O Assassino de Valesco escrita por Felipe Araújo


Capítulo 1
#1 - Escola


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo de #14 | Deixem comentários! Obrigado ;)



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Tema de abertura

Meu nome é Alan sou um garoto normal de dezessete anos, estudo em uma escola publica aqui do meu bairro desde a primeira serie. Neste período escolar fiz alguns amigos que considero muito e que estão comigo até hoje. Gosto muito de jogar videogames, principalmente os de luta, sou fera no gênero. Não gosto muito de sair de casa, frequento lugares calmos, como um belo restaurante com os amigos e um divertido boliche, sim. Não sou do tipo esportista, e nem o mais bonito da turma, sou mais quieto e no meu canto. Na escola sou sempre o ultimo a ser escolhido no futebol, ou em qualquer esporte, não pelo meu físico que não é grande coisa, mas sim pela qualidade mesmo. Lembro-me bem de quando tinha uns dez anos, magricela, pálido, pequeno e orelhudo, eu era o centro das gozações, mas foi nesta época que conheci o meu melhor amigo, que ao oposto de mim sempre foi forte, e alto. É o Henrique que me defendia dos valentões da escola, e mesmo passando vários anos continua o mesmo amigo leal e divertido, porem totalmente diferente de mim.

Desde meus quatro anos de idade moro em Sorocaba uma cidade de interior de São Paulo, ela é uma grande cidade que para mim está mais para pequena metrópole, por ter por volta de uns seiscentos mil habitantes. Sempre gostei daqui, da sua gente, das ruas limpas e grandes, o verde das enormes arvores que ainda estão preservadas contrastante o opaco cinza do centro, que de uns anos para cá estão mais presentes dando um ar mais puro para respirarmos.

Estou no meu ultimo ano na escola, ah minha escola... Sentirei saudades. Saudades de tudo, claro. Dos amigos, professores, de Carla o meu sonho que talvez eu tenha coragem de me declarar no passeio de formatura, quem sabe. Dez anos estudando na mesma escola, que mesmo sendo publica por mais de vezes foi rotulada como a melhor da cidade, ótima escola. Não sou o mais esperto nem o que tiram as melhores notas, este titulo deixo para Marcus um dos meus melhores amigos ele sim já esta com um futuro planejado, já conseguiu uma vaga na melhor universidade do estado de São Paulo. Ele terá que mudar de cidade e toda vez que penso nisto um aperto agudo e dolorido aparece em meu peito, mas sei que seu sacrifício será compensado com seu esforço, isto já é um pouco confortante.

Neste ultimo ano na escola varias coisas veio acontecendo, coisas inusitadas. A grande novidade e que não haverá uma festa de formatura como todos os anos, não sei o motivo, mas a festa de formatura será realizada em uma cidadezinha ao norte da Serra litorânea de São Paulo. Andei pesquisando sobre a cidade, não tem muita coisa sobre. Apenas grandes e imensas plantações de Banana que envolve as fazendas da serra. Valesco, nome estranho e ao ler envolve-me em um ar de mistério, queria saber mais sobre a cidade. Google não resolveu e muito menos a Wikipédia parece que a historia do lugar nunca fora registrada. Ainda me pergunto por que neste lugar? Ideia do professor de biologia, declarou que na região a grandes florestas densa, escuras e inexploráveis. A intenção do velhaco e se infiltrar em uma destas florestas e achar coisas que serviria em sua pesquisa matinal. Mas continuo sem saber como achou uma fazenda em meio ao nada. Parei de pensar nisto algum tempo, só estou ansioso para tudo isso começar acontecer.

Ultimo ano, ultimo passeio com os amigos da escola, três dias só para nós, um lugar bonito... Espero. Toda noite estes pensamentos invadem minha mente com fúria, entusiasmo e euforia. Parecia que toda noite ao meu fechar de olhos via meus amigos reunidos, Elisa e Dani com seus vestidos que estão sendo confeccionados a dias, vestidas estariam deslumbrantes sorrindo com seus largos sorrisos. Felizes, este dia será memorável, será nosso adeus a está fase de nossas vidas, uma grande fase talvez a mais importante de todas até nossa morte. Pois é nesta fase que construímos um pouco da vida, nosso primeiro passo; onde encontramos grandes pessoas que por mais que o tempo e os anos passem eu tenho certeza que nunca mais vão sair das lembranças e pensamentos. Talvez sumam da rotina, claro! Cada um para seu lado, eu sei que isso será inevitável, mas contatos iremos ter, mensagens iremos trocar. Olharemos nossas fotos, nossos retratos e sorrindo lembraremos grandes momentos alguns chatos e outros nem tanto, mas lembraremos.

