Ao Cair da Noite escrita por Katy Clearwater


Capítulo 9
Capítulo oito: Seguindo




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Capítulo oito: Seguindo

Quatro meses depois...

Bella

         Eu estava separando uns sapatinhos do bebê quando senti alguém na porta do quarto. Eu sorri antes mesmo de me virar, já sabia quem era.

- Você parece um fantasma. – eu disse e Edward riu.

- Desculpa. – ele se aproximou de mim com uma caixa rosa na mão.

- Você não devia comprar coisas especificas de menina. – eu o censurei.

- A gente podia fazer uma ultra-sonografia e saber o sexo do bebê. Assim comprava o que quisesse. – ele apontou minha barriga com a caixa.

- Eu quero que seja surpresa. – eu disse pegando a caixa da sua mão.

- Eu juro que eu tentei. – ele falou com a minha barriga e eu comecei a rir.

      Hoje eu completava vinte e três semanas, mas eu já sentia como se a minha barriga não pudesse crescer mais. A Esme ficou toda animada quando o Carlisle cogitou a possibilidade de serem gêmeos. Ela e minha mãe ficaram horas no telefone tecendo mil maneiras de arrumar o quarto para dois bebês. Eu só sentei e me desesperei.

       Alice ainda está meio arredia comigo desde o maldito telefonema. Nunca mais falei com o Jake desde então e nem quero falar. Pelo menos pensar nele agora não dói tanto. Eu acho que me acostumei com a sensação de vazio que ele deixou. Eu penso muito no meu bebê e a dor acaba sendo algo secundário.

- Pensando em... – Edward me interrompeu pegando uns sapatinhos e me ajudando a arrumar.

- Se me derem mais um alfinete eu vou ter que fazer dois quartos para o bebê. – ele riu e eu também.

      Edward estava sendo o amigo perfeito. Até mais que o Jake quando ele tinha me deixado. Ele continuava casado com a Tânia, mas sempre dava um jeito de passar um bom tempo comigo sem nenhuma maldade. Sendo apenas meu amigo, se interessando pela minha gravidez ou até mesmo por mim só que como pessoa e não como mulher. Eu gostava muito de ficar com ele no geral.

- Vai trabalhar hoje? – ele me perguntou.

- Hoje não. Eles vão fazer uma limpeza no parque então não vão precisar de ninguém.

        Eu consegui um emprego num parque aquático da cidade. Não era bem o que eu era destinada a fazer, mas foi o melhor que consegui. Pouca gente quer empregar mulheres grávidas. Eu estava na administração, mas assim que o bebê nascesse eu ia tentar uma vaga mais próxima aos animais do parque.

- Que bom! Podemos ir ao shopping depois que escurecer para comprar um carrinho para o bebê. – ele deu um sorriso amarelo e eu o censurei com o olhar.

- Eu já comprei um carrinho Edward.

- Mas sumiu. – ele fez cara de inocente e eu fiquei perplexa antes de procurar a caixa do carrinho.

- Você jogou fora o carrinho do meu filho? – eu gritei e ele fez cara de dor.

- Ou filha. – ele acrescentou.

- Edward isso é um absurdo. Você não pode vir na minha casa e jogar minhas coisas fora. – eu gritei irritada.

- Eu não joguei suas coisas fora. Elas acidentalmente cairão da minha mão dentro do latão de doações para a igreja. – ele disse inocente. – Eu não podia tomar dos menos afortunados. Isso é muito feio e eu tento ser um “ser” melhor. – eu comecei a rir do ar angelical que ele tentava usar enquanto confessava o erro.

- E agora meu filho – ele abriu a boca, mas eu logo completei – ou filha não tem carrinho. – eu disse tentando ficar séria.

- Certo. Mas como foi tudo culpa minha, eu vou me redimir. – ele desviou o olhar quando me aproximei dele novamente.

