Guerra Mutante: A Relíquia Roubada escrita por Luis Gustavo


Capítulo 3
3 - Descubro que tenho um outro irmão




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A porta do banheiro se abriu, e Willian entrou. Eu estava encarando a mim mesmo no meu reflexo distorcido do espelho rachado.

– Frank...? – Falou Willian, fechando a porta do banheiro. – Está tudo bem com você?

– Eu não sei, Willian... – Murmurei, olhando sua imagem pelo espelho. – E não me chame de Frank, não gosto desse apelido.

– Ok... – Ele veio ao meu lado, e abriu a torneira para lavar seu rosto. Ele suava, mas de alguma forma eu percebi que era um suor frio. Tive a impressão de que ele havia discutido com os pais.

– Por que está suando? – Perguntei, e então vi o quanto a pergunta havia sido idiota. – Quer dizer... Nem está tanto calor.

– Discuti com a mãe e o pai. – Respondeu, olhando para mim com o rosto molhado.

– Por acaso foi sobre o assunto que eles comentaram enquanto vínhamos até aqui? – Falei, e Willian estremeceu. – Eu ouvi uma parte da conversa. De alguma forma, eu ouvi. Do que eu preciso de proteção, Willian?

– Eu não sei... - Respondeu, olhando para baixo.

E, impulsivamente, eu o agarrei com força e o arrastei até a parede da porta, prensando-o com as costas nos azulejos. O segurava pela gola da camiseta preta. Ele me olhava assustado. Mas era como se eu estivesse sendo controlado. Eu ainda pensava, mas eu falava e agia como se outra pessoa também estivesse agindo como meu corpo. Como se houvesse outra alma dentro de mim.

– Sim, Willian, você sabe! – Exclamei. Minha raiva era enorme. Mas sabia que não era eu falando. – Agora, me responda! Do quê eu preciso de proteção?!

Ele então me acertou uma joelhada em minha barriga e eu o soltei, e então me deu um empurrão em meu peito que me fez rolar até a outra extremidade do banheiro, foi então que eu parei batendo a cabeça com força na parede. Eu fiquei desnorteado. Via o triplo das coisas, e um zumbido me deixava completamente atordoado. Willian correu até mim, me segurando nos ombros. Ele gritava algo, mas eu não ouvia. Senti sangue sair de minha cabeça. A porta se abriu, alguém entrou e então eu desmaiei.

Acordei ali mesmo no banheiro. Estava vazio. Minha cabeça ainda sangrava, mas não sentia a dor. O zumbido ainda continuava, mas ele estava ficando cada vez mais baixo. A minha visão ainda estava embaçada, e ao pouco eu retomava o foco. Quando voltei ao normal, levantei-me e fui até a saída do banheiro, e ao abrir a porta eu tomei um susto: não havia nada além de escuridão. Eu parecia estar no espaço, mas era impossível. Não havia estrelas, planetas, nuvens de poeira, asteróides, nada. Era só o vazio. Não quis arriscar sair.

Virei-me, e vi que havia outra pessoa ali. Um outro garoto. Ele se encarava no espelho, imóvel. Ele usava uma blusa de couro negra com um capuz de tecido grosso cinza cobrindo sua cabeça. Suas mãos estavam pálidas, com só um pouco de tonalidade. Também percebi que o espelho do banheiro não mais estava quebrado. Aliás, todo o banheiro estava perfeito. As luzes funcionavam perfeitamente, as divisórias dos vasos estavam limpas e reconstruídas, os azulejos brilhavam.

– Conhece este lugar, Franklyn? – Murmurou o garoto. Sua voz era muito familiar. – Ah, claro que conhece. Nós tivemos duas tragédias aqui, sendo que a última foi agora mesmo.

– Quem é você? – Perguntei, mas eu receava já saber a resposta.

– Você sabe. – Ele se virou para mim, abaixando o capuz. – Eu sou você.

E ele de fato era. O garoto era como se fosse um reflexo meu. Seus traços eram idênticos aos meus, e seu cabelo branco era manchado por sangue que saía da mesma região que minha cabeça havia sido ferida. A sua pele era muito pálida, quase branca, mas ele não era um albino. Seus olhos haviam uma tonalidade vermelha. Fora essas diferenças, ele era idêntico a mim.

