Forget me. escrita por Marril
Notas iniciais do capítulo
Olá! Eu decidi postar hoje porque ontem à noite senti-me inspirada e consegui avançar já um pouco mais a fanfic ^^
Espero que estejam preparadas porque este capítulo é uma completa bomba! (pelo menos eu acho que sim...)
E ah mais uma coisa antes de eu me despedir: fiz umas pequenas alterações nas notas da histórias, aproveitei e criei também um pequeno "horário" dos dias e horas que provavelmente postarei, se estiverem interessadas é só dar uma vista de olhos ;)
Ao sair do ginásio a minha barriga dá logo sinal de que precisa de alimento, abro a mochila e retiro de lá o que trouxe de casa. Enquanto mordisco uma bolacha lembro-me que já devo ter perdido a cerimónia de entrada em que o diretor começa sempre com aquela conversa da treta sobre regras, respeito e outros assuntos estúpidos. Portanto, passo outra vez pelo edifício principal, procuro entre os vários papéis a sala onde a minha turma irá ter a apresentação com o diretor de turma e também num grande cartaz com o mapa da escola onde fica essa mesma sala.
Encaminho-me meio perdida pelos corredores de um outro edifício procurando algum placar ou informação que me pudesse guiar melhor, no entanto apenas algumas salas possuem um número e nenhuma delas corresponde ao que eu vi. Por sorte, ao fim de uns minutos, avisto uma pessoa de costas, com mais alguma sorte aquela pessoa poderá ajudar-me e indicar-me a sala.
–Ahm desculpa incomodar, mas podias ajudar-me? – Ao aproximar-me um pouco reparo que a pessoa é um rapaz loiro, contudo não consigo ver-lhe a face pois ele encontra-se de costas para mim.
–É claro! Deves estar perdida, não? Basta indicares-me a turma ou a sala que eu… – Começa por dizer enquanto se vira para mim, porém as suas palavras acabam por morrer na sua boca, tal como as minhas, que ficam retidas na minha garganta ao mesmo tempo que o meu queixo descai ligeiramente.
Não, não, não! Eu tenho cá uma sorte! Na verdade, uma merda de sorte (só pode)! Porquê é que tinha de ser ele? De todas as pessoas que podiam aparecer-me à frente porquê logo ele? Os seus cabelos continuam brilhantemente loiros, numa tonalidade muito semelhante aos seus olhos âmbares, no entanto a sua aura parecia diferente, mais certa, mais controlada, digna de uma pessoa muito responsável. Bem, não importa, independentemente do tempo que passa e das vezes que uma pessoa tenta mudar, no fim nunca conseguimos livrar-nos completamente do que somos. Se ele era assim antes, agora, mesmo que o esconda, continua a ser o mesmo, portanto não posso confiar nele, tenho de prevenir que ele descubra quem eu sou também e consequentemente algumas das minhas fraquezas. Enceno mais um sorriso e digo:
–Sim, estou perdida. Eu preciso de encontrar a sala A205.
Ele fica a olhar para mim desconfiado, estreita os olhos uma vez, mas logo prossegue:
–Então, estás no edifício certo só que no andar errado. Ou seja, sobes um andar, andas um bocado e a sala que tiver o número cinco em cima é aquela que procuras. Talvez seja melhor eu levar-te lá!?
–Não, não! Não é necessário, eu desenrasco-me, não te maces por mim. De qualquer maneira obrigada!
–De nada! – Ele diz, mas eu apenas oiço como um sussurro, já que começo logo a correr para me afastar dele.
Chego ao segundo piso um pouco ofegante, mas isso não me impede de procurar imediatamente a sala. Encontro-a mais facilmente do que espero, bato à porta e oiço um “Entre” aborrecido, senão mesmo zangado. Abro-a ligeiramente e espreito para dentro levando os meus olhos ao encontro dos do professor, tentando assim ignorar os diversos pares de olhos que me olhavam.
–Ahm… Esta é a sala do 11º5ª? – Pergunto timidamente.
–Sim, é. A menina sabe que está atrasada, certo?
–Sim, eu perdi-me.
