Fui acordada por Percy nesse dia. Sim, estranhamente ele acordou antes de mim.

– Bom dia, amor – ele me chamou e eu me sentei na cama. – É hoje.

Sorri tristemente. Ele veio até mim e se sentou ao meu lado, me abraçando e deixando que eu chorasse. Eu havia chorado muito nesses dois dias por causa de Zoe. Já com dezoito anos, ela precisaria se mudar. Por que? Faculdade.

Até a metade do terceiro colegial ela não fazia ideia do que queria prestar, até que certo dia chegou em casa e disse querer fazer moda e design.

– Tem certeza, Zoe?

– Bem, mãe. Eu acabei de chegar à conclusão de que isso combina comigo. Eu adoro desenhar e combinar as coisas e, sei lá, eu quero tentar.

Concordamos e, no final do ano, ela havia ganhado uma bolsa integral. O único problema: ela teria que se mudar. Depois que ela decidiu isso e ganhou a bolsa, nós fomos para a cidade onde a faculdade ficava e começamos a procurar apartamentos. Achamos um que ficava perto da faculdade, só que ele possuía muitos quartos, então ela foi perguntar na escola pessoas que pretendiam morar por ali e encontrou mais duas amigas que iriam para faculdades na mesma cidade e dispostas e morar lá.

Alguns dias antes de hoje, que foi o dia da formatura dela, nós estávamos prontos, indo para a festa. Zoe estava linda. Ela escolhera um vestido grego branco com uma fenda na perna. Usava saltos dourados para combinar e acessórios também. Ela usava sua mais nova aliança, uma que Breno havia lhe dado no começo do ano, dourada, com três arcos e três pequenas pérolas, uma em cada arco. Eu também usava um vestido longo, só que azul, mas não darei muitos detalhes de como estava, pois minha bebezinha estava muito mais bonita.

Chegamos ao local da festa e fomos para a nossa mesa. Estava conversando com Zoe, até que alguém tocou seu ombro. Olhamos para cima e vimos Breno, tão lindinho em seu terno, devo acrescentar. Ele disse que estava na hora de os formandos entrarem e veio nos avisar. Como era para os pais entrarem com os filhos, deixamos Charlie ali com Thalia, Nico e os gêmeos e fomos com Zoe até a entrada.

– Zoe, só quero que saiba que eu e sua mãe estamos muito orgulhosos de você – e era verdade. Além de ser uma garota que nunca nos deu nenhum tipo de problema, Zoe fechou os anos sempre com as melhores notas e lutava com monstros nas horas vagas junto de seu irmão, porque a benção dos deuses, tanto para ela quanto para Charlie, haviam “esgotado”. Havia muitos outros semideuses pequenos que precisavam dessas bênçãos, não podíamos ser egoístas ao ponto de queremos benção só para nossos filhos, elas haviam nos servido bem por anos, era hora de servirem a outros.

Concordei com ele e esperamos nossa vez de entrar.

Hoje, uma semana depois da formatura, levaríamos ela para o novo apartamento. A boa notícia para ela era que ela não ficaria tão longe de Breno, já que, surpresa, ele havia passado na mesma faculdade que ela só que no curso de arquitetura (nem vou dizer como queria adotar aquele garoto por ele ter escolhido minha amada arquitetura) e havia conseguido um apartamento no mesmo prédio, uns dois andares abaixo do de Zoe.

Desci as escadas e encontrei todos prontamente trocados lá embaixo. Entramos no carro e fomos para o apartamento. Dois dias antes, eu, Zoe, Breno e sua mãe havíamos ido decorar os apartamentos deles, já que eles eram vendidos só com móveis do tipo cama, armários e essas coisas, precisando de cortinas, louças e essas coisas. Zoe e as meninas haviam entrado no acordo de pagarem alguém pra ir uma ou duas vezes por semana para que pudessem ficar mais tranquilas quanto a arrumação da casa e terem mais tempo para os estudos.

Chegamos no prédio e, já lá dentro do estacionamento, nós vimos o carro dos pais de Breno. Subimos até o andar de Zoe e entramos. Decidimos passar um tempo ali, só conversando com Zoe e o namorado e, ao final da tarde, tivemos que partir.

Zoe se despediu de Charlie, lhe dando um abraço.

– Vê se não fica até tarde no computador ou no celular – ela dizia enquanto o abraçava. – Não arrume encrenca na escola e seja um bom menino em casa, Charlie. E, em caso de monstros, use a espada, você se sai melhor com ela – ela soltou-o e abraçou Percy.

Percy se recusara a chorar uma só vez nesses últimos dias, mas vi ele soltando um lágrima não tão solitária quando abraçou Zoe.

– Eu vou ficar bem, papai – ela dizia enquanto o abraçava. – Sou uma garotinha esperta, lembra? Igual a mamãe. E eu estou mais perto do mar por aqui. Sou uma garota do mar também, né?

– Eu sei, Zoe. Mas qualquer coisa, qualquer coisa – ele enfatizou – você só dá um grito que eu venho correndo, ok?

Ela balançou a cabeça e ele beijou sua testa, se afastando dela e dando passagem para que eu me aproximasse dela. Vi seus olhos marejados e senti suas lágrimas em meu ombro quando a abracei, assim como ela deve ter sentido as minhas.

– Eu estou tão orgulhosa de você, Zoe.

– Obrigada, mamãe.

– Seu pai está certo, qualquer coisa, ligue para nós.

– Tá bem, mamãe.

Soltei-a e dei um beijo em sua testa. Abracei Breno e me despedi dele também.

Saímos do apartamento e entramos no carro. Charles se deitou no banco de trás e disse que iria tirar uma soneca. Senti o olhar de Percy em mim e eu o retribui. Ele tirou uma da mãos do volante e pegou a minha, que estava em sua perna. Em outras ocasiões eu teria chamado sua atenção por tirar uma das mãos do volante, mas o trânsito estava tranquilo e eu estava precisando daquele pequeno conforto.

– Ela vai ficar bem – ele me disse.

– É claro que vai – disse sorrindo. – Ela é filha de dois semideuses que estiveram em duas guerras contra deuses e titãs e monstros e gigantes, como poderia não ficar bem?

Recebi um sorriso de volta.