– Como... – Falei, mas ele me interrompeu.

– “...você pode ser idêntico a mim”? – Ele completou, e eu me surpreendi. – É como eu disse, Franklyn. Eu sou você. – Ele apontou para mim, e apareceu na minha frente muito rapidamente, tocando em meu peito com o dedo indicador. Sua cor de pele tornou-se idêntica à minha, mas seu cabelo e seus olhos continuavam os mesmos. – Seu outro você.

– O que está querendo dizer? – Murmurei, assustado. Ele me observava, tentando ver todos os meus detalhes.

– Klaus passa pelos mesmos problemas, entende? – Murmurou, abrindo um largo sorriso. – É algo meio complicado no começo, mas depois você se acostuma. Logo seremos grandes amigos.

Eu comecei a entender tudo. O motivo de eu ter explodido na mesa com meus pais, de eu ter ficado com tanta raiva de Klaus sem razão e de eu ter atacado Willian e falado com ele sem eu ter controle sobre meu corpo. Era esse cara que estava fazendo isso.

Eu tinha uma maldita crise de dupla personalidade, assim como Klaus.

– Foi você o tempo todo? – Perguntei, olhando-o. Cerrei meus punhos.

– Está dizendo sobre a sua raiva repentina e seu corpo sem controle? – Ele riu sem motivo, assim como Klaus havia feito. – Sim.

– Seu desgraçado! – Exclamei, tentando acertar um soco em seu rosto, mas minha mão o atravessou. Tentei agora lhe dar um chute, mas aconteceu o mesmo.

– Você não pode me ferir, Franklyn. – Caçoou, e ele olhou para sua mão, e eu fiz o mesmo.

Vi que nela apareciam partículas vermelhas, que se juntavam. Ele segurou um cabo de uma espada, e mais partículas apareciam. A guarda da espada havia se materializado a partir das partículas, e depois a lâmina. Mas percebi que era uma adaga, e não uma espada. A lâmina havia 25 centímetros de comprimento, o gume era afiado o bastante para conseguir atravessar ferro facilmente. Era uma adaga vermelha que parecia ser forte o suficiente para matar qualquer um.

– Assim como eu também não posso te ferir. – Murmurou, e ele fincou a espada em meu peito. Senti ela me acertando, e quando olhei para ver o ferimento assustei-me com um buraco que havia se aberto em volta da adaga. Ele a puxou, e o buraco se fechou.

– Como pode isso acontecer? – Falei, assustado. O que é que estava acontecendo ali? Primeiro um maldito portal se abria, depois Willian me dava um empurrão que me fazia parar a 20 metros de distância dele, e agora eu descobri que tinha um outro “eu” dentro de mim, que criou uma adaga a partir do nada?

– Estamos conectados. Você não pode me ferir, assim como eu não posso te ferir. – Ele colocou a lâmina entre os dentes e arreganhou as mangas da blusa. Voltou a segurar a adaga, e fez um corte leve em seu braço esquerdo. – Mas, quando um é ferido, o outro também é.

No começo eu não senti nada, mas algo escorria em meu braço esquerdo. Puxei a manga de minha blusa e minha camiseta de manga comprida, e olhei o corte que havia aparecido no meu braço do nada. Olhei para o ferimento que meu outro “eu” havia feito em si mesmo, e depois olhei para o meu. Eram idênticos.

– Isso é impossível. – Eu cambaleei para trás. – Isso não pode estar acontecendo. Isso deve ser um sonho. Portais não existem, Willian não tem aquela força, e com certeza você é coisa de minha cabeça.

– Quem dera isso ser verdade, Franklyn. – Murmurou. Ele olhou para a porta aberta, observando o nada. – Mas nunca duvide das mentiras, Franklyn. Grande parte do que você acha mentira pode ser verdade, e vice-versa.

Ele caminhou até a porta. Sua adaga começou a sumir. Virou-se para mim, estendendo sua mão.

