O Assassino de Valesco escrita por Felipe Araújo


Capítulo 3
#3 - Sequestrados - parte 1


Notas iniciais do capítulo

Capitulo 3 separados em duas partes, se ler comenta por favor :)



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O nervosismo no rosto dos dois espertos que saiam do carro já denunciava o que estavam fazendo não precisou nem mesmo perguntar. Dani e Marcus estavam juntos. Marcus colocava sua camisa seu rosto estava corado como pimenta, enquanto Dani abotoava seu short jeans tentando disfarçar o flagrante. A chuva já se dispersava e o céu começava a ficar claro, finalmente.

– Dona Daniela por isso que não quis vir conosco – Elisa batia o pé esquerdo no chão e sorria um largo e quente sorriso para a amiga, parecia que as duas haviam combinado tal situação, pois Dani sorria o mesmo sorriso de Elisa.

– Não é isso é que sabe, estávamos sozinhos. – Retrucou para a amiga que olhara fixamente para o velho caminhão guincho cor de ferrugem que estávamos saindo, Marcus abraçara Dani e tentava enfim esclarecer, mas sua face de culpa era evidente...

– Calma Elisa não foi nada de mais. - Não quis saber o que eles estavam fazendo, porem ate eu fiquei meio constrangido, saímos na chuva passamos por varias coisas e os dois indivíduos na diversão, mas procurei me focar na pior situação, depois iríamos discutir o que Marcus e Dani fizera no carro, virei de costas e fui logo ressaltando ideias para os dois caipiras que iriam nos ajudar com o carro.

– Senhor o que você pode fazer com o carro, ele esta ali no acostamento – O homem andou erguendo as sobrancelhas com um ar de mistério na direção do carro enquanto segurava uma flanela cor preta, parecia que esfregava em uma de suas mãos para limpar o que parecia estar sujo há dias. Enquanto Dani e Elisa iam ate uma arvore com uma mochila nas costas, provavelmente Elisa iria colocar roupas secas, olhei fixamente para o segundo homem que tentava de todas as formas esticar o pescoço para espiar as duas, Marcus e Rique também perceberam e junto se colocaram na frente da visão do abominável homem.

– Bom garoto, pelo que vi aqui não tem conserto, a não ser que você compre peças novas que só encontrará daqui mais ou menos uns 100 quilômetros – Tomas que era o que mexia no carro parecia serio, falara aquelas palavras com um ar de certeza, acreditei. Olhei para Marcus e Rique que já não tinham esperanças de chegar a tempo da formatura.

– Você tem certeza Tomas, nós precisamos chegar até a Fazenda Valesco até as três da tarde.

– Fiz o possível, ou você acha que vir aqui brincar com vocês? – Marcus então se colocou a frente, entretanto com uma face de fúria sufocava palavras de desanimo para o senhor.

– Eu tenho certeza que veio aqui brincar conosco, ou até mesmo tirar uns trocados – o homem o olhara profundamente, mas o rapaz de óculos parecia fora de si, - você não entende meu pai vai me matar se eu não levar este carro do mesmo jeito que tirei da garagem. – O homem então também se colocava a frente e cuspindo no chão falara mantendo seus olhar profundo e amedrontador.

– Eu estou apenas tentando ajudar. – Torico o mais baixo sorria com seus dentes decrépitos, queria por um fim naquela cena, então peguei em um dos braços de Marcus o colocando atrás de mim e falei.

– Perdoe meu amigo ele está apenas preocupado, será que não tem outro jeito, de nos ajudar, eu irei pagar.

– Vamos para aquelas bandas, temos uma cabana que poderá ter alguma coisa para o carro, e nosso chalé não fica muito longe dessa tal fazenda que vocês pretendem ir. – Tomas terminava de falar e virava-se até a porta de sua velha caminhonete, olhei para meus amigos, Dani e Elisa chegavam ao local, Elisa agora com uma nova roupa seca e confortável, reparei em seu corpo que parecia diferente, mas voltei a si e expliquei para todos.

– Temos que ir junto com eles, arrumamos o carro rapidamente e voltamos para a estrada. – Elisa e Dani não gostaram muito da ideia, porem concordamos não tínhamos muita opção, era a ajuda deles ou ficar ali até alguém passar naquela serra deserta e esquecida por Deus.

– Vamos com vocês – Rique falara - temos que ir pra festa.

– Então subam na caminhonete, os três iram conosco e as duas podem ficar no carro guinchado se preferirem, Torico pegue a correndo do guincho para arrastarmos o carro.

– Sim Tomas como quiser. - Aquele homem era diferente do outro ele tinha um olhar mais profundo e obscuro, medo era o que explicava quando se olhava por algum tempo para, aquele olhar sempre desviava para Dani e Elisa, ficava mais tranquilo em saber que elas iriam ficar atrás seguras no carro.

Torico amarrava o carro com uma grossa corrente enferrujada como as portas de sua caminhonete. Nós três entramos junto com Tomas e sentamos nos bancos de trás, olhei checando se Dani e Elisa entravam seguras no carro guinchado e Tomas da a partida na caminhonete quando Torico dava o sinal de que tudo estava certo, então o homem estranho entra na caminhonete e enfim saímos estrada a fora. Marcus olhava sempre para trás checando seu carro que mais parecia sucata pelo amassado, parecia muito preocupado tirava seus óculos e amassava seus olhos que já estavam ficando avermelhados, tentei amenizar tanta culpa e preocupação, apertei com minha mão direita seu ombro e sorri para meu velho amigo. Andamos por alguns minutos em um silencio intenso, olhávamos para os espelhos onde refletia as faces velhas e horríveis dos dois caipiras, sempre desviava o olhar, pois aquele sorriso de Torico me dava calafrios, mas o silencio e quebrado quando Tomas indaga secas frases.

– Nesta época do ano veados atravessam com mais frequência às pistas, nestes tempos muitos viajantes sofrem acidentes, por isso gostamos de ajudar. – Eu e Rique nos olhamos e logo veio em minha mente uma vasta lembrança.

– O velho do posto nos conto que era raro aparecer pessoas de outras regiões por aqui. – Torico parecia um doente mental com aquelas gargalhadas silenciosas, e Tomas sempre desviava seu olhar para nós e completava.

– É que não levamos as pessoas que ajudamos no velho posto do Coyote, levamos na casa de meu Primo Frederik e fazemos um grandioso banquete para aliviar a preocupação das pobres pessoas.

– Como assim? – Marcus perguntava, ainda olhando para trás checando se as garotas e seu carro estavam bem.

– Vocês não entenderam o que meu irmão falou, ele quer disser que nossa caridade não tem fim, e alem de ajudar damos abrigo ate estar tudo bem.

– Nos entendemos muito bem o que você vocês quiseram nos dizer, mas não temos tempo temos que ser rápidos. – Rique se expressou, mas os homens se calaram e o ar de tensão voltou a reinar.

Olhava para o lado de fora do carro imaginando no tamanho do problema que havíamos criado, por que estávamos nesta furada, não sabia explicar. Tudo começou a dar errado, tudo que imaginávamos estava saindo do controle. Olhava aqueles homens imaginando se realmente suas intenções eram boas, por um segundo me lembrava de tudo que minha mãe sempre me dizia quando criança, não aceitar ajuda de estranhos, será que a euforia de chegarmos à fazendo nos cegou te tal maneira que estávamos em uma caminhonete com dois caipiras que jamais vimos na vida, tentei ver o lado positivo e não pensar mais em nada.

Entramos em uma estradinha de terra e saímos do asfalto o carro pulava diversas vezes devido aos grandes buracos e a precariedade de onde passávamos as pouquíssimas casas que víamos entre as arvores ia se extinguindo e davam lugar a enormes plantações de bananas, morros enormes, e uma floresta densa e escura que consumia a luz do dia realmente não sabia onde estávamos só sabia que era longe muito longe de qualquer coisa. O clima me fez lembrar-se da noticia no jornal no outro dia, a noticia da morte de um grupo de adolescentes iguais nos, estremeci em um calafrio gigantesco que passou por todo o meu corpo, era uma mórbida coincidência estarmos em um acidente na serra onde já aconteceram diversas mortes, me sentia cada vez pior.

Imaginava o medo das duas no carro guinchado, olhava para trás. Só conseguia ver o vulto delas, Elisa deveria estar com muito medo, por que estava tão preocupado com Elisa? Nunca me preocupei tanto com ela, desde o momento que Rique falara aquilo no jogo da verdade, será mesmo que ela se importa comigo desta maneira calorosa que Rique jogou, ou é apenas mais uma brincadeira dele. Isto eu não sei, mas meu sentimento por ela mudara conforme eu olho para ela.

