O Assassino de Valesco escrita por Felipe Araújo


Capítulo 2
#2 - Estrada


Notas iniciais do capítulo

Segundo capitulo de #14 - Comentem por favor, após a leitura :)



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Diferente dos outros dias acordei bem mais cedo, naquela manhã minha mãe ao menos bateu em minha porta como era de costume. Levantei pulando da minha cama, me arrumei e peguei uma mochila com tudo que eu precisava, fiquei minutos escolhendo quais camisas seriam apropriadas para a festa, tudo deveria estar perfeito. Mas não tinha tempo, não enrolei e sai lentamente do meu quarto para não acordar ninguém. Fui ao banheiro, escovei os dentes, e olhei-me no espelho.

– A espinha sumiu, acho que a pomada que passei fez realmente efeito. – Arrumei meus cabelos armados e me perfumei, sem delongas já saiu do banheiro. As escadas velhas de casa faziam eco quando pisava no mármore por este motivo fui cauteloso não queria acordar ninguém, os sermões de meu pai não eram nada agradáveis ainda mais quando ele não estava feliz, descendo as escadas contando cada passo me deparo com os retratos da família destacado nas paredes verde água, parei por alguns segundos olhando fixamente para uma das fotos. No retrato meu pai abraçava minha mãe e com um beijo na bochecha tirava um longo sorriso dela, enquanto minha irmã que no retrato estava com oito anos pulava puxando os braços de meu pai, e eu como sempre ao lado sorrindo. Aquilo me fez despertar recordações e lembranças maravilhosas, mas o que eu estava pensando? Ficaria apenas três dias fora. Retomei meu cauteloso percurso e desci as escadas, não olhei para os lados apenas fui em direção a porta com minhas mochilas nas costas quando olho sorrateiramente para o lado meu pai estava sentado na sua poltrona de couro.

– Já vai? – Perguntou levantando – por que não acordou sua mãe?

– Estou saindo, e não a acordei para não incomodar.

– Alan, está cidade que você diz ir não está no mapa, se você se per... – Interrompi o velho com um abraço, apertando seus ombros eu falava.

– Não se preocupe meu velho, eu volto em três dias. – Larguei meu pai e o olhei, seus olhos chamuscavam implorando para responder-me, mas ele ficou quieto, então me despedi e sai sem olhar para trás, ao menos quis despedir-me de minha mãe e de Sarah, sai mais ou menos uma hora mais cedo do combinado para não ter esse drama que eu já sabia que iria ter, mas o velho estava acordado. Realmente meu pai se preocupa comigo.

Abri a porta e o deixei com sua face triste e preocupada, acho que ele não queria realmente que eu fosse, mas pai é pai sempre assim, não sou mais criança. Saindo de dentro de casa me deparo com uma manhã escura, o sol ao menos apontava para nascer. Cedo de mais era a frase certa para nossa saída, mas ao sair na calçada já via a Zafira preta de sete lugares do pai de Marcus, eram eles acenei com a mão direita levando nos ombros minha pesada mochila. Marcus parou o carro e saiu de dentro, pulando e sorrindo jogando um de seus braços em meu ombro ele abre o porta-malas, Rique de dentro do carro gritava eufórico e batia no teto estofado do grande carro, Dani solta gritos misturados com frases.

– Alan seu exagerado, que tanta coisa.

– É vamos ficar três dias na festa, aqui tenho tudo o que preciso. - Coloco a mochila no porta-malas com a ajuda de Marcus e fechamos com força, assim que estava tudo em seu lugar Marcus entra no carro e Rique já ia dando partida, então abri a porta de trás e entrei. Nos bancos detrás estavam Marcus e Elisa, Dani se encontrava na frente estava realmente á vontade, usava um shorts pequeno que iam ate suas coxas e uma camisa regata preta sorria e olhava para trás, Rique acelera e saímos rumo a maior festa de nossas vidas.

– Oi para todos. – Empolgado levei minhas duas mãos no encosto do banco da frente.

– Oi Alan, baixou o mapa no seu Tablet? – Dani exclama, ergui uma das sobrancelhas peguei o tablet com o mapa e dei-o em sua mão.

– Achou a fazenda no mapa? – Perguntava Rique, Marcus se torce para trás retirando do banco uma caixa media de isopor branco.

