Beautiful War escrita por Moonlight


Capítulo 2
O Meio I


Notas iniciais do capítulo

Gente, se vcs soubessem como falta de comentários desmotiva... a fic ja ta prontinha, poxa! só diz se curtiram... :D okay?



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ALBA

Outra vez, eu me perdi nos olhos cinzentos durante uma das festas luxuosas da capitol que meu marido me obrigou a ir. Foi adorável, toda aquela valsa, e champagne, e a Effie Trinket, organizadora de festas oficiais da Capitol desde o fim da Guerra, me contar sobre suas plásticas, suas crianças adoráveis (que eram, na verdade, os filhos do Tordo) e toda sua nova mobília em Mogno, mas eu queria ir para a casa. Eu queria descansar na minha banheira, já que meu ocupado marido de 52 anos não era capaz de me dar um pouquinho de prazer. Eu tinha me esquecido dessa parte do plano! Marido rico: Ok. Famoso: Ok. Inteligente e sofisticado: Ok. Jovem? Ah, sem problemas! Mas... a parte do sexo foi uma conta muito mal feita por mim. Eu estava num casamento seguro e brochante. Eu morria de medo de me casar com um tarado e imprestável, como era meu primeiro namorado aos 17 anos, mas casar com um brocha... Ah! Quem dera se isso fosse menos vergonhoso que a sua ejaculação precoce. Isso, claro, nas vezes que funciona. Eu tenho 23 anos, um casamento fracassado, e um pequeno problema alcóolico. Ouço um viva?!

— Senhora Dean? — E da-lhe! Foi ai que me perdi em Gale Hawthorne, e mesmo com minha mente gritando “CASADA!”, todos os minúsculos pelos do meu corpo se arrepiaram.

— Hm... Senhor Hawthorne, estou certa? — Eu disse. É claro que estava, mas não vamos esquecer de um charminho. Parece que Venus não me odiava tanto assim.

— Pode me chamar de Gale. Toda essa formalidade é besteira. — Ele me diz.

— Concordo. Sendo assim, pode me chamar de Alba, Gale. — Claro, ignore seu sobrenome de CASADA, Alba. Grita minha consciência. É claro que eu não cheguei a ouvi-la em momento algum em toda a minha vida. — A que devo a honra de sua companhia? — Sorri.

— Você parece ser a única que não está se divertindo muito nessa festa. — Disse, dando de ombros. Que ombros... E braços. E peitoral.

— Pareço? — Sorri.

— Você não está dançando valsa com seu marido. Do contrario, você está na frente da mesa de bebida há minutos pensando no nada.

— Anda me espiando, Sr. Hawthorne? — Começo a sorrir, dessa vez mais maliciosamente. Eu tive sim, segundas intenções ao vê-lo, mas as segundas intenções dele acabam de ser confirmadas, uma vez que meu marido jamais mandaria o Capitão de Segurança me espionar. Eu consigo vê-lo sorrindo... Um pouco corado, talvez. Decido falar algo antes que ele me dê uma desculpa e vá embora. — Eu não gosto muito de festas como estas. Prefiro menos exagero, mais luxo e musica animada. Moderna, entende? E não se preocupe, não é a primeira vez que meu marido vai se sentar com os homens de terno e me deixa na mão. Ele sempre me deixa na mão... — Insinua seus problemas sexuais Alba, esse é o caminho. Mais os problemas alcoólicos e você ganha o coração dele.

— Acha que ele ficaria bravo se eu te convidasse para dançar? — Ele me disse, com um sorriso no canto da boca.

— Não, direi à ele que você tem que interagir com pessoas da sua idade, Gale. — Então ele puxa a minha mão e vamos para o meio das pessoas dançar aquela valsa elegante e... chata.

— Tenho 41, Alba. Você não tem a minha idade.

— Eu tenho 23... Tem algum problema?

— Nenhum — Ele murmura.

Acho que eu ganhei bem ali.

