My pearl escrita por laracansi


Capítulo 2
Capítulo II - Meet Me And You'll Never Be The Same


Notas iniciais do capítulo

Oiiiii leitores e leitoras!! Vi que já tem gente visualizando minha fic e isso é muito boooomm! Espero que quem leu tenha gostado e quem não leu possa ler. Bom, aqui está mais um capítulo (um grande capítulo) e que vocês gostem tanto quanto o outro ou até mais! Aproveitemmm



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O navio ancorou no porto e todo mundo saiu correndo para cada lado diferente. Fui junto com a multidão. Andei junto com algumas pessoas até uma cidadezinha e fiquei observando-a. Ali não era os Estados Unidos, definitivamente. Tentei conversar com algumas pessoas, mas todas elas corriam de um lado para o outro com várias mercadorias na mão. Eu fiquei totalmente perdida, até ver o porque elas estavam correndo. Oficiais britânicos. Eu não sabia o que fazer, não sabia se ficava ou não parada, ou se pediria ajuda. Eu precisava de ajuda e as únicas pessoas que poderiam me ajudar naquele momento eram os oficiais britânicos. Fui correndo até um oficial e comecei a lhe explicar minha história desde o princípio, só que não consegui termina-la, ele me pegou pelo braço e foi me puxando para longe do porto.

– Ei não! Eu não sou um pirata! Ei eu quero ir pra casa! Me solta! – O homem me levou até um porão que logo em seguida percebi ser a cadeia, me prendendo em seguida, como se eu fosse um pirata. Bati minhas mãos na grade tentando chama-lo de volta sem grande sucesso, virei-me e soltei um grito abafado pelas minhas mãos.

– Então você não é um pirata? – Um homem, que estava escorado na parede com seu chapéu tampando o rosto se manifestou. Pigarreei.

– Eu sou um pirata – Falei fingindo uma voz de homem. – Pff, quem disse isso?

– Você.

– Olha aqui não se meta na minha vida – Eu apontava-o o dedo enquanto caminhava em sua direção, irritada. Bufei e cruzei os braços.

– Então, por que estás aqui? – Escorei-me nas grades do lado direito, ficando em sua diagonal.

– Me pegaram – Soltei um suspiro.

– Se você não é um pirata, por que está vestida assim?

– Longa história – Dei um suspiro e sentei-me no chão. – Mas não sei se você é digno o suficiente para ouvi-la. – Encostei minha cabeça na pequena janela. Ele riu baixinho, não se importando com a minha ofensa.

Ele se levantou e começou a andar pela cela parecendo um bêbado.

– E como você pretende sair daqui?

– De preferência com alguém que saiba.

– Então você está falando com a pessoa certa – Ele deus umas mexidas na grade. – Mas... Como se chamas?

– America...

– Ah America, estás pronta pra embarcar em uma aventura?

– Eu já estou em numa aventura. – Rolei os olhos.

– Mas agora com o Capitão Jack Sparrow. – Ele deu um sorrisinho. Suspirei de novo.

– Que seja – Levantei-me, colocando as mãos nos bolsos de trás da calça ficando um pouco atrás dele. Eu faria qualquer coisa para sair dali. – Mas como você pretende sair daqui?

– Eu tenho um plano.

– E qual seria esse plano? – Ironizei a última palavra enquanto olhava pra fora da pequena janela.

Virei-me dando de cara com Jack, que estava relativamente perto, o que me fazia sentir sua respiração e seu bafo de bebida. Com um sorriso perverso no rosto, colocou uma mão na minha nuca, me fazendo ter arrepios. Ele ainda sorria.

– O que...? – Ele sorriu quando tirou um grampinho do meu cabelo, cujo qual eu havia usado para prender o mesmo. Soltei minha respiração que estava presa. Jack fez a menção de abrir a porta, mas não abriu. Virou-se pra mim rapidamente.

– Como eu vou saber que você não está me traindo?

– Como eu vou saber que você não está me traindo? – Olhei diretamente pra Jack, que soltou um sorrisinho. A porta estava aberta agora.

– Nos encontramos no porto. – Ele sorriu e me mandou sair.

