Beyond the Appearances escrita por Mavie Paiva


Capítulo 9
Senhorita Biscoito


Notas iniciais do capítulo

Gentee, desculpem a demora, mas eu viajei essa semana e fiquei sem internet. Mas aqui está o novo capítulo e acho que vocês vão gostar. :)



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POV Mabel

Estávamos caminhando em um silêncio constrangedor a algum tempo, nossos prédios não são muito longe um do outro, mas Daniel parecia querer ir de um para o outro em passos de lesma. Por educação - claro - eu acompanhei o seu passo, praticamente arrastando os pés pela lerdeza com que estamos andando.

– Éééé... - ele parecia tentar iniciar uma conversa.

– Sim?! - eu também estava desconfortável com aquele silêncio todo.

– Mabel, certo? - fala sério, esse é o melhor que ele pode fazer?!

– Sim.

– Não é uma pronúncia muito comum para esse nome. Geralmente se pronúncia algo mais ou menos como Meibou. - ele falou e eu revirei os olhos. Lá vamos nós outra vez.

– Vivem me dizendo isso. - falei meio amargurada.

– E por que se pronuncia assim? - agora ele pareceu curioso.

– Porque é em português.

– Português? Tipo o português de Portugal?

– No meu caso é o brasileiro. Mabel é o nome de uma marca de biscoito no Brasil. - falei extremamente envergonhada, ainda bem que está de noite, porque eu devo estar mais vermelha que um tomate.

– Seus pais te deram o nome de um biscoito? - ele parecia bestificado.

– Dá pra notar o nível de normalidade deles, né?! - falei sarcástica.

– Mas porque eles fizeram isso? - ele realmente parecia querer saber.

– É um motivo meio idiota.

– Bem, segundo minha adorada mãe, idiota é meu nome do meio. Então pode falar.

– Okay. - cedi - Meus pais se conheceram em um supermercado no Brasil. No Rio de Janeiro para ser mais exata, minha mãe estava pegando o tal biscoito em uma prateleira e foi quando meu pai esbarrou nela e ela deixou o biscoito cair no chão, meu pai apanhou o biscoito do chão e entregou para ela. Eles começaram a conversar e nove meses depois eu nasci. Eles devem ter achado que seria "engraçado" - falei fazendo sinal de aspas - colocar o nome do tal biscoito em mim. E assim foi.

Daniel estava me olhando boquiaberto.

– Você tá falando sério? – ele deu ênfase no sério.

– Infelizmente, sim. - falei enquanto suspirava. - Agora me parece justo que eu saiba porque seu nome é Daniel.

– Minha história é bem mais normal e sem graça do que a sua. - ele me olhou como se esperasse que eu dissesse que sou normal e sem graça... Sem chance mané!

– Sou toda ouvidos. - falei simplesmente.

– O nome da avó do meu pai era Daniela, ela o criou como um filho. Então quando a minha irmã mais velha nasceu, eles colocaram o nome dela de Daniela, em homenagem a minha bisavó que tinha morrido dois anos antes. Sete anos depois quando eu nasci minha mãe achou que seria "fofo" - dessa vez ele quem fez sinal de aspas - que nossos nomes combinassem, então colocou o meu nome de Daniel.

Eu gargalhei alto.

– Sinceramente?! É mais brega do que fofo, mas olha pelo lado bom, você não tem nome de biscoito. - falei entre risos.

– É verdade. - ele me olhou de uma forma curiosa - você sabe falar português?

– Sei, por quê?

– Como se fala biscoito em português? - eu ensinei a ele - E biscoitinho? - ensinei novamente. Ele ficou repetindo as palavras até acertar.

Depois disso, nós voltamos a caminhar naquele silêncio constrangedor. Ele já tinha tentado começar uma conversa, então acho que dessa vez eu tinha que tentar.

– Então, Daniel... Você toca algum instrumento além de guitarra? - perguntei.

– Bem, toco violão o que é de se imaginar. Também toco um pouco de piano e violoncelo. E bateria. - ele respondeu.

– Você toca violoncelo? - perguntei boquiaberta.

– Pois éh, para eu aprender a tocar guitarra, precisei aprender piano e para aprender a tocar bateria eu precisei aprender violoncelo. - ele falou meio sem graça.

– Por quê? - agora eu estava curiosa.

– Um acordo maluco que eu fiz com minha mãe. Ela não queria que eu só aprendesse a tocar instrumentos que segundo ela não servem para a música clássica, porque não poderia me exibir para os amigos esnobes dela. - ele falou revirando os olhos.

– A sua mãe tem algum problema com a música?

– Ela acha que estou jogando um futuro brilhante no lixo.

– Que besteira. - falei revoltada.

