Harry permaneceu ao lado de Hermione pelo resto da tarde com Dobby trazendo comida para ele, quando anoiteceu ele foi chamado por Regulus para uma reunião em seu escritório. Ele foi escoltado por uma mulher loira de olhos cinzentos, entre 22 e 26 anos. Assim que chegou ao escritório, Harry bateu na porta e após alguns instantes ouviu um ‘Entre’. Ele entrou na sala e sentou-se em uma cadeira de frente para Regulus, que ergueu a mão pedindo para esperar um pouco.

—Muito bem, Harry, você e eu conversamos. Eu expliquei somente alguns fatos básicos sobre nós e esclareci suas dúvidas. Você a partir de agora começará a desbloquear seus sentidos e faremos atividades físicas visando uma melhora em suas habilidades motoras. Então, o treinamento de verdade terá início, porém, tem um detalhe seu treinamento inicial será separado do treinamento de sua amiga. ―Regulus disse e esperou pela explosão de Harry, não demorou muito.

—O quê?!Como assim me separar dela?!Como vou saber se ela está bem ou se machucou?Se foram vocês que a machucaram?

―Tenha calma e raciocina comigo: se você treinar junto à outra pessoa, qualquer outra pessoa que seja, você irá se apegar à ela, nesse caso você já é. Se você se apegar a essa pessoa, você ficará desconcentrado no treinamento preocupado demais com o outro e assim não terá sucesso. Após você aprender a lidar com missões solo, você aprenderá a trabalhar em dupla, que é com sua amiga nesse caso, e então, em grupo. Eu te prometo que ela estará em boas mãos, juro um juramento mágico se quiser. Quem cuidará de sua amiga, é a minha esposa e eu confio minha vida a ela.

―Quero o juramento e saiba que se algo acontecer com ela, eu vou matar você e não me importo com a merda do juramento, se necessário, eu te trago dos mortos pra te matar de novo. —Harry disse seriamente para o homem à minha frente dando-lhe um olhar mortal, ele sabia que Harry era sério em sua ameaça e Regulus se perguntou se essa garota era mesmo somente uma amiga.

Harry se retirou do escritório a passos firmes e deu uma última passada no quarto de Hermione, onde depositou um suave beijo em sua bochecha antes de se retirar para seus aposentos que era ao lado da suíte de Hermione.

Quando Hermione acordou na manhã seguinte, ela ainda vestia suas roupas sujas de sangue e a luz do sol iluminava através da janela, do quarto desconhecido para ela, onde os pássaros cantavam. Ela se sentia cansada e ligeiramente incomodada enquanto recebia os raios solares, quando uma mulher abriu a porta lentamente antes de adentrar ao recinto. A mulher tinha a pele branca com olhos verdes e longos cílios castanhos, cabelo castanho arruivado ondulado chegando até o meio das costas, lábios finos, nariz arrebitado, suas sobrancelhas são ligeiramente angulares, seu rosto é oval e o corpo curvilíneo. Ela vestia uma bata cinza chumbo, short jeans claro, uma sandália rasteira creme, duas pulseiras pratas combinando com o anel prata de flor e argolas pratas. A mulher sorriu para Hermione antes de se apresentar:

—Olá, eu sou Clair L’Croix Black. E você é Hermione, né?

—Sim, mas como você me conhece? Onde estou?

—Seu amigo Harry, eu sinto muito por terem sido apresentados a essa vida dessa forma, querida. É uma pena mesmo. —Clair disse com uma expressão pesarosa.

—Que vida?Do que está falando?—Hermione perguntou confusa olhando para a mulher como se tivesse enlouquecido.

—Oh, você ainda não sabia, oh Deus, eu não queria. Deveria ser ele a te contar.―Clair dizia em pânico como se tivesse falado alguma besteira.

―Quem é ele?Me contar o que?—Hermione perguntou começando a se irritar por não saber do que se trata.

Nesse momento Harry decidiu bater na porta e Clair abriu a porta correndo depressa para que Harry não a visse deixando uma Hermione confusa com o que havia visto. Ele entrou lentamente preparando-se mentalmente para longa e difícil conversa que teria com sua amiga, anteriormente, Harry havia pedido para que Dobby lançasse um charme silenciador na sala para que não ouvissem o que eles iriam conversar.