Meu cabelo caia sobre os ombros enquanto eu subia os degraus até chegar ao ar livre. Abrindo a porta com um grande barulho sem me dar conta de que todos os guardas estavam ali, olhei pra trás. Cadê o Jack? Fiquei perdida e ao mesmo tempo com muita raiva. Olhei pra frente e vários guardas estavam me olhando. Sai correndo, mas não adiantou. Tropecei em alguma pedra ou galho e fiquei esperando bater minha cabeça no chão. Dois homens fortes seguraram meus braços, em poucos segundos minhas mãos estavam presas e eu estava na frente de um homem de peruca branca. Meus olhos estavam marejados e eu sabia que iria chorar a qualquer momento, o plano havia falhado e a minha esperança de sair dali havia escapado, literalmente. Ele me olhou de cima a baixo e depois fez um estalo com a boca. Ergui minha cabeça e olhei-o com súplica, mas meu olhar logo foi desviado para uma pessoa mais ao longe, correndo com os braços para cima em uma pose que até seria digna de boas risadas, se não fosse pela minha raiva. Aquele pirata egocêntrico havia me enganado e, pior, me usado para ser a isca, para distrair a sua majestosa fuga. Meu sangue ferveu quem mandou confiar em um pirata? Os guardas me levaram de volta a cela, jogando-me dentro da mesma como se eu fosse um animal. Meus cabelos, agora na frente do rosto, se misturavam com as lágrimas que caiam. Eu estava escorada no mesmo lugar da primeira vez, com os olhos fechados, quando ouvi um barulho de chaves. Rapidamente olhei para porta, mas o cara que estava na cela ao lado teve muito mais sorte do que eu. Encostei minha cabeça na parede novamente e em pouco tempo eu estava dormindo. Quando acordei, minha cabeça batia em alguma coisa que não era macia, mas também não era dura. Respirei fundo e o cheiro não era um dos melhores, tossi um pouco. Abri meus olhos devagar e um sorriso veio ao meu rosto.

– Jack – Sussurrei – JACK! – Percebi o que estava acontecendo eu não demorei a começar a gritar. – JACK ME POEM NO CHÃO AGORA! – Ele rolou os olhos, sem atender ao meu pedido.

– Mulheres.

Enquanto eu batia nas costas de Jack ainda pendurada em seu ombro esquerdo, olhei de relança para trás e avistei uma maré de guardas fardados correndo em nossa direção. Por um momento parei de bater em suas costas só para depois manda-lo correr mais rápido. Fiquei grata por ver que ele não havia me esquecido. Chegamos ao porto e Jack pulou rapidamente para o navio, onde me colocou no chão sob o convés.

– Esse é o dia em que vocês se lembraram como o dia em que vocês quase...

– Cala a boca, Jack – Peguei-o pela camiseta e o puxei da borda do navio.

– O Capitão Jack Sparrow– Ele terminou de falar, mais baixinho agora. Girou nos calcanhares parando em minha frente. – Nunca mais faça isso mocinha, savvy? - Ele apontava os dois indicadores, fazendo gestos estranhos com a mão, bem na minha frente.

– Você que nunca mais deve fazer isso ok? – Ele rolou os olhos.

– Como o Capitão eu tenho direito de fazer o que eu bem entender.

– Para onde vamos? – Perguntei indo atrás dele que se dirigia para sua cabine.

– Tortuga – Ele sorriu.

– Tortuga?

– É precisamos de uma tripulação.

– Este barco é seu?

– É meu. – Duas vozes ecoaram pelo convés me deixando confusa. Virei-me e me deparei com um homem um pouco mais limpo do que o pirata bêbado e, confesso, mais bonitinho também.

– Ah, Will... – Jack deu o ar de sua graça.

– Will?

– Velho amigo e conhecido do Jack – Ele sorriu. – Prazer.

– Prazer – Ele beijou minha mão.

Subi as pequenas escadas até chegar ao leme. Apoiei-me na pequena borda do barco e deixei meus pensamentos vagar em minha mente, enquanto apreciava o horizonte. Até quando isso iria durar? Eu torcia para que aquele viagem fosse curta e que eu pudesse voltar para minha casa o mais rápido possível. Apoiei minhas duas mãos na borda do barco, soltando um suspiro longo.

– Posso saber como se chamas?

– America. – Soltei um pequeno sorrisinho.

– E no que tanto pensas senhorita?

– Na vida. – Larguei as palavras e a conversa parou por ai.

Will não puxava nenhum assunto. Bom ouvinte pensei comigo mesma, ainda apreciando o horizonte.

– Quando chegaremos a Tortuga?

– À noite, provavelmente.

– Hm.

Ficamos naquele silêncio mórbido novamente.

– Por que estás aqui? – Ele perguntou me pegando de surpresa.

– Preciso que alguém me leve pra casa. – Will abriu a boca, mas eu o cortei, antes mesmo que ele falasse algo. – E você? – Agora estávamos frente a frente.

– Preciso de uma tripulação.

– Para? – Ele olhou pra baixo e girou um anel.

– Elizabeth – Falou, olhando para o horizonte. Eu apenas sorri. O silêncio se instalou novamente.

– Vamos seus vermes! Icem as velas! – Jack subia as escadas gritando.

– Não se esqueças que esse barco é meu. – Will saiu do meu lado em passos rápidos, diminuindo a voz cada vez que chegava perto de Jack, até ficar cara-a-cara com o mesmo.

– E você não se esqueças que eu sou o capitão. – Jack falou, sempre fazendo os mesmos gestos com as mãos e sorriu sarcasticamente sabendo que havia ganho a suposta discussão.

Will desceu as escadas e começou a içar a vela, enquanto eu olhava com cara de paisagem para Jack que, supostamente, não me notou lá.

– Você. Convés. Agora. – Continuei olhando-o com cara de paisagem enquanto ele balançava as mãos.

– Eu não sigo ordens. – Falei me virando para o mar.

– Bom, as minhas você terás que seguir. Este é o meu navio, love.

– Não vejo seu nome escrito nele. Você nem tem ar de capitão.

– Não me subestimes garota...

– Aposto que o Will seria um melhor capitão que você. – Jack já estava próximo de mim. Seus olhos pareciam pegar fogo, ele estava irritado e eu sorria descaradamente. Precisava tê-lo em minhas mãos para conseguir chegar aonde eu queria. Podia sentir que ele não era um homem de dar o braço a torcer.

– Vou te mostrar quem é o capitão deste navio. – Ele saiu, irritado, e eu comecei a pensar sobre o que eu havia feito. A abordagem não fora muito boa, confesso, mas o seu plano no principio também não havia me favorecido nada. Eu estava dando o troco, talvez, mas precisava pensar em outro meio de fazê-lo me levar até em casa.

A noite já havia caído e eu estava deitada relaxadamente em uma das redes que havia em baixo do convés. Aparentemente, Will e Jack haviam atracado em Tortuga em busca de uma tripulação e eu pude relaxar na minha rede enquanto os homens faziam o trabalho pesado. Eu continuava a pensar sobre um plano bom que pudesse me render minha volta para casa, mas o barulho de passos acima de minha cabeça não cooperaram com a minha concentração. Subi as escadas e abri devagar a pequena porta para o convés colocando minha cabeça para fora. Havia muito mais gente do que antes naquele convés e eu comecei a ficar assustada enquanto passava no meio daqueles homens mal cheirosos e assustadores. Olhava para todos os lados encontrando cada criatura diferente. Era estranho ter todos os olhos focados a mim, sendo que eu nunca fora o centro das atenções.

– Peguei!

Um homem gritara em minha frente, me fazendo fazer o mesmo e girando-me, colocou sua espada em minha garganta.

– Capitão, capitão. – Ele gritava no meu ouvido. – Achei uma impostora!

Rolei os olhos. Jack sabia muito bem que eu não era uma impostora. Nem dei o trabalho de suplicar pra poder sair dos braços daquele homem fedido. Jack olhou diretamente pra mim, com um sorriso maléfico no rosto.

– Hum. Uma impostora? – Ele se aproximava gradativamente. – Coloquem a na prancha. – Ele falou bem baixo, mas ao mesmo tempo audível. Eu olhei-o com os olhos arregalados, surpresa.

– Jack! O que você pensa que você está fazendo? Me solta seu verme! – Empurrei o homem que me guiava até a prancha. Jack chegou mais perto.

– Isto é para deixar bem claro quem é o capitão desse navio. Aproveite o passeio, love – Ele falou ao meu ouvido enquanto me guiava até a prancha.

Com o braço envolto em meu ombro, Jack me deixou em frente a prancha que estava presa a borda. Nas piores das circunstâncias eu havia entendido que eu não conseguiria enganar Jack tão facilmente, sendo assim o plano que eu havia feito em minha cabeça iria cair água abaixo. Assim como eu

– Quem quer fazer as honras?

– Eu!

– Eu quero!

– Uh, essa vai ser boa.

– Jack...

Eu tentei pedir perdão ou algo do tipo, mas Jack não deu ouvidos, pisou na prancha fazendo-a tremer e eu acabei me desequilibrando. Cai em direção à água escurecida pelo céu noturno. O contato com a água fria fez meus pelos eriçarem, milhões de facas pareciam cortar minha pele e eu não demorei muito para voltar para a superfície. Olhei para os lados tentando achar algo que possibilitasse a minha volta para o navio. Achei uma corda pendurada rente ao casco e comecei a escalar a madeira molhada. Quando cheguei à borda, Will agarrou minha cintura, elevando-me e colocando-me no chão em seguida. Sorri como agradecimento quando Jack parou em minha frente.

– Gostou do mergulho? – Ele trazia um sorriso sarcástico no rosto, seus olhos escuros brilhavam graças às luzes dos lampiões. Parei bem em frente a ele. Sorri sínica.

– Gostei. Inclusive vou te mandar fazer um mergulho também... – Ele fez cara de surpresa e logo soltou aquele sorriso. Aproximei-me do seu ouvido e logo em seguida sussurrei. – No inferno.

Virei às costas, furiosa, e marchei a passos duros até a parte de baixo do convés onde me joguei em minha rede. As inevitáveis lágrimas logo apareceram e começaram a cair pelas minhas bochechas contrastando com a minha gélida pele. Avistei dois homens chegando de mansinho e limpei minhas bochechas apressadamente.

– O que é?

– Sr. Turner mandou entregar à você. – Eles me alcançaram algumas roupas secas, um chapéu, uma toalha e uma bota. Analisei-os com cuidado e esbocei um sorriso.

– Obrigada.

***

Meus olhos se abriram e piscaram várias vezes até se acostumar com a pouca luz. Na noite passada, após o exímio espetáculo de Jack e o grande favor que Will me fizera, dando-me roupas secas, tomada pela raiva fui falar com Sparrow. Eu estava furiosa, mas ao mesmo tempo desesperada. Eu precisava da ajuda dele e faria qualquer coisa para tê-la. O meu único receio era que ele não cumpriria com a sua palavra. Após um longo tempo de discussões e desacordos, Jack me fez prometer que eu o ajudaria em um plano cujo eu não saberia até que a hora chegasse. Fiquei com um pé atrás nessa situação, mas não via melhor solução do que concordar com aquilo. Pela primeira vez tive a plena certeza de que poderia sim encontrar novamente minha família.

– Bom dia senhorita.

– Bom dia, Will. Queria lhe agradecer pelas roupas.

– Não tem de que. Sempre vou estar aqui para ajudar um amigo.

Ele piscou e foi embora. Sorri. Olhei em volta e meu olhar encontrou Sparrow. Eu precisava de uma garantia de que aquele plano realmente iria funcionar. Caminhei até ele.

– Aye marujo... Maruja... – Com ar de confuso prosseguiu. – O que desejas minha cara?

– Desejo saber quando irei ver minha família novamente.

– Ah, pois bem – Ele fez aqueles gestos novamente e chegou mais perto, tendo que sussurrar agora. – Isso só o tempo dirá. – E deixou uma piscadela no ar.

– Você prometeu. – Segurei seu ombro.

– Vá fazer seu dever marujo.

