Um pedido, um tempo e um casamento escrita por Alexandra Watson


Capítulo 33
Missão cupido


Notas iniciais do capítulo

Amores, tenho um notícia pra dar: hoje é o meu aniversário



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Uma semana depois que Breno deu a aliança a Zoe veio a primeira briga. Aconteceu numa sexta-feira à noite, quando Zoe chegou batendo a porta e gritando.

– Não, Breno! Eu já disse que não!

– Zoe, eu vi com meus próprios olhos!

– Eu estava conversando com ele, caramba! Como pode pensar uma coisa dessas de mim? – ela falou da escada e subiu correndo para seu quarto. Percy e eu estávamos na sala e presenciamos tudo. Charlie havia saído com seus amigos e só voltaria mais tarde. Escutei a porta da sala ser fechada calmamente e a do quarto de Zoe ser fechada com um estrondo.

Olhei para Percy.

– Eu falo com ela e você fala com ele, pode ser?

– Sabe que eu posso matar ele por fazer minha garotinha chorar, certo?

– Você não vai fazer isso – fitei-o séria. Ele riu e deu um pequeno selinho em mim.

– É claro que não, Annie querida. Não antes de Zoe mandar eu fazer isso – ele se levantou e saiu pela porta.

Subi as escadas e bati na porta do quarto de Zoe.

– Vai embora! – seu grito soou abafado.

– Sou eu, meu amor. Posso entrar?

– Claro, mãe.

Adentrei seu quarto e vi Zoe deitada em sua cama, de atravessado, ainda com a roupa que havia usado agora a noite e vi em seu dedo a aliança, mostrando que ela não havia sido precipitada.

– Zoe? O que aconteceu? – perguntei. Ela se sentou e eu a abracei. Ela demorou um pouquinho para se recompor e depois que me soltou, colocou uma mecha de cabelo atrás da cabeça e começou a falar, ainda com a voz chorosa.

– Nós estávamos na lanchonete comendo e eu disse que iria pegar mais ketchup. Me levantei e fui até a barraquinha e nisso chegou o Fred. Lembra dele?

– Aquele seu amigo que saiu ano passado da escola?

– Ele mesmo. Mãe, fazia quase um ano que eu não via ele e comecei a conversar com ele. Abracei-o e dei um beijo em sua bochecha e ele fez o mesmo. Eu já estava pronta pra voltar pra mesa quando vi que Breno havia se levantado e estava vindo em nossa direção. Eu fui toda contente apresentar o Fred pra ele, mas vi que ele estava com uma carranca. Fred também deve ter visto isso e, depois de dizer seu nome e que era um prazer conhece-lo, de como ele tinha sorte e essas coisas, saiu. Olhei para Breno e perguntei o que foi aquilo. Ele disse que não era nada, mas depois de eu insistir, ele disse que não havia gostado nada daquilo e começou um discurso ciumento idiota. Então eu me virei e vim embora, com ele me seguindo e ai chegamos aqui.

Fiquei quieta, pensando. Ciúmes. Deuses, eu nem me lembrava do que era isso desde os meus quatorze anos, com Rachel. Não tinha ressentimentos com Rachel, então havia esquecido sobre o assunto e, com essa vida de semideuses, nós tínhamos muito pouco tempo pra passar juntos pra desperdiça-lo sentindo ciúmes, mas Zoe tinha uma vida mais normal e mortal do que a nossa naqueles tempos e podia “se dar ao luxo” de ter isso em sua relação.

– Zoe, já tentou conversar com ele?

– Já, mãe.

– Já tentou falar com ele calmamente?

Ela ficou em silêncio. Parecia que haviam sido só gritos e insultos mesmo.

– Zoe, eu sei que você tá brava e tem razão, ele não deveria ter presumido nada sem falar com você antes, mas eles são assim.

– Eles?

– Meninos. Imagine que seu pai, quando nós éramos mais novos, tinha ciúmes de Luke, mesmo depois de eu, você sabe, ter beijado ele.

– Por que, mamãe? Por que eles tem que ser assim tão idiotas?

– Zoe, tenta entender que, mesmo tendo sido a coisa mais idiota do mundo, se ele ficou com ciúmes é porque gosta de você.

– Mas pensar que eu estava dando moral pra outro significa que ele não confia em mim.

– Talvez ele não tenha pensado nisso. Ele pode ter pensado que, com outro cara perto de você, ele perderia você. Ou ele pode ter sido um idiota completo, mas a questão é que você precisa falar com ele.

– Tá, mas o que eu falo?

– Fala como você se sentiu no momento daquilo. Fala que você não quer que se repita. Fala que ele precisa confiar em você assim como você confia nele.

Ela ficou em silêncio, pensando. Beijei sua testa e sai de seu quarto. Encontrei Percy sentado no sofá, com a TV desligada.