****

Como era de se esperar logo pela manhã minha mãe batia na porta do meu quarto, sempre batia com força para que eu acordasse, por mais que eu tenha um sono levíssimo não levantava. Preguiça, neblina das seis horas da manhã que tentava invadir de qualquer maneira os furos da janela, o que ela queria? Que eu tivesse o pique dela, impossível. Era por este motivo que eu sempre me atrasava para a escola, sem minha mãe eu ainda estaria na oitava serie, a preguiça me dominava pela manhã.

– Alan já esta tarde levante a vá para a escola, logo seus amigos passam para te chamar. – Ela bate na porta e a abre lentamente colocando apenas uma das mãos sobre a fria madeira da porta revelando seu rosto para mim, mantivera a todo tempo seu sorriso caloroso. Apenas olhei para seu rosto, sentia um enorme conforto ao ver minha velha mãe pela manhã, sua paciência invejável comigo e com minha irmã, aquela mulher sim era minha protetora. Como sempre levava aquele olhar de fundos olhos azuis que sempre animavam meu primeiro abrir de olhos depois de um longo sono. Ela tinha aquele dom maravilhoso, um dom de me despertar.

– Sim mãe eu já estou indo, - Respondi colocando o travesseiro sobre a cabeça, dando de ombros e virando para o lado – ainda está cedo.

– Vamos, não durma de novo ou vai se atrasar querido. – Escutei ela deixar o quarto, deixando a porta escancarada para eu não conseguir mais dormir era este o velho truque dela, sabia que eu não dormia nunca com minha porta aberta.

Como sempre levantei neste dia com muita preguiça queria dormir ate tarde, sentei na cama e levantei colocando os dedos do pé naquele piso gelado sentia uma corrente de arrepios correrem sobre todo o meu corpo, estremeci. Ainda com os olhos quase fechados, abri a janela e o sol tentava aparecer dizimando toda aquela neblina que a madrugada deixava para trás, aquele dia era obvio que ia ser lindo sem nuvens cobrindo o céu. Da janela do meu quarto dava parar ver a rua onde cresci e aprontei muito com meus amigos, me passa cada lembrança quando olhava para essas grandes arvores nas calçadas onde todo o dia subiamos para se esconder da mãe do Rique, que sempre queria dar uns puxões de orelha em nós por aprontarmos de mais. Era cada lembrança, travessura que jamais nenhum de nós iria esquecer, aquela rua nunca mais foi a mesma desde que crescemos as velhas senhoras davam vivas por termos parado com o futebol de travinhas de chinelo. Lembranças a parte era a hora de me arrumar, voltei a fechar a janela, fui ainda cambaleando de sono até meu guarda-roupas, logo lembrei que hoje exatamente hoje era nosso ultimo dia de aula e amanhã era a formatura.

Peguei meu melhor tênis, minha melhor roupa e parti para o banheiro, queria ficar o melhor possível. Hoje teria que ter a coragem de chegar à Carla, queria demonstrar segurança coisa que eu não tinha, talvez pedisse dicas para Rique já que ele era o maior pegador da escola e até do bairro. Mas como sempre o banheiro estava ocupado minha irmã Sarah que ficava mais de uma hora trancada lá dentro todos os dias.

– Sarah da pra você sair logo, – minha irmã tinha quatorze anos, sempre querendo se passar por mais velha, ficava horas arrumando aqueles longos cabelos castanhos, não sei para que, ela ainda não passava de uma criança – preciso urgente do banheiro Sarah, hoje é meu ultimo dia de aula.

– Ah será que uma adolescente não pode ter sua privacidade? – Gritou de dentro do banheiro - mãe você tem que arrumar logo o banheiro aqui do meu quarto, não estou brincando. - Todo dia era assim dês que o banheiro do quarto dela havia sido interditado, uma enchente inundava seu vaso sanitário toda vez que a descarga era acionada, e a mais de dias estava daquele jeito já estava acostumado com ela saindo gritando do banheiro desde então. Logo ela saia e eu já entro e tranco a porta, realmente o seu banheiro deveria o mais rápido possível ser concertado, pois na pia sempre estava sua chapinha, secadores, escovas de cabelo e tudo que uma garota de sua idade tem direito, era revoltante não conseguia nem encontrar minha escova de dente e nem mesmo meus cremes para espinha. Que logo percebo que eu deveria usar o quanto antes o tal creme, me espantei com a espinha que estava se formando em minha testa.

