Beyond the Appearances escrita por Mavie Paiva


Capítulo 18
Esclarecimentos


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas! Nunca vi pessoas que demoram tanto para comentar, mas foram os 6 comentários e agora aqui está um novo capítulo para vocês.



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POV Mabel

Assim que Jordyn saiu, eu voltei a minha atenção para o garoto na minha frente. Thomas. Comecei a estudá-lo e consegui notar várias semelhanças com o menino de anos atrás. Como eu não percebi que era ele? Como pude ser tão burra? Agora está explicado o porquê de ele me odiar.

Percebi que ele também me observava, receoso. Acho que ele não sabia o que esperar de mim agora.

– É verdade? É você mesmo? – eu estava sendo ridícula, mas precisava perguntar.

– Sim.

– Você mudou bastante nesses anos. Está praticamente irreconhecível.

– Eu sei. Quando entrei aqui na FAMNY e te vi, sabia que você não ia me reconhecer.

Passei a mão pelo meu cabelo – tenho mania de fazer isso quando estou nervosa – por sorte ele estava solto. Fui até onde Thomas estava e sentei ao seu lado no sofá.

– Sinceramente?! Isso explica muita coisa.

– Acho que sim.

Ficamos em um silêncio constrangedor, mas eu não sei se por poucos minutos ou várias horas. Descartei a segunda opção, se fosse assim alguém já teria invadido o apartamento para me encher de perguntas. Resolvi que eu tenho que quebrar o silêncio.

– Tenho que te agradecer.

– Pelo que?

– Por ter me avisado sobre o Tony. Você foi o único além do Dom que tentou colocar juízo na minha cabeça. Mas, eu te tratei muito mal. – percebi que ele estava realmente surpreso com o que eu tinha falado – Dito isso, tenho que pedir mil perdões a você. Eu fui realmente uma idiota, retardada de uma figa que te humilhou quando o que você queria era apenas me ajudar. – soltei tudo num fôlego só – Não acho que você vai me perdoar um dia Thomas, mas eu preciso que saiba que todo esse tempo eu queria te ver outra vez para poder me desculpar, mas eu nunca tive coragem de te encarar novamente. – falei olhando para o chão, com o rosto vermelho de vergonha.

Percebi que Thomas me encarava em silêncio, perplexo. Provavelmente me achava ridícula depois de tudo o que eu disse, mas não me arrependo de ter falado. Essas palavras estavam entaladas na minha garganta a anos e depois de ter dito, foi como se eu tivesse tirado um peso das minhas costas.

– Dá para ver que você está falando a verdade! – ele falou com uma surpresa que chegou a me incomodar.

– Por que isso te surpreende tanto?

– Porque por todo esse tempo eu pensei que você não ligava para o que tinha feito, que se me encontrasse fosse dizer que o me disse naquele tempo foi bem feito, ou algo do tipo.

– Que horror! Eu não sou assim. Nunca fui, apenas naquela época. Não sei o que deu em mim naquele tempo, nem que macumba o Tony jogou em mim para que eu me comportasse daquele jeito, e o pior: eu não percebi quem ele era. Me deixei manipular. – senti meus olhos se encherem d’água, como sempre acontece quando me lembro daquela época, odeio isso. Me sinto fraca.

– Agora eu consigo perceber que realmente não é.

– Sério Tommy, me desculpa. – falei usando seu antigo apelido, é covardia, eu sei, mas eu tinha que usar todas as armas que tenho ao meu favor.

– Faz muito tempo que não me chamam assim! – ele falou com um sorriso – É claro que eu perdoou Tampinha! – ele usou o apelido que nosso antigo treinador tinha me dado.

Comecei a rir e ele me acompanhou. É estranho como ele me perdoou com tanta facilidade, mas quem sou eu para reclamar? Depois de um tempo ele retomou a expressão séria.

– Mas agora que somos aliados, temos um assunto muito sério para tratar. – sabia que algo tinha o influenciado na decisão de me perdoar, e agora sei o que foi: a volta de Tony. Ele sabia tanto quanto eu que logo logo teríamos um grande problemas em mãos e quanto mais pessoas ajudando, melhor.

– Tony. Como você ficou sabendo da volta dele?

– Ele entrou em contato comigo hoje. Deu para perceber que você não contou a ele sobre a nossa conversa, porque ele ainda acha que sou do bando dele.

– Claro que não falei. Eu até podia achar que o que eu e ele tínhamos algo real e estar apaixonada por ele, mas eu sabia que ele era muito violento e ia acabar com você se soubesse daquilo.

– Bem, devo te agradecer por isso, afinal agora temos uma carta na manga.

– Como assim?

– Tony entrou em contato com todos do bando para anunciar a sua volta e quer marcar uma reunião. Se eu fingir que ainda faço parte, posso ficar sabendo de tudo o que ele está planejando.

