Beyond the Appearances escrita por Mavie Paiva


Capítulo 17
ESPECIAL POV Jordyn: revelações


Notas iniciais do capítulo

Pessoinhas do meu coração, mil perdões pela demora, mas tentem entender meu lado: eu tinha que terminar Destiny ( shortfic que escrevi com uma amiga ), editar Inoperante ( fic que posto para uma amiga que está sem pc ) e ainda tive que estudar como uma condenada para os dois dias de provão que são as simulações ENEM. Mas, para compensar vocês aqui está um capítulo novinho que está com as respostas que vocês tanto esperam: aproveitem!



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POV Jordyn

Vai minha tristeza e diz a ela que sem ela não pode ser. Diz-lhe numa prece, que ela regresse, porque não posso mais sofrer... – eu cantava a caminho de casa, minha professora do último horário estava doente, então saí mais cedo. Bel tinha me ensinado muito do português e sempre que eu podia começava a cantarolar, para treinar minha pronúncia – Chega de saudade, que a realidade é que sem ela não há paz, não há beleza é só tristeza e a melancolia... – parei no mesmo lugar, surpresa ao ver Thomas socando uma árvore. Ele estava socando com tanta violência que eu tinha certeza que sua mão ficaria toda machucada.

– Thomas! – gritei seu nome – Está maluco? Por que está fazendo isso?

Corri até onde ele estava e segurei suas mãos, o obrigando a parar de socar. Olhei nos seus olhos para acalma-lo. Sim, o problema da Bel me ensinou a lidar com pessoas raivosas e Thomas estava em um estado preocupante. Sua face estava muito vermelha e retorcida de raiva.

Aos poucos ele foi se acalmando, seu rosto voltou a cor normal, mas sua face continuava retorcida, eu não deveria me meter nisso, eu sabia eu era burrada, mas alguma coisa me impelia a ajudar.

Percebi algo molhado em suas mãos e baixei os olhos. Eram as mão de Thomas, elas estavam sangrando. Muito.

– Meu Deus! Thomas, precisamos fazer um curativo.

– Não precisa fingir que se importa esse machucado não vai me impedir de tocar. – heim?! A forma arrogante com a qual ele falou me magoou um pouco, mas eu não podia deixa-lo sangrando ali.

– Você bebeu? A última coisa em que estou pensando é se você vai conseguir ou não tocar bateria. Vem, vamos para o meu apartamento para eu poder fazer um curativo nisso. – chamei, já que meu apartamento ficava mais perto daqui que o dele. Ele tentou recusar e ir embora, mas eu o arrastaria até lá se fosse necessário. Bel arrancaria meu fígado de soubesse que deixei um membro da banda sangrando desse jeito. Gosto de ter um fígado.

Fomos para lá o mais rápido que conseguimos e quando entramos o obriguei a sentar no sofá enquanto eu ia até o banheiro para pegar a maleta de primeiros socorros. Voltei para a sala e sentei na mesinha de centro, coloquei um pano em meu colo e em seguida as mãos dele, que graças a aos céus não estavam sangrando tanto quanto antes.

Limpei os ferimentos e ele não reclamou nenhuma vez, o que eu achei bem estranho, afinal deve estar doendo pra cacete. Mas, Thomas parecia acostumado com isso. Não consegui evitar a comparação: ele está idêntico a Mabel em um surto de raiva. O descontrole, socar o que tiver na frente, praticamente não sentir a dor dos ferimentos...

– Pronto está bem limpo, com um remédio e o curativo. Agora você vai me contar o que aconteceu.

Ele me olhou, me analisando. Parecia estar travando uma batalha interna.

– Como vou saber se você não vai sair espalhando a minha desgraça aos quatro ventos?

– Não tem como saber. Meu eu são sou como as putas que você come. Sou confiável, mesmo que você não saiba.

Ele ficou de olhos arregalados, não sei se porque não esperava essa minha reação ou se o meu palavreado o chocou, mas eu não estava me importando.

– Ok, vou falar. – cedeu – Digamos apenas que um fantasma que me atormentou no passado, resolveu voltar agora.

Como se uma lâmpada estivesse acendendo na minha mente ou como se tivessem colocado a última peça do quebra-cabeça, de repente tudo se encaixou. A Mabel com a impressão de que conhecia o Thomas de algum lugar e o fato dele ter explosões de raiva como a dela, sem falar da implicância que ele sente por ela...

Eles treinavam juntos.

E Thomas provavelmente era do bando de Tony.

Isso explica muita coisa.

– É claro, agora tudo se encaixa! – Thomas me olhava como se eu fosse louca – Mas, só para confirmar: o fantasma é o Tony, não é?!