- Tudo bem. Agora me fala a verdade. – ele bufou e segurou o riso antes de falar.

- A Rose, a Esme e a Alice odiaram o carrinho e me fizeram jurar que eu ia te convencer a comprar um novo. Mas elas já tinham dado cabo do seu quando me colocaram no plano. – eu estava irritada, mas não conseguia parar de rir.

- Edward eu não ganho muito no parque aquático, se eu ficar comprando só o que elas acham lindo irei a falência. – ele me deu um olhar reprovador.

- Bella, é complicado para você sendo mãe solteira. Você podia deixar a gente te ajudar. – eu sentei na cama e ele sentou ao meu lado olhando para mim.

- Edward, o valor que eu pago de aluguel aqui já ridículo. Eu já tenho que engolir a Esme fazendo compras para uma família de cem pessoas só para me alimentar de cinco em cinco minutos quando eu estou em casa. – o Edward riu com isso e eu também. – Eu não sou da família. – eu disse encolhendo os ombros e ele abaixou os olhos.

- Discordo plenamente. – me assustei com a Rosalie entrando no quarto e vindo em nossa direção. – Você é mais do que da família e eu fico feliz que seja sendo humana ainda. – ela deu um sorriso de lado e sentou ao meu lado. – Bella o que você fez por nós em Forks nenhum humano, ou vampiro, faria. Você se enfiou num covil de vampiros duas vezes para salvar ora nossa família, ora um membro dela. – dessa vez ela olhou para Edward que deu um sorriso sem graça. – Você é mais que dá família! Então nunca mais diga que não é. Se a Esme escuta isso é capaz de ser a primeira vampira a desidratar de tanto chorar. – nós três começamos a rir.

- Desculpa, mas é desconfortável vocês me dando tudo. – eu disse sem graça e ela sorriu antes de suspirar.

- Tudo bem, eu vou tentar me controlar. E vou falar com a Alice e com a Esme também. Acho que a gente se animou demais com o seu bebê. Desculpa. – quando ela disse isso cortou meu coração. Eu me lembrei de sua historia e da de Esme. Senti-me uma egoísta.

- Não! Eu não quis dizer em relação ao bebê... Ai me desculpa. – eu consegui sussurrar antes de me enrolar com as palavras.

- Bella, a gravidez é sua. A gente só pode curtir por tabela. – ela deu um sorriso de lado e eu revirei os olhos me sentindo mais megera ainda.

- E eu não vou impedir vocês de fazerem isso. Então sendo para o bebê vocês estão liberados. Podem escolher o que quiserem. – eu dei um sorriso caloroso enquanto a Rose me encarava boquiaberta.

- Sério? – ela perguntou com um sorriso brilhante iluminando seu rosto.

- Sério. Eu sei que eu não sou muito receptiva com presentes, eu acho que é meu lado independe gritando, mas eu não posso privar meu filho – o Edward logo se manifestou – ou filha – eu disse sorrindo – de ser mimado pela minha família. – senti uma bola se formando do lado direito da minha barriga, na direção onde a Rose estava. – Está mexendo. – eu disse sorrindo. Ela e Edward se aproximaram.

- Posso? – a Rose perguntou com a mão estendida.

- Claro. Ele está aqui. – peguei a mão da Rose e coloquei sobre minha barriga.

- Ou ela. – Edward disse com o rosto perto da minha barriga.

- Você anda lendo os pensamentos do meu filho ou filha? – eu perguntei rindo e a Rose riu também com a mão ainda na minha barriga.

- Ainda não! Mas quem sabe logo. – Edward disse num ar misterioso e nós duas rimos.

- É tão lindo. – a Rose murmurou sentindo o bebê mexer e eu sorri vendo sua animação.

- Qual vai ser o nome? – Edward perguntou.

- Se for menino vai ser Charlie. – eu disse sorrindo e Rose me olhou ainda com a mão na minha barriga.