– Mas isso seria muito arriscado, se ele descobrir...

– Mas eu nunca fiz realmente parte do grupo dele, - ele cortou a minha fala – e ele nunca desconfiou de nada.

– Isso é verdade. Quando ele volta?

– Daqui a oito semanas. Provavelmente pouco depois do recesso de meio do ano.

– Mas que merda! Aquele miserável vai voltar no começo do último período? Ele só pode querer acabar comigo mesmo.

– Não vai ser agradável para ninguém, mas pelo menos as suas notas já são altas o suficiente para que você se forme. Agora eu é que vou penas de verdade com isso.

– Bem, isso é verdade. Mas tenho que fazer a minha conclusão de curso e produzir a sua banda. A volta daquele desgraçado só vai complicar ainda mais a minha vida.

Principalmente a sua vida.

– Heim?!

– Ele te quer de volta. A qualquer custo. Ele fez questão de deixar isso bem claro quando entrou em contato. Acho, na verdade eu tenho certeza que ele não superou a obsessão que ele sempre teve por você.

– Eu só posso ter cuspido na cruz em uma vida passada para merecer isso.

– É, isso eu não sei, mas posso afirmar que você não é a pessoa mais sortuda do mundo. – soltei uma pequena gargalhada de desgosto ao ouvir o comentário.

– Mas, todos do meu grupo sabem sobre o que aconteceu. Os meninos também sabem?

– Não, eu não contei a nenhum deles.

– Eles merecem saber Thomas, a chegada dele vai afetá-los tanto quanto a nós dois. Eles precisam saber o que os está atingindo.

– Eu sei, mas não agora, tudo bem? Primeiro eu preciso pensar no que eu vou fazer. Depois eu conto tudo a eles.

– Eu não gosto nada desse plano, mas quem decide é você.

– Vem cá. Jordyn disse que Dominic veio para avisar vocês que ele estava voltando, mas ele não entrou em contato com você?

– Quem me dera não tivesse. Aquele verme me manda mensagens para me infernizar todos os dias.

– Do tipo?

– Do tipo “ Estou voltando Abelhinha “ ou “ Não esqueça que você é só minha Abelhinha “ e “ Me aguarde Abelhinha “, isso está acabando com meus nervos, eu só queria que ele desaparecesse.

– Seria bom demais para ser verdade. Mas por que você não bloqueia as mensagens dele?

– Pensei nisso no começo, mas acho melhor ficar com os nervos estraçalhados por causa das notícias do que pela falta delas.

– Você tem razão. Acho que a verdade foi revelada na hora certa, não é?! É melhor que sejamos aliados do que inimigos.

– Eu sei que você só me perdoou por causa da volta dele, mas como diz o ditado: o inimigo do meu inimigo é meu amigo.

– Devo confessar que isso é verdade, eu costumo ser rancoroso.

Ouvi uma batida na porta e levantei para ver quem é. Pensava que era uma das meninas, mas quando abri a porta o meu coração parou por um momento, não acredito que eu esqueci que ele estava vindo!

– Oi senhorita Biscoito! – Daniel fala e percebo que ele vai me beijar, mas antes que isso possa acontecer eu me afasto para um canto em que ele pudesse perceber a presença de Thomas no local.

– Oi Dani, pode entrar! – falei com educação e ele entrou com o olhar focado em Thomas e uma expressão desconfiada.

– O que você está fazendo aqui Tom?

Por um momento eu fico nervosa, porque eu não faço a menor ideia do que responder e Thomas não quer que ele saiba, mas Thomas pensou rápido e logo respondeu.

– Eu fiquei um tanto exaltado e comecei a socar uma árvore, a Tam... Mabel me encontrou e me trouxe aqui para enfaixar minhas mãos machucadas – ele levantou os braços e deixou as mãos expostas, revelando seus curativos. Eu não tinha percebido que ele estava machucado. Um ponto a menos para mim pela minha falta de atenção.

– Ah tá! Caramba, você não ficava assim a um bom tempo, deve ter sido algo grave. Mas é até bom você estar aqui. Eu e Mabel vamos discutir sobre o próximo vídeo da banda, o dessa semana, que vamos gravar depois de amanhã.

Resolvi entrar na onda e continuei:

– Você pode dar a palavra final, não conseguimos decidir entre Who We Are do Imagine Dragons e Forget About Me do Simple Minds, qual você prefere?

– Bem, Who We Are é uma das minhas músicas favoritas, então eu escolho ela.

– Eu te disse Dani! Who We Are é ótima, vamos deixar Forget About Me para a próxima semana! – ele não gostou muito da ideia, mas depois de um tempo concordou.

– Agora quem vai fazer o vocal da primeira voz é você, certo?

– Sim, praticamente sempre sou eu. – Daniel respondeu.

– Okay pessoas, agora eu vou indo. Obrigada pelos curativos Mabel.

