No meu sonho, eu vi minha mãe. E ela estava realmente linda, aqueles cabelos loiros dos quais eu me lembrava tão bem e aqueles olhos azuis que me lembravam minha tia, Elizabeth.

Eu comecei a chamá-la dizendo "Mamãe! Que saudade da senhora" mais ela estava acompanhada de mais uma mulher, eu podia vê-la, mais ela não podia me ver e nem sequer ouvir, e isso me deixava frustada.
Ela estava olhando em sua barriga, e eu finalmente saquei o que ela estava dizendo pra outra mulher: Ela estava grávida de mim. De repente chegou meu pai, todo feliz, e muito ansioso pra chegada de sua "bonequinha", e isso me fez sorrir e chorar ao mesmo tempo.

Eles me amavam.

Não importava se minha mãe mandou minha tia mudar meu nome, e me trazer pra América, na verdade, isso é o que menos importa. Meus pais começaram a me amar desde que eu era um feto, desde que minha mãe descobriu que estava grávida.

Mas no meio daquele pensamento lindo que eu estava tendo no meu sonho, minha mãe olhou pra mim e começou a acariciar sua barriga. Ela estava finalmente me enxergando, quando sussurrou:

– Não é só por que é da família que você deve confiar. Estou contente que você finalmente descobriu quem você é, Giulietta. Eu te amo.

E eu chorei. Chorei por não ter minha mãe por perto pra me ver pegar o diploma do ensino fundamental. Chorei por ela não ter assistido minha peça no ensino médio. E chorei pela mãe maravilhosa que ela teria sido se não tivessem a matado (assim como meu pai).

Finalmente acordei, e James estava dormindo num sofá do lado da minha cama. Foi só quando as lágrimas caíram sobre meu queixo que eu percebi que estava chorando de verdade.

– James.. - Sussurrei, e o vi acordar e olhar cheio de preocupação pra mim.

– Por que está chorando? O que aconteceu? - Eu tentei sorrir, mais os remédios que me deram eram muito fortes, e o efeito estava demorando a passar.

– Eu quero sair daqui, o mais rápido possível. Quero prender quem matou meus pais, quem quer que seja. - Ele sorriu ao me ver falando aquilo. É meu querido, a velha Samantha está de volta.

– Ok Sam. Vou falar com o médico em um minuto, mas primeiro me fale o que está acontecendo com você. - Ele apertou minha mão.

Ao invés de falar alguma coisa, eu sorri. Isso era tudo o que ele precisava saber.
~+~

Quando saímos do hospital, fomos direto á mansão dos Becker. Amanda foi a primeira pessoa que vi, ela me abraçou com tanta força que pensei que teria que voltar pro hospital, de novo.

– Eu estava morta de preocupação com você! Julles me contou da briga que vocês tiveram, sinto muito Sam, mas Julles não gosta de ler. Ela não lê nem os livros de história da faculdade, imagina um livro. - Ela me deu um sorriso, e eu sabia que ela estava falando a verdade.

Seria Andrea que tinha pegado meu livro? Ah, por que não? Ela namorava Fehn... Nada mais lógico, certo?

Jullie veio me abraçando, e começou a sussurrar no meu ouvido:

– Eu juro que não fui eu. Eu juro pelas almas de Romeo e Giulietta, eu juro pela alma do frei que os ajudava. - Ela me olhou no fundo dos meus olhos.

E eu apenas concordei com a cabeça, deixando que a família Becker me guiasse até um quarto, o mesmo quarto que eu fiquei antes.

Eu queria sumir. Mas não podia.

Tinha que descobrir o por quê que Auguste e sua gangue queriam tanto saber da pesquisa de meus pais.

Tinha que ser uma coisa muito importante, certo?