- Seu pai vai adorar se for menino. – ela disse simpática.

- E se for menina? – o Edward perguntou, na verdade gritou.

- Eu queria alguma coisa relacionada ao sol. – meu sorriso sumiu um pouco quando eu disse isso.

     Eu pensei no Jake como meu sol tanto tempo e agora tudo que eu terei será esse bebê. A última chama do meu sol particular. Sendo menina eu queria que tivesse alguma coisa que a ligasse a ele.

- Pensou em algum? – Rose afastou a mão da minha barriga e segurou minha mão enquanto perguntava.

- Eu pensei em Sunny. – eu disse limpando uma lágrima que rolou por meu rosto.

- Mas Sunny não tem nada haver com sol. – Edward disse com um sorriso meigo. – Significa mulher vinda das areias e vem do latim. Geralmente as pessoas com esse nome são lideres natos e muito inteligentes. – eu e Rose rimos enquanto ele parecia se animar falando.

- Um nerd! – a Rose disse com aquele tom de líder de torcida metida e eu cai na gargalhada.

- Pelo menos eu não sou loiro. – Edward a alfinetou e ela levantou a sobrancelha irritada.

- Ok! Não quero estar no meio caso vocês briguem. – eu disse erguendo os braços e os dois riram.

- Jamais brigaríamos. – a Rose falou.

- Com você olhando. – Edward completou.

- Podemos comer? – eu senti meu estomago roncar quando falei em comida. Os dois riram com o som.

- Claro. A gente pode te ver comendo. – a Rose me ajudou a levantar e fomos para a cozinha da minha casa.

       Tirei um bolo de carne da geladeira e enquanto ele esquentava comecei a comer umas bolachas.

- Nossa! – Edward fingiu susto quando me viu com a boca cheia de biscoito.

- Cala a boca. – eu falei de boca cheia e voou farelo para todo lado.

        A Rose se dobrava na cadeira de tanto rir e eu tive que empurrar o biscoito com leite para não engasgar. Estávamos rindo e brincando quando de repente Edward ficou sério e saiu correndo. Larguei tudo na cozinha e fui atrás dele em passos lentos. Rosalie acompanhou meus passos.

        Quando chegamos a varando vimos de longe Edward segurando Tânia pelos braços enquanto ela o empurrava. Ela segurava uma mala e gesticulava bastante, mas eu não ouvia o que falavam.

- Eu sabia que ia dar nisso. – Rose disse com tristeza na voz.

- Eles têm brigado muito? – eu perguntei me sentindo culpada.

- Vamos entrar. – Rose me puxou pela cintura e me levou de volta para dentro.

           Eu desliguei o microondas, mas não comi o bolo. Minha fome tinha sumido com aquela cena. A Rose me encarou e seus lábios formaram uma linha antes que ela suspirasse e começasse a falar.

- Bella, a Tânia tem muito ciúme de você. Diferente de mim que sempre te invejei por ser humana, a Tânia não aceita a possibilidade de o Edward amar mais você; uma humana frágil; do que a ela; uma vampira linda. – ela fez uma pausa e me encarou com serenidade. – Não te incomoda que eu tenha inveja de você?

- Sim e não. Sim porque eu acho absurdo e não porque é muito absurdo, então eu nem acredito. – nós duas rimos e ela parou olhando para minha barriga.

- Nunca vou poder ter isso. – ela apontou para minha barriga e abaixou os olhos. – Acho que no fundo é o que a Tânia sente também, mas não assumi. O Edward ainda gosta muito de você Bella. Não como antes, mas de um jeito que incomoda a Tânia porque ela sabe que o que você é, o que você tem e o que pode oferecer ao Edward... É simplesmente fora do alcance dela.

- Rose, eu não sei realmente o que vocês vêem em mim. – eu disse sem graça e ela revirou os olhos, mas sorrindo.