– Droga, uma espinha logo na véspera da formatura. – Entrei dentro do Box do banheiro me despi e logo sinto a água morna cair sobre minha cabeça, relaxante e necessário, não poderia sair de casa sem um longo banho quente. Aqueles minutos eram sagrados, era na hora do banho que vinham vários pensamentos dentro de minha cabeça, mas hoje não era dia de ficar pensando e sim dia de agir. O banho foi rápido, desliguei o chuveiro e peguei minha toalha enxuguei-me e a enrolei em minha cintura. Olhei-me um pouco perante o espelho, em alguns segundos fiquei imaginando eu com esta cara de tonto na formatura e para piorar com uma enorme espinha no rosto. Abrindo o armário, pego uma pomada que há tempos não usava, joguei-a de monte em minha testa esfregando ate ficar branca, sujando sorrateiramente meu cabelo, que saco ele estava grande. Tão grande que caia quase em meus olhos, pegando o gel espeto-o ate ficar em pé. Ele neste formato não está tão ruim destacavam a cor azul de meus olhos, não que eles sejam bonitos, pois nunca me importei, porem nestes últimos dias eu andava pensando um pouco sobre minha aparência.

– Hoje será um dia entanto Alan. – Falava para mim mesmo, meu cabelo estava realmente espetado já não estava em meus olhos, mudei um pouco meu penteado. Percebi que realmente dava algum brilho em meu rosto, será que a galera irá gostar? Não devo pensar nisto agora, eu gostei está bom assim. Pensava até alto de mais.

Escovei os dentes com precisão e rapidez e deixei o banheiro limpando minha testa suja de pomada. Voltei até meu quarto e peguei minha mochila, desci correndo as escadas de concreto e mármore de casa jogando a mochila nos ombros. No andar de baixo a primeira coisa que vejo é meu pai, ele estava lendo seu jornal na sala e antes de qualquer coisa já falava balançando seus óculos cor morta e extremamente grandes.

– Alan aonde é esta festa que vocês vão, - falava em um tom de desconfiança, dobrando seus joelhos e juntando o jornal ao seu suéter de malha marrom - você vem falando muito sobre esta formatura, mas os pais ao menos foram convidados?

– É em uma fazenda subindo a serra em direção ao litoral – respondi seco, - você deve estar ficando maluco, este e o encerramento do meu ensino médio vocês não foram convidados mesmo.

– Você sabe muito bem que ao menos algum comunicado deveria ter da escola em minhas mãos, e essa cidade ao menos está no mapa deve ser bem perigoso e fica em um local rodeado por mata fechada, vocês podem se perder, e para piorar adolescentes nestas festas alem de beberem demais se drogam e ficam iguais uns loucos. – Quanto mais ele falava mais tédio me dava, o velhaco sempre com seu discurso, não dei a mínima e ao menos respondi, mas ele não acabara de ditar sua democracia desnecessária.

– Estou confiando em você quero que me prometa que não vai fazer nada de que ache errado.

– Sim, pai você sabe que eu não sou assim. – Dei de ombros e me encaminhei ate a porta da frente. Ele olhou para mim com uma face de preocupação, minha mãe provavelmente escutara os mesmos sermões de sempre e deixava a cozinha em direção da sala, secando suas mãos em um pano branco retrucava com o velho marido.

– Meu amor deixe nosso filho em paz ele sabe se cuidar e nos prometeu que não ira fazer nada de errado. – Como eu amo esta mulher, minha mãe realmente me entende, isso ate me assustava de vez em quando.

– É isso mesmo mãe, te amo. - Minha irmã intrometida como sempre saltara encima do sofá de couro que havia em frente a tevê da sala, falando com seu ar de deboche, seca e grossa

– Vocês confiam muito no Alan, eu ouvi no jornal que sumiu uma família na serra litorânea, e nunca ninguém os encontrou - alterando a voz ela completa -, agora eu não posso nem ir ao shopping com minhas amigas.

– Não é verdade, em Valesco ninguém nunca sumiu – me defendo, e lembro que eu não tinha certeza disto porque não havia nenhuma informação sobre a cidade na internet, mas continuei firme nas palavras, - e claro que você não pode sair você só tem quatorze anos, como quer andar por ai sozinha? – Antes de ela responder e começar uma briga a campainha toca, e eu corro na janela para ver quem era já imaginando.

