Beyond the Appearances escrita por Mavie Paiva


Capítulo 10
Pássaros e briga


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoinhas, desculpem a demora! Mas minhas aulas voltaram e vida de aluno de terceiro ano não é fácil, por isso escrever está sendo difícil. Mas para compensa-los: esse capítulo está incrível! Confesso que é meu favorito até agora. Aproveitem!



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POV Daniel

Eu estava voltando para o meu prédio após as aulas e senti uma vontade de passar pelo parque, o que não era nada comum, pois geralmente as meninas que eu dispensava normalmente estão lá nesse horário. E eu sempre tentava evitar confusões com elas.

Mas, fazendo por merecer o meu título de idiota, segui pelo caminho mais longo para o meu apartamento. O sol ainda estava alto, mas já emitia uma luz alaranjada e em no máximo trinta minutos já estaria dando lugar à lua.

Quando eu estava passando pela última das três miniaturas artificiais de colinas – que haviam sido construídas a alguns anos e eram os lugares favoritos dos casais, mais até do que a área reservada para encontros (eu nunca levei nenhuma menina lá) – eu a vi.

Ela estava deitada sobre uma toalha de piquenique, de olhos fechados e fones de ouvido. Estava cantarolando baixinho junto com a música que estava ouvindo e a luz do sol batia diretamente em seu rosto fazendo com que ela adquirisse uma imagem angelical que era acentuada pelo longo vestido branco que ela estava usando e pelo seu cabelo comprido que estava repousando em seus ombros como se fosse um manto. Assim que a vi fui atraído até onde ela estava, da mesma forma que uma mariposa é atraída pela luz.

Quando cheguei perto o suficiente para ouvi-la cantando, notei que a música não era em inglês e sim em português – reconheci porque tinha procurado algumas músicas em português para ouvir -, ou seja, não entendi nada com coisa nenhuma do que ela cantava. Mas mesmo assim apreciei o que ouvia, ela tem uma voz tão linda. Deitei ao seu lado na toalha que mesmo com ela deitada quase no meio, era grande o suficiente para nós dois.

Assim que percebeu que alguém tinha deitado ao seu lado, ela abriu os olhos e olhou para o lado, quando o sol bateu em seus olhos, eles ficaram iguais a mel ou até mesmo ouro derretido, os mais bonitos que já vi. Assim que me reconheceu, fez uma cara de confusa. Acho que eu era a última pessoa que ela esperava ver ali.

– Oi Senhorita Biscoito! – falei.

– Oi! – ela me respondeu com as bochechas coradas.

– Você estava cantando uma música muito bonita.

– Duvido que você saiba a tradução! – ela disse com um olhar questionador, mas diferentemente das outras vezes em que nos encontramos ( tirando nossa última conversa ), ela não estava com um ar superior e sim brincalhão.

– Não mesmo, - falei me rendendo – acho então que era apenas a sua voz que a deixava bonita. – ela corou novamente.

– Quer ouvir? – ela falou, me pegando desprevenido. Fiz que sim com a cabeça e ela colocou um lado do fone no meu ouvido e deu play na música.

A música começou e pude ouvir um barulho de pássaros, vinte segundos depois começou um som de piano e pouco depois uma mulher começou a cantar, ela tinha uma voz muito bonita, mas não tanto quanto a de Mabel. Ouvi a música inteira e percebi o porquê de ela estar tão absorta quando a encontrei. A música causava esse efeito, mesmo com quem não entendia o que estava sendo dito.

– É uma ótima música, mas não entendi nada. – falei meio envergonhado quando a música acabou.

– Se chama “ Pássaros “ é de uma cantora brasileira chamada Cláudia Leitte. É a minha segunda música brasileira favorita. – ela falou.

– Eu gostei. – falei.

– Quer que eu traduza para você? – ela perguntou, me pegando desprevenido outra vez.

– Eu adoraria. – falei.

Ela colocou a música para tocar outra vez e sempre que a cantora falava, Mabel traduzia o que ela havia cantado.

Eu conheço a imensidão do céu
Pássaro que sou,
Mergulharei de vez
Uma vez ou três.
Duzentos por hora, ou algo mais,
Na velocidade de encontrar você
Te merecer
Voar, sem ter onde chegar.
E de lá do céu
Formaremos dois em um só,
Fugirei da chuva,
Beijarei o sol.