–Entre lá. Pode sentar-se e ouvir, depois converso consigo. – Obedeço rapidamente sentando-me na cadeira vazia mais próxima. Porquê é que nestas alturas nunca consigo ter coragem e acabo subordinada como se fosse indefesa? A pressão psicológica é mesmo lixada!
Oiço meio atenta, meio distraída a explicação do nosso DT. Ele começa por nos explicar algumas regras da escola e posteriormente como se organizam as salas. Ao que parece existem três edifícios ou blocos, o bloco A pertence às turmas de Ciências pois é o único equipado com laboratórios, o bloco B pertence às turmas de Economia, Letras e Artes e o bloco C é onde se situa tudo o resto (o concelho diretivo, a secretaria, a papelaria, o bar, etc.), para além destes três blocos existe um outro que é o ginásio. Depois, existem três pisos nos blocos A e B enquanto o C tem apenas dois. As salas que começam com zero situam-se no rés-do-chão, as salas que começam com o número um ficam no primeiro piso e consequentemente as salas com o número dois a seguir à letra ficam no segundo e último piso. Os números que vem a seguir correspondem ao número da sala e este encontra-se em cima de cada porta. Resumidamente, eu já sei encontrar uma sala sem ter de pedir ajuda.
De seguida começa a distribuir uma ficha a cada aluno, pedindo-nos para a preenchermos pois esta será a renovação da ficha que tínhamos preenchido no ano passado, contudo o DT não me entrega essa ficha. Sou a única que, por uns minutos, não está a escrever. Ele aproxima-se de mim novamente com uma folha entre os dedos, pousa-a à minha frente explicando-me rapidamente que a minha folha é diferente pois eu não preenchi nenhuma no ano passado. De seguida, esclarece-me outros pequenos pormenores que eu podia não compreender e antes de se afastar acrescenta:
–Sobre chegares atrasada, numa situação normal ficarias lá fora ou levarias falta, mas como és nova na escola desculpo-te, mas só desta vez. De qualquer maneira espero que não se repita, está bem?
–Sim… – Digo começando a preencher a minha ficha imediatamente, tentando desviar assim a atenção dele.
Uns minutos depois, os alunos começam a terminar e a entregar as suas fichas, entrego também a minha voltando-me a sentar logo de seguida. O professor troca ainda algumas palavras connosco, dando-nos algumas sugestões, antes de nos dispensar.
Apesar de ter o hábito em ser a última a sair da sala, desta vez fço precisamente o contrário. Assim que o DT dá-nos permissão para sair levanto-me, atiro descuidadamente o que tirei anteriormente da mochila novamente lá para dentro e saio o mais depressa que posso. Sinto uma leve tontura, mas não paro de andar, começo a descer as escadas apressadamente chegando a ter de desviar-me rapidamente para não embater numa pessoa que sobe, corro até à saída mais próxima abrindo a porta e provocando um pequeno estrando. Sinto a brisa contra a minha cara, finalmente ar puro, começo logo a sentir-me melhor não sei porque saí tão rapidamente da sala, apenas tive a sensação de que não aguentaria ficar lá durante mais algum tempo, precisava de ar!
Consulto o meu relógio, uma da tarde, de momento não deve estar ninguém em casa e também não me apetece voltar, deste modo acabo por decidir dar uma volta por aí, talvez se tiver fome paro em algum lugar para petiscar, mas de resto será apenas passear e possivelmente tentar recordar-me dos bons momentos que passei enquanto tento apagar os maus.
Opto por andar, a esta hora o tráfico parece estar mais apertado e tanto deslizar pelos passeios como pela estrada parece-me um pouco perigoso, usar um pouco as pernas também não faz mal a ninguém! Ajeito o skate nos meus braços enquantotento traçar um percurso, mas como já não tenho a certeza do que mudou ou não nos últimos desisto da minha ideia.
Começo primeiro por caminhar em direção à zona comercial. Compro um sumo num café próximo para me fazer companhia na minha caminhada. Observo os dois lados da rua, existem lojas novas, mas também permanecem algumas antigas como o mini mercado da Dona Conceição ou o talho do Senhor Miguel, caminho mais um bocado e encontro a livraria do Senhor Daniel. Antigamente passava grande parte do meu tempo neste lugar porque eram raras as visitas dos meus colegas, então o melhor sítio para não ser vista era aqui.
Empurro a porta decidida a matar saudades deste lugar, oiço o pequeno sininho soar quase inaudivelmente por cima de mim e sorrio sem mostrar os dentes, um sentimento de nostalgia começa a apoderar-se de mim. Caminho discretamente por entre as prateleiras ocultando-me parcialmente entre elas, a arrumação dos livros nas estantes continua a ser a mesma o que facilita muito o meu trabalho, estendo os meus braços até uma prateleira que se encontra um pouco alta, antes não conseguia chegar lá sem subir em cima de algo, mas agora já o faço pois apesar de não ter crescido muito cresci o suficiente. Retiro o livro cuidadosamente para ele não cair mesmo na minha cara e observo a sua capa, o livro é um pouco fino mas tendo em conta o seu assunto não parece muito desproporcional.
Levo-o comigo até à caixa contente, mas tenho quase um ataque ao ver quem se encontra ao pé do balcão a conversar com o Sr. Daniel. Procuro um lugar para me esconder, no entanto não existe nenhum perto de mim. Resolvo então enfrentar de uma vez este inevitável encontro, se bem que eu posso largar o livro e voltar atrás, mas isso seria muito suspeito. Com sorte nem tenho de dirigir-lhe a palavra nem a minha identidade será desmascarada pelo senhor mais velho. Dou dois passos em frente e encontro-me imediatamente em frente ao balcão, devido ao meu movimento as duas pessoas param a sua conversa e viram a sua atenção para mim, coloco o livro em cima da bancada e digo:
–Queria levar este, por favor. – Encaro o senhor que está à minha frente e esboço um meio sorriso. Desvio os meus olhos por dois segundos para o loiro que se encontra ao meu lado, para minha sorte este tem o seu olhar virado para o lado contrário.
–É claro, menina. São 10 euros. – Abro de imediato a bolsa que a mochila tem à frente e retiro de lá a minha carteira.
–Não é necessário saco, obrigada. – Afirmo rapidamente assim que vejo o Sr. Daniel a pegar num saco. -E aqui está. – Completo entregando-lhe o dinheiro enquanto sorrio.
–Obrigada. Vejamos, está certo, deixe-me só dar-lhe o talão.
–Não se mace, não é necessário.
–Oh está bem…
–Então, com licença. Boa tarde! – Digo, já despedindo-me.
–Espere! – Exclama o senhor fazendo-me parar de respirar por uns segundos.
–Sim? – Pergunto virando-me parcialmente.
–Sei que é indelicado da minha parte, mas eu gostava de saber se, por acaso, não a conheço de algum lado?! – Merda, porque é que eu não inventei uma desculpa logo para bazar!
–Ahm… talvez. – Começo por dizer, mas ao ver que a pergunta chamou à atenção do loiro reformulo. -Quer dizer, não tenho a certeza, mas acho que não.
–A sério? Que pena. É que me fazes lembrar uma antiga cliente minha, no entanto nunca mais soube dela, foi como se desaparecesse, já lá vão alguns anos, mas nunca me esquecerei dela.
–Quem é ela, senhor Daniel? Talvez eu saiba alguma coisa. – Pergunta o rapaz curioso antes que eu pudesse dizer alguma coisa.
–Oh Nathaniel deves lembrar-te dela com certeza! Chamava-se Cha…Chalrrye qualquer coisa, não me consigo lembrar do apelido dela…
–Hmm não estou a ver quem é, e eu costumo ter boa memória. – Tolo, é claro que não te lembras, pelo menos, não por esse nome. Antes todos conheciam-me por Chye porque o meu nome é muito complicado. Ainda assim podias lembrar-te ao menos do nome da pessoa que marcas-te tanto, é claro que para ti não faz diferença, não foste tu a sofrer, não foste tu a ficar marcado pelas tuas ações! Mas vais ver, eu vou desencobrir essa tua fachada de bonzinho e pôr a descoberto as tuas verdadeiras cores para toda a gente ver, ninguém vai voltar a estender-te o braço tal como fizeram comigo. Ah não esperes muito que não tarda.
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Próximo Capítulo - Capítulo 4: Turn the music on!
Bye bye ^^
@Marril .