– Mas isso aqui é um sonho, de fato. No entanto, eu não sou uma mentira. Eu existo, e estou dentro de sua consciência. Eu podia muito bem tomar seu corpo a qualquer momento, mas não farei isso. Sou sua personalidade invertida. Se você é bom, eu sou mau. Se você é burro, eu sou inteligente. Se você é rápido, eu sou lento. Caso você mude, eu serei o contrário do que você mudou. Mas continuarei sendo seu outro “eu”. Seu outro irmão, digamos assim. Por isso, devo lhe dar conselhos. E claro que tomarei controle de seu corpo quando achar necessário, e de vez em quando você fará coisas que vai se arrepender. Não sou seu inimigo, mas também não serei seu amigo. Serei seu companheiro de viagem, e um dos únicos em que poderá confiar.

– Onde quer chegar com essa conversa toda? – Perguntei, confuso. Ouvia toda aquela conversa, mas não entendia muita coisa.

– Você descobrirá em breve. Venha, agarre minha mão. Hora de acordar. E também te darei uma leve ajuda.

Eu estendi minha mão, hesitante. Mas então eu o segurei, sentindo um choque por todo meu corpo, como se uma energia estranha percorresse todos os meus órgãos, minhas células, minhas veias, tudo. Ele agarrou meu braço com ambas as mãos e lançou-me para fora do banheiro, no vácuo. Eu caí no infinito, gritando. Olhei para cima e vi o banheiro flutuando, fechado. Meu outro eu acenava, com um sorriso maldoso.

– Vai se... – Antes de completar a frase, eu verdadeiramente acordei.

Estava novamente no banheiro, sentado. Agora minha cabeça doía. Sentia-me um pouco revigorado, um pouco mais forte, se não fosse pelo meu sangramento. Willian e meus pais estavam ao redor de mim, agachados, e estávamos sozinhos no banheiro. A porta estava trancada. Meu pai fazia algo em minha cabeça. Eu sentia aquela mesma energia estranha que eu tive no meu sonho percorrer meu corpo. E também sentia algo quente me minha cabeça, como se fosse uma outra energia.

– Franklyn, graças a Deus, você está vivo! – Exclamou minha mãe, abraçando-me. Willian me olhava com receio.

– O que houve? – Murmurei, trocando olhares entre Willian, minha mãe e meu pai.

– Franklyn... – Murmurou minha mãe, olhando para meu pai. Ele fez um “sim” com a cabeça. – Resolvemos te contar a verdade. Mas, antes de mais nada, peço que não fique irritado conosco.

– Por acaso não tem nada a ver com minha suposta crise de dupla personalidade e o que aconteceu aqui neste banheiro há anos atrás, seja lá o que tenha sido, tem?

Minha mãe me olhou, surpresa. Meu pai parou de mexer em minha cabeça, e senti que meu ferimento havia se cicatrizado. Ele deve ter feito alguma coisa.

– Me diga, filho, como descobriu isso? – Perguntou meu pai, me olhando com uma expressão de dúvida.

– Eu falei comigo mesmo. – Respondi, e vi o quanto havia sido idiota a minha resposta. – Quer dizer... Com meu outro “eu”. O que é isso tudo, afinal de contas? Primeiro eu ouço vocês falando que vão me proteger, depois Willian me dá esse empurrão que seria impossível pra alguém do porte físico dele, e tem essa coisa de dupla personalidade que eu acabo de sonhar. – Lembrei-me do caso de Klaus, mas resolvi não comentar sobre. – O que é que vocês tanto escondem de mim?

Meus pais olharam para Willian, e ele olhou para baixo. Acho que eles não sabiam da parte do empurrão. Meu pai tocou em seu ombro, tentando consolá-lo.

– Olha, filho. – Falou minha mãe, senti que havia tristeza em sua voz. – O que eu vou te contar agora pode mudar sua vida para sempre.

– Acho que depois de todos esses acontecimentos, minha vida já mudou. – Falei.

– Bom, querido, você... – Ela travou, tentando arranjar forças para falar. – Você...

– Você não é normal. – Willian completou minha mãe, que suspirou.

– Como é que é? – Perguntei, indignado. – O que é que eu sou, então? Eu sou esquizofrênico?

– Não é isso, filho. – Disse meu pai, me olhando com um olhar muito sério. – Você é como nós. Você não é normal. Você é um Mutante.

– Um o quê? – Perguntei, tentando compreender o que aquilo significava.