– E então? – ele perguntou.

– Eu conversei com ela. Onde ele está?

– Sentado no banco lá fora, disse que podia ficar lá.

– Qual a versão dele?

Percy me contou e a história dele era a mesma de Zoe. Percy acrescentou que ele estava muito arrependido.

– Zoe estava muito mal. Mas acho que ela vai fazer a escolha certa.

Nesse momento escutei passos na escada e a porta se abrindo. Percy e eu ligamos a TV para disfarçar. Em determinado momento, a porta foi aberta e eu escutei o barulho de chaves sendo pagadas.

– Mãe, pai, estamos saindo. Beijo, volto antes da uma – e a porta sendo fechada. Percy desligou a TV e olhou para mim.

– Parece que eles se entenderam – ele disse.

– É, ainda bem. Ela gosta dele.

– E ele gosta dela, eu sei, mas também, quem não gostaria? Ela é linda como a mãe e fofa como o pai, não tem como resistir.

Ri dele e ele se aproximou.

– Que horas são, Annie?

– São dez e dez. Por que?

– Quanto tempo até meia noite e meia?

– Duas horas e vinte minutos – respondi automaticamente. – Por que, Percy?

– Nós temos duas horas sozinho por aqui – sorriso sedutor, muito sedutor. – O que se passa na sua mente, Sabidinha?

– Nem te conto, Cabeça de Alga – puxei-o para mim e o beijei. Ele me pegou no colo e se levantou, nos levando para o quarto. – Espera, Percy. Preciso colocar um alarme pra meia noite.

– Por que?

– Pra que nem Zoe e nem Charlie cheguem em casa, né amor?

– Tem razão, seria estranho. Pegue o meu celular ali em cima – ele, que estava comigo no colo, andou até a mesinha perto da escada. Peguei o celular e, enquanto ele subia as escadas, abracei-o e, por trás de sua cabeça, coloquei o alarme.

– Pronto – entreguei o celular para ele. Ele colocou o celular em cima da cabeceira e se sentou na cama. Percy respirou fundo e eu franzi as sobrancelhas. – Você tá bem?

– Só tô cansado. Essa semana acabou comigo – puxei sua cabeça para meu peito e comecei a fazer carinho em sua nuca. Afastei-o pouco tempo depois e dei um jeito de me deitar na cama.

– Vem cá – ele se deitou ao meu lado, em cima de meu peito. Continuei a fazer carinho nele e em determinado momento sua respiração se estabilizou. Decidi descer e comer alguma coisa, então arrumei a cabeça de Percy no travesseiro e, antes de sair, observei bem seu rosto.

Seus olhos estavam com olheiras e algumas rugas surgiam. Claro, estávamos quase com trinta e oito anos, mas nunca havia visto rugas em Percy, só quando ele estava muito preocupado ou, nesse caso, muito cansado. Beijei sua testa, desliguei o alarme do celular e desci as escadas. Preparei um lanche pra mim e, depois de sentar na mesa, escutei a porta sendo aberta e fechada logo depois.

– Charlie? Zoe?

– Sou eu, mamãe – era a voz de Charlie. Ele veio a cozinha e me deu um beijo.

– Como foi lá?

– Foi legal, mamãe. Eu vou dormir, que eu tô morrendo de sono.

– Claro, meu amor. Boa noite.

Ele saiu da cozinha e subiu as escadas. Charlie estava a cópia idêntica do pequeno Percy de doze anos que acabara de descobrir que era um semideus. Olhei o relógio e vi que eram meia noite e vinte já. Depois de terminar de comer, estava subindo quando a porta foi novamente destrancada e Zoe entrou.

– Boa noite, Be.

– Boa noite, Zoe – ele abraçou-a. – Me desculpe novamente por aquilo.

– Tudo bem, Be. Já passou – ela beijou-o e, quando se separou dele, deu um sorrisinho. – Eu te ligo amanhã.

– Ok – ele deu um último selinho nela antes de sair. Ela trancou a porta e me viu ali, finalmente.

– Oi, mãe. Tava me esperando?

– É. Pelo visto as coisas estão bem entre vocês dois, né?

– Sim, a gente se acertou.

– Fico feliz por vocês, filha.

– Obrigada, mãe – ela me abraçou. – Por tudo.

Ela subiu e eu a acompanhei. Entrei em meu quarto e Percy ainda dormia. Me deitei ao seu lado e ele despertou o suficiente para me abraçar.

– E a Zoe?

– Tá bem, Cabeça de Alga.

– Ainda bem – ele não esperou mais nem um minuto para dormir.


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Notas finais do capítulo

Bem, espero que tenham gostado. Eu tô um pouco triste por ter que finalizar essa fic, mas ok, a vida tem dessas coisas.
Beijinhos.
— A