***

GALE

Eu não sei, ao certo, o que se passou pela minha cabeça quando eu fui flertar com a esposa do Secretário Dean, mas, ah! quem se importa? Ela sorriu para mim. Ela manteve os olhos em mim. Depois de umas conversas e inúmeras taças de champagne da parte dela (que tomava aquilo como água e ainda se mantinha em pé) eu a beijei.

— Vinte e três anos, Gale? Ela é nova demais até para mim... Ou para o Vick... Pior: Ela é ainda mais nova que a Posy, Gale! — É o que diz por telefone meu irmão Rory, enquanto eu contava detalhadamente a minha noite com a esposa do Secretário da Saúde.

— Eu já fiz as contas, Rory, mas obrigado por me alertar. — Respondi.

— Gale, é sério: O que vocês pretendem? — Dessa vez, meu irmão fica com uma voz mais séria, que ele usava das poucas vezes que ia me repreender. Meu irmão Rory tinha seus 35 anos de idade já havia se casado há algum tempo, assim como Vick, que tinha 33 e duas filhas lindas. Posy tem 27 anos e alguns namorados, mas ela não é burra ao saber que não deve me apresentar os caras que não são corajosos o suficiente. Rory e minha Mãe sempre me dizia a importância de ter uma esposa. A maior parte do tempo, eu os ignoro.

— De verdade? Nada. — Eu digo.

Nada. Porque eu mentiria para meu irmão? Depois da valsa naquela festa, meus encontros com Alba passaram a ser frequentes e secretos. Ela não queria terminar o “casamento seguro” dela. E porque faria isso? Não íamos a lugar algum. Alba tinha toda uma aparência frente as câmeras da Capitol, e depois de uma adolescência traumática, que ela me contou em detalhes, Alba finalmente chegou aonde queria. Ela estava lá, embaixo do holofote.Eu amo os holofotes, Gale” me confessava, diversas vezes, depois do sexo. “É a minha chance de brilhar.” E ela sorria. E bebia. Nada, nem mesmo o sotaque da Capitol que ela tinha, me fazia odiá-la. Tinha nojo de sua superficialidade. Mas meu ódio por ela acabava até o próximo beijo. E a próxima noite.

— Então porque você está perdendo o seu tempo sendo o amante capacho de uma mulher que só te liga quando te quer? Pensei que você fosse mais... Capitão. — Diz Rory.

Porque estávamos naquilo mesmo? Não havia nada de romântico entre mim e Alba. Passamos a conviver mais, é claro, e eu aprendi a ver pontos em Alba que me faziam gostar da companhia dela. Há algo sobre o poder que a Capitol lhe dá, e como ela sempre se porta como se não soubesse disso, mas ela sabe, e o ama. Ela não foge do poder, mas não vira uma louca correndo atrás dele. Ela tem uma delicadeza diante de todos, mas não teve nojo de pisar sem sapatos ou nadar nua no lago da floresta que rodeia o Distrito Dois. Ela não se porta como uma dama quando não deve se portar. E ela gosta de ser livre, não tem medo das coisas que fala e normalmente diz a verdade em seu rosto sem notar que isso pode feri-lo.

O mais estranho em Alba é que ela é uma mulher morte, a sua maneira. Eu não estou acostumado com mulheres assim. Mas ela quebra toda minha opinião formada sobre ela quando chora por causa das novelas, passa dias dissecando uma joia e passa horas olhando as próprias unhas. Então ela me conta como chegou a socar um maluco que a perseguia, e me lembro da forma fria de como ela falava sobre o suicídio da própria mãe e volto a formar opiniões ao redor dela. Mas sei que ao final, tudo o que devo fazer e não julgá-la. Ela é uma junção de personalidades que a faz um ser único.

No entanto, nós éramos apenas sexo, como sempre foi com todas as garotas que conheci desde que rompi meu noivado de um ano com Lucy, achando que a amava. Isso foi há dez anos. Depois de Lucy, achei que não fosse capaz de encontrar uma mulher que eu realmente amasse.