- Vida! E isso é algo nenhum de nós nunca mais vamos ter. – ela segurou minha mão e sorriu calorosa. – Agora porque você não come esse bolo de carne antes que esfrie de novo? – Rose levantou e foi para pia pegar um prato.

- Eu perdi a fome. – eu disse, mas meu estômago roncou alto para minha surpresa.

       Nós duas rimos e eu resolvi comer mesmo com o nó na garganta que a cena e as palavras da Rose haviam deixado.

Jake

       Agora praticamente nosso trabalho era todo on line, por vídeo conferência. O Seth, depois de algumas viagens, se mudou definitivamente para Washington e o Embry foi passar a semana no centro de Seattle. As filiais da oficina seriam nessas duas cidades e eu e a Lee ficamos incumbidos de tentar manter a matriz aqui em Forks. O problema era achar um espaço compatível com o nosso número de clientes, que não parava de crescer.

      Enquanto minha vida profissional seguia um arco-íris e brevemente estaríamos no pote de ouro, minha vida amorosa só caia mais no limbo. A Maika terminava o colegial esse ano e cismou que não quer ir para faculdade e sim casar comigo e ter filhos. Eu tremia só de pensar. Tentei anular qualquer pensamento com a Bella nos últimos meses. A Leah ainda não gostava da Maika e nem facilitava nosso relacionamento, o que eu realmente não sabia se era motivo de agradecimento ou não, mas nunca mais falou na Bella também.

       O Charlie não me fala mais nada, nem do bebê. Eu por minha vez prefiro não perguntar. Não quero ouvir o que eu já sei, o que a própria Bella me disse. Eu não posso forçá-la a nada! Depois que o bebê nascer eu falo com ela para ver meu filho e só! Vai ser essa a nossa única ligação. Só espero que ela não resolva virar vampira depois que o bebê nasça. A idéia fez meus pêlos da nuca eriçar e uma onda de calor tomou minha espinha.

        Cheguei em casa queimando e me controlando para não explodir ali na sala mesmo. Fazia tempo que eu não sentia nada tão intenso referente à minha condição de lobo. Forks tem sido muito calma desde a última visita do Volturi. Tirei a camisa que estava ensopada de suor, apesar do clima fresco que fazia, e fui para cozinha. Peguei uma garrafa de água gelada e comecei a beber da própria garrafa quando ouvi Maika entrando em casa.

       Ela estava com umas sacolas de mercado e de longe me lembrei da Bella chegando do trabalho. Mas ela não era a Bella.

- Ah! Peguei você no ato. – ela disse olhando para garrafa na minha mão.

- Culpado. – eu disse forçando um sorriso e ela veio sentar na pia perto de mim.

- O que você quer jantar? – ela perguntou enquanto comia uma uva, a qual ela me ofereceu e eu gentilmente recusei.

- O que você fizer. – eu disse enquanto saia da cozinha, mas ele me puxou de volta pela barra da calça.

- Você fica lindo sem camisa. – ela disse me olhando com desejo e quando eu tentei dar mais um passo para trás ela envolveu minhas pernas com as suas.

- Maika. – eu disse a censurando e ela sorriu travessa.

- Eu só estou te abraçando. Você disse que eu podia abraçar. – ela recostou a cabeça no meu peito e brincou com os dedos na barra da minha calça.

        Mesmo sendo homem eu não conseguia ver a Maika desse jeito. Nem mesmo depois que a Bella me desprezou eu consegui me sentir atraído pela Maika dessa forma. Eu a olhava e via uma menina, minha menina com certeza. Mas só isso! Ela era a minha garotinha e eu me sentia um pai tarado quando ela me agarrava desse jeito.

        A Maika não escondia seu desejo por mim. Andava de toalha pela casa como se fosse bem normal. Dormia com roupas excessivamente sensuais e fazia questão de vir me acordar. Mesmo morando juntos há meses ainda dormíamos em quartos separados. Ela no dela e eu no meu era o que deveria ser, mas eu sempre acordava com ela aninhada na minha cama. As situações eram tensas para mim e incrivelmente prazerosas para ela.

- Maika sossega. – eu tentei não ser rude, mas já estava me incomodando o fato dela ficar me alisando.

- Você me acha feia? – ela disse pousando os braços nos meus ombros.

- Você é linda. Não seja boba. – eu disse olhando em seus olhos e eles brilharam como diamantes.

- Então porque não quer me fazer sua mulher? – ela disse fazendo biquinho e eu suspirei sabendo que seria mais uma das longas conversas.

- Porque você é uma criança para mim Maika. E assim que eu vejo você. – ela bufou, mas quando ia começar a falar o telefone tocou. – Um minuto. – eu disse e ela a contragosto tirou as pernas do meu redor. – Alô? – atendi ao telefone ainda a encarando.

- Jake, por favor, vem para casa da Lee agora! – eu reconheci a voz da Emily, mas estava aos prantos.

- Emy o que houve? – eu perguntei nervoso com seu choro, mas a ligação ficou muda alguns minutos.

- Melhor você vir para cá. – a voz do Sam surgiu fria, mas carregada de dor.

- Eu vou correndo. – eu disse e o ouvi antes de desligar.

- É melhor mesmo.

- O que houve? – a Maika perguntou ficando nervosa junto comigo.

- Alguma coisa com a Lee. – eu pensei que ela fosse torcer o nariz, mas não.

- Eu vou com você. – ela disse pegando a chave da moto.

- Vai atrás. Eu vou correndo. – ela concordou e eu corri para floresta tirando a calça no caminho.

         A casa da Lee era bem perto da minha, mas algo me dizia que a minha necessidade perto dela não poderia esperar nenhum segundo. Em dois minutos estava na casa dela e assim como me pareceu pelo telefone Emily me recebeu aos prantos.

- Jake. – a Emy correu para meus braços assim que me viu de calça.

- O que houve? – eu a perguntei, mas ela só sabia chorar.

- Eu te explico. – o Sam saiu da casa da Lee ladeado por Jared e Collin, teoricamente lobos do bando dele.

        Entramos na casa da Lee e assim como eu Sam e Jared estavam sem camisa. Collin parecia assustado e logo um cheiro familiar, mas há muito não sentido me fez entender o pavor no rosto de Collin.

- O que houve? – eu perguntei agora mais exaltado.

- Eu e a Lee estávamos voltando para reserva. Tínhamos ido ver um terreno aqui perto, mas na volta sentimos um rastro. – Jared parou para respirar antes de continuar. – Rastro de vampiro. Nós dois descemos do carro. – eu o olhei com reprovação, mas ele abaixou os olhos. – Você sabe como a Leah é teimosa! Ela quis descer. – ele novamente respirou. – O vampiro partiu para cima dela e a cortou no braço. Eu me transformei na mesma hora e o ataquei. O desgraçado correu para floresta, eu o segui. Mas perdi o rastro. – ele disse com peso na voz.

- E a Lee? – eu perguntei nervoso.

- A Lee tentou se transformar, mas antes que ela conseguisse sentiu uma dor muito forte e parou. Por isso o vampiro a acertou. – o Sam disse sem me olhar e eu também não fiz questão de olhar para ele.

- E o... – eu não consegui completar a pergunta.

- Não sabemos ainda. Mas ela não estava nada bem quando a trouxemos para casa. O Dr. Cahil está examinando ela agora. – o Collin disse inocente. Todo mundo cresceu, mas ele e o Seth ainda pareciam dois garotos.

- Eu vi o carro do meu pai. – a voz da Maika encheu a sala assim que ela entrou correndo.

- Ele está lá em cima examinando a Leah. – o Sam disse e ela fez que sim com a cabeça enquanto se sentava do meu lado.