– Sim, mas deu muito trabalho. – Estávamos muito animados para chegar lá e a estrada era longa, calculávamos três horas. Elisa olhava para a janela calada não olhou para mim, a encarei por alguns segundos, mas ela não cooperou. Percebi que estava muito bem vestida, usava uma calça Jeans clara que ornava absurdamente com sua camisa lisa cor azul clara. Não estava aguentando aquela tensão no ar então peguei em seu braço puxando a sua atenção.

– Lisa por que esta assim?

– Nada esquece, não estou brava. – Falava como se eu não estivesse lá.

– Então olhe pelo menos para mim, quando falar – Cutuquei sua barriga, sabia que ela tinha cosegas, mas ela se esquivou.

– Alan esqueça tudo o que aconteceu ontem – exclamou se colocando a frente. - Coloca uma musica Rique

– É coloca uma musica para diminuir o clima tenso destes dois melancólicos, eu não quero ficar no meio deles e levar pancada.

– Marcus não esta vendo que eu estou falando com a Elisa – respondi o engraçado como ele merecia, mas ela ao menos demonstrou gratidão.

– Tudo bem Alan, não temos nada pra falar neste momento – Elisa estava explosiva e diferente, não sei o que estava passando em sua cabeça - coloca um som bem agitado, vamos começar a curtir desde agora.

Dani coloca um Pen-drive e escolhe uma musica bem agitada, uma musica com a vibe extremamente furiosa com batidas eletrônicas, abrindo a caixa de isopor retiramos varias garrafas de Ice, vodkas com sabor e cervejas, começamos a beber ali mesmo, apenas Rique que não encostou a nenhuma bebida, não por vontade própria, mas por que Elisa não deixou.

Tivemos a sorte de Rique já ter dezoito anos, se ele não houvesse repetido a oitava serie, ele não estaria com a carteira de motorista e não poderíamos ir de lado carro. Sorte maior foi o pai de Marcus ter emprestado o carro, este carro era o xodó do velhaco e só poderia estar em mãos do filho quando ele fizera dezoito anos coisa que foi antecipada por motivos únicos. Ultima festa do ensino médio. Paramos de beber quando entramos na Serra, o ar mudava drasticamente por causa do lugar, nuvens cinzentas e carregadas começaram a tapar o céu azul, iria chover.

– O tempo esta para virar vai chover – falou Lisa, olhando para fora da janela.

– Não fale isso, estamos entrando na serra litorânea, é cheio de curvas perigosas e rodeada de mata fechada – Sussurrou Dani que se enrolava em sua blusa de frio.

– Está com medo Dani? – Perguntava Rique ironicamente gargalhando da expressão da garota ao seu lado.

– Estamos no meio do nada e se chover podemos ate nos envolver em acidentes. – Para descontrair as musicas e bebidas já não eram o suficiente, então no intuído de quebrar o clima tenso da serra tive uma ideia boba, mas que poderia nos ajudar.

– Galera em casa quando meu pai quer descobrir algo que eu ou minha irmã escondemos ele brinca do jogo da verdade.

– Lá vem o Alan com estes jogos de família, eu estava lá um dia quando seu pai começou a jogar isto – Marcus reclama e Rique sorria e também completava.

– Eu também já ouvi falar da velha brincadeira de sua família, espero que joguemos com outras regras.

– Claro Rique, o jogo é assim – olhei para as garotas elas estavam desconfiadas, mas continuei – Eu começo o jogo, escolho alguém que terá que responder uma pergunta que eu já sei a resposta para todos ouvir, se ele responder com uma pergunta mentirosa saberei, e direi a resposta da maneira correta

– Isso não é legal, – exclamava Elisa desconfiada – assim vocês descobriram segredos.

– Ah Lisa vamos brincar, eu quero saber mais sobre meus amigos – Comentava Dani que se debruçava para trás olhando para Marcus que esquivava.

– Bom eu começo – olhei para Rique, olhei para Dani, Elisa, mas eu já sabia o que perguntar - Rique.

– Lavem bomba não é senhor Alan – Sorridente ele olhava pelo retrovisor serio e concentrado na pista.

– Então meu irmão, diga para nós você realmente está gostando da Barbara? – Rique fixou o olhar mais serio ao retrovisor enquanto todos em silencio esperavam a resposta.

