Saímos discretamente da sorveteria, mas no fundo ela sabia. Ela sabia que eu estava com tanto medo dela assim que eu seria capaz de qualquer coisa pra fugir dela.

Quando atravessamos a rua, reconheci um rosto amigo: era Andrea. Ela logo veio me abraçar, e percebi que James estava a fuzilando com o olhar.

– Tudo bem querida? Por que está tão assustada? - Ela olhou nos meus olhos, cheia de preocupação. Era incrível como ela fazia me sentir como sua irmã mais nova.

– Não se preocupe, eu cuido dela, pode ir fazer o que estava planejando fazer. - James falou, mas com um tom possessivo demais. O que havia de errado com Andrea? Por que James odiava minha prima? O amor que eu sentia por ela era proporcional ao ódio que ele sentia.

– Ah, claro que eu vou deixar minha prima com um desconhecido que ela conheceu á poucos dias. - Os dois estavam travando uma batalha, se eu não fizesse alguma coisa ia acontecer uma guerra.

E veio um milhão de pensamentos, minha visão foi escurecendo até que eu cai. E foi só depois que eu ouvi "Sam, amor, fale comigo!!" "O que você fez com ela seu.. repugnante?" que eu percebi que tinha desmaiado. Não tinha controle do meu corpo, nesse momento eu apenas queria o colo da minha tia, com ela me dizendo que vai ficar tudo bem e que vai passar logo.

Depois desse breve desvaneio foi como se eu tivesse dormido. Apaguei mesmo.

Acordei no hospital com James do meu lado, e Andrea de outro. Quando olhei pro braço que James estava segurando, vi que estava tomando soro. Ele me viu abrir os olhos, e sorriu. Aquele sorriso era o melhor remédio que eu poderia ter.

– Até que enfim você acordou, Samantha! Eu fiquei preocupada com você, não que esse grandalhão não tivesse ficado também, mais sabe como é... Você é como uma irmã pra mim. - Andrea quebrou aquele silêncio perturbador, e começou a fazer carinho no meu braço, demonstrando preocupação.

– Nunca mais me dê esse susto ok Sam? Fiquei morrendo de preocupação, e fiquei com medo de quebrar o juramento.. De novo. - Assim que ele falou, ele abaixou a cabeça e vi que ele levava a sério aquele juramento. Puxei a mão dele e sussurrei:

– Você é o melhor guardião que qualquer garota poderia querer, obrigada por tudo. - E sorri pra ele, e ele retribuiu o sorriso, assim dando um beijo na minha testa.

Olhei em direção á Andrea e vi que ela estava olhando ansiosamente pra porta. Quem estava vindo? Quem era tão especial á esse ponto?

Quando vi quem entrou, queria desmaiar de novo. Pensando bem, eu poderia morrer pra nunca mais ver aquele rosto. Era Alexandre, o demônio.

James também não gostou do que viu, e vi que ele estava prestes a falar alguma coisa pra Andrea quando ele foi interrompido pelo beijo que Alexandre deu em Andrea.. Daqueles beijos que você usa em um quarto, não num hospital.

E ele fez aquilo pra me provocar, e em parte pra provocar James também. Depois que terminaram aquela nojeira (se é que pode se chamar de beijo) ele olhou diretamente pra mim, e disse:

– Sinto muito Samantha! Esse desmaio foi meio repentino, não é? Você não poderia estar grávida? Sabe o que dizem né... - Andrea olhou confiante pra mim, enquanto James estava confuso, como eu.

– Que? Do que você está falando? Fehn, sinto lhe dizer mais você vai ter que sair desse quarto de hospital. Se quiser subir pra falar com Sam, ela vai ter que te dar o direito, se não, nem pense. - James falou com aquele tom autoritário. - E nem pense que eu não vou avisar os médicos e as enfermeiras. A questão é: Samantha, você quer que Fehn venha te visitar? - Ele olhou pra mim, ele sabia a resposta mais queria ouvir da minha boca. Acho que os remédios que eles me deram estavam fazendo efeito, tinha que agir rápido, antes que dormisse de novo.

– Não, só quero que você fique aqui comigo.. - Falei e fui fechando os olhos. Pouco me importava se o mundo estava desabando ou não, eu só queria um momento de paz.

Então, eu dormi.