Voltei a olhar para meus amigos que mantinham as faces de medo e preocupação, não quis ser importune e fiquei em meu silencio com meus pensamentos aguçados só para mim. Percebi que já percorríamos diversos quilômetros e a mais de uma hora estávamos na estrada, quebrei novamente aquele atormentador e tenso silencio.

– Depois que virou aquela estrada de terra não vi ninguém, ou nem mesmo uma casa. – Tomas não mexeu um músculo continuava a dirigir olhando para frente, Torico dava a voz.

– Estamos chegando a nossa cabana, realmente ela é um pouco afastada da estrada, ela fica no alto da serra nos morros de Valesco. – Rique gritava não com sua boca mais com os olhos, seu olhar tremê-lo demonstrava o pavor que estava sentindo, Marcus na mesma situação cochichou quase sem fala em meu ouvido.

– Tem certeza mesmo Alan que está tudo bem? – Não consegui responder, apenas dei de ombros para ele e olhei novamente para trás, deixávamos uma vasta poeira de terra onde passávamos a única coisa que dava para se ver, pois o breu de um deserto era a sensação que sentíamos de estar em um lugar que nunca estivemos.

Mas foi quando viramos uma curva e entramos em outra estrada agora bem menor que a outra, que começamos a ver uma enorme cabana entre as arvores. Logo estávamos em frente a uma cerca de arames farpados ligados a enormes troncos socados a o chão a cerca parecia não ter fim olhei para os dois lados e ela era como se fosse o portão de tamanha residência. A caminhonete parou, Torico desceu sem delongas e já foi abrindo a cerca, o veiculo então se coloca dentro do enorme quintal velho e cheio de entulho da velha cabana.

A primeira coisa que percebi foi alguns veículos decrépitos e caindo aos pedaços na residência, arvores e troncos caídos formavam a decoração do lugar, cinzas de alguns objetos estavam por todas as partes e alguns saiam uma pequena fumaça, por incrível que pareça aquilo tudo parecia abandonado. A cabana em si era velha, cor de madeira podre, portas e janelas brancas de um branco gasto pelo tempo e por cupins. Porem era enorme, dois andares com janelinhas redondas no andar de cima.

Descemos da caminhonete assim que ela foi estacionada, abri rapidamente meu lado da porta e já corri ao encontro das garotas que estavam no carro guinchado de Marcus. Dani e Elisa saiam do carro desconfortadas e doloridas pelas batidas dos buracos frequentes da estrada, o rosto delas tinha a mesma expressão que nossos rostos, medo. Enfim nós cinco reunidos em uma cabana de gente desconhecida e isolada do mundo.

– Estão bem? – perguntei as meninas, Dani me abraçava e balançava a cabeça dando um sinal de positivo, porem totalmente insegura, Marcus olhava seu carro e ainda não se conformava, enquanto Elisa ia de encontro a Rique também com um olhar tenso. Tomas foi o ultimo a descer do carro, sorrindo foi falando indo em direção a nós.

– Bem garotos, pode se dizer que estão em casa, sintam-se a vontade enquanto irei arrumar o carro de vocês, Torico leve os convidados ate a cabana.

Torico foi à frente de nós e deu com as mãos em um sinal de recebimento, seu sorriso podre e suas mãos sujas eram um conjunto assustador, não queria entrar porem meu medo em contraria-los me fez dar um passo a frente dando inicio as atitudes dos outros que me seguiram, em instantes estávamos o lado de dentro, entramos em uma sala o acabamento era rústico, as cortinas nas janelas sem vida e cor de um branco morto, sujeiras por todo o chão e uma velha lareira que queimava em uma chama forte.

– Tinha algum aqui, a lareira está acesa Alan – concluiu Elisa que demonstrava mais medo do que antes, logo percebi que ela tinha razão.

– Fiquem a vontade eu irei ajudar meu irmão no carro de vocês, o banheiro e no andar de cima na primeira porta a direita. – Torico nos deixou sozinhos e saiu porta a fora.

– Isto é loucura, será que á algum telefone por aqui?


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Notas finais do capítulo

Capitulo 3 ainda não concluido, aguardem a 2º parte



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