou se sentindo enjoada. Logo as pessoas começaram a desconfiar de uma gravidez.

–-x--

Anabell regava suas flores todos os dias pela manhã. As crescidas ela colhia e as colocava em jarros espalhados pela casa. A coisa mais comum de se encontrar, eram borboletas voando por aí.

Naquela tarde, Sebastian havia saído para comprar ingredientes de seus típicos bolos e tortas. Anabell regava suas flores, e eu tentava encontrar Shadow pelos diversos cômodos. A campainha tocou. Não me incomodei de atende-la já que Anabell estava ocupada. Ela tocou pela segunda vez, acelerei os passos para alcançar a porta rapidamente. E por fim, tocou pela terceira vez, foi o suficiente para eu conseguir chagar a porta. Tentei enxergar de lá mesmo alguém, mas não havia ninguém. Dei passos lentos até o portão, e procurava encontrar alguém.

– Deveria ter sido uma criança travessa. - Pensei.

Meus pés estavam prontos para entrar novamente, quando fui atingido por um pedaço de papel amaçado de forma circular. Olhei para todos os cantos, mas a rua estava vazia e não encontrei ninguém que pudesse ter o jogado.

– De onde veio esse papel? - Murmurei enquanto o abria.

O papel estava tão amaçado, que dificultava abri-lo. Quando finalmente o fiz, li cada palavra escrita com tinta preta. Era um bilhete anônimo.

– "Fique bastante atento com Anabell. Ela parece um anjo, mas pode ser bem perigosa quando quer" - Dizia o bilhete.

– Que besteira. - Falei em voz alta em resposta ao bilhete.

Tratei de amaçar o papel novamente, e coloca-lo em meu bolso. Tranquei o portão, e voltei para o interior da casa. Quando meus pés voltaram a pisar naquela casa, finalmente pude ouvi o nome do misterioso homem com quem Anabell discutia.

– Já disse que não é bem vindo aqui, Richard. Não quero vê-lo nem como reencarnação de Mozart. Suma desta cidade, deste país, suma deste planeta e não me procure nunca, jamais. - Anabell gritou novamente com o telefone pendurado em seu ouvido. Colocou o telefone de volta no gancho, desta vez com violência.

Ela virou seu corpo em minha direção, e pareceu surpresa com minha presença.


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Notas finais do capítulo

Desculpem qualquer erro de ortografia, e espero que tenham gostado.
Até breve.
xoxo, YC



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