Amanheceu
É hora de voar.

Amanheceu
É hora de voar.

Sigo meu instinto animal,
Cruzo mil fronteiras
Garimpando amor,
Semeador.
De tanto voar achei você,
Multicolorido exatamente igual
Ao meu astral.
Melhor é voar a dois
E de lá do céu
Formaremos dois em um só,
Fugirei da chuva,
Beijarei o sol,

Amanheceu
É hora de voar.

Amanheceu
É hora de voar.

Ela traduziu a música inteira, e como eu havia suspeitado no início, era uma música muito bonita e para a minha surpresa: bem romântica. Eu nunca tinha imaginado um lado romântico nela, a cada vez que a via eu descobria que ela era mais diferente do que eu imaginava.

– É uma música bem romântica. – falei.

– É. Eu sei que romance não é a sua praia, por isso duvidei quando você disse que era bonita. – ela falou em um tom brincalhão – Mas algumas pessoas que me conhecem bem, dizem que sou uma romântica incorrigível.

– Olha, não me leve a mal, eu gosto de ter você como produtora da minha banda e vou cumprir com nosso acordo, mas se você é uma romântica incorrigível, por que pediu para eu fingir ser seu namorado? – perguntei, porque eu realmente estava curioso.

Ela olhou para o céu como se ele fosse a coisa mais interessante do universo e por um instante duvidei que ela fosse me responder.

– Sinceramente?! – ela parou de olhar para o céu por um instante e olhou pra mim, diretamente nos meus olhos – Acho que é justamente por isso que eu te pedi para fingir. Se eu fosse procurar um namorado de verdade, seria apenas por causa da condição da minha mãe e eu não quero começar um relacionamento assim. – ela voltou a olhar para o céu que estava quase escuro e já víamos alguns dos postes acesos – Quando eu começar a namorar alguém, quero que seja sincero, sem interesse.

– Faz sentido. – admiti.

– Pois é. – foi tudo o que ela disse.

Percebi que eu tinha quebrado todo o clima descontraído que estava quando eu cheguei e me peguei pensando em uma forma de fazer aquele clima voltasse.

– Você disse que essa é a sua segunda música brasileira favorita. Qual a primeira? – perguntei, espero que funcione.

Ela me olhou arqueando as sobrancelhas como se perguntasse se esse era o melhor que eu podia fazer, mas depois de um suspiro ela finalmente respondeu.

– Se chama “ De Janeiro a Janeiro “, - ela disse o nome em português e depois traduziu pra mim – dizem que se você beijar alguém que você ama assim que essa música acaba, vocês vão ficar juntos para sempre.

– É, você realmente é uma romântica incorrigível. – falei em um tom brincalhão e Mabel deu uma risada – Canta uma parte pra mim?

Mas talvez você não entenda essa coisa de fazer o mundo acreditar... que meu amor não será passageiro te amarei de Janeiro a Janeiro até o mundo acabar... – ela cantou de olhos fechados, como se estivesse conectada a música e depois traduziu pra mim.

– Dá para notar porque falam isso sobre ela – falei pensando na tradução – mas mesmo eu não sendo romântico, devo confessar que é uma bela música.

Mabel abriu a boca para responder, mas nesse momento ouvimos um grito de raiva. Nos levantamos ao mesmo tempo e observamos enquanto Patrícia Reine se aproximava de nós batendo pé, com os punhos cerrados e o rosto vermelho de raiva. Assim que chegou perto da gente, começou a falar aos berros:

– EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ME DEIXOU PARA FICAR COM ESSA VADIA! – ela gritava e todos próximos a nós pararam para observar a cena.

– Olha aqui garota, vadia é quem me chama! – Mabel falou em um tom baixo, mas foi como se tivesse gritado, a sua voz estava gélida e mesmo que ela parecesse totalmente controlada, dava para notar que ela estava furiosa pelo comentário.

– QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA ME CHAMAR DE VADIA? – Patrícia perguntou ainda mais alto do que ela já estava gritando.

– Eu penso que sou uma garota que se da o respeito e não sai fazendo cena no meio do parque – Mabel falou com uma voz ainda mais gélida e eu realmente estava começando a ficar com um pouco de medo dela e pelo visto Patrícia também estava percebendo com quem ela estava gritando – e também penso que não sou uma garota que transou com a maior parte dos garotos dessa faculdade. – ela completou com um sorriso sarcástico.