– Por nada. Eu te acompanho até a porta.

Fomos até a saída do apartamento, mas antes de sair, Thomas se virou para mim e disse:

– Temos que marcar outra hora para conversar, de preferência com o Dominic presente. Essa conversa está longe de acabar. – ele falou em um tom baixo, para garantir que Daniel não ia escutar.

– Tudo bem, mas eu ainda acho que os meninos tem que saber, isso vai afetar a eles tanto quanto afeta a gente.

– Eu sei Mabel, mas preciso de um tempo.

– Tá, mas lembre de que não temos tanto tempo assim.

– Eu sei, eu sei. Deixa eu ir. Até a próxima Bel! – ele falou e quase foi embora, mas o chamei de volta – Sim?

– Aquela foi uma boa desculpa, eu precisava falar. – ele me deu um sorrisinho presunçoso.

– Trabalho bem sobre pressão, só não esqueça de avisar a Jordyn, para não correr o risco de a mentira ir por água abaixo.

– Pode deixar, falo assim que ela voltar.

– Agora deixa eu ir antes que aquele dali venha ver o porquê de você estar demorando tanto. – dessa vez ele foi mesmo embora.

Voltei até onde o Daniel estava e percebi que ele me encarava com um sorriso malicioso.

– Você pensa rápido. Thomas nem desconfiou que nós não tínhamos nos encontrado para discutir sobre a música.

– Pois é, eu já tinha pensado nessa desculpa para o caso de encontrar alguém aqui. – ele falou se aproximando de mim e envolvendo minha cintura com seus braços – Mas, você também pensou rápido, teve ótimas ideias para as músicas. – enquanto falava ele distribuía beijos pelo meu pescoço.

– Também foi um ótimo jeito de fazer você não ter vez na escolha das músicas. – eu puxava levemente seus cabelos.

– Você gosta de estar no controle, não é?

– Sempre. – depois disso Daniel tomou meus lábios como se estivesse os reivindicando para si.

Desde o dia do paintball, nós nos encontramos frequentemente. Não fomos além de beijos. Mesmo eu não sendo uma dessas virgens idiotas e iludidas que esperam pelo príncipe encantado, eu não saio transando com qualquer um. Sei que Daniel não é alguém de compromisso e eu não sou alguém de sexo casual.

– Quero te levar em um lugar. – ele falou se afastando de mim.

– Já disse que não quero aparecer com você em público.

– Não falei que seria em público. Vamos, eu sei que você vai gostar.

– Tudo bem então. Mas você sabe o que pode te acontecer se tentar alguma gracinha comigo.

– Nem doido que eu tento! – ele falou com as mãos para cima, como se fosse refém.

– Melhor assim, podemos ir, mas tenho que avisar as meninas para que não fiquem preocupadas.

– Avise.

Peguei meu celular e disquei o número de Jordyn. Ela atendeu no terceiro toque.

– Oi Bel! Como foi a conversa? – ela perguntou assim que atendeu e eu me afastei do Daniel para que ele não pudesse ouvir a conversa.

– Bem esclarecedora. Thomas foi embora, mas disse que temos que conversar outra vez com o Dom presente. Ele sabe mais coisas do que nós e acho que vai ser um bom aliado.

– Você se desculpou com ele?

– Claro. Foi como se eu tirasse um fardo das costas.

– Que bom Bel! Nós estamos voltando para o apartamento agora.

– Mas não vão me encontrar, vou precisar sair. Logo avisando para que não fiquem preocupados. Não sei que horas volto.

– Certeza Bel? Não acha perigoso?

– Certeza Jordyn. Tony não volta em menos de um mês, acho que estou segura por enquanto.

– Tudo bem, então até a volta. Cheiro no bucho!

– Cheiro nos olhos! Tchau.

Voltei até a sala onde Daniel estava me esperando.

– Então, podemos ir?

– Claro.

Nós saímos e fomos no meu carro para não levantar suspeitas. Daniel que foi dirigindo e continuou se recusando a me dizer onde estávamos indo. E minha curiosidade estava aumentando a cada minuto.

_____________________________________________________________

– Eu e minhas irmãs construímos esse lugar a dois anos. É o nosso lugar especial. Não trazemos qualquer um aqui. Ella só trouxe o noivo. Eu pensava que nunca ia trazer ninguém aqui.

– E por que você me trouxe?

– Acho que é o melhor lugar para a gente conversar e esclarecer as coisas.

[...]

– Você não é só mais uma para mim.


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Notas finais do capítulo

Entããão, o que acharam?
Hahaha o que acharam do pequeno spoiler no final? SIM, o próximo capítulo é todo Danel e devo dizer que é um dos meus favoritos até agora.
Então Fantasminhas queridos, o próximo capítulo vem depois de cinco comentários.
Beijinhos e comentem!!!
XOXO