O Regresso do Desespero escrita por Duchess Of Hearts


Capítulo 32
Keep on Living


Notas iniciais do capítulo

Oiiee! c: Então, as votações já chegaram ao fim (dei bastante tempo já, gente) e elas terminaram 4x2 a favor do sim.

Nesse caso, o ending que temos é...
Vocês vão ter de ler para descobrir! Beijos ~



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Quando finalmente conseguiram escapar, os vestígios de Hope’s Peak colapsando atrás deles, pararam por uns momentos, tentando recuperar o fôlego. Nunca nenhum deles tinha corrido com tanta pressa quanto daquela vez. Em poucos minutos, subiram mais andares do que jamais pensaram ser capazes. Ainda com o coração palpitando fortemente nos seus peitos, e após longos quinze minutos de pausa para respirar, finalmente um dos membros do grupo decidiu quebrar o silêncio.

— Onde está o Isao?

— Estou aqui. – Teemu mal tivera tempo de terminar a sua pergunta, que o rapaz logo aparecera para dar a resposta. O braço estava, aparentemente, ferido… Mas havia demasiado sangue manchando as suas roupas para ser só dele. Kobayashi parecera ser a única a notar tal facto, contudo, pelo que os outros não fizeram muito caso disso. Assim sendo, ela manteve-se no silêncio. Ponderou por momentos sair dali naquele exato momento, mas um pressentimento estranho impediu-a de o fazer, limitando-se a ficar num cantinho a observar.

— Acabou? – Inquiriu Connor, um pouco nervoso. Encarava os lados com um certo medo, como se esperasse que algo saltasse dos destroços a qualquer momento. – Estamos livres?

— Naoto nã’ deve poder mais chatear a gente, iss’é certo. – Disse Riya, num tom um tanto baixo. Ela mordeu o lábio, um pouco nervosa. – Er… Foi mal, gente. Eu nã’ queria… Matar todo o mundo enterrado, nem nada.

— Sim, você queria. – Comentou Kyoishi, retornando finalmente ao seu tom um tanto ausente. – Mas a gente te perdoa. As tulipas negras do abismo te perdoam, também. É bom ser perdoado.

— Então… O que fazemos? – Inquiriu Kurama. Tentou sorrir, contudo, os seus músculos da face semiparalisados levaram a que esta apenas fizesse uma careta. Após tentar várias vezes fazê-lo, acabou por desistir. – Agora… Não temos para onde ir…

— Nossa família já não está mais presente para nos acolher. – Comentou Teemu pesadamente.

— Nossos amigos… Nesse momento, eles são só a gente mesmo. – Acrescentou Riya – Todos os outros provavelmente odeiam nós ou simplesmente… morreram.

— O mundo está todo estranho… Olhem o céu, é normal ele ter essa cor? E esse ar… Esse ar é tão difícil de respirar! – Gemeu Connor, falhando a esconder o seu medo.

— …Nossos colegas não voltarão mais, também. – Desanimou-se Kyoishi.

Fez-se silêncio por um tempo, enquanto cada um dos presentes se sentou em uma pedra. Apesar de tudo, apesar da energia que tinham para viver até então… Toda ela dissipara-se em poucos momentos. Agora, era como se tivesse acabado o propósito de todos eles… E assim sendo, não havia mais nada a fazer. A loira inclinou a cabeça para um canto, surpreendida. Finalmente o peso da realidade tinha caído sobre todos eles, após todas aquelas semanas escondidos dela. De certa forma, ficar lá dentro presos o resto da vida não teria sido uma escolha tão ruim assim. Nos livros de histórias que os seus tios lhe contavam, essa seria a altura em que se fecharia o livro e um belo e floreado “E ficaram felizes para sempre” surgiria, mas…

— Não existe tal coisa como “felizes para sempre”. – Murmurou Isao, encarando o chão. Não dava para ver a sua expressão, pois ele sentara-se ao lado de um destroço grande o suficiente para o cobrir nas sombras. – Agora… Nós seremos caçados. Nós seremos tratados como monstros. Culparão a morte da Dra. Hiroi e da sua família em nós… Remnants of Despair.

— Mas… Talvez se nós conversarmos com eles…! – Disse Connor, tentando manter o positivismo. Contudo, nem teve tempo de terminar a sua frase antes de ser interrompido pelo Herói da Nação.

— Você levará com um tiro na testa assim que aparecer na frente deles. Eles não se importam com a nossa vida. Tudo o que eles querem é uma coisa.

Levantando-se do lugar onde estava, o rapaz caminhou até ao centro do grupo, dando finalmente a ver o seu olhar vazio e sem emoção… Aqueles olhos, azuis como os da irmã, desprovidos do que parecia ser qualquer traço de humanidade, estavam por alguma razão a prender a atenção dos presentes, como se lhes lançasse um feitiço hipnotizador.