– Um Mutante. – Respondeu meu pai, novamente. Ele se colocou de pé. – Você, assim como eu, sua mãe e seu irmão, é um humano, o que é óbvio. Mas, a diferença de nós para os humanos é que temos isso. – Ele estendeu a palma de sua mão, e nela apareceu uma bola de fogo a partir do nada, do tamanho de uma bola de tênis. Podia sentir a temperatura alta dela.

– Poderes? – Perguntei, animado.

– Sim. – Respondeu Willian, já não tão animado. – Isso é bom? Claro que é. Mas também é muito perigoso para nós. Os humanos não podem nos ver usando os poderes.

– “Os humanos”? – Perguntei. – Mas nós somos humanos.

– Sim, mas somos humanos avançados. Aqueles que não têm poderes são simplesmente humanos, mas os que têm poderes, como nós, são Mutantes. Pode-se se dizer que os Mutantes e os humanos são raças iguais e ao mesmo tempo diferentes. Somos iguais a eles em quesito de aparência, mas diferentes pois nós temos coisas que eles nunca terão. Entendeu?

– Entendi. – Na verdade, não havia entendido muita coisa, mas resolvi não ligar para aquilo. E pensei em algo que eu iria gostar de saber. – E quais são os seus poderes? Os de vocês três?

– Os nomes são confusos, mas você logo entenderá... – Murmurou minha mãe. – Tenho Controle da Natureza, a habilidade de controlar e criar natureza. – Ela olhou para a pia suja, onde havia algumas gotas d’água reunidas. Ela apontou seu dedo indicador para elas, que começaram a flutuar e se reuniram, criando uma forma de uma serpente de água, que começou a voar para onde minha mãe apontava. – Assim como também os animais. Mas somente os irracionais, é claro.

– Já eu, tenho mimetismo demoníaco. – Falou meu pai. Aquele nome não me parecia ser bom. – Como já diz o nome, em me mimetizo em um demônio.

– Se “mimezita”? O que diabos é “mimezitar”? – Murmurei para mim mesmo, tentando lembrar qual palavra era aquela.

Mimetizar... – Corrigiu meu pai. – É a habilidade de um ser vivo tomar forma de algo, desde cores até aparência, mudando a forma dele. No caso dos Mutantes, o correto seria se transformar ou ser transformado. – Sua pele tomava um tom de vinho à medida que falava. Seus cabelos tornaram-se completamente negros e começaram a crescer para trás., e suas íris ficaram brancas, como se tivessem sumido, deixando somente a íris. Suas vestes mudaram, transformando-se num terno negro. Em suas costas, nasceram duas longas asas que pareciam com as de um morcego, mas só pareciam mesmo. Tinham a mesma cor que a pele de meu pai. Uma cauda longa brotou de sua cintura (espero que tenha sido mesmo da cintura), e havia a mesma tonalidade de cor. Garras compridas cresciam nos lugares de suas unhas (de no máximo três centímetros), e seus dentes deram lugar a presas afiadíssimas.

– Isso é... – Murmurei, observando sua aparência.

– Assustador? – Sugeriu meu pai.

– Não! – Exclamei, animado. – Maneiro!

Minha mãe riu, e meu pai a observou. Depois olhou para mim e também riu um pouco.

– É bom que tenha gostado, Franklyn. – Falou Willian. – Eu tive a mesma reação que a sua há 3 anos atrás. Mas ter poderes não é as mil maravilhas. Quando eu descobri que tinha poderes, meus pais me transferiram de escola. Acho que deve saber para onde fui.

Eu o olhei, confuso. Mas então entendi o que ele queria dizer.

– A sua escola, a que nossos pais proibiram de eu ir... – Murmurei. – Ela é somente para Mutantes como nós, não é?

– Sim. – Willian tocou em meu ombro, abrindo um leve sorriso. – Por isso que não estudávamos juntos. Iríamos revelar para você ainda hoje sobre seus poderes. Por que acha que o pai folgou em seu emprego para vir nos ver? Mas, mediante de tudo que está acontecendo, acho que foi bom termos contado justo agora.

– Por quê? – Perguntei. Havia ficado confuso novamente.

– É sobre o que houve anos atrás, aqui mesmo. Seu outro “eu” parece ter mencionado sobre o que aconteceu aqui.

– Ele não falou o que de fato aconteceu, só me disse que algo aconteceu. E o que foi esse “algo”?