        Ficamos num silêncio desconfortável por mais uma hora até o pai da Maika descer com a expressão preocupada.

- Ela e o bebê vão ficar bem. – ele disse com a expressão ainda tensa. – Mas o metabolismo de vocês é muito complicado. Ela não deveria passar por essa mutação, pelo menos até dar a luz. – todos concordamos e um peso pareceu cair sobre meus ombros. A Lee também era minha responsabilidade. Seu bando é sua família e sua família é seu dever.

- Já posso vê-la? – eu o perguntei e ele fez que sim com a cabeça. Senti a Maika apertar forte minha mão, mas ela logo soltou. – Eu não sei se vou para casa, mas acho melhor você ficar com o Sam hoje. – ela fez cara feia, mas logo concordou.

- Deveríamos fazer umas rondas. – o Sam disse quando coloquei o pé no primeiro degrau.

- Claro. – concordei de pronto. – Quem temos na aldeia? – seu ar de preocupação não foi bom sinal.

- Quase ninguém. Só eu, você, o Jared, o Paul e o Collin. E o Quill chega amanhã. – isso não era nem a metade dos dois bandos juntos.

- O Embry também deve voltar. – eu disse preocupado.

- Ainda não ligamos para ele. A Lee não deixou. – a Emy disse limpando as lagrimas que insistiam em correr.

- É melhor mesmo. Se essa coisa está pelos arredores pode pegá-lo desprevenido se ele vier correndo para cá pelo meio da madrugada. – tive que pensar como alfa e não como amigo nesse momento. – Podem se virar sem mim hoje? – perguntei olhando para Jared, mas o Sam sabia que era com ele.

- Sem problemas. Cuide dela. – o Sam respondeu e eu voltei a subir as escadas.

      Cheguei ao quarto da Lee e a porta estava entreaberta. Entrei na ponta dos pés pensando que ela estava dormindo, mas pelos soluços vi que ela chorava e estava bem acordada. Senti novamente a onda de calor percorrer meu corpo e percebi que isso vinha do meu lado alfa querendo aflorar novamente. Foi como se o lobo em mim soubesse que meu bando iria precisar de mim e logo.

- Eu pensei que fosse perdê-lo. – ela chorava soluçando e passava a mão na barriga.

- Shhh. Vai ficar tudo bem. – eu a puxei da cama para meus braços e a deitei no meu peito.

- Eu não quero ficar sozinha. – ela disse se encolhendo sobre mim. Senti seu corpo quente e o coração muito acelerado, então comecei a afagar seu cabelo.

- Eu vou ficar com você enquanto você precisar de mim. – a abracei mais apertado e ela se encolheu junto a mim.

       Ela adormeceu assim abraçada comigo. Eu não me senti bem, mas fiquei menos preocupado em saber que a Bella estava segura. Esse era um conforto que eu pensei que sua distância nunca fosse trazer.

Edward


        Consegui alcançar a Tânia no portão da mansão, mas foi o mesmo que nada. No breve segundo que eu levei para olhar Rose levando a Bella para dentro de casa, ela escapou entre meus dedos. Tive que sair correndo pela rua atrás dela.

- Tânia? – gritei quando ela atravessou a rua correndo.

         As pessoas me acharam louco porque não viram ninguém passando, mas ela tinha acabado de passar ali. O sol já estava se pondo e nossa pele não brilharia mais. Eu bem que achei estranho a Tânia passar o dia tão quieta e sem reclamar da Bella, mas nunca imaginei isso.

         Eu acho que a Tânia não sabia a suma importância que tinha para mim. Mesmo, às vezes, se comportando ridiculamente e irritantemente como a Rosalie, ela era a melhor coisa que eu tinha descoberto na minha vida desde Bella. Quando eu estava quebrado ela me ajudou a ver que a vida tinha cor de novo. Como ela pode pensar que eu não a amava?