Takane compreendia o que se passava. Certamente, o objetivo de Naoto fora concretizado. Aquele sangue que manchava as roupas do seu rei era, sem dúvida, sangue da criança. Quando oferecido a possibilidade de terminar a vida do grande puppetmaster de toda aquela terrível tragédia, Isao não aguentou e caiu na tentação. Contudo, essa era apenas uma última armadilha cuidadosamente traçada para fazê-lo sucumbir ao desespero. Ao matá-lo, ele estava assinalando que perdera uma parte da sua humanidade. E esse pequeno buraco que se abrira rapidamente se expandiu, enchendo-o de pensamentos negativos e desespero. Em poucos minutos, Isao deixou de ser Isao, passando a ser apenas mais um SHSL Despair. Tal não era difícil de perceber àquela que outrora fora chamada de Super High School Level Fashion Designer, afinal, ela mesma fora uma SHSL Despair, embora não se lembrasse disso. Talvez algumas das coisas aprendidas desse tivessem ficado em sua mente. Compreender aquilo chegava a ser básico para ela, mas não deixou de se sentir impressionada com a complexidade do plano da criança. E como tudo tinha dado certo.

— A minha pergunta é… porquê se importar? – Isao encolheu os ombros, suspirando pesadamente. – Não tem ninguém que nos vá aceitar, agora. Vamos ser vistos como um grupo de assassinos para todo o sempre. Independentemente do que façamos…

Nossos amigos não voltarão.

Nossa família não voltará.

Nossos amados não voltarão.

Nosso mundo não voltará.

Nossos objetivos e ideais não voltarão.

Nem mesmo nossos colegas voltarão.

Isao fez uma pausa. Suspirou pesadamente, dando uma volta para encarar os redores. Percebendo que nada além de fumo e destroços os rondava, continuou a falar.

— Contudo, a Future Foundation continuará a perseguir aquele ideal deles. Um futuro novo e brilhante para a humanidade… Sem nós. – Concluiu, voltando a baixar a cara. Não havia nenhuma expressão no seu rosto, e a sua voz mantinha-se num tom monocórdico. – É claro, poderíamos aceitar isso… Mas porque haveríamos? Porque é que devemos de aceitar que eles queiram criar um futuro novo, repleto de esperança… E nós sejamos simplesmente obrigados a não pertencer de tal futuro!?

Bateu com o pé, com raiva. Uma singela lágrima caiu no chão. Naquele momento, já ninguém olhava para ele. Encaravam todos o vazio, dispersos algures entre as palavras de Isao e os próprios pensamentos.

— Essa tal “esperança” … É a maior merda de sempre. Foi graças a ela que chegámos até aqui… E é graças a ela que estamos presos nesse mundo sem qualquer felicidade nos aguardando.

— Mas… nós prometemos... viver…? – Mencionou Connor, indeciso. Contudo, a certa altura, ele já não parecia certo sequer de suas palavras.

— Nós… Nós não íamos lutar? Por quem nós perdemos? – Inquiriu Kyoishi, batendo com o punho no chão. – Nós íamos…! Nós íamos…

— Sim, nós vamos lutar. Nós decidimos que íamos lutar. – Concordou o herói. – Mas… será que devemos lutar por um futuro melhor para nós mesmos, condenados a fracassar? Deixar com que os outros fiquem com o proveito, mesmo sem tendo passado por metade do que nós já tivemos de passar?

Isao encostou-se ao destroço que previamente lhe fizera sombra. O mesmo tremeu um pouco, mas acabou por se manter na sua posição firmemente. O ruivo deu uns momentos para que todos pensassem no assunto, e depois voltou a falar.

— Ou então, poderíamos lutar contra a Future Foundation. Contra os seus ideais ridículos que prometem a nossa desgraça. Juntos – Estendeu a mão ao grupo – Nós podemos vencê-los. Àqueles que causaram tudo isso para começar. Aos nossos maiores inimigos.

— Nós não temos amigos…

— Nós não temos família…

— Nós não temos futuro…

— Nós não temos nem para onde ir…

Após algum tempo, um a um, os alunos foram estendendo a mão. Sucumbindo às doces palavras de Isao, a uma promessa de uma vingança. Não, não se tratava mais de vingança. Takane sabia disso. Nas últimas semanas, ela vira aquele sentimento pairando sobre todos aqueles a quem ela deveria chamar de “colegas”. Desespero. A vontade deles, naquele momento, era de trazer desespero ao planeta… Afinal, depois de tudo, isso era tudo aquilo que lhes sobrava, tudo o que eles ainda tinham para dar. Uma reviravolta elegante, um ponto final bem negro naquela história.

Takane não pretendia ficar com eles, muito menos sequer continuar com os seus trabalhos como SHSL Despair – seja lá o que trabalhos fossem esses, visto que ela nem memórias deles tinha. Na verdade, o próprio desespero trouxera-lhe apenas sentimentos de tédio, salvo algumas exceções. Contudo, após aquela situação… O interesse surgira. Ela queria continuar vendo. Que tipo de sofrimento eram eles capazes de trazer? Certamente, a sua paixão pelo fogo continuava, mas aquele olhar nos seus colegas… Um sentimento tão estranho que ela era incapaz de compreender, e, por isso, fascinava-a. Como uma cientista quer saber sempre mais sobre o seu experimento. Como uma criança descobrindo os nomes dos objetos que a rodeiam.

Tão, tão kawaii.


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Notas finais do capítulo

c: