Imagens do Inconsciente escrita por Marcela Melo


Capítulo 13
Capítulo 13




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— Por que toda essa implicância com a Lisa?

— Ela é ridícula! Além do mais não sei o que vê nela. Costumava pegarfilé, mas ultimamente...

— E você também... se não se lembra. Agora faz tempos que não te vejo com ninguém. Vai ver isso que está te deixando com mal humor.

Carla e Alice chegaram, abraçaram Léo e Pedro e começaram a planejar a festa, empolgados. As meninas eram as que mais falavam, deram várias ideias até que chegaram ao acordo de fazerem uma festa no jardim, com direito ao uso da piscina, mesmo à noite.

A decoração ficou por conta de Alice, sob recomendação de não fazer nada de menina e Carla ficou responsável pelos convidados, juntamente com Pedro. Fizeram listas, decidiram o que iam servir como aperitivos e quais músicas tocar. Estavam quase terminando o assunto quando Letícia chegou, imponente, com um decote ousado que mostrava parte de seus seios e os lábios carmim.

— É só os gatinhos saírem que os ratos logo querem aprontar né? – Letícia falou com Léo enquanto contornava as meninas para cumprimenta-lo.

— É só uma festa Lê, meus pais deixaram.

— Sei...sei... e o que eu faço aqui? — Letícia era sempre direta e sabia que Leonardo não a tirara do escritório atoa.

— Precisamos de bebidas. Cervejas, vinhos, vodca e o que mais tiver.

— Por que eu lhe compraria bebidas, pirralho, você só tem dezessete?

— Não é sempre que me acha pirralho né, amor, para de drama e me diga logo “quanto” vai me custar para quebrar esse galho.

— Isso só em particular. Vou fazer um pedido em nome do seu pai, pela empresa, peço para entregar na sua casa. De quanto precisa?

— Serão umas trinta pessoas...

— Trinta não, Léo! Umas setenta. — Interveio Alice.

— Ok! Setenta pessoas. Como fará para meu pai não descobrir isso, Lê?

— Deixa comigo. Sei o que estou fazendo. Passo na sua casa por volta das oito horas para lhe dar os detalhes de quantidade e o que foi comprado, bem como a data de entrega. Esteja lá...

Letícia levantou-se, deixou uma marca de batom no rosto de Leonardo e outra em Pedro, cumprimentou as meninas e saiu apressada. Carla e Alice continuavam empolgadas com os detalhes da festa e Pedro olhava o amigo com a cara de espanto e surpresa, como se estivesse deixado a vasilha favorita de sua mãe espatifar no chão.

— Me diga o que foi isso? — Pedro sussurrou.

— Não sei do que você está falando, amigo. — Leonardo mal se continha de satisfação. O riso esbanjava em sua face ao ver a cara do amigo.

Na verdade, não havia nada entre o garoto e Letícia, só um pouco de ousadia, ela, além de ser mais velha que ele, era funcionária do seu pai, mas Pedro não precisava saber disso. No fundo, o próprio Leonardo não entendia porque se afastava das garotas, mas há algum tempo ele simplesmente olhava além do rostinho bonito e preferia não perder seu tempo com as meninas que conhecia.

***

Enquanto Leonardo se encarregava da festa com seus colegas, Samantha aproveitava para ler. Sabia que quando entrasse para a faculdade, em pouco mais de um mês, seu tempo para a literatura iria diminuir, dando espaço aos livros didáticos. Ela já havia parado de ir ao Museu Nacional, tornando-se apenas visitante, pois se empenhava cada vez mais aos seus alunos do Inconsciente. Porém, durante as férias, o movimento diminuía muito, o que a deixava a maior parte do tempo em casa.

Samantha estava na biblioteca e nem reparou quando Leo entrou:

— Sam, tudo bem?

— Ei! — Leonardo estava sem camisa, ela não conseguiu deixar de reparar que o primo tinha um corpo bonito e bronzeado do sol do Rio de Janeiro. Ficou observando de soslaio, talvez até boquiaberta quando ele a chamou novamente:

— Samantha! Terra chamando! Um... dois...

— Ah! desculpe. O que você disse? – Nessa altura ela já estava corada e percebeu um sorriso no canto da boca de Leonardo.

— Eu marquei a festa para sexta feira. Depois de amanhã. Nem queria fazer essa festa, mas Pedro tem insistido muito. Como você disse que prefere não participar, talvez poderia sair com uma amiga ou ficar aqui em cima, será melhor, não conheço bem todas as pessoas que virão, sei que serão amigos de Alice, de Carla e de Pedro, todos que, de alguma forma, os fizeram prometer um convite para minha festa.

— Ah! Tudo bem, vou ver se saio com a Luana e fico por lá. Acho que não terá problema para o Sr. Geraldo.