– Bom, filho. – Falou minha mãe, e trocou olhares novamente com meu pai. Ele estava voltando à sua forma “humana”. – O que aconteceu anos atrás, bem aqui, foi o que resultou na separação de mim e de seu pai.

Eu senti uma dor no peito. Olhei para os dois. Eu havia feito eles se separarem? Mas como? Os olhos de minha mãe se encheram de lágrimas.

– Eu conto para ele... – Falou meu pai, que me olhou com muita seriedade. – Há 12 anos atrás, quando você tinha somente 1 ano, viemos para este restaurante com você e seu irmão. Estávamos nos divertindo muito. Você havia aprendido sua primeira palavra naquele dia, que era “Willian”. – Eu olhei para ele, que sorriu. – Willian, que já tinha 4 anos, estava feliz por você ter aprendido a primeira palavra, e ele havia dado a idéia de sairmos para comemorar, pois nós havíamos feito o mesmo com ele. Foi então que sua mãe o levou ao banheiro para te limpar, pois você tinha se sujado todo com a comida para bebês que o restaurante oferecia, quando ouvimos um grito de sua mãe. Eu e Willian corremos até o banheiro feminino para verificar, mas não havia ninguém lá. Seu irmão chorava, e sua mãe gritou outra vez, e descobri que o grito vinha do banheiro masculino. Mandei seu irmão ficar ali, e quando entrei no banheiro para verificar, ele estava todo destruído. O espelho rachado, as lâmpadas falhavam, as divisórias completamente destruídas. Você chorava, e sua mãe estava na outra extremidade completamente ferida. E um homem avançava até você. Ele estava protegido por uma armadura de soldados da infantaria do exército. Mas sua mão direita era a única parte do corpo que não estava protegida, e na palma da mão dele havia um selo. Esse selo era usado em determinadas crianças no passado para torná-las “amaldiçoadas”, como diziam nossos ancestrais. Eu corri na direção dele, mas fui lento, e ele tocou em sua cabeça. Quando o tocou, você começou a ficar pálido, a sua pele estava perdendo a cor. O chão parecia me prender, e quando o homem percebeu minha presença, se assustou. Mas ele já havia colocado o selo em você. Ele tentou fugir, mas eu consegui me mimetizar a tempo e voar em direção dele e acertar um soco em sua armadura que o fez cair ao lado de sua mãe. Seu elmo havia quebrado. Eu voltei à forma humana o mais rápido que pude, e quando fui verificar quem era, eu me assustei e comecei a chorar. O homem que havia te amaldiçoado era meu irmão, Franklyn. Aquele seu tio que eu sempre lhe contava as histórias, que trabalhava no exército e sempre ia visitar quando você era pequeno. E eu havia o matado. Depois daquele dia, eu nunca mais fui o mesmo. O restaurante interditou esse banheiro e construiu outro, pois os danos aqui eram irreparáveis, já que eles não teriam dinheiro o bastante para reconstruí-lo. Até agora continuou assim. Naquele mesmo dia nós nos separamos. Sua mãe disse que você poderia ter morrido, e então nos separamos. Meu irmão estava tentando te dar essa maldita crise de dupla personalidade para nos dar problemas, mas conseguimos contê-la. Porém, quando você voltou a bater a cabeça, a crise apareceu de vez. Meu irmão sempre foi contra meu casamento, e eu sabia que ele havia gostado de sua mãe em uma época. Eu podia ter te salvado, mas não consegui. Me desculpe. Me desculpe também, Helen. – Meu pai começou a chorar, e minha mãe o abraçou.

Willian se aproximou de mim, e me puxou para longe deles. Era um aviso para deixá-los a sós.

– Me desculpe também, Franklyn. – Murmurou Willian. – Quando eu lhe dei aquele golpe, não era para feri-lo, mas para ferir seu outro “eu”. Você ficou com os cabelos brancos, os olhos vermelhos... Eu me assustei. Me desculpe.

– Não te desculpo, Willian. – Falei, calmamente.

– Hã? – Ele me olhou, triste. – Por quê?

– Porque não há nada para se desculpar. – Eu sorri, e dei um soco de leve no ombro dele. Ele fez o mesmo.

E nós olhamos para os nossos pais, que se beijaram. Eles estavam juntos novamente.


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