Guerra Mutante: A Relíquia Roubada escrita por Luis Gustavo


Capítulo 5
5 - Sou quase morto por derrubar um charuto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517949/chapter/5

Andamos pela rua com muita cautela. Haviam muitos mortos nas calçadas, nas ruas e em becos e vielas. Alguns haviam sido mortos atropelados. Outros, atingidos por destroços. Mas a maioria foi morta por tiros de plasma. Mas o que mais me deixou triste e com ódio é que eu sabia que muitos dos que estavam morrendo eram humanos, e não Mutantes. E tudo por culpa de uma vingança.

Mas eu também estava com vontade de vingar a todos que morreram. Eu seria capaz de matar quem estivesse fazendo mal a inocentes. No entanto, como eu poderia matar alguém? Willian estava certo. Eles teriam que me proteger. Aquele colar, seja lá como fosse, iria me deixar mais forte. Eu tinha que me concentrar nele. Me concentrar naquele colar, conectar a energia dele com a de meu corpo. Eu estava conseguindo isso aos poucos, mas acho que demoraria mais um pouco. “Faça-o como seu”, dissera Willian. “Seu corpo fará todo o trabalho depois”.

Nós atravessamos aquela rua com cautela, indo em direção de um beco onde nos faria cruzar o quarteirão mais facilmente. Ao entrarmos nele, ouvimos disparos atrás de nós. Eu, Willian e meu pai nos escondemos atrás de um latão de lixo que antes flutuava, mas agora estava caído. Quatro Mutantes passaram correndo na mesma rua em que estávamos. Um deles estava apontando o punho fechado para cima, criando um tipo de escudo. Não, era um campo de força. Os disparos vinham do alto, de soldados que usavam armaduras ao estilo do Homem de Ferro, que os faziam voar com propulsores. Aquilo era algo novo para mim. O exército havia armaduras de combate, mas não eram tão avançadas como aquelas. Não permitiam que eles voassem, ou os protegessem tão bem. Eles seguravam armas que eu também não reconheci. Pareciam carabinas negras, das quais disparavam projéteis de plasma, que rebatiam no campo de força.

– Não vamos ajudá-los? – Perguntei a Willian, que observava tudo aquilo atentamente.

– Eles vão se virar. – Respondeu, com um leve tom de preocupação na voz. – São Mutantes nível 4, aparentemente.

– Como sabe disso? – Perguntei novamente. Os Mutantes e os soldados já estavam fora de vista.

– A idade deles e a energia que eles emanam diz tudo. – Murmurou, saindo de trás do latão de lixo. Meu pai o seguiu e eu também. Era para meu pai estar liderando, mas parecia que Willian era o líder ali. Estava agindo como um líder, quase não esboçando emoções. – Quando você chega em um determinado nível de força, começa a sentir a energia dos outros quando bem entender. E essa energia lhe diz qual o nível do Mutante.

– Você consegue fazer isso, então? – Perguntei novamente, e Willian afirmou com a cabeça.

– Agora, Franklyn, tenha algo em mente. – Ele se virou para mim e segurou em meus ombros. – Aqui é uma guerra. Você deve permanecer forte. Pessoas morrerão, e pelo que deu para ver, o mundo todo está envolvido nesta guerra, pelo jeito. Acho que todos os Mutantes do mundo estão se rebelando e lutando. Essa não é aquelas batalhas que brincávamos quando criança, de policial contra bandido. Se quiser viver, terá que lutar junto comigo e com o pai. Mas, por enquanto, concentre-se somente em conectar sua energia com a do colar. – Ele fechou os olhos por um momento, depois os abriu novamente. – E você parece estar conseguindo.

Eu não tinha palavras para responder. Somente concordei com a cabeça, e então seguimos caminho. No entanto, eu pude sentir uma força crescer dentro de mim. Uma esperança de que daria tudo certo. Que iríamos achar nossa mãe e fugir, todos vivos. Eu queria que fosse verdade. Queria acreditar que desse tudo certo. Mas fiz como Willian havia me ensinado. Esvaziei minha mente e me concentrei na energia do meu corpo, fundindo-a com a do colar.

Nós havíamos atravessado três quarteirões, somente por vielas e becos. Willian e eu ficamos para trás, enquanto meu pai ia na frente para verificar o caminho, enquanto Willian e eu cuidávamos da retaguarda. Estávamos atravessando outra rua, meu pai já estava entrando em um beco. Tinha um ônibus destruído próximo a nós, com pessoas mortas lá dentro. Eu olhei para o céu, observando as batalhas no ar, e percebi que havia alguns carros voadores no céu, voando o mais rápido que podiam para fugir da batalha. Eles haviam saído das estradas aéreas e ativado o modo de vôo de emergência, provavelmente. Talvez aquela quantidade de carros nas ruas fechadas fossem veículos que antes voavam no céu.