— Perfeito! Meu tio Rafael estará aqui, mas ele e nada é a mesma coisa. Será melhor você ficar longe.

— Tudo bem!

Samantha já havia decido que não participaria da festa, mas bem que Leonardo podia ser mais cordial as vezes.

Na sexta feira Samantha saiu por volta de umas cinco horas da tarde. Não pretendia voltar em casa para evitar encontrar os amigos do seu primo. Vestiu-se com um vestido claro, florido em amarelo, mas com um corte muito senhoril para ela, com um comprimento um pouco abaixo dos joelhos e mangas que até os cotovelos, Samantha aparentava ser, pelo menos, uns cinco anos mais velha. Trançou os cabelos e foi para o shopping encontrar com a Luana. Elas haviam marcado as dezoito, mas Luana estava atrasada. Enquanto esperava Samantha visitou as livrarias e as lojas do local e percebeu que a maioria das vendedoras riam dela quando ela saia, sempre sem comprar nada.

Samantha estava aflita, já passava das vinte horas e nada de Luana aparecer, nem retornar sua ligação. Ela sentia um misto de preocupação com a amiga e desespero por saber que não poderia voltar para casa. Entrou em mais algumas lojas, sentindo-se agora desconfortável com a atitude das vendedoras e resolveu assistir um filme.

Quando saiu do cinema já passava das dez. Luana mandou uma mensagem dizendo que estava no hospital com sua tia, que cuidava dela, e que sentia muito mas não poderia ir encontrá-la. Samantha não sabia o que fazer, a essa altura já rolava a festa de Leonardo, mas o único jeito era ir para casa e subir para seu quarto sem ser vista.

Assim que o taxi parou no portão de casa, Samantha descartou a hipótese de “não ser vista”. A casa estava lotada de adolescentes embriagados, meninos e meninas se agarrando no portão, na sala e nos jardins. Ela pensou que algo havia fugido do controle. Entrou. Silenciosa e quase invisível caminhava pelo hall para chegar até a escada que levava em seu quarto, até que sentiu alguém segurar seu braço.

— Quem é você? Está de penetra na festa dos outros?

— Desculpe, eu moro aqui! Só estou indo para o meu quarto. Me solte por favor!

A garota era mais alta, e mais velha, que Samantha. Tinha o rosto levemente avermelhado, vestia-se com uma roupa provocante, até de mais, Sam observou, e usava uma maquiagem que a deixava ainda mais adulta. Ela soltou uma gargalhada que fez Samantha tremer, antes de responder.

— Até parece que uma garota feia e mal vestida desse jeito iria morar aqui. Eu sei quem são os donos da casa. Leo é meu amigo e ele não tem irmãs feiosas. Mas já que entrou na festa, sem ser convidada, acho que algumas pessoas vão gostar de carne fresca.

Karem arrastou Samantha pelo braço passando pela cozinha. Sam tentava se soltar, mas a garota era forte demais. Ela pediu mais uma vez, porém foi ignorada. Sua única esperança era ver o primo e desfazer o mal-entendido, mas, onde é que Leonardo estava?

— Pessoal, olha só o que encontrei tentando penetrar em nossa festa! – Karem sorria e, de repente, pelo menos dez pares de olhos vorazes olhavam Samantha de cima em baixo.

— Gente, por favor! sou prima do Leonardo, não estou penetrando na festa. Apenas tive que voltar para casa porque...

Dois garotos estavam perto de mais dela e lhe tapavam a boca com o dedo, fazendo sinal para que se calasse. Eles não estavam apenas bêbados, mas alucinados e Karem divertia-se ao ver o desespero de Samantha.

— Essa menina está falando demais. Alguém me dê alguma coisa para amarrar a boca dela. – um deles falou.

O grupo parecia animado, e chamou a atenção de outras pessoas na festa. Havia um círculo em volta de Samantha com pessoas xingando, umas a chamando de baranga, feia e mal vestida e outros dizendo que ela era até bonitinha, só se vestia mal.

— Tire a roupa dela. Vamos ver se isso de fato é verdade.

— É! Boa ideia, tire a roupa dela.

Samantha chorava, mas com a boca amordaçada não podia gritar. Rafael, o tio de Leonardo comandava o grupo e foi ele quem se aproximou dela.

Ela tentava impedir enquanto ele abria os botões do vestido, revelando uma pele branca e um corpo juvenil. Ele a deixou apenas de calcinha e sutiã, desfez as tranças do cabelo e tirou seus sapatos. Aproximou-se dela tocando em seu corpo e vendo as lágrimas caírem dos seus olhos.

— Ah! Ela é uma delícia. Assim está bem melhor...


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