Aos poucos Lucy foi recuperando os sentidos, notando que algo apertava seus pulsos e tornozelos, além de não sentir um chão abaixo de si. Abriu os olhos preguiçosamente e viu que se encontrava em um lugar com paredes