– Também acho. - ele respondeu cabisbaixo. - Então, qual instrumento você toca?

– Quais. - falei convencida - Piano, acordeão, banjo, castanholas, violino, violoncelo, flauta transversal, violão, guitarra, baixo, bateria, gaita, oboé, xilofone e saxofone. Também sei fazer mixagem e canto. - olhei para o lado e ele me encarava boquiaberto novamente.

– Caramba! Você toca tudo isso?

– Sim. Olha para a minha vida: meu pai é um produtor dono de uma das maiores gravadoras dos Estados Unidos e minha mãe é a coordenadora de uma das orquestras mais famosas do país, eu cresci em um mundo de música, sempre estava aprendendo um instrumento novo e tão rápido que fui considerada um prodígio musical, a música é o que eu faço de melhor.

– Você vai se especializar em música clássica, não é?! Por quê?

– Não sei direito, eu gosto muito de pop e rock. Mas a música clássica sempre me encantou de um jeito especial, as músicas mesmo as sem letra conseguem fazer você sentir todas as emoções possíveis. E eu quero fazer parte disso.

– Isso foi bem profundo.

– E você, por que resolveu fazer faculdade de música?

– Foi depois que meu pai morreu. Eu percebi que não estava vivendo minha vida da forma que eu queria e sim do jeito que minha mãe queria. Eu sempre quis arriscar uma vida na música. Eu consegui com muito custo convencer minha mãe a me mandar para cá, mas na condição de outro acordo maluco... Tenho que fazer da minha banda um sucesso até a formatura ou então assumir as empresas da família com minha irmã.

– Por isso você estava desesperado pela minha ajuda.

– É. – ele olhou para o céu por um instante - Eita, mas esse papo ficou muito sério de repente.

– Verdade. - admiti.

– Que tal um jogo?

– Que jogo?

– Você canta uma música que acha que combine comigo e eu uma que combine com você.

– Pode ser, mas você primeiro.

– Tudo bem senhorita Biscoito. – sim, ele falou biscoito em português e em tom de deboche, desgraçado! - Vou cantar uma que combina com como as pessoas pensam que você se sente, ok?! - fiz que sim com a cabeça - I got the eye of the tiger, the fire, dancing through the fire. 'Cause I am a Champion and you're gonna hear me roar...( eu tenho o olho do tigre, uma lutadora. Dançando pelo fogo porque sou uma campeã e você vai me ouvir rugir. ) - ele começou a cantar o refrão de Roar da Katy Perry.

Nesse momento nós chegamos ao meu prédio e paramos no início dos degraus que dão acesso a entrada do local.

– As pessoas acham que eu me sinto assim? - perguntei meio descrente.

– Foi o mais próximo que eu achei. As pessoas acham que você... - ele parou de falar e olhou em volta meio nervoso – Deixa pra lá, acho que eu já vou indo...

– Nada disso mocinho - falei quando ele ia saindo - eu ainda não cantei a música que te descreve.

– Tudo bem, você pode cantar depois.

Fiz que não com a cabeça.

– Vou cantar agora.

Ele soltou um suspiro pesado.

– Tudo bem, canta. - cedeu.

– Vou cantar uma que combina com o que as pessoas pensam de você, okay?! - perguntei e ele fez que sim com a cabeça - To every girl that I meet this is what I say: run run runaway, runaway baby. Before I put my spell on you. You better get get getaway, getaway darling 'cause everything you heard is true. Your poor little heart will end up alone 'cause what knows I'm a rolling stone. So you better run run runaway, runaway baby. ( para cada garota com quem me encontro é isso o que eu digo: corra corra fuja, fuja baby antes que eu lance o meu feitiço em você. É melhor você conseguir fugir querida. Porque tudo o que você ouviu é verdade. Seu coração pobre vai acabar sozinho. Porque sabe que eu sou uma pedra rolante então é melhor você correr corre fugir, fugir baby. ) - cantei o refrão de Runaway Baby do Bruno Mars e Daniel me olhou descrente enquanto eu subia os degraus e ele me seguia.

– Não é isso o que pensam de mim. - ele falou tentando se defender.

– Na verdade, - falei abrindo a porta - é exatamente o que pensam de você. Boa noite Daniel, até a seção de fotos. - falei entrando no prédio e fechando a porta atrás de mim, deixando ele lá fora sozinho.


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Notas finais do capítulo

Link das músicas que eles cantam nesse capítulo:
Roar - Katy Perry

http://www.youtube.com/watch?v=4a_zuVYYknk

Runaway Baby - Bruno Mars

http://www.youtube.com/watch?v=6Ww-8jvxT5Q

Iai, o que acharam?
Deixem de ser leitores fantasmas, se manifestem!!!
xoxo



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