Se Patrícia estava começando a ter medo de Mabel, esse medo foi todo embora e ela assumiu uma expressão de fúria completa. Avançou para cima de Mabel correndo e de alguma forma Mabel conseguiu derruba-la e imobiliza-la puxando seu braço para trás enquanto Patrícia gemia de dor no chão. Mabel se ajoelhou ao lado dela ainda com seu braço preso atrás das costas e falou - com uma voz que podia cortar como uma faca - em uma altura que todos ao redor poderiam ouvir.

– Para a sua informação, eu e Daniel não estamos juntos, - ela falou dando ênfase no não – mas eu não permito que me xinguem. Dessa vez vou pegar leve com você, mas se você me insultar outra vez, vai sofrer algo bem pior do que uma simples imobilização. – Mabel falou com a voz gélida e sombria e instantaneamente Patrícia empalideceu – Você me entendeu? – ela perguntou e Patrícia fez que sim com a cabeça.

Mabel a soltou e assim que conseguiu se levantar, Patrícia saiu correndo. Ela devia estar morrendo de vergonha, mas uma vergonha bem merecida por ter tradado Mabel daquela forma.

E eu? Estava parado como uma estátua olhando boquiaberto para Mabel que observava as pessoas ao redor que assim como eu também estavam boquiabertas com o que haviam presenciado.

– O que vocês estão esperando para sumir? O show acabou! – Mabel falou e imediatamente todos se dispersaram, alguns até saíram correndo com medo.

Assim que as pessoas se afastaram ela começou a recolher as coisas do chão e parecia estar contando, achei aquilo estranho, mas nem a pau que eu ia perturbar ela nesse momento, eu não queria acabar como a Patrícia. Quando chegou ao 100, Mabel já estava com todas as suas coisas arrumadas. Ela levantou, alisou o vestido e saiu caminhando em direção aos apartamentos. Eu a segui, mas inicialmente não tive coragem de falar nada.

Se ela estava incomodada pelo fato de eu a estar seguindo, não demonstrou. Na verdade ela parecia ignorar totalmente a minha presença. Continuamos em silêncio até chegar ao prédio dela e quando ela ia entrando eu segurei seu braço e a fiz parar, ela ficou na minha frente e mesmo ela sendo menor do que eu, eu me senti minúsculo diante do olhar que ela me lançou.

– Olha Mabel, desculpa pelo que aconteceu. Eu não sei o que deu na cabeça dela para fazer aquilo. – mesmo eu não tendo culpa nenhuma resolvi que era melhor eu me desculpar.

– Não tem problema. – ela disse simplesmente e entrou no prédio em seguida.

Eu segui em direção ao meu apartamento xingando a Patrícia de todas as formas que eu sabia e até mesmo de formas que eu havia acabado de inventar. Estava me perguntando se Mabel estaria com raiva de mim e até mesmo se todo aquele clima de simpatia entre a gente continuaria na próxima vez que nos encontrássemos.

Por que a imbecil da Patrícia tinha que chegar logo agora que as coisas entre a Mabel e eu estavam indo tão bem? Ela não podia simplesmente sumir da minha vida e ir procurar outro garoto para infernizar?

Pela primeira vez na vida me arrependi de ser um cara tão galinha. O Que? Por causa da Mabel? Eu não estou apaixonado por ela, apenas quero a sua amizade. Mas parando para pensar bem, eu não fiquei com nenhuma menina desde o dia em que comecei a falar com ela... NÃO! Eu não estou me apaixonando por ela, eu não me apaixono por ninguém.


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo era para ser diferente, mas teve um show acústico na minha escola e a ideia para ele surgiu. Confesso que ficou melhor do que o que eu estava planejando. :D
Link das músicas do capítulo:
Pássaros - Cláudia Leitte
http://www.youtube.com/watch?v=swQauSEhTLU

De Janeiro a Janeiro - Roberta Campos e Nando Reis
http://www.youtube.com/watch?v=8nOEO7Hm7rg

Pessoinhas deixem de ser fantasmas, se pronunciem!! Eu sei que vocês estão lendo.
E eu quero mandar um beijo para a fofa da Layza Freitas que deixou um comentário divo no último capítulo.
xoxo



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