Willian olhou para o fim da rua e gemeu, me puxando para me esconder no ônibus. Eu entendi o motivo daquilo logo depois. Naves passaram voando por nós como projéteis, perseguindo um Mutante que corria mais rápido ainda. Super-velocidade, pensei. Quando vimos que estava tudo muito seguro, saímos da proteção e andamos até o beco onde meu pai estava. Ou tentamos, pois de dentro do ônibus saiu um cara que nos pegou de surpresa. Não era um soldado. Parecia com um motoqueiro. Ele estava ensanguentado, assim como toda a sua roupa estava. Trajava uma camiseta branca, com um colete de couro aberto por cima, com muitas aberturas. Em seu braço ele “segurava” uma bola de ar.

– Olá, crianças! – Falou. Seus dentes eram amarelos e cheios de tártaro. – Sabiam que não devem andar sozinhas por aí?

Willian se precipitou e me empurrou para o lado, no mesmo momento em que o Mutante o atingiu uma esfera de ar e o lançou em direção de um carro logo atrás de nós, onde Willian o atingiu de costas e destruiu ainda mais a lataria queimada. O motoqueiro foi em sua direção, mancando. Eu tentei me levantar, mas não sabia o que fazer. Willian fez sinal para eu permanecer ali, sentado.

– Nós somos Mutantes, como você! – Exclamou Willian, tentando manter a calma.

– Eu sei disso, Willian Rockne Thompson. – Eu e Willian estremecemos. Como aquele cara sabia o nome completo de Willian? – Você me causou problemas à minha equipe esse ano, lembra? O caso da moto que roubamos e você recuperou, destruindo ao mesmo tempo a nossa base.

Willian estava assustado. Ele abria a boca para tentar falar, mas nada acontecia. Havia algo de estranho ali. Eu não sabia o que fazer. O suposto motoqueiro aproximava-se de Willian. Ele abriu a mão direita, e um tipo de espada de ar se formou em sua mão.

– Hora da vingança. – Murmurou, e depois começou a rir. Ele ergueu a espada quando se aproximou de Willian, e tudo aconteceu rápido demais.

Primeiro, eu senti uma energia estranha percorrer minhas mãos. Senti-as endurecerem. Segundo, eu me levantei e corri na direção do motoqueiro. Ele me viu se aproximando e tentou me atacar, mas eu me defendi com a mão. A lâmina de ar se quebrou, e vi que estava com minhas mãos protegidas por algum tipo de pedra dura. Então, eu agarrei o motoqueiro pelo pescoço com minha mão direita e o ergui no ar com facilidade, e o joguei no chão bem abaixo de mim, que se rachou. Ouvi Willian gritar meu nome, mas não dei ouvido. Meu pai também gritava. Mas eu não dava ouvido a mais nada. Só me importava em socar o rosto daquele desgraçado. A cada soco, seu rosto se amassava ainda mais. Eu senti que ele estava morto, mas eu não parava. Meu corpo não respondia. Meu outro “eu” estava tomando conta de mim. Willian correu até mim e me puxou. Eu gritei, e senti voltar ao normal. Minhas mãos estavam manchadas de sangue. Pude retomar o controle de meu corpo. Olhava para o corpo daquele motoqueiro, e comecei a chorar e a gritar.

– Eu matei uma pessoa! – Gritei, chorando. Sentia todo meu corpo tremer. Willian e meu pai me ajudavam a levantar e me carregar. – Eu matei uma pessoa!

Eu fiquei repetindo aquilo até chegarmos ao beco, quando Willian me sentou e agachou-se à minha frente, me segurando.

– Franklyn, pare de chorar e olhe para mim! Olhe para mim, isso! – Eu o observava. Ainda chorava, mas um pouco mais baixo. – Isso é uma guerra! Você teve que matar aquele cara, e sabe muito bem disso. Se não tivesse o matado, eu estaria morto. Eu já matei pessoas, e sei como é o sentimento ao matar uma. É angustioso, e eu sei disso. Mas, se não fosse por você, nós dois estaríamos mortos, provavelmente. Dane-se se sua dupla personalidade que o ajudou, da mesma forma foi você quem fez. E eu estou grato por isso. Não pode fraquejar agora. Você conseguiu usar o colar ao seu favor. Aquilo foi poder dele! Então, pare de chorar e vamos procurar por nossa mãe. Eu e o pai precisamos de você!

