Já faziam três meses desde o encontro de Zoe. Ela, durante todo um mês, saiu com Breno até que eles começaram a namorar. Nesse dia, ela me contou, ele deu a ela um colar que ela passara a usar sempre. Era um colar prata simples com um arco e uma flecha (pronta para ser atirada) de pingente. Ela mostrou o colar primeiro para mim em seu quarto e disse “ele disse combinar comigo, mamãe” e eu comecei a chorar. Então Percy veio, perguntou o que estava acontecendo e, depois de Zoe lhe mostrar o colar, ele me abraçou e esperou que eu parasse.

– Mamãe, se a senhora quiser, eu posso devolver e ...

– Não, Zoe, não é isso, mas ... lembra de quando contamos a origem de seu nome?

– Sim. Ele foi em homenagem a Zoe Nightshade, uma das ... – ela olhou para mim – caçadoras de Ártemis.

Ela ficou encarando o colar por um bom tempo. Fiquei com medo de que ela devolvesse o colar por causa disso, mas ela não o fez, graças aos deuses. Ela me disse que agradecera muito a Breno e que o colar “combinava mesmo com ela de um jeito que ele nunca entenderia”.

Hoje, dois meses depois disso, os dois eram já um casal mesmo. Zoe decidira que estava na hora de apresentar seu namorado para a família, já que ela fora apresentada a dele. O grande problema era reunir todo mundo (porque contar pra cada um separadamente era uma tarefa complicadamente longa), então Nico e Thalia resolveram dar um churrasco para comemorar o aniversário dos gêmeos e nós achamos a situação perfeita. Nico e Thalia já conheciam (e adoravam) Breno e não hesitaram em deixa-lo ir.

Zoe combinou de ele vir aqui em casa na manhã do dia do churrasco pra depois irmos juntos. Dez e meia a campainha tocou.

– Eu atendo – escutei Zoe gritando. A porta foi destrancada e escutei a voz de Breno. – Entra.

Desci as escadas e chamei por Percy e Charlie.

– Bom dia, Be – abracei-o.

– Bom dia, tia Annie – é, ele já chamava a mim e a Percy de tios porque Annabeth e Percy eram estranhos e senhor e senhora Jackson muito formais.

– Percy, vamos? – gritei escada acima de novo. Ele veio descendo vestindo uma camiseta com Charlie em seu encalço.

– Vamos, já estou pronto. Bom dia, Breno – Percy cumprimentou-o. Depois de conversar com Breno por vários dias, Percy finalmente percebeu que ele tinha boas intenções e resolvera não ser chato com ele. – Pegou os presentes?

– Já estão no carro. Vamos?

Saímos os cinco de casa e em pouco tempo estávamos em frente à casa dos Di Angelo. Descemos e Zoe deu a mão para Breno.

Entramos e metade da família já estava lá. Vi Thalia e Nico em um canto conversando com uma mulher de cabelos escuros e uma outra ruiva. Quando os chamei, vi que se tratavam de minha mãe e Ártemis.

Zoe foi até as duas e as cumprimentou. Ela apresentou Breno as duas e ele as cumprimentou. Fiquei um pouco tensa (elas eram deuses, né), mas elas só sorriram para ele. Minha mãe começou a conversar com ele e Ártemis disse precisar ir atrás de seu irmão, Apollo.

– Espera, então sua tia se chama Ártemis e tem um irmão chamado Apollo? E sua avó se chama Athena? Igual a mitologia?

– É – Zoe respondeu nervosa. – Digamos que muitas pessoas na minha família tem nomes mitológicos, ok?

– Isso é muito legal – ele sorriu.

Zoe apresentou ele para todos da família e ele foi educado com todos e recebido do mesmo jeito. Em determinado momento, Zoe disse que eles iriam das uma volta pelo quarteirão e voltavam já. Concordei e vi minha mãe vindo em minha direção e de Percy.

– Oi, mãe.

– Olá Annie. Percy.

– Senhora – ele disse. Estávamos vivendo um período de nossa vida em que minha mãe havia finalmente percebido que Percy era uma boa pessoa no final e começara a ser bem educada com ele, vinte anos depois de o conhecer. Era melhor do que nada.

– E então? O que achou de Breno?

– Gostei dele, sinceramente Annie. Tomei a liberdade de ler seus pensamentos enquanto conversávamos e acho que Zoe terá uma surpresa em alguns minutos.

– Que tipo de surpresa, mãe?

– Uma das boas eu prometo – ela saiu sem nos dizer o que era.

Olhei para Percy e ele passou os braços por meus ombros e me abraçou.

– Vai ficar tudo bem, amor. Se sua mãe disse que vai, não é da deusa da sabedoria que vamos discordar.

– Tem razão. Mas eu fico preocupada mesmo assim.

– Não precisa mais, Annie – ele apontou para o portão. Zoe e Breno estavam passando por ele agora.

Esperei que Zoe viesse em nossa direção. Breno foi por outro caminho, o que me assustou no começo, mas então ele entrou no banheiro e Zoe se sentou ao meu lado.

– Então? Como foi?

– Foi ótimo, mamãe – ela olhou para mim e levantou a mão. – Breno me deu uma aliança de compromisso – ela quase gritou.

– Ah, Zoe – abracei-a. – Deixa eu ver, meus deuses – peguei sua mão. Era um anel prata simples, com três pedrinhas. Levantei sua mão um pouco mais para que Percy a visse.

– É linda, princesa – ele sorriu. Não poderia dizer que ele estava completamente satisfeito com aquilo, mas a princesinha da vida dele estava muito, mas muito feliz, e ele não ia privá-la disso. Sabia o que ele estava pensando. Ele sabia o quanto era boa a sensação de estar com alguém que se ama e não ter nada, além de eles mesmos, para separa-los. Quando Zoe se levantou dizendo que ia mostrar a madrinha e as primas, me virei para Percy e beijei-o.

– Estou orgulhosa de você por não ter tipo, arrancado a aliança dela.

– Sei tanto quanto você o quão ruim é ficar longe de alguém que você gosta muito por influência de terceiros.

Sorri para ele e ganhei um sorriso de volta. Deitei minha cabeça em seu ombro e fiquei observando o quintal, cheio de nossas pessoas favoritas no mundo, suas crianças e suas outras pessoas preferidas no mundo. Era bom ter paz nesses dias, era bom não viver mais em constante medo.