Ele deixou de me encarar olhando para frente sempre com o peito estufado. Desci até a proa e sentei-me em uma das grandes caixas, emburrada. As lágrimas já chegavam aos olhos e em um movimento rápido limpei meus olhos. Será que seria o certo a fazer? Olhei para o mar e respirei fundo, era minha única solução no momento. Pus-me de pé e fui para perto de Will ajuda-lo. Já era quase o por do sol quando paramos para comer e algum tempo depois a lua iluminava a proa enquanto os marujos saiam para a terra novamente, ainda estávamos em Tortuga. Enquanto verificava se as cordas estavam bem amarradas às palavras de Jack martelavam em minha cabeça. Eu estava intrigada. Jack havia prometido na noite passada que me ajudaria, mesmo sem eu saber do seu plano eu havia aceitado aquela proposta. Por que ele não poderia efetivamente me ajudar? Eu não havia convivido com ele mais do que três dias e já estava ficando louca. Precisava saber qual era o plano de Jack, caso contrário poderia estar entrando em uma bela furada onde eu pagaria o pato. Passei a mão em minha testa tirando o suor, olhei para os lados e avistei Will indo em direção à cabine do capitão com algumas caixas maiores do que o seu peso em mãos.

– Ei, deixa que eu lhe ajudo. – Cheguei perto pegando as duas caixas do topo e segui-o até dentro da cabine.

Ele seguiu até um pequeno armário, colocando as caixas no chão e abrindo-as revelando litros de rum, uma bebida muito comum ali. Parei ao seu lado depositando as duas caixas que eu carregava em minha frente e pegando duas garrafas do liquido alcançando-as para Will.

– Não precisa me ajudar. – Will pegou as duas garrafas da minha mão e colocou-as em fileiras dentro do pequeno armário.

– Por que não? – Deixei a pergunta no ar pegando mais duas garrafas de rum e alcançando-as.

Acabamos com a primeira caixa de suprimentos e, já distraídos, paramos para beber um pouco do liquido, abrindo a segunda caixa e pegando uma garrafa de rum. Depois de uma piada mal contada de Will me vi rindo até meus pulmões apertaram e sentei-me no chão ao lado das caixas. Já havíamos bebido meia garrafa cada um.

– Acho que você deve melhorar suas piadas meu caro. – Falei antes de tomar um longo gole de rum e deixar a garrafa vazia dentro do caixote.

– Não vejo o porquê senhorita, estás ai rindo tão alegremente. – Abriu mais uma garrafa de rum após depositar a sua dentro do caixote como eu fizera há alguns segundos atrás. Afastou alguns caixotes que o impediam de se sentar ao meu lado e então aproximou-se.

– E a senhora, tem uma piada para me contar? – Ele colocou seu melhor sorriso a mostra.

– Não sou muito boa com piadas – Abaixei meu olhar para garrafa em minhas mãos enquanto brincava com os dedos no vidro morno da mesma. – E não me chames de senhora, Turner, sabes muito bem que meu nome és America. – Levantei uma sobrancelha e dei-lhe o meu sorriso.

– Ok senho... America. – Ele sorriu pedindo desculpas.

Dei mais um gole no rum e juntei minhas sobrancelhas após o liquido passar em minha garganta. O silêncio tomou conta do lugar e eu soltei o ar pela boca já entediada.

– É grande aqui. – Comecei um assunto qualquer.

– Verdade, da para fazer um baile. – Nisso ele se levantou com sua garrafa em mãos e empurrou a mesa que ocupava o centro da sala para o lado e logo em seguida estendeu-me sua mão.

Com um sorriso no rosto segurei a mão de Will que me puxou me deixando em pé. Repousei minha mão em sua nuca enquanto ele colocava a sua em minha cintura. Dei mais um gole no rum e coloquei a garrafa sob a mesa, encaixando em seguida minha mão a mão dele. Sem muito conhecimento em danças, deixei que meus pés se chocassem com os dele enquanto vagávamos pela cabine tentando reproduzir uma valsa. Will cantarolava alguma coisa entre dentes como se quisesse imitar uma canção enquanto as minhas risadas abafavam sua tentativa de música. Tropeçávamos e quase caíamos, girávamos e andávamos pela cabine sem música, apenas com nossas risadas. Jogamo-nos no chão novamente ainda rindo. Peguei a garrafa de rum e tomei mais um gole, escorei minha cabeça na parede quando o silêncio voltou. Escutei um murmúrio ao lado, olhei para o Will. Ele cantarolava um ritmo cujo eu não conhecia.