Eu estava parando de chorar. O observava, e refletia sobre aquilo. Mais uma vez, Willian estava certo. Pessoas morriam na guerra. Eu teria que matar pessoas se tivesse que ver quem eu amo viver. Mas foi tão repentino... Há minutos atrás, eu dizia que mataria se fosse necessário, mas agora eu chorava por isso. Eu não queria ser um assassino. Mas teria que ser um.

– Vamos achar nossa mãe. – Falei, levantando-me. Fiz minhas mãos ficarem protegidas por aquela pedra dura novamente. – Afinal de contas, o que é isso?

– O material mais duro do universo, a pedra das estrelas. – Eu me surpreendi.

– Sério? – Murmurei.

– Sim. Mimetismo Estelar, esse é o nome do poder que você tem. Fica com Super-Força e pode resistir a ataques com eles. Embora só consiga mimetizar os pés e as mãos. Ele também lhe dá outro poder, Instintos de Caçador. É um poder físico. Em breve poderá senti-lo e aprender a usá-lo.

– Mas o colar é seu, Willian! – Exclamei, enquanto caminhávamos. Meu pai não dizia nenhuma palavra, mas, no entanto, não queria se afastar de nós.

– Era. Fique com ele até aprender a usar seus verdadeiros poderes.

– Obrigado. – Falei, abraçando-o. Ele riu, e eu o soltei. Corremos para nos juntarmos ao nosso pai. – Aonde vamos, então?

– Para o Central Park, suponho. Helen deve estar lá. Espero que ela esteja bem.

– Ela vai estar, pai. – Falou Willian.

Quando finalmente chegamos ao Central Park, nós pulamos o muro e caímos no gramado. Algumas árvores queimavam, outras estavam caídas. Mutantes arrancavam várias árvores para lançar em naves. Um grupo de Mutantes mais velhos que eu e Willian nos viram, e fizeram sinal para passarmos rápido pois não havia ninguém ali, por enquanto.

– Ao menos esses Mutantes sabem que somos amigos. – Falei, enquanto corríamos. – Willian, afinal de contas, o que você fez para a equipe daquele motoqueiro?

– No começo do ano, eu ganhei minha primeira missão de nível 3. – Respondeu, ofegante. – O objetivo era recuperar uma moto de nova geração na qual havia mecanismos poderosíssimos, e a equipe de motoqueiros daquele cara que roubaram. A moto era para o líder deles. Quando eu encontrei a base deles, estava vazia, e a moto estava lá. Não sabia que era uma armadilha. O líder deles me esperava. Depois de uma luta em que ele levava a pior, eu usei a moto ao meu favor e disparei contra ele usando as armas que ela tinha. Ele desmaiou, e eu atirei em um botijão de gás e fugi dirigindo a moto. A base explodiu. Alguns motoqueiros morreram, mas os mais fortes sobreviveram.

– Então aquele cara que eu matei era o líder? – Perguntei, me achando o máximo.

– É claro que não. – Minha auto-estima diminuiu. – Você não mataria o líder tão facilmente. Era um dos capangas dele, e você só o matou por que ele estava fraco.

– Obrigado pela consid... – Eu fui interrompido por um grito de uma mulher. Era o grito de minha mãe. Meu pai parou repentinamente e fez sinal para nós pararmos. Os gritos dela continuavam, vindo em direção do lago.

– HELEN! – Gritou, e começou a correr, nos deixando para trás.

– Pai, espere por nós! – Exclamei, mas já era tarde. Ele se mimetizou e começou a voar, e nós ficamos ali.

– Franklyn, pula! – Gritou Willian, olhando para o chão.

– Como é que é?! – Exclamei, mas ele me segurou e me lançou para o alto, a uns 5 metros do chão. Ele saltou mais alto ainda, e no lugar em que estávamos o chão se abriu e uma labareda enorme se levantou. – O que diabos é isso?!

– Os motoqueiros encontraram nossa mãe! – Ele gritou e bateu as palmas de suas mãos uma contra a outra, e eu me vi montado em partículas verdes, que se juntavam e se transformaram em um leopardo. Willian também estava montado em um. – Vamos encontrá-la e salvá-la, Franklyn! Prepare seus punhos!

– Pode deixar! – Eu os materializei e me segurei no leopardo, que começou a correr em uma velocidade incrível.

Quando chegamos no lago do Central Park, vi meu pai lutando no ar contra outros motoqueiros que também voavam. Ele estava vencendo-os, e sempre que matava um deles, outro chegava. Willian materializou uma lança e a jogou contra um dos motoqueiros que iria atacar meu pai por trás, atingindo-o em suas costas e fazendo-o cair, morto. Na ilha do lago minha mãe estava sendo segurada por um cara barbudo. Ele fumava um charuto, e sorriu ao ver Willian. Seus olhos eram brancos, e seu cabelo era negro e grosso, assim como sua barba. Sua aparência era confusa: ele parecia ter 30 anos, ao mesmo tempo que parecia ter 50. Uma cicatriz recente em sua testa manchava um pouco da parte equerda de seu rosto. Minha mãe estava sendo segurada pelos pulsos pelo motoqueiro que parecia ser o líder.

– WILLIAN THOMPSON! – Gritou o motoqueiro, que ria. Meu pai olhou para trás para nos ver, e foi surpreendido por um golpe de outro motoqueiro que o lançou à água. Eu sabia, de alguma forma, que meu pai estava bem. – SABIA QUE VIRIA SALVAR SUA QUERIDA MÃE!

– TORRANCE, DEIXE-A EM PAZ! – Retrucou Willian, tenso. – ESSE ASSUNTO É ENTRE EU E VOCÊ!

– ESTÁ TENTANDO BANCAR O HERÓI, GAROTO?! – Gritou Torrance, retirando o charuto da boca e queimando minha mãe na bochecha. Ela gritou de dor. – ENTÃO VENHA SALVAR SUA MÃE.

– DESGRAÇADO! – Gritei, e eu fiz com que o leopardo saltasse na água com um simples pensamento. Era como se fossemos conectados um com o outro, eu e a criatura. Willian fez o mesmo, me seguindo. Quando eu e o animal iríamos afundar, ele me surpreendeu, tocando a água como se fosse o chão, e continuou a correr nela. Eu me aproximei do motoqueiro que havia derrubado meu pai, que agora estava na ilha, e o leopardo em que eu estava montado saltou sobre ele, pegando-o de surpresa, e o motoqueiro começou a gritar enquanto era mordido pela fera verde. Eu aproveitei para saltar, indo em direção do motoqueiro que segurava minha mãe, Torrance, e tentei o agarrar, mas ele simplesmente me segurou pelo meu pescoço e me ergueu no ar com extrema facilidade, apertando um pouco meu pescoço de tal forma que me fez ficar sem ar.

– Esse é seu irmão, Willian? – Riu Torrance, e eu atingi um chute em seu rosto, fazendo seu charuto cair. Ele me olhou com desprezo, mas nem um pouco abatido pelo golpe. – Ele derrubou meu charuto. Irá pagar por isso.

– Não! – Gritou minha mãe, chorando. Willian também gritou. Torrance me lançou no ar, e eu senti que estava sem forças. Havia usado todas as minhas energias. Quando eu caía, senti algo me atingir e atravessar meu ombro direito. Uma adaga curta se fincara em meu ombro e me atravessara. Não, não era uma adaga.

Era uma pena.

Uma asa de anjo crescia na parte direita das costas de Torrance, e ela que havia disparado aquela pena que atravessou meu ombro. Enquanto eu caía, outra coisa me atingiu. Era meu pai, que havia me segurado no ar. Ele voou para perto de minha mãe, agarrou-a e nos afastou de Torrance, colocando-nos próximo à uma árvore naquela minúscula ilha. Willian estava junto com ele, encharcado. No entanto, um grito continuava. Eu olhei para sua origem, e vi o leopardo destroçando o corpo do motoqueiro, que começou a ter o grito extinguido, até morrer.

– Desta vez eu te salvei, Franklyn. – Murmurou meu pai. – Willian, o Upton é todo seu. Eu cuido dos outros três motoqueiros.

– Pode deixar. – E Willian correu em direção de Torrance, que riu e tentou acertar-lhe um soco. Willian desviou e acabou recebendo o golpe de raspão, que o fez cambalear, mas não o fez parar. Ele agarrou Torrance pela barriga e o lançou para trás, fazendo-o largar minha mãe, que correu para mim.

– Você está bem, filho? – Gemeu, me abraçando, enquanto chorava. – Ah, é claro que não está. – Falou, analisando meu ferimento no ombro. Eu olhei de relance para baixo e gemi. Havia um buraco em meu corpo. – Deixe que eu cuido disso. – Ela fez folhas aparecerem em sua mão, folhas que eu nunca havia visto antes, e as encostou em meu ombro. Comecei a sentir a Energia Mutante de minha mãe atravessar meu ferimento. Folhas curativas, pensei.