– Você sabe sobre ele? – ele perguntou surpreso – É claro que sabe, Mabel deve ter te contado tudo. – fez uma pausa – Por isso o Dominic veio, para avisar vocês. Mas, por algum motivo vocês ficaram sabendo antes de mim.

– Porque o Dom tem um amigo que trabalha com ele e o avisou com antecedência que Tony estava se preparando para voltar.

– Isso explica porque a Mabel foi embora pálida como um fantasma quando ele chegou.

– Pera, pera, pera. Antes de falarmos sobre isso você tem que me contar de onde exatamente você conhece a Bel.

– Nós fizemos o mesmo tratamento para o controle da raiva.

– Okay, mas isso não explica por que você nos odeia.

– Não odeio você. Odeio ela.

– Mas por quê?

– Ela não se lembra, não é?! Aposto que não se lembra nem de mim.

– Ela não sabe o que fez. Mas se lembra de te conhecer, só não lembra de onde.

– Bem, eu mudei bastante nos últimos anos, é verdade.

– Tá, mas me explica o que ela fez.

– É uma longa história.

– Temos tempo.

– Bem, eu cheguei às seções de treino quase um ano depois dela. De cara eu me apaixonei por ela, mas Mabel não notava a minha existência, não notava a existência de ninguém lá, sempre focada no treino. Até que o Tony chegou, transferido de outro espaço de terapia – eu fiquei meio chateada de saber que ele foi ou é apaixonado por ela, mas não interrompi – ele começou a paquerá-la e eu vi que ela também gostava dele e que era amiga de todos que ficavam perto dele. Então entrei na turma do Tony, para me aproximar dela. Ela foi gentil comigo, mas não me deu bola.

Não me surpreendi pelo fato da Bel não dar bola para ele, ela estava com o Tony. E sempre é fiel aos namorados, se quiser outra pessoa ela termina o relacionamento antes.

– Por isso você a odeia?

– Não, não é por isso. Deixe eu terminar.

– Tudo bem.

– Continuando, o relacionamento deles foi ficando mais sério e eles se tornaram os queridinhos de todos. Mabel estava completamente apaixonada e todos o idolatravam, todos menos eu. Eu era o único que via quem Tony realmente era: um maníaco. Ele só estava com por interesse, pela fama da família dela, o dinheiro e a capacidade de levar alguém ao estrelato. Ele a via como um item de colecionador muito raro, mas com o tempo ele começou a ficar obcecado por ela, - era estranho ouvir a história pelo ponto de vista de outra pessoa, mas prestei atenção em tudo – Mabel não notava, ninguém notava e eu comecei a desconfiar que estava deixando o ciúme subir a cabeça, mas foi quando ela começou a investir na carreira de ator dele e eu vi que todas as minhas desconfianças eram verdadeiras. Mas tenho que confessar que ele é realmente um ótimo ator, enganou direitinho a todos e quase até me enganou.

Eu olhava para ele totalmente surpresa, não imaginava isso e as informações que ele estava me dando seriam bem úteis quando tivéssemos que lidar com o Tony.

– Ele foi ficando cada vez mais obcecado por ela e nesse ponto Mabel já começava a desconfiar de quem ele realmente era. Resolvi que estava na hora de contar a ela o que acontecia, mas quando fui falar com ela, ela me destratou. Disse que eu estava inventando tudo aquilo, que estava com inveja e que era melhor eu parar de interferir na felicidade deles. Foi naquele momento que tudo o que eu sentia por ela, toda a paixão se transformou em ódio.

– Thomas, eu...

– Deixe que eu termine – ele me cortou – eu estava lá quando ele a atacou, quando quis agarrá-la e obrigá-la a ir embora com ele, mas ela recusou. Acho que foi ali que ela percebeu o maníaco que ele era. Mesmo com todo o ódio que eu sentia por ela, eu iria interferir, afinal não é de minha natureza deixar um homem machucar uma mulher. Mas, não foi preciso que eu me metesse na história. Depois do choque inicial, ela se recompôs e contra-atacou. Quase fez ele perder a consciência e ouso dizer que o deixaria em estado vegetativo, ou até mesmo mata-lo, mas Dominic chegou naquele momento e a impediu. Eu consegui ouvir as maldições e as juras de vingança que ele lançou a ela enquanto levantava e ia embora. Nenhum dos dois apareceu lá depois daquilo e ninguém sabia o que tinha acontecido, chegaram a pensar que tinham fugido juntos, mas todos ficaram sabendo dos filmes que ele ia estrelar e Mabel continuava aparecendo na mídia com a família, mas eu vi que ela estava diferente, ainda hoje ela está. Não deixa que ninguém a acesse, ou praticamente ninguém e sempre desconfia dos outros, não confia com facilidade. É notável para quem a conheceu antes o estrago que ele fez com ela. Bem, com o distanciamento deles eu pude viver um pouco em paz, até eles resolverem voltar ao mesmo tempo.