         Segui os pensamentos dela e a alcancei no fim da cidade. Os bairros não eram dos melhores e nos lugares onde ela tinha que andar e não correr, vários caras tinham pensamentos obscenos com ela. Respirei fundo para ir diretamente a Tânia sem arrancar a cabeça de ninguém.

- Porra, dava para parar? – eu gritei irritado quando a alcancei e ela desviou de mim pela terceira vez.

- Agora você xinga? – ela perguntou irônica.

- Não! Mas você está me irritando. – eu disse entre os dentes.

- Deve ser porque eu não sou sua humana ridícula, idiota, fraca e fedorenta. – ela voltou a passar por mim batendo os pés com força.

         Eu revirei os olhos com a sua ceninha e depois a puxei pelo braço até um beco isolado. A Tânia era rápida, mas eu com certeza era mais e ela não conseguiu se desvencilhar de mim no espaço estreito.

- Eu vou sair voando daqui. – ela disse bufando.

- Vai se expor? – eu perguntei debochado como ela.

- Foda-se. – ela respondeu empinando o nariz.

- Você xinga agora? – ironizei novamente.

- Eu sempre xinguei seu idiota! E não adianta vir com essa cara de bom moço Edward. Desde que essa humana fedida apareceu é só: O bebê, a Bella e o cachorro fedorento que a enxotou. Você nem lembra que eu existo, nem me procura mais, nem na cama me procura mais. Isso é um absurdo! Se não fosse tão ridículo ia dizer que você estava se pegando com a humana. – ela berrou cada palavra, sorte estarmos isolados. Eu contorci o pescoço desconfortável lembrando-me da cena com a Bella na Suíça.

- Tânia eu e a Bella somos bons amigos. Tivemos nossos momentos, mas acabou. Você é minha companheira. – seus olhos se tornaram laminas dourados para mim.

- Companheira? Você nem sabe mais que eu existo. Eu te odeio. – ela me deu um tapa que eu aceitei previamente.

- Eu te amo. – eu a disse e ela abaixou a mão antes de dar o segundo tapa.

- Você não entende! – ela se encolheu querendo ter lágrimas para chorar. – Ela tinha você e não te quis. Eu esperei até ter lugar para mim na sua vida. Esperei pacientemente você me amar pelo menos um pouquinho. Se eu conseguisse que você me amasse o mínimo eu podia te dar meu máximo e a gente seria feliz. – Tânia desviou o olhar do meu. – Eu consegui depois de muito custo que você me olhasse. E quando estava tudo bem ela apareceu. Grávida de um cachorro e você a recebeu como se ela fosse seu sonho. – ela se encolheu na parede do beco e me olhou com dor. – Eu não sou idiota. Você a ama. – ela disse e desviou o rosto novamente.

- Tânia quando eu digo que te amo é por que eu te amo. – eu me aproximei dela e forcei seu rosto a se virar para mim. Sua mala escorregou do seu ombro e caiu no chão do beco. – A Bella é muito importante para mim. Se não fosse por ela eu nunca iria saber que eu podia ter esse sentimento. Eu tinha certeza que havia sido moldado para solidão e isso me manteve longe de muita coisa por toda minha existência. A Bella me apresentou possibilidades e eu tenho um imenso carinho por ela, mas não o mesmo de antes. Eu escolhi estar com você. Eu quero estar com você. – seus olhos assumiram um brilho de ouro líquido e ela sorriu abertamente para mim.

- Desculpa. – ela sussurrou e antes que ela abaixasse o rosto cobri seus lábios com os meus.

- Eu amo a Bella como amo a Alice. Você é minha mulher, a mulher que eu amo. Minha companheira pela eternidade. – a abracei e com a outra mão peguei sua mala. – Vamos para casa. – ela fez que sim com a cabeça e voltamos em passos normais até a mansão.

