Passei a noite toda e o dia seguinte ouvindo sermão de Karen por ter dado um tapa no delegado da cidade, tentei me defender, mas ela não aceitou meu argumento.

Assim que amanheceu e desci para tomar café Karen me deu o endereço do meu suposto primo, eufórica para descobrir se eu tinha mais parentes vivos aqui subi para trocar de roupa e fui a pé até o museu que era perto do casarão.

Estava uma manhã fresca e agradável, as pessoas andavam pelas ruas alegres e felizes por um dia quente em SantaRossa.

Assim que cheguei ao museu haviam vários turistas entrando e saindo do lugar. Fui em direção ao segundo andar onde ficava o escritório de Enzo e me apresentei para a secretaria que logo me anunciou.

Não demorou muito para Enzo sair da sua sala e me levar para dá uma volta pelo museu.

–Meus pais administravam o museu de SantaRossa, eles eram as maiores autoridades na história local. - ele disse enquanto andávamos pelos corredores do museu.

–E onde eles estão?! Adoraria saber mais sobre minhas origens. – disse animada, afinal meus pais nunca me contaram nada sobre a família.

–Acho que vai ser impossível. Meus pais morreram quando eu tinha 3 anos, alguns dizem que eles foram mortos por que sabiam algo sobre a “tumba secreta”. - ele disse e revirou os olhos.

–Oh meu Deus, sinto muito Enzo. - disse sem jeito.

–Tudo bem. Daniele e Marcello Valentini são meus padrinho e cuidaram de mim como um filho. Eles sempre me falam dos meus pais, mas não me lembro de nada deles.

–Sei como é isso, não perdi meus pais tão pequena quanto você, mas mesmo assim é uma perda.

–Bom, você veio aqui para saber o pro que de sermos primos distantes não foi? Então não vamos decepcioná-la. - ele disse sorrindo e sorri.

–Segundo os relatos os Defilippo vieram para SantaRossa por que tinham parentes aqui os Della Negra. Aqui eles se estabeleceram e a filha mais velha deles, Águida acabou se apaixonando por Miguel Valentini.

–Como?!- questionei chocada.

–Você não sabia que o nome Águida Rosalinda era um nome de família?!

–Eu sabia, só não sabia que uma pessoa com meu nome pudesse gostar de alguém com o nome de Miguel.

–Conheço Miguel desde que nasci e não entendo a atitude dele com você. No geral meu irmão é um doce de pessoa. - ele disse confuso. - Só se ele estiver interessado em você, é o que Karen acha.

–Faça um favor a você mesmo, não acredite na maioria das coisas que ela diz. E então, o que houve com os dois? Aposto que acabaram se matando.

–Na realidade eles não puderam ficar juntos e acabaram morrendo. -ele desconversou.

–Eles morreram como?

–Dizem que o pai dela a apostou e perdeu, fazendo-a se casar com Maurizio Benaducci.

–Puxa que destino o meu, voltei a repetir a história trágica só que com os homens trocados. - brinquei e ele não sorriu. - E então, por que somos parentes distantes?

Segundo Enzo, após a morte do casal apaixonado, que a população da época jurava que eram protegidos por nossa Sra., do perpetuo socorro a padroeira da cidade, a peste negra se alastrou pela cidade dizimando todos principalmente aqueles que impediram o casal de ficarem juntos.

Com isso os Della Negra foram aniquilados, preocupados com o futuro da cidade, o concelho formado pelas famílias mais antigas de SantaRossa resolveram dar o sobrenome Della Negra ao filho bastardo do Sr. Della Negra, para que o sobrenome não se perdesse.

Tentei arrancar mais algumas informações do meu primo, mas ele desconversou e disse que não tinha mais tempo.

Parecia que ele estava escondendo algo de mim. Não insiste no assunto, apenas me despedi e sai do museu.

Enquanto caminhava pelas ruas tive a impressão de que alguém estava me seguindo, olhei para trás e não vi nada.

Mesmo assim decide apressar o passo e logo ouvi alguém apressando o passo também. Desesperada comecei a correr feito louca enquanto era seguida, agradeci mentalmente por estar de sapatinha se não minha fuga não estaria sendo bem sucedida.

Dobrei uma esquina enquanto corria sem parar esbarrando em algumas pessoas no caminho, até que esbarrei em alguém e percebi que estava salva.