– We extort, we pilfer, we filch, and sack – Ele fez uma pausa para beber um gole de rum e em seguida ergueu a garrafa. – Drink up, me ‘earties, yo ho! – Ele gritou as duas últimas palavras e tomou mais um gole.

Eu o fitava e ele logo fez o mesmo, levantando sua garrafa e me induzindo a fazer o mesmo. Brindamos e bebemos do liquido.

– Que canção é essa?

– Uma canção pirata – Ele sorriu e bebeu mais um pouco. – Gostarias de aprender?

– Seria uma honra. – Sorri.

– Começa assim...

Will começou a cantarolar a música e eu tentava a aprender aos poucos, errando na maioria das vezes. Ao longo de meia hora, junto de risadas e rum, já estávamos cantando alto o suficiente para qualquer pessoa que estivesse na proa ouvir.

– Yo ho, yo ho, a pirate’s life for me! – Gritávamos enquanto bebíamos e riamos. Continuei.

– We kindle and char, inflame and ignite.

– Drink up, me ‘earties, yo ho – Cantamos juntos e ele prosseguiu.

– We burn up the city, we’re really a fright. Drink up, me ‘earties, yo ho. – Gargalhei e coloquei minha cabeça eu seu ombro.

– Yo ho, yo ho, a pirate’s life for me. – Falei baixinho, apenas para nós dois ouvirmos e dei um longo gole no rum.

– Gostou? – Ele me olhava agora, levantei meu rosto para poder vê-lo.

– Gostei. – Sorri e ajeitei-me. – Cadê o Jack? – Falei depois de um tempo.

– Mate... – Fitava a porta quando ele falou e eu me virei, dando de cara com o mesmo. – Estamos em Tortuga... – Ele deixou as palavras no ar tomando mais um gole. Acompanhei a garrafa com o olhar.

– Mas então – Pigarreei. – Por que não estas lá fora? – Ele deu uma risadinha.

– Parece que a companhia aqui é muito melhor. – Sorri com o elogio e tomei mais um gole, secando a garrafa e a deixando de lado.

Posicionei-me melhor, encolhendo as pernas e apoiando as mãos no chão ficando de frente pra ele.

– Falando sobre o Jack... Hum... O que ele mais quer? – Ele soltou um riso.

– Por que gostarias de saber?

– Só não quero surpreender-me – Virei-me para frente agora repousando minha cabeça na parede. Olhei-o de canto de olho. – Então...

– Eu não sei muito sobre Jack – Ele deu uma risadinha. – Não sei se devo lhe contar o pouco que eu sei...

– Não confias em mim Will? – Sussurrei em seu ouvido enquanto ele bebericava o rum olhando em um ponto fixo a frente. Ele me encarou com um sorriso.

– Posso? – Estávamos perto. Sorri. – Pois bem, Jack não é um dos caras mais previsíveis, você muito bem sabes. Há dias em que Jack quer ser jovem para sempre, há outros em que ele deseja ser livre e governar os sete mares. E há também aqueles em que ele deseja ser o maior pirata de todo o mundo. Mas uma coisa és certa – Ele fez uma pausa tomando um gole de rum. – O que Jack mais quer nesse mundo inteiro é o seu verdadeiro amor.

– Uma mulher?

– Melhor – Ele deixou o suspense no ar. – O Pérola.

– Pérola? – Olhava-o sem entender enquanto ele bebia mais um pouco.

– É um dos ícones desses mares, um dos melhores navios já vistos em águas como essas. Um navio com uma história tão surreal que se quer pode ser chamado de verdadeiro. Uma lenda se preferir.

– Um navio? Tem tantos tesouros, tantas riquezas nesse mundo e Jack quer um navio?

– Não é apenas um navio America, é uma lenda, um dos mitos dos sete mares que poucas pessoas tiveram o gosto de ver. Poucas pessoas podem dizer que estiveram ou viram o Pérola...

– Mas Jack pôde não é? – Cortei-o bebericando o rum logo depois. Ele assentiu com a cabeça enquanto bebia.

– Jack ama o Pérola como ninguém nunca amará.

– E por que Jack não está com o seu amor?

– Jack perdeu o Pérola há alguns anos para Barbossa que o perdeu novamente.

– E Jack não irá fazer nada?

– Ele está fazendo.

– O que ele está fazendo?