– Alan seu pirralho, e-u-u – gaguejou, mas completou serio -, sim eu gosto da Barbara.

– O que? – Dani se espantou, Marcus imitava minhas gargalhadas, enquanto Elisa levava uma das mãos na boca e continuava o discurso.

– Então quer dizer que o maior garanhão do colégio esta apaixonado, disso já sabia – vi pelo retrovisor o rosto de Rique corar – gostei da sua resposta, escolha alguém para lhe responder.

– Tudo bem, ela é linda, gosta de mim e eu já venho saindo com ela á dias, é fiquei constrangido e já que você entrou neste assunto, eu pergunto para Marcus – Via o rapaz se esconder ainda mais seu olhar dentro de seus óculos.

– Esta eu quero ver – comentei jogando um de meus braços nos ombros de Marcus.

– Marcus você ainda não me disse ao certo, mas eu sei muito bem a resposta, diga de quem você gosta, e gosta há muito tempo. - Marcus coloca as mãos sobre a testa e retira seus óculos, suas feições mudaram drasticamente com a pergunta, mas pelo visto ele queria de qualquer maneira cuspir a resposta a muito tempo.

– Vamos Marcus responde está e sua chance – o confortava, Elisa e Dani não tiravam os olhos do garoto.

– Tudo bem, de quem eu gosto há muito tempo – se joga para frente e pega em uma das mãos de Dani – e de você Daniella.

– De mim? – Falava surpresa, todos o olharam como estatuas esperando Dani responder alguma coisa.

– Marcus, seu bobo – vi o rosto de Marcus embranquecer como papel, mas Dani continuou a falar, - eu gosto muito de você também.

– Esta brincadeira está ficando quente. – Elisa suspira, enquanto Dani debruçava seu corpo para trás e dava um longo e ardente beijo em Marcus, que ao se desgrudarem de branco seu rosto estava pimenta.

– Vai Marcus é sua vez – Sussurrei, ao lado de fora os pingos da chuva começavam a cair, o ar gelado e a neblina pioraram, as curvas da serra e a precária situação da pista balançavam o carro de um lado a outro procuramos nos distrair ao máximo para não pensar na pista, enquanto Rique não tirava sua atenção das linhas do asfalto opaco e velho.

– Vou fazer uma pergunta para Elisa – Marcus sorria, meus dedos por alguma razão soaram na hora, o que será que ele ia perguntar?

– Não estou brincando, - falava olhando para o vidro da janela do carro, - está chovendo muito e a visibilidade está ruim, vamos ficarmos quietos e não tirar a concentração do Rique.

– Estou concentrado, Lisa – Gargalhou o motorista hilário, então ela suspira forte e Marcus falara olhando para a loirinha.

– Vamos Lisa todos já estamos cansados de olhar você mastigar seu segredo, apenas Alan não se tocou. – Elisa arregala os olhos e belisca as costas de Marcus que se contrai, Dani e Rique não paravam de rir, não entendia a piada.

– Você não tem este direito Marcus.

– Ele está seguindo as Regras Lisa – Dani exclamava e Elisa ficava roxa de raiva

– Dani traidora – cruzava os braços com força ela não queria brincar, então exclamei olhando para todos.

– Deixa quieto, ela não quer brincar.

– Tudo bem. – Mas Rique vira-se para trás olhando fixamente para Elisa termina o que Marcus começou.

– Alan, Elisa te ama, ela gosta de você – Elisa arregala mais seus olhos, e eu pasmo não sabia o que falar, em um segundo Elisa estava com suas duas mãos no pescoço do Rique e o volante dançando sozinho.

– Elisa solta o Rique agora – Dani gritava histericamente, a chuva era violenta a visibilidade debilitada e Rique ainda distraído. Em uma fração de segundo vejo um volto sair de dentro da floresta e parar alguns metros de distancia no meio da pista, sem esperar eu soltei um grito alto e agudo

– Cuidado Rique! – Ele voltou ao volante tentou desviar, mas era inútil, já estava encima do que eu havia visto. O impacto foi violento eu não consegui ver nada foi tudo tão rápido. Mas Rique puxava o freio de mão com firmeza e calma e o carro para violentamente.

– Ah! O que foi isso? – Rique falara com um pequeno corte em sua testa que não parava de sangrar, - vocês estão bem?