Eu estava simplesmente chocada, totalmente sem fala e olha que isso é extremamente difícil. Era ele, obvio que eu sabia quem Thomas era. Mabel me contou que depois do que aconteceu tentou entrar em contato com Thomas, mas não conseguia, primeiro porque não podia voltar aos treinos, e segundo porque tinha muita vergonha de encará-lo depois do que tinha feito.

– Thomas, a Mabel sempre quis falar com você depois daquilo. Para se desculpar. Você tem que falar com ela.

– Nem pensar, eu não vou dizer a ela quem eu sou.

– Mas você precisa, ainda mais com a volta do Tony.

Como se fosse o destino dizendo que eu estava certa, Mabel entrou no apartamento naquele momento e ficou olhando para nós dois, curiosa.

– Está vendo? O destino diz que eu tenho razão. Você sabe que vai precisar da ajuda dela.

– Tudo bem! – ele cedeu.

– O que está acontecendo aqui gente? – Mabel quis saber, ela odeia ficar por fora do que acontece.

– Mabel, lembra aquele menino que você sempre disse que queria pedir desculpa?

– O Thomas?

– Sim, ele mesmo.

– Claro que eu lembro.

– Bem ele está aqui na sua frente agora.

Mabel ficou branca como giz, ela realmente não esperava isso. Acho que ela estava revivendo tudo o que tinha acontecido com eles no passado.

Depois do que pareceu uma eternidade, ela falou:

– Jordyn, você pode nos deixar a sós por um momento?

Concordei com a cabeça e levantei, fui em direção a porta, mas antes parei ao seu lado e falei no seu ouvido.

– Nem pense que não vai me contar o que aconteceu como no dia do paintball, vou tirar a verdade de você nem que seja a base da tortura.

– Pode deixar.

Depois disso eu saí do apartamento e fui para uma lanchonete. Eu realmente estava precisando comer alguma coisa. Nada melhor do que um bolo de chocolate nesse momento.

Assim que fiz meu pedido, vi Dominic e Will se aproximando. Eles sentaram na mesma mesa que eu e aproveitaram que o garçom ainda estavam aqui para fazer seus pedidos.

– Iai Jordyn? O que conta de novo?

– Se eu contar vocês não vão acreditar meninos.

Acho que o Dom percebeu que tinha algo errado, ou pelo menos não tão certo assim. Ele se ajeitou na cadeira no mesmo instante e perguntou:

– O que aconteceu Jordyn? Aquele imbecil incomodou outra vez?

– Não. Não é isso, mas vocês lembram do menino que tentou avisar a Mabel quem o Tony realmente era?

– O tal de Thomas? – Dom perguntou.

– Ele mesmo.

– Eita mulher, para de suspense e fala logo. – Will reclamou.

– Pasmem: o Thomas daquela época é o mesmo Thomas da banda do Daniel.

Eles me olharam boquiabertos, mas Dom foi o primeiro a se recuperar.

– Bem que eu achei a cara dele familiar, Mabel me disse a mesma coisa. O danado mudou pra caralho desde aquela época. Como você descobriu isso?

– Ele me contou. O encontrei socando uma árvore do parque e o ajudei. Ele acabou de descobrir que o Tony está voltando.

– Como a Mabel reagiu?

– Não sei direito, ela pediu para falar com ele em particular.

– Não gostei disso, mas é melhor respeitar a vontade dela. Daqui a pouco voltamos para o apartamento.

– Ela que nem sonhe que vai conseguir esconder isso da gente como escondeu o que aconteceu no paintball – Will começou a reclamar – ela que não pense que não sabemos como arrancar a verdade dela.

– Cócegas! – falamos os três juntos.

Eu tentei fingir que estava descontraída com os meninos enquanto a gente lanchava, mas a verdade é que minha cabeça estava no apartamento. Eu queria muito saber o que eles estavam conversando.


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Notas finais do capítulo

Thomas era apaixonado pela Mabel!! :-O
Esse Tony é um fdp, né?!
Então, o que vocês acharam do cap de hoje? Gostaram a narração da Jordyn? Querem mais?

Link da música do capítulo:
Chega de Saudade - Tom Jobim e Vinícius de Moraes
https://www.youtube.com/watch?v=3iIM5hTvGOA

Como estou lidando com muitos fantasminhas aqui que não são nada camaradas, vou ser um pouquinho má. Só vou postar o próximo capítulo depois de seis comentários.
Até a próxima!
P.S: quem se interessar pela minha outra fic, basta ir no meu perfil e ler.
XOXO