– Ele está...

– Indo atrás do seu amor, certo? – Sorri vitoriosa interrompendo-o. Will ergueu sua garrafa, assentindo com a cabeça e tomando mais um gole.

– Jack vai encontrar-se com quem está com o Pérola e irá fazer uma troca, conseguindo assim seu amor.

– Mas o que ele irá trocar? – Estava com uma garrafa aberta em mãos, pronta para oferece-la quando a dele secasse.

– Uma certa pessoa cuja companhia não é a pior do mundo. – Ele sorriu aceitando a garrafa. Sorri novamente.

Enquanto Will bebia meus olhos começavam a encher de lágrima, olhei para a porta novamente limpando-as antes que as mesmas caíssem. A raiva começava a dominar meu corpo e após alguns minutos refletindo olhei para o lado e avistei um Will deitado em cima de alguns caixotes, levantei-me cambaleante e caminhei até uma escada que dava para os aposentos do capitão. Foda-se o capitão. Deitei-me na cama macia e meus olhos se fecharam logo em seguida. Então era isso, Jack me usaria novamente para seu infame plano, para conseguir uma merda de um barco! Bati meus punhos cerrados no colchão freneticamente. Meu plano havia ido por água abaixo novamente e tudo por culpa de Sparrow.

Acordei abrindo os olhos vagarosamente revelando, aos poucos, a parede escura em minha frente. Deitei-me com a barriga para cima avaliando o teto, pisquei meus olhos mais algumas vezes até eles entrarem em foco por completo. Sentei-me na cama, peguei meu chapéu que repousava no travesseiro ao lado e coloquei meus pés no chão indo em direção à escada. Subi-as devagar tirando a sujeira de minha roupa. Cabisbaixa, subi os últimos degraus da escada. Levantei a cabeça.

– Cama macia, huh? – Paralisei. Olhei para os lados e avistei Jack sentado atrás de sua mesa com os pés em cima da mesma e uma garrafa de rum em mãos. Ele bebeu do liquido.

– Uma das poucas coisas que eu aprecio neste naivo. – Falava ele olhando para a garrafa. Fui andando de fininho até a porta e me deparei com uma pequena faca trancando-a quando eu estava prestes a sair. – Não tão cedo, mate.

Sparrow veio até mim.

– O que você quer? – Perguntei ríspida.

– Não posso ficar na companhia de uma bela dama? – Virei-me ficando cara-a-cara com ele.

– E por que queres ficar a minha companhia? – Sparrow soltou um sorriso e dedilhou o contorno do meu rosto soltando a mexa que eu havia colocado atrás da orelha há alguns minutos.

– Eu só quero conversar, America – Sparrow agarrou a faca que estava em meu lado, arrancando-a da parede. – Mas você pode fazer sua escolha. – Ele sorriu e se afastou, com os braços abertos.

– O que você quer? – Refiz a pergunta. Ele chegou mais perto passando seu braço por cima dos meus ombros.

– Sabia que iria fazer a escolha certa. – Após sussurrar em meu ouvido ele vagou pela cabine comigo. – Percebo que já deves conhecer esse lugar, não é?

– Uhum.

– E percebo que com uma ótima companhia.

– É, descobri várias coisas Jack. – Chegamos à mesa em que Sparrow estava sentado no início. Jack apoiou-se na mesa ao meu lado. Coloquei minha mão espalmada ao lado do mesmo enquanto olhava-o nos olhos em sua frente.

– Que coisas? – Ele continuava com aquele sorriso no rosto.

– Bem Jack – Comecei a me dirigir ao lado oposto da mesa. – Você deve começar a manter seus planos em segredos ou talvez não conseguira recuperar seu belo Pérola. – Sorri maliciosa enquanto olhava as prateleiras da estante atrás da mesa.

– Pérola... – Ele soltou as palavras em um sussurro.

– É Jack, eu sei sobre o seu plano. – Virei-me e olhei nos seus olhos novamente. Jack estava ao lado da cadeira majestosa, encostado na mesa de madeira.

– E?