         Eu ouvia o pensamento de todos na rua dizendo que nós éramos um casal lindo. Eu também achava e agora iria me lembrar de dizer isso a Tânia com mais freqüência. O ego dela é tão carente quanto o da Rosalie, mas ela é bem menos irritante com certeza.

- O que? – ela perguntou quando me viu a olhando com deslumbre.

- Você é perfeitamente linda. – lhe dei um selinho e ela sorriu como uma adolescente apaixonada.

        Quando chegamos à mansão olhei para casa da Bella, mas não queria aborrecer Tânia. Então caminhei com ela até a mansão sem nada dizer.

- Você deveria avisá-la que está tudo bem. – a própria Tânia me disse pegando a mala da minha mão.

- Tem certeza? – eu perguntei mesmo lendo seus pensamentos.

- Sim. Eu vou tentar me controlar e confiar mais em você. Sem pitis! – ela fez a cruz de escoteira no peito e eu sorri.

- Eu te amo. – lhe dei um beijo e me afastei olhando para ela.

- Eu também te amo. – ela disse e entrou na mansão.

        Li pelos pensamentos de Tânia a Rose vindo recebê-la amável e a Alice revirava os olhos repetindo várias vezes: Eu bem que avisei.

        Quando cheguei à casa da piscina, Bella dormia com a porta destrancada como sempre. Entrei e subi silenciosamente até seu quarto, mas seu sono não estava nada tranqüilo. Tive medo de acordá-la e ser pior então sentei na beirada da cama e esperei pacientemente seu pesadelo acabar.

Bella

         Eu sabia que estava dormindo, mas era tudo tão real que eu mesma duvidava da minha sanidade. Será que era sonho mesmo?

          Olhei ao redor e vi que estava na floresta de Forks novamente. Minha barriga havia sumido, mas eu não tive a sensação de desespero que pensei que teria caso sonhasse que meu bebê não estava comigo. Era como se eu soubesse que ele estava bem.

           Comecei caminhando entre as árvores, mas algo em meu coração dizia para correr então foi o que fiz. Corri freneticamente entre as árvores, senti minhas mãos e meu rosto sendo arranhados pelo caminho, mas não me importei. Um rosnado alto e longo me fez parar. Jake!

           Corri na direção do rosnado e quando cheguei à cena era devastadora. E o mais estranho, eu já estava lá. Não era eu porque eu estava aqui, mas eu me vi sobre Jake. Edward me segurava e tentava me afastar dele, mas eu só sabia gritar e chorar. Uma sensação de vazio tomou conta do meu peito como uma nevasca.

           Alice se aproximou de Jake e colocou a mão sobre seu pelo. Eu gritava e me debatia nos braços de Edward querendo me aproximar, mas não conseguia me soltar dele. Comecei a dar passos vacilantes para cena que eu presenciava comigo mesma quando Alice levantou o rosto e me encarou , eu nos braços do Edward nesse caso.

- Precisamos levar ele para o Carlisle agora! Ele não está respirando.

           Meus dois “eu” deram um longo grito de pavor. Eu abri os olhos assustada pensando que não era um sonho porque eu estava sentindo o toque gelado de Edward na minha pele.

- Calma! Foi só um sonho. – Edward dizia enquanto eu tentava adaptar minha visão ao breu.

- Mas foi tão real. – eu chorava me abraçando a Edward o máximo que podia.

- Eu sei, mas se acalme. Foi só um sonho. – ele me deitou de volta no travesseiro e afagou meu cabelo.

- Mas foi tão real... – sussurrei para mim mesma e comecei a chorar.

           Eu não queria me preocupar com o Jake. Ele não merecia minha preocupação, mas se algo lhe acontecesse eu poderia suportar?

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N/A: Aí meninas eu sei que ficou enorme o cap, mas meus dedos não paravam...rsrsrsr

Eu ainda estou atrás do muro e comprei uma bazuca para casos de aproximações perigosas sabe? ^^

Bjks, e deixa meu review XD.


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