Não precisamos de amor quando temos um holofote, Gale”.

Nós precisamos, Alba.

***

ALBA

Gale e eu estávamos em seu apartamento, no Distrito Dois.

Eu não posso contar, em detalhes, o que fizemos. Está claro, não?! Mas posso dizer os detalhes dos meus planos. Eu estava gravando uma comédia romântica no distrito dois, onde fica a maioria dos estúdios de televisão e filmes, portanto, tratei de procurar um hotel próximo ao apartamento dele. Meu marido estava viajando entre os distritos 4 e 12, verificando os hospitais, e logo depois iria se hospedar alguns dias no Distrito 13 para ver os últimos resultados dos soros anti-câncer. Dessa forma, Gale e eu teríamos quase todo um fim de semana juntos! Um recorde pessoal nosso. Estávamos quase dois meses nos encontrando, e nenhum desses encontros eram de formas descentes. Entre os intervalos de gravações. Falsas ligações sobre o estado de saúde da mãe do Gale e uma folga de 12 horas para ele. Minha falsa segurança em um cassino. Dentro de uma adega nas festas. Gale e eu nunca nos importamos com isso, mas chega um momento em que você quer se sentir uma dama. Afinal, você é uma. Ou costumava ser. Ou apenas fingia para as câmeras que eu era. Sabe, eu tenho muitos fãs que me cercam, e eu não posso caminhar sozinha sem um holofote que me siga. Por isso, era cada vez mais perigoso meus encontros com Gale.

Mas eu não queria parar. Eu precisava dele, e não era só sexo, mas dele. O modo como contávamos a vida um para o outro e como nos apoiávamos quanto tudo estava pesado demais, ou monótono demais. Ele fazia eu me sentir previamente segura. E protegida. E mulher. E amada. Amada não, desejada. Gale não poderia se apaixonar por mim. Ele não cometeria a estupidez que estou prestes a cometer com ele. Eu tenho um bom marido, que não me merece, e um casamento seguro. Dean quer até ter filhos, mesmo que não mova um dedo para isso. O que eu ganharia com Gale?

— Sua aliança é tão grande que parece uma algema. — Me diz Gale, depois de certa tarde no fim de semana.

— Tem o mesmo efeito das algemas. — Sorrio, brincando.

— Um casamento seguro não é uma prisão, Alba. — Ele me diz, desviando o olhar. Não sei se é o que me parece, mas ele aparentava... Chateado. Costuma ficar irônico quando alguém o magoa.

— Um casamento seguro não corresponde a tudo, entende? Eu nunca vou ser amada, Gale. Eu nunca terei filhos. Eu nunca contarei minha história de amor para eles. — Eu digo, triste. Sei que não o assustei. Depois da festa e da valsa, Gale e eu chorávamos a vida, como dois melhores amigos. Para as pessoas que nos visse, aparentávamos ser bons amigos, afinal, Gale tem a idade para ser meu pai. E meu marido adorava ele, dizendo que parecíamos Tio e Sobrinha dando e pedindo conselhos. Portanto, Gale me conhece melhor que meu marido e eu o conheço mais que seus irmãos.

Sucedeu-se que, de repente, Gale diz as palavras que eu temi que ele as dissesse. Mas ele o fez. Sem medo, e sem expectativas.

— Mas eu te amo, Alba.

— Eu sei, Gale. — Eu respondo, desviando-me do seu olhar e me levantando da cama, procurando minhas roupas. Termino de me vestir, e coloco meus óculos escuros na esperança de esconder minhas lágrimas. Antes de deixar o quarto, e o apartamento, e Gale, eu lhe dou um beijo. — Eu também te amo. Tanto que chega a doer.

E eu parto, porque sei que estragamos tudo e vamos chorar a vida sozinhos agora.


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