– Acho que sim! – minha visão ainda embaçada fez-me cuspir palavras tortas - Rique, Elisa, Daniella vocês estão bem? – Marcus se arrastava ao chão do carro procurando seus óculos. Minha cabeça doía mas vi que nada me aconteceu olhando para as garotas observei que elas estavam inteiras sem nenhum corte ou ferimento. Todos saímos do carro menos Rique que ficou La dentro ligando-o, a chuva caia forte sobre nossas cabeças a água chegava ser sufocante, ao lado da pista um animal grande e muito sangue no chão. O carro com sua frente totalmente destruída

– Meu pai vai me matar – indagava Marcus com as duas mãos sobre a cabeça.

– O que atropelamos? – Elisa perguntava com uma de suas mãos na barriga parecia dolorida, e Rique limpando sua testa com um pano que se encontrava no porta-luvas responde a pergunta.

– Parece um cavalo.

– É um veado, mas que ignorância. – Dani responde com ironia – tanto músculo para pouca inteligência. - Rique tentava dar partida no carro, mas nada adiantava ao menos ligava.

– Que droga, a mangueira que passa gasolina ao motor do carro deve ter quebrado não esta girando a gasolina, não poderemos sair daqui.

– Peguem os celulares vamos, - Lisa gritava tirando o dela do bolso – é só o meu que não tem sinal?

Não parece que todos os celulares estão sem sinal – Marcus completava histérico

– Como sairemos desse fim de mundo? - Eu estava meio perplexo com a situação, não estava a fim de ficar na estrada, então pego o tablet com o mapa que estava dentro do carro para verificar onde poderia haver um posto mais próximo.

– Olha tem um posto de gasolina não tão longe, vamos andar até lá e pedir ajuda.

– Andar nesta chuva? Alan você ficou maluco, eu que não vou. – Era de esperar esta reação antes mesmo de eu a chamá-la, porem ela tinha razão á chuva era violenta.

– Então eu e o Rique vamos procurar ajuda, você Dani fica aqui com o Marcus e com a Elisa.

– Não eu também vou – arregalei meus olhos, Elisa queria ir, não queria ver andar tanto e nem que ela passasse algum sufoco, mas ela continuava a falar firme.

– Eu quero ir não vou ficar aqui parada.

Eu não consegui dizer não para Elisa. A chuva era tensa e forte, coloquei o Tablet enrolado em uma sacola no bolso e começamos a andar, Dani acenava com a mão gritando para irmos logo, enquanto Marcus chutava o capo do carro com raiva pelo veado ter amassado ele intero devido à batida. Continuava olhando para trás e eles iam sumindo. A estrada era longa aos redores apenas mata fechada não havia acostamento e por incrível que pareça nenhum veiculo passara até nós, andamos por alguns minutos sem ao menos nos olharmos.

Reparei em Elisa que estava ao lado de Rique, ela tremia e demonstrava medo, não sei por que quis vir, por alguns momentos queria acreditar nas palavras de Rique. Será mesmo que ela gosta de mim que sente algum tipo de sentimento? Não sei se era possível, pois ela sempre foi minha amiga. Há mais de cinco anos que nos conhecemos. Continuei olhando para ela, e em um segundo nossos olhos se fixaram e logo se desencontraram em um ‘ato de disfarce.

– Gente que furada não? – Rique quebra o gelo

– Realmente vamos chegar atrasados ainda bem que saímos um pouco antes do combinado.

– Vamos com calma, pois a visibilidade não esta muito boa e a serra é cheia de precipícios.

– Isso Lisa vamos com calma – parecíamos três loucos andando na chuva sem rumo, - isso não é um tanto assustador, olhem para trás e depois para os lados.

– Pare Alan esta me assustando, - Elisa retrucava, enquanto a chuva dava uma amenizada, reparando em alguns trechos da pista dava para se ver grandes quantidades de bananais nos morros da serra, aquilo poderia ser a fonte de renda da cidade me animou ao ver as plantações isso poderia indicar que estávamos perto de algum tipo de civilização.

Andamos cerca de meia hora, estávamos cansados e com a respiração acelerada devido à água da chuva, que nesta altura estava se dizimando, passamos por incontáveis curvas, tentei nos localizar pelo tablet, mas pelo estado de meus bolsos ensopados ele estava desligado, novidade queimou. A cada passo nosso fôlego sumia e o animo também, Elisa abraçava meu braço de um lado e o braço de Rique do outro, estava fria e tremi precisava se aquecer de qualquer jeito. Mas foi quando viramos uma curva tão parecida da anterior que vejo uma espécie de cabana caindo aos pedaços com bombas de gasolina na frente, era o tal posto.