– Pessoal a conversa está realmente interessante, - mentira – mas já vou para a escola – E meu velho ainda lendo seu jornal sussurra mordendo um palito ao lado de sua boca.

– Não vai tomar café?

– Não, eu como na cantina da escola. – Minha mãe se despede, abri a porta e lá estavam Marcus, Rique, Dani e Elisa, meus amigos, já me esperando para juntos irmos para a escola.

Ah meu amigos, não conseguiria acordar todos os dias de manhã se não fossem por eles. Não pude deixar de reparar em Elisa, aquela loirinha estava realmente linda fizera alguma coisa em seus cabelos cor de ouro, pois estavam mais brilhosos do que nunca, seu vestido ia ate seus joelhos, era leve e radiante como seu sorriso. Assim como Dani que balançava seus novos cabelos cor de mel, por incrível que parece destacaram imensamente seus olhos verdes resplandecentes. Correndo abri o portão, com o sol brilhando em meu rosto estava realmente feliz neste dia, não via a hora de testar a felicidade dos meus amigos.

– Oi galera, estamos atrasados não acham? – Fechei o portão e ia de encontro a minha turma, Dani já ia reparando na minha atual aparência.

– Oi Alan, que visual é este? – senti meu rosto corar – Ficou muito bom seu cabelo, seu rosto está mais visível.

– Obrigado Dani – Agradecia, enquanto olhava para Elisa que ao menos disse uma palavra sempre na mesma, quieta e doce. A mais ou menos uns cinco anos que eu conhecia Elisa, realmente este era seu jeito de ser. Diferente de Rique que ia se aproximando e me abraçava com um dos braços quase a me dar uma chave, parecia mais feliz também, porem com seu mesmo visual impecável.

– Gostei do seu cabelo maninho, e o que achou da minha jaqueta nova? – Era obvio que ele exibia mais uma roupa nova, agora estava com uma jaqueta de couro negra que combinava com seu topete liso da mesma cor.

– Vocês ai com roupas novas cabelos novos, eu ao menos tive esta ideia estou na mesmice de sempre. – Era de se esperar Marcus estava sempre reclamando, mas hoje ele estava realmente diferente, pois nunca chegara a se importar com vestimenta, já que o seu hobbie favorito era a leitura e os estudos.

– Você não precisa de roupa nova Marcus, você esta lindo assim – Dani sorria e apertava os ombros de Marcus que por um momento ficou da cor dos tênis de Elisa, vermelho sangue. Balançou seus enormes óculos de armação preta e sorriu sem mudar absolutamente nenhuma de suas feições.

– Temos que alongar nossos passos, hoje temos muita coisa pra discutir sobre a formatura de amanha.

– Alan tem razão – concordou Marcus, e Rique em um ato momentâneo puxou um de meus braços e fez o mesmo com Marcus e exclamou com palavras rápidas e sussurrando.

– Temos que conversar só nos três – Elisa da de ombros, enquanto Dani grita com autoridade

– O que vocês acham que estão discutindo? – Parecia brava, eu gargalhei era obvio que era mais uma armação do Rique.

– Saia de perto Elisa e Dani, este assunto é exclusivamente para homens.

– Vamos Lisa na frente, estes três não prestam – Andaram mais de pressa, a curiosidade tomou conta de mim, logo estava com os ouvidos colados nas palavras sussurradas de Rique.

– O que foi? – Marcus perguntava

– Cara amanha vamos fazer sexo que nem loucos, e beber tudo o que não bebemos este ano, varias garotas nos nossos pés, vai ser a melhor noite de toda a nossa vida, mas temos que despistar a Dani e a Elisa.

– Não tem como despistar elas Rique, principalmente a Dani – Marcus falava de Dani a tempos, parecia que estava gostando da menina que cresceu junto com nós.

– Marcus tem razão Rique, vai ser uma noite sem igual, mas não podemos despistar elas – Rique me olhou fundo, com uma seria expressão e falou lentamente.

– Nem se eu garantir Alan que você vai dormir com a Carla Soares – Travei, uma dor de barriga me possuiu, ele estava falando serio?

– Não brinca Rique – Não gostava de brincadeiras, e Marcus apenas ria de minha cara que estava cor de camarão.

– Não estou brincando, quando chegarmos à escola eu irei explicar melhor. – Não acreditava muito no que ele falava, Rique era alto bonito e sabia lhe dar com as garotas diferente de mim, procurei não pensar nisto. Corremos para alcançar as garotas.

A manhã estava realmente linda, cruzávamos uma avenida movimentada, o transito naquelas primeiras horas da manhã era ate que presente. Parecia que todos os dias era um novo papo, parecia que nossas conversas sempre se cruzavam em perfeita harmonia. Sentirei saudades de ir para a escola com eles.

– Ei um jornal! – Exclamou Elisa que chutava um jornal de hoje novíssimo que ainda estava ensacado, peguei-o do chão e o abri, na primeira pagina estava estampada uma noticia que nos chamou a atenção, comecei a ler.

“Na madrugada de Domingo para segunda, foram achados os corpos de Estevan Silva, Janete Finnger, Osmar Camargo e Denner Arruda. Eles estavam desaparecidos a mais de uma semana, o carro foi localizado em um precipício na serra litorânea de São Paulo, os corpos estavam desfigurados e seus documentos não foram encontrados, só foi possível o reconhecimento dos corpos após a família reconhecer objetos pessoais, mais informações na Pagina A2”

– Ta na cara que foi morte por acidente, tem muitos precipícios na serra. – Falava Rique, mas Elisa completava a frase de Rique antes que ele pudesse respirar e tomou o jornal de minhas mãos.

– Nossa eram jovens, - olhava as fotos e dizia – que pena não?

– Bom o que importa é que amanha vamos beber até cair. – Gritei, aos ombros de Marcus e Rique.

– Homens são todos iguais. – Exclamou Dani

****

Chegamos ao portão da escola, ele logo se fecha quase chegamos atrasados. Entramos, a escola estava na mesmice; porem na euforia do passeio de formatura. Não se falava em outra coisa a não ser o assunto, os terceiros anos estavam em êxtase. Andamos ate o centro do pátio onde era nosso ponto de encontro, sentei em um dos bancos junto a Marcus enquanto Rique sumia no meio das pessoas, Elisa e Dani cochichavam uma com a outra como era de costume, mas meu olhar ainda era confuso. Olhava para todos os lados a procura de Carla.

– Você está com o que Rique lhe disse na cabeça não é Alan? – Marcus dava uma piscadela e sorria um fútil e ralo sorrisinho, ele realmente me conhecia.

– Sim, você sabe que eu estou muito afim da Carla. – Parecia que Elisa me encarara quando eu terminava minha frase, mas acho que era impressão, pois ela puxara o braço de Dani e no mesmo instante some ate os corredores das salas.

– Olhe quem está vindo em nossa direção Alan – Marcus empurrava meu ombro, e por cima das cabeças de quem passava a nossa frente eu tentava identificar o que ele estava falando – é o Rique e ele está acompanhado da...

– Carla! – Falei até alto de mais. Eu não acredito no que eu estava presenciando, Rique foi mesmo chamar a Carla, o que ele estava pensando? Não pode me envergonhar desta maneira. Meu subconsciente falava comigo, até ele estava agitado com a situação.

Eles chegaram até o banco que eu e Marcus continuávamos sentados, levantei. Ela estava linda, vestia um Jeans desbotado e uma camisa curta, que fazia seu piercing de umbigo uma distração tentadora. Seus cabelos negros caiam ate seus ombros, extremamente lisos e vivos. Ela sorria para mim com seus lábios molhados.

– Então Carlinha, Alan tem alguma coisa pra te falar – Rique traidor.

– Oi Alan – ela falou comigo, - então o que quer me dizer? – Eu não sabia ao certo o que dizer, mas Marcus levantava e me emburrava para cima dela.

– É que a formatura... Sab-e-e – gaguejava, meus olhos não conseguiam se encontrar com os olhos cor mel de Carla, o que eu poderia fazer meu nervosismo era evidente, eu já havia saído com algumas garotas, mas com Carla parecia muito difícil. Sem conseguir responder escuto uma voz linda sair detrás de Rique, era a melhor amiga de Carla, Barbara. A japonesa estava mais linda do que de costume, seus olhos extremamente maquiados destacavam seu sorriso esbelto, falara com um tom de deboche.

– Vamos Carla o amigo do Rique travou. – Sim, era assim que eu era conhecido na escola, “O amigo do Rique“, o invisível.

– Vamos Alan, - falava Marcus que queria me tirar daquela situação, mas Rique abraçava Barbara e com uma fungada em seu pescoço ele completava e ao mesmo tempo tentava me tirar da situação que ele criava.

– Barbara você sabe que o nome dele é Alan – Ele me dava uma piscadela, e eu corava, - Carla é melhor você ficar um pouco mais com o Alan na festa de formatura, sabe para vocês se conhecerem melhor, por que eu e a Barbara estamos com esta ideia. – Ele era tão seguro, eu queria mata-lo por tudo aquilo, mas ao mesmo tempo estava saltando de felicidade e esperava ansioso pela resposta de Carla.

– Tudo bem, eu quero muito conhecer melhor o seu amigo. – Meus olhos chamuscaram, não aguentei meu sorrisinho ao canto da boca Carla mordia o canto esquerdo do lábio ela era realmente linda.

– Valeu se vemos lá então – Falei inseguro e ao mesmo tempo fazendo força para não demonstrar meu entusiasmo, Barbara da um beijo caloroso em Rique e com uma piscadela Carla virava de costas e puxava os braços de Barbara, esperamos ela subirem as escadas para o segundo andar da escola e dei um soco no braço do arteiro, Rique e Marcus gargalhavam que nem loucos.

– Mas como vamos ficar com elas? – Perguntei ansioso pela resposta de Rique enquanto nós três andávamos para a sala de aula.

– Somos os únicos que vamos de carro, o resto vão no ônibus da escola não é? – Marcus exclamava e Rique com um tom de certeza explica tática que iríamos usar para ficarmos com elas.

– Carla e Barbara vão de moto até a fazenda, e combinei com elas de nos encontrarmos na frente do local da festa, não importa se vamos nós cinco no carro, eu, você, o Alan, Elisa e Dani.

– Eu não vejo a hora de chegar amanhã – Implorava para o tempo passar, e assim que chegamos a frente da sala de aula, Elisa me esperava com os braços cruzados parecia furiosa, seu rosto de branco estava avermelhado numa expressão seria.

– Vocês dois sumam daqui tenho que falar com o Alan, - gritava para Rique e Marcus, não entendia sua seriedade – Escutou Marcus?

– Esta bem sem problemas. - Marcus e Rique entram na sala, eu nunca vi Elisa tão brava

– Então você vai com aquelas depravadas na festa?

– Sim, mas não entendo por que esta tão brava. – Olhou para mim com um ar ameaçador, engoli a seco minhas palavras e ela continuava a falar

– Eu não gosto delas, e conhecendo você acho que aquela Carla não faz seu tipo.

– Não? – indaguei, não sei o que ela estava querendo me dizer, mas continuei - ela é totalmente diferente de mim, mas eu a acho bonita e quero sair com ela, sempre quis sair com ela.

– Você é um idiota mesmo - Ela bate o pé e entra para a sala, não consegui distinguir seu estado de insanidade, porque? Entrei na sala de aula e procurei ignorar a atitude de Lisa.

****

O tempo passou voando, o ultimo sinal bate já era hora de irmos para casa. Na saída da escola encontrei Marcus sozinho, pois não havia saído com ele e nem Rique.

– Cadê o Rique? – Olhei para os lados perguntando, para ver se via o Rique ou ate mesmo a Elisa, que estava estranha comigo.

– Rique saiu depressa com Barbara, e Elisa não quis esperar quando eu disse que estava aqui na frente te esperando, ela estava furiosa e foi embora com a Dani.

– Eu não entendi a cena que Lisa criou, enfim amanha falarei com ela.

– Sim, temos que ir depressa Alan, tenho que arrumar o carro do meu pai para amanhã.

– Mas antes preciso passar em casa. – Ele concordou e juntos caminhamos. Elisa ficou realmente brava, mas não importa amanhã eu vou encontrá-la e pedirei desculpas por uma coisa que eu não sei o motivo, será pela Carla? Ou será por que vou tentar ficar com ela na festa? Eu ainda não sei, mas amanhã irei saber. Minha cabeça estava a mil, de tantos pensamentos nem ao menos sentia o vento forte que soprava, e por uma coincidência estranha o jornal com a mesma noticia que li pela manhã voou em minha direção. Agachei-me e peguei o jornal em mãos, fixando o olhar nas fotos das vitimas, comecei a me sentir nervoso, algo que eu não poderia explicar.

– Alan, largue este jornal temos muito a preparar. – Distraído com o jornal, Marcus me repreende e me puxa para irmos. Não tive escolha larguei o jornal no mesmo lugar, mas ainda me sentindo estranho.


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Notas finais do capítulo

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