—Oi, Hermione. Que bom que está acordada,... —Harry disse sorrindo para ela que sorriu de volta e então, seu rosto tornou-se sério enquanto ele dizia:—Nós temos que conversar.

—Harry, onde nós estamos?É algum esconderijo secreto da Ordem?—Hermione perguntou olhando seus arredores com olhos calculistas.

—Bem, a conversa que teremos vai ser longa e eu preciso que se mantenha em silêncio, apesar do que direi, enquanto te explico nossa nova situação. —Ele disse se sentando em uma cadeira em frente à Hermione e contou tudo sobre o que aconteceu nos mínimos detalhes.

Quando ele terminou, Hermione olhava para Harry com uma expressão de fúria mal contida e ele se encolheu por dentro. Ela ficou furiosa pelo que ele havia feito a ela, por ele ter escravizado um elfo e ainda mais por tornar impossível para ela poder ter filhos agora. Por causa do egoísmo dele, ela estava condenada a matar pessoas inocentes para continuar viva, seu sonho de ser mãe um dia foi totalmente destruído e seus pais? Oh Deus, seus pais pensariam que ela fugiu de casa, ou coisa pior. A dor que eles deviam estar sentindo tudo por culpa dele, Harry havia destruído sua vida e sua família. Estar com raiva era pouco para o que sentia, Hermione estava furiosa.

—Como você pôde fazer isso comigo?!Eu era sua melhor amiga sempre estive do teu lado nos bons e maus momentos!E você me transformou em um monstro!Um monstro como você! —Lágrimas começaram a borrar sua visão e escorrerem por sua bochecha enquanto Hermione gritava apontando para ele e o empurrando para a porta:—Eu tenho nojo de você, você é um maldito egoísta! Por sua causa, eu preciso matar pra sobreviver! Eu NUNCA vou poder ter um filho se eu quiser ter! Você condenou a minha vida, ou o que quer que eu tenha agora, e eu te odeio! TE ODEIO HARRY JAMES POTTER!Sai já daqui, sua aberração!—Ela gritou terminando de expulsá-lo gritando insultos e ofensas, ela sabia que um dos insultos que mais o magoava era que o chamassem de “aberração” porque ele havia confessado esse segredo a ela no quarto ano e agora, ela usava o segredo dele contra ele.

Assim que ele fechou a porta, Hermione escorregou lentamente até o chão e abraçou as pernas chorando profusamente contra a porta. Ela permaneceu no mesmo lugar chorando por três horas, quando Hermione ouviu as batidas suaves na porta e enxugando os olhos com as costas da mão ela gritou para quem quer seja fosse embora. Era Clair, a ruiva entrou no quarto sem se importar com que a morena tinha dito e abraçou Hermione firmemente sussurrando palavras de conforto, Clair disse:

―Eu sei que é difícil e você está irritada, mas você tem que entender... ―Mas Hermione a interrompeu dizendo:

—Não, eu não tenho que entender nada. Eu não quero ser preconceituosa, mas é horroroso esse estilo de vida. Ele me transformou em um monstro e agora, terá que agüentar o meu tratamento. A dor que ele está fazendo meus pais passarem, a minha própria dor e a dos nossos amigos.

—Tem certeza, querida? E a dor que ele sente constantemente ao lembrar que nunca teve a oportunidade de ter um pai, ou uma mãe pelo menos, de ter acabado de perder um dos últimos elos que ele tinha com sua família perdida. Ele quase perdeu você também, minha cara. —Clair explicou tentando impedir a menina de cometer um erro que poderia custar sua própria felicidade.

—Todos nós temos que arcar as conseqüências de nossos atos, Srta. Clair, ele me magoou muito por praticamente me seqüestrar, me transformou nisso e nem me permitiu me despedir dos meus pais. Vampiros não podem ter filhos, Clair, eu nunca vou poder ser mãe. Agora, ele vai ter que agüentar meu tratamento. —A morena respondeu séria limpando algumas lágrimas teimosas que insistiam em cair.

—Como você chegou a essa conclusão, anjo? —Clair perguntou suavemente acariciando a cabeça de Hermione.

—Em todos os livros que já li e tratava sobre os vampiros, nenhum falava sobre filhos ou qualquer descendência deles como sendo possível, o corpo de vampiros é “congelado” no tempo gerando uma espécie de mutação na linha temporal e como a maioria das mutações, são estéreis. —Ela terminou a explicação voltando a chorar, Clair achou melhor explicar sobre esse pequeno erro depois quando a poeira abaixasse e por enquanto ela iria tentar acalmar a novata.