– Credo será que isso ainda funciona – A expressão de Elisa não era nada positiva.

– Tem que estar funcionando – Rique deduzia enquanto nós três corríamos ate a frente do posto de gasolina.

– Vamos entrar logo, e voltarmos estou preocupada com Dani e Marcus.

Era horrível a conveniência do posto era precária, sua frente era cor madeira suas janelas traziam a sensação de estarem ali a mais de um século de tão sujas que estavam, as bombas de gasolina velhas enferrujadas. E estampada em frente ao lugar o nome “Posto e conveniência Coyote”, e na porta uma plaqueta “Estamos abertos”. A chuva agora fina não parava de cair, meus dedos estavam parecendo ameixas secas devido a tanta água, precisávamos muito de ajuda. Ficamos parados por alguns segundos em frente a porta de entrada, escutamos algumas risadas e conversas

– Parece que tem pessoas nesta espelunca – Deduzi, reparando que na parte de cima da porta havia um pequeno sino que tocava quando ela era aberta.

– Que merda, tem até sino na porta, isto deixa a situação mais assustadora – Rique cutucava Elisa que dava de ombros e apertava meu braço, empurramos a porta e o sino fez um barulho denunciando que estávamos entrando, me surpreendi. O que explicaria tamanha surpresa? Meu consciente me perguntava, mas não pude responder. Do lado de dentro varias pessoas estavam sentadas, o lugar estava cheio de caipiras, e até algumas pessoas formais de terno e gravata.

– De onde essa gente saiu? – Perguntou Rique surpreso, – esperava ver um xilindró vazio e com moscas por todo lado.

– As moscas você acertou Rique. – Me enojava pelo local, como poderá ter tanta gente em um lugar esquecido por Deus? Estavam todos distraídos que ao menos nos notaram pareciam eufóricos e conversavam entre eles com conversas paralelas e longas.

As paredes eram madeira e o que decorava eram grandes cabeças de animais empalhadas e alguns ganchos e arpoes de caça que estavam como prêmios pendurados, nas vitrines cabeças de porcos temperadas com maças murchas eram um prato do cardápio, linguiças defumadas e asas de frango completavam a serventia do almoço, embrulhava meu estomago de imaginar aquilo tudo em um prato de refeição, Elisa desviava o olhar e se escondia atrás de mim.

Um homem velho e ranzinza de aparência abatida se aproximou, levava nas mãos um pano vermelho que enxugava sua testa molhada da chuva nos cumprimentou e começou a falar, mas era difícil entender sua boca estava com uma ferida enorme que dava nojo de ficar olhando.

– Não aparecem muitos jovens assim por aqui, ainda mais molhados deste jeito o que querem aqui?

– É que nosso carro quebrou a mais ou menos uma hora daqui e queremos ajuda - Elisa foi falando, sem olhar diretamente para o velho.

– Entendo! Mas não posso ajudar vocês, não tenho caminhonete e a chuva esta muito forte, não querem sentar e saborear uma das nossas comidas.

– Não senhor nós realmente não estamos com fome – Rique falara enquanto fixava o olhar em uma das moscas que dançava sobre as linguiças das vitrines.

– Se você tiver algum telefone!

– Não temos telefones, e sinal de celular só pega na parte mais alta e na mais baixa da serra, sinto muito.

– Tudo bem – pequei na mão de Elisa e sentamos em uma das mesas, Rique os seguiu e sentou perto de nós falando com um tom preocupado.

– Acho melhor irmos, já esta tarde e aqui ninguém vai nos ajudar.

– E voltar pra chuva? Não, vamos esperar um pouco.

– Desculpe interromper a conversa de vocês, mas estão precisando de ajuda? – Aquele homem aparecera do nada atrás de nossa mesa, sua aparência não era diferente do primeiro homem, esse vestia um macacão surrado jeans e uma camisa regata vermelha por baixo estava sujo de terra assim como suas unhas pretas. Mas não demorei e respondi aquele homem asqueroso.