– E se você não fizer o que eu mandar – As mãos de Jack estavam espalmadas na minha cintura puxando-me para o meio das suas pernas entreabertas agora. Estávamos cada vez mais perto, nossos nariz quase se tocavam. Coloquei minhas mãos em seus peitos abaixando-o até o mesmo ficar deitado na mesa comigo debruçada em cima de seu corpo. Abaixei-me até chegar perto do seu ouvido. – Talvez você nunca mais verás seu Pérola de novo.

Soltei o ar pelo nariz como se fosse uma risadinha e Jack fez o mesmo. Suas mãos estavam cada uma em meus braços, apertando-os um pouco enquanto me erguia. O sorriso ainda habitava seu rosto e uma mão vagava pelo meu braço indo até o pescoço e voltando, fazendo meus pelos levantarem e minha pele arrepiar.

– E quem disse que eu preciso de você? – Sua mão apertou meu pescoço enquanto ele fitava meus olhos. Gemi.

– Se não precisasse, não teria me deixado embarcar no seu navio. – Falei com um pouco de dificuldade.

Nossos olhos estavam ligados. Nossa respiração estava baixa e falha, apenas a proximidade poderia nos fazer ouvi-las. Nossas feições eram marotas, como se estivéssemos fazendo uma aposta que já sabíamos que estava ganha, mas não queríamos deixar nossos sorrisos transparecer. Jack desviou os seus olhos para os meus lábios abrindo um pequeno sorriso de canto de boca. Ao vê-lo fitando minha boca, aproveitei para passar a língua no lábio inferior ainda fitando seus glóbulos negros. Soltei mais uma risada abafada pela respiração e então dobrei a distância e empurrei Jack, fazendo-o deitar novamente na mesa, peguei uma maçã da fruteira que estava ao seu lado. Jack, ainda deitado, observava todas as minhas ações. Fui até ao lado da mesa e passei minha mão livre por todo o tronco de Sparrow fazendo-o fechar os olhos. Peguei meu chapéu que estava o seu lado e fui andando até a porta.

– Nossa conversa ainda não acabou, mocinha. – Jack falou, ainda deitado na mesa.

– Estou acabando-a. Agora. – Bati a porta após acabar de falar a frase.

Levei a pequena maçã até a boca, mordendo-a ferozmente. Passei meus olhos pela proa do navio enquanto vários marujos me olhavam maliciosos. Rolei os olhos e desci até o porão. Joguei meu chapéu em cima da minha rede e fui andando averiguando até achar Gibbs deitado em uma rede. Cutuquei-o algumas vezes até ele acordar.

– Quem ousa me acordar? – Ele gritou assustado.

– Gibbs, sou eu!

– Ah, a mulher – Ele falou com desdém. – Por que me acordaras, senhorita?

– Gostaria de saber qual a cidadezinha mais perto daqui.

– Bem, me acompanhe.

Ele se levantou, ainda sonolento e eu o segui até a proa. Nos apoiamos na borda do navio. Não estávamos mais atracados em Tortuga, mas também não estávamos longe de lá.

– Provavelmente South Lake, mas demoraremos dois dias para chegarmos lá.

– Hm. – Murmurei enquanto enrolava uma mecha do meu cabelo.

– Por que gostarias de saber madame? – Sorri misteriosa.

– Coisas minhas, Gibbs, coisas minhas. – Falei enquanto me afastava até o porão do navio.


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Notas finais do capítulo

Bom gente, aí está mais um capítulo da fic e espero que vocês tenham gostado do encontro entre Jack e America!! Teremos uma parceria por vir? Ou teremos um Jack inusitado? Segurem os corações porque isso só será revelado nos próximos capítulos.
Essa duas semanas que estão por vir serão minhas semanas de provas então eu vou estar 95% com a cara nos livros (literalmente), por isso eu possa deixar de postar alguns capítulos ou até mesmo não escrever a história, maaaaas não se preocupem meus caros! Eu tentarei a todo o custo dar à vocês os novos capítulos e deixa-los com muuuuita curiosidade.
Não deixem de acompanhar, espalhem para os amigos, os avós, os cães, os gatos, os vizinhos, pra quem vocês quiserem!! Espero que estejam gostandooooo!! BEIJÃO
P.S: se vocês acharem os capítulos muito grandes falem comigo que eu vou muda-los, deixa-los mais curtos. Qualquer reclamação podem me contatar que eu darei um jeito



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