—Ele era seu melhor amigo não?—Clair perguntou enquanto Hermione deitava a cabeça em seu colo deixando algumas lágrimas saírem.

—Sim, essa é a pior parte.

—Não diga isso, mon bien, amigos verdadeiros são uma das melhores coisas da vida. —Clair balançou a cabeça e pensou no quanto a Hermione se parecia com Regulus quando descobriu sobre a transformação, então ela decidiu tentar outra abordagem: —E se ele se machucar no treinamento? Ou for ferido em alguma missão.

—Se ele se machucar, que se dane não é problema meu e digo o mesmo sobre ser ferido. Se ele estivesse morrendo hoje, eu não iria me importar. —Hermione disse resoluta olhando para Clair, que suspirava mentalmente antes de dizer:

—Tudo bem, a decisão é sua, só espero que não se arrependa depois. Eu acredito que sabe que serei sua instrutora no treinamento não é?

―Você é a esposa do suposto irmão do Sirius?—Hermione perguntou surpresa com a sobrancelha erguida.

—Sim, somos Companheiros de Imortalidade. —Clair respondeu sorrindo e então começou a explicar como seria o treinamento dela e respondendo possíveis dúvidas.

Os dias se passavam longos e dolorosos para Harry, já que Hermione ainda se recusava a falar com ele e Harry havia começado seu treinamento com Regulus no subterrâneo das propriedades mais remotas e menos possíveis de sobrevivência mesmo para vampiros. Dobby se tornou a “Suíça” entre os dois, pois estava cuidando de sua Senhora sob ordens de Harry e assim dizia como a saúde de Hermione estava para seu Mestre. Hermione também havia começado seu treinamento com Clair também em regiões remotas e rapidamente criaram uma ótima relação de aluna e professora/amizade.

Conviver com Regulus era difícil para Harry, ele era rígido e imprevisível no treinamento enquanto que como pessoa é brincalhão e aventureiro, então Harry nunca sabia o que esperar no dia seguinte. Regulus havia explicado o motivo de ser imprevisível, pois quanto mais imprevisível você for num duelo, melhores serão suas chances de sobrevivência em uma guerra e Harry tomou esse conselho no coração tentando mudar de estratégia sempre. Conforme seu treinamento prosseguia paralelamente Harry prosseguia fazendo musculação e sob o tratamento de poções de nutrição, o treinamento aliado a uma boa forma física dava uma enorme vantagem a Harry. Porém, Hermione se tornou um assunto Tabu entre eles e Harry evitava até mesmo lembrar-se dela. Harry não parecia em nada o garoto magricelo que havia sido uma vez.

Treinar com Clair estava começando a dar mais confiança e segurança para Hermione, aos poucos seu corpo também passou pela fase de mudanças e sob os cuidados de Clair, ela claramente dava inveja em MUITAS bruxas. Seus seios haviam crescido significativamente assim como quadril e coxas, com o treinamento e malhação Hermione conseguiu definir seu quadril e tornear coxas também deixando a barriga lisa. Clair levava o treinamento bem a sério empurrando Hermione a seus limites máximos e superando possíveis limitações, porém, como pessoa era gentil e amável praticamente uma segunda mãe. Harry era um assunto proibido entre elas, pois causou uma discussão quando Clair comentou sobre o progresso dele em seu treinamento.

Hermione e Harry retornaram à mansão após quatro meses (sendo quatro anos dentro das câmaras temporais) permanecendo em seus respectivos quartos evitando ao máximo a presença um do outro, uma por ainda estar irritada com ele e o outro por não desejar ser alvo das palavras ferinas de Hermione. Dobby cuidava da alimentação de ambos enquanto eles ficavam em seus quartos. Enquanto Clair preferiu dar um tour pela mansão para Hermione, Regulus escolheu mandar Harry em missões solos e ver o quão bem ele poderia sair de situações adversas.

Uma noite Clair e Harry foram apresentados, Harry ficou surpreso ao saber que a ruiva da joalheria na verdade era a esposa do Regulus. Clair explicou para ele que ela descobriu sobre ele depois de atendê-lo quando encontrou com seu marido antes da leitura do testamento do Sirius.