– É precisamos de ajuda sim. - Foi quando percebi um segundo homem se aproximando, este era pior, envergava sua coluna para baixo parecia corcunda, usava um macacão idêntico ao do homem ao lado e seu sorriso era mais amarelo que sua camisa cor mostarda.

– Vamos ajudar, claro que vamos – Rique me olhou serio e Lisa balançava a cabeça dizendo não, porem Marcus e Dani estavam lá, nos esperando era a nossa única chance.

– Este é meu irmão Torico, e acho que não me apresentei, me chamo Tomas e moro em Valesco, sou agricultor da região e tenho um carro guincho.

– Precisamos descer a serra nosso carro bateu a uma hora daqui.

– Tudo bem podemos leva-los até lá.

– Sim, eu pagarei pelo guincho. – Rique retrucou, tirando da carteira cem reais, Torico o homem corcunda pegou o dinheiro e enfiou no bolso de qualquer jeito.

– Então está bem, Torico fale para o Jôir arrumar o guincho vamos descer a serra e concertar o carro deles – Elisa ainda estava receosa seus olhos chamuscavam medo e me abraçava o braço direito com tanta força que ate me machucava, um dos homens então nos olhou com alguns segundos e cuspiu palavras amigáveis.

– Tudo bem garotos, não se intimidem por nos sermos pobres não fazemos mal a ninguém. - Eu não tinha gostado deles, parecia suspeito, mas não havia outra maneira de sairmos daquela situação. Concordamos, saímos da conveniência do posto e entramos na caminhonete que estava toda suja de terra e mato.

– Desculpem ela estar neste estado agente subimos o morro pra colher pés de banana – Tomas jogava alguns sacos com bananas dos bancos de trás, Rique e Elisa sentaram juntamente a mim nos bancos de trás e Tomas e Torico na frente.

– Não, nós não se importamos. - Caminhonete foi descendo as ladeiras da serra, o homem que estava ao lado de Tomas não parava de sorrir com aqueles dentes todos amarelos e nojentos olhava fixamente para o retrovisor fazendo minha espinha gelar de medo Rique parecia se afastar mais e mais do reflexo do retrovisor a ponto de não encontrar os olhos dos homens, enquanto o motorista não parava de encontrar seus olhos escuros para Elisa, eu então puxei assunto para quebrar o gelo.

– Vocês moram aqui há quanto tempo?

– Rapas dês de que isso era tudo floresta nada disso existia, morava eu meu irmão e meu primo junto com nossa velha.

– Seu primo, onde esta seu primo? – Perguntei, olhando para Rique que fazia gestos de desconfiança, Elisa estava calada.

– Frederik, um amoroso garoto ele mora nas colinas a uns quinze quilômetros daqui, e vocês são de onde?

– Somos de Sorocaba aqui do estado mesmo.

– Vieram de tão longe para que?

– Vamos até a Fazenda Del Valesco – Torico sorriu e Tomas jogou o corpo para trás olhando para nós

– Esta fazenda fica ao lado do nosso chalé, lá temos uma oficina muito conhecida na região, poderemos guinchar o carro de vocês até lá.

– Ótimo - Queria que tudo isso acabasse logo, queria já estar na fazenda esperando apenas a noite cair para começarmos a festejar, mas isso teria fim estes homens irão nos ajudar e tudo Dara certo, este olhar de medo de Lisa ira desaparecer e iremos rir de tudo isso pela manhã. É o que espero, conversamos vários minutos eles pareciam ser gente boa. A chuva estava parando enfim chegamos até nosso carro que continuava ali parado, o animal morto na estrada agora estava com uma toalha sobre o corpo, imaginei, era obra de Dani. Déssemos juntos da caminhonete e não vimos Marcus e nem Dani.

– Onde estão os dois? – Preocupada Lisa corria ate o carro e com as feições de espanto saiam do carro os dois meio desarrumados.

– O que estavam fazendo? – Pergunta Lisa chocada.

Os dois Homens descem do carro, o que dirigia coloca um boné e cuspindo uma coisa nojenta ao chão, pega uma chave inglesa e retruca para o mais baixo e estranho.

– Torico pegue as ferramentas, por que vamos ter um longo trabalho


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Notas finais do capítulo

FIm do segundo capitulo, agora que chegou até aqui por favor comente, de sua opinião é que com ela que eu terei mais motivação! :)



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