Forget me. escrita por Marril


Capítulo 2
Capítulo 2: What can you do in a gym?


Notas iniciais do capítulo

Oi! Cá estou eu com o segundo capítulo, tal como prometido! Espero que gostem ;)

PS: Obrigada às leitoras que comentaram e também àquelas que não comentaram, mas estão a acompanhar :3



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Engulo em seco. O que devo fazer? Ah sim, mentir é claro. Forço um sorriso e encaro o rapaz.

–Não sei a quem te referes. Não conheço nenhuma Chye e de certeza que também não sou eu, deves ter-me confundido. Agora se me dás licença… – Solto o meu pulso do seu aperto e começo a caminhar novamente.

–Vais ter de me provar isso! – Oiço a voz dele, ainda ligeiramente perto de mim, exclamar. Decido ignorar, eu não tenho de lhe provar nada, absolutamente nada!

***

Os meus pais matricularam-me na secundária mais próxima o que implica a grande probabilidade de encontrar lá a maior parte dos meus ex-colegas. Não, eu não quero vê-los, ter de conviver novamente, relembrar o passado, falar sobre o mesmo… Eu vou conseguir, vou fingir que nada aconteceu, enfrentar tudo de novo, mas ah desta vez vai ser diferente, desta vez eu vou ripostar! Sim, eu sou forte, eu tenho de conseguir, correção, eu vou conseguir!

No dia seguinte, acordo mais cedo do que devia e como já não consigo adormecer novamente decido, por fim, levantar-me. Afasto todas a razões que tenho para manter-me na cama e preparo-me para a escola. Quando saio do quarto, já com uma mini mochila às costas (não é necessário a verdadeira, pois hoje é só a apresentação) e o meu skate favorito num dos braços, reparo que a porta do quarto dos meus pais ainda se encontra fechada, ou seja, eles ainda estão a dormir. Desço silenciosamente, assalto a cozinha levando comigo um pacote de bolachas de chocolate e um sumo de pacote, agarro numa cópia da chave de casa, que encontro numa pequena cómoda à entrada, junto-a a um pequeno porta-chaves que eu tenho dentro da mala e saio de casa. Lá fora coloco-me em cima do meu meio de transporte começando a deslizar pelas ruas que antes eram-me muito conhecidas e que agora, por mais impressionante que possa parecer, não me são assim tão estranhas. Chego ao meu destino sem me perder, afinal o meu sentido de orientação só não funciona em locais que desconheço completamente.

Assim que coloco os pés dentro do edifício principal procuro entre os infinitos papéis afixados aquele que contém o horário da minha turma, não preciso de procurar nas listas de turma o meu nome, pois os meus pais já me disseram ontem a qual eu pertenço, portanto ignoro-as passando diretamente aos horários. Encontro o que preciso numa altura que me obriga a agachar-me, faço-o e de seguida tiro duas fotos ao horário, caso uma delas ter fique desfocada ou ilegível. De seguida procuro também a lista dos livros para confirmar se eu possuo os corretos, encontro-a mais rapidamente e tiro novamente mais duas fotografias. Satisfeita com a minha tarefa bem-sucedida decido procurar um lugar para relaxar nos arredores.

Saio do edifício e caminho pelos jardins da escola, mas não encontro nenhum sítio que me agradasse, pois apesar de já ser Setembro o calor de Agosto ainda se mantém, provocando uma onda de calor um tanto o quanto incomodante. Pelo caminho consigo ver algumas sombras onde talvez me posso refugiar, no entanto mesmo que o fizesse o calor que sinto manter-se-ia, então, acabo por decidir entrar num outro edifício que se encontra um pouco mais afastado dos restantes.

O local encontra-se deserto, apenas consigo ouvir o eco dos meus passos e de vez em quanto sentir uma ou outra corrente de ar que me provoca um certo arrepio na espinha. Foram precisos apenas dois ou três passos para eu perceber onde me encontro, é nada mais, nada menos do que o ginásio da escola. Encontro-me em frente a um grande campo, pavimentado por grandes tábuas de madeira, contendo em toda a sua extensão diversas linhas de diferentes cores sobrepostas, cada uma correspondendo a um determinado tipo de campo (futsal, basquetebol, voleibol, badminton, entre outros possíveis). Em cada extremo há uma baliza de futsal e ao longo do campo consigo observar no total três campos de basquetebol. Não muito longe de mim existe um grande carrinho de metal com bolas que basquetebol, procuro uma possível justificação para aquilo, afinal não é assim tão comum haver material fora do sítio antes das aulas começarem. A resposta encontra-se mesmo em cima de mim, existe uma grande faixa de pano a dizer em letras bem gordas “Torneio de Basquete”.

Aproximo-me do carrinho e escolho uma bola, começo a driblar até ao cesto mais próximo sentindo o ar a bater-me na cara, sinto-me bem, já sentia saudades de jogar um pouco. Posiciono-me numa posição fácil de encestar, lanço a bola e esta entra em cheio, provocando-me um sorriso satisfeito. Apanho a bola e afasto-me mais do cesto, lanço novamente e a bola entra mais uma vez, afasto-me consecutivamente até chegar à linha dos três pontos. Inspiro profundamente assim que me apercebo onde estou, são raras as vezes em que eu consigo fazer um triplo, normalmente porque coloco demais ou insuficiente força na bola. Posiciono-me melhor, foco-me no cesto, preparo-me para lançar, inspiro mais uma vez e por fim lanço, a bola sobe no ar e depois começa a descer, pelo local onde me encontro parece-me que desta vez coloquei pouca força na bola, no entanto para minha surpresa a bola acaba por entrar perfeitamente no cesto, fico de boca aberta andes de sorrir radiante com o meu “grande” feito.

–Nada mau para uma novata. – Oiço uma voz masculina dizer. Rodo o pescoço, surpresa, para me encontrar com um rapaz de cabelos rubros.

–Até parece que fazes melhor. – Replico com um sorriso torto, percebo que o seu sorriso se alarga como se tivesse encarado o meu comentário como um desafio.

–E por acaso até faço.

–Quero ver isso. – Respondo com uma voz de desconfiança, mas com um sorriso.

–Só para te deixar de boca aberta. Observa bem. – Avisa-me posicionando-se no meio campo. Não é possível, a meio campo? São poucas as pessoas que conheço que o conseguem! O rapaz dribla a bola, duas vezes no mesmo sítio, depois agarra-a, pisca-me o olho com um sorriso torto e lança.

A bola faz o mesmo trajeto de antes, sobe e depois desce perfeitamente até ao cesto, passando pelo arco sem sequer lhe tocar. Claro que eu fico ligeiramente espantada e até sento o meu queixo a descair um pouco, mas como estou de costas para o ruivo ele não deve ter visto, menos mal, eu não vou dar-lhe esse prazer de qualquer maneira. Enceno o meu sorriso mais falso, viro-me e comento:

–Hmm, nada mau, nada mau, mas não me surpreende, já vi melhores lançamentos.

–Melhores? – Questiona-me com uma sobrancelha erguida. -Gostava de saber aonde!

–Deixa lá, nunca terás oportunidade de competir com eles. – Provoco-o.

–Como é?! – Vozeira aproximando-se perigosamente de mim, evidenciando primeiramente os seus olhos cinzentos e posteriormente a nossa diferença de alturas, porém eu não me deixo intimidar e logo remato:

–Tem calma, não precisas de ficar todo irritado. Como pensas competir com alguém que está do outro lado do oceano?

–Hã?

–É isso mesmo, as pessoas a quem eu estava a referir-me vivem do outro lado do oceano, ou seja, se quiseres competir com eles tens de viajar até lá e não te estou a ver a fazer isso, bem, pelo menos por algo assim tão banal.

–Podias ter dito isso desde do início, fizeste-me perder tempo precioso!

–Qual seria a graça de tivesse explicado tudo desde do início? E ah desculpa lá ter roubado este tempo precioso que tu tens antes das aulas e usas para… te tocares. É por isso que vens para o ginásio, né? Aqui nunca há ninguém antes das aulas…

–Mas que merda é que estás p’ra aí a falar? – Interrompe-me mais que exaltado.

–Oh vais negar e dizer que é mentira? – Sugiro com um sorriso divertido. Estou a adorar picá-lo, é engraçado.

–Claro que sim! Eu só venho p´ra aqui para espairecer, são os únicos minutos que tenho para fazer uns lançamentos sem ninguém a chatear-me. Pelo menos é o que eu pensava até encontrar a menina-língua-afiada no meu campo.

–Hmm então o macho está a sentir-se desafiado?

–Nem por isso, a fêmea é que devia saber o seu lugar.

–E que lugar seria esse?

–Debaixo de mim é claro.

–E tens algum problema se a mulher ficar por cima? – Propus expondo uma possível segunda interpretação. Ele pareceu “apanhá-la” pois aproxima-se da minha orelha para sussurrar:

–Depende, se a situação me for conveniente posso até não me importar. Mas como tu disseste tem de ser uma mulher e há poucas por aqui.

–Deixa lá que homens também não há muitos… – Sussurro-lhe também ao ouvido, aproveitando-me da sua posição.

–Isso foi alguma indireta? – Questiona-me afastando-se e voltando à sua posição de antes.

–Porquê? Serviu-te a carapuça foi? – Digo num tom ligeiramente ácido, mas sem retirar o meu sorriso.

–Não penses muito alto, é claro que eu não levei a sério o teu comentário. Eu sou um homem de verdade, não preciso de uma pirralha para o comprovar.

–Hmm agora estás defensivo, é?

–Não, só estou a fazer-te ver a verdade novata.

–Claro, claro… Bem, é melhor eu ir andando, não quero chegar atrasada logo no primeiro dia, mas tu não deves saber o que isso é, alguém rebelde como tu. – Comentei dando um tom mais irónico na palavra “rebelde”.

Ah o orgulho é um sentimento que nos consome completamente e não nos deixa ser sinceros, pensei antes de sair completamente do ginásio e tomando o rapaz como exemplo, por falar em rapaz, como é que ele se chama mesmo?


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Notas finais do capítulo

Próximo Capítulo - Capítulo 3: No, not you…

Bye bye

@Marril .