– O que aconteceu? – Falei. Minha voz saiu muito baixa. Quase não tinha forças para falar. – Por que você sumiu?

– Os motoqueiros estiveram nos observando. – Ela murmurou. – Eu soube disse desde quando chegamos aqui, mais cedo. Eles estavam sempre de olho em nós. Quando a Guerra começou, eu acordei aqui depois de desmaiar. Estava sendo presa como refém.

Meu pai estava dando conta daqueles três motoqueiros, mas Willian estava tomando muitos golpes de Torrance. Ele atingia golpes com espadas nele algumas vezes, e Torrance revidava com mais força ainda. Um dos motoqueiros com que meu pai lutava já havia caído. Outro estava sendo carbonizado, enquanto meu pai segurava o último e o estrangulava com uma só mão.

– Precisamos ajudar Willian. – Murmurei, tentando me levantar, mas eu caí deitado no chão logo depois. Era como se parte de minha energia tivesse desaparecido quando Torrance havia me segurado.

– Não podemos, filho! – Falou minha mãe, me ajudando. – Estamos muito fracos.

Foi então que Willian recebeu um chute na barriga que o fez deslizar pelo chão de terra até nós. Olhei para o céu, e motos voavam até o parque. Mais motoqueiros estavam vindo. Torrance colocou sua mão em suas costas, e uma espada de duas mãos aparecer. A lâmina era longa, com desenhos de asas de anjos e demônios. O cabo era comprido, e a espada toda parecia ser muito pesada, mas ele a segurava com uma única mão. Ele se preparou para dar o golpe final em Willian.

– Willian, não! – Gritei, e então Torrance abaixou a espada.

Mas não foi Willian quem tomou o golpe. Foi meu pai.

Ele apareceu na frente de Torrance, e a espada se fincou em seu ombro direito. Meu pai gemeu, depois gritou. Suas mãos começaram a emanar chamas, mas Torrance retirou suas espada e a fincou na barriga de meu pai, atravessando-o, fazendo a lâmina sair em suas costas. Meu pai cuspiu sangue, e olhou para mim e para minha mãe, depois para Willian.

– Amo vocês. – Murmurou. E então seus olhos se fecharam. Meu pai estava morto.

– PAI! – Gritou Willian, se levantando. Torrance retirou a espada e olhou para Willian, depois para mim e para minha mãe.

– Vocês estão perdidos. – Motoqueiros repentinamente caíram em pé atrás de Torrance, todos armados com espadas, machados, lanças, facas e adagas. Alguns dispensavam as armas e usavam os próprios poderes.

– Mãe. – Falou Willian, quando se levantou e se aproximou de nós, olhando somente para Torrance. – Teletransporte-se junto com Franklyn e saia daqui.

– O quê?! – Perguntei, olhando para ele com indginação. Eu sentia lágrimas saindo de meus olhos. – Mas e você?

– Eles querem a mim, e não a vocês. – Murmurou Willian, determinado a se sacrificar por nós. Ele tremia. Podia ver somente suas costas, mas sabia que ele chorava.

– Eu já perdi meu marido. – Falou minha mãe, também chorando. – Não quero perder um filho também.

– Mãe, faça o que estou te pedindo. – Disse Willian. – Antes que todos nós morremos. Deve ensinar Franklyn a ser forte. – Ele virou-se para trás e sorriu, com lágrimas escorrendo de seus olhos. – Eu não levo jeito com essas coisas.

Minha mãe me segurou. Willian criou um campo de força ao redor de nós. Folhas começaram a nos rodear.

– NÃO! – Gritei, tentando pegar Willian, mas o campo de força me impedia, e minha mãe me segurava com muita força. – WILLIAN, NÃO!

Torrance se aproximou dele, girando a espada no ar. As folhas estavam impedindo parte de minha visão, mas pude ver Willian rebatendo um dos ataques, mas em vão, e a lâmina apareceu atravessando suas costas. Eu fechei meus olhos e gritei, e quando os abri estávamos em uma floresta, eu e minha mãe. Caíamos em uma colina. Quando paramos no chão, minha mãe se levantou e correu até mim, me abraçando.

E nós dois ficamos no meio daquelas várias árvores, em uma floresta desconhecida, chorando. Estávamos sozinhos agora. Meu ombro direito ainda doía, mas estava curado. No entanto, eu sentia um outro ferimento ainda maior. Um buraco em meu peito, como se tivesse perdido grande parte de mim. Minha mãe e eu nos abraçamos mais fortes. Meu pai e Willian estavam mortos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guerra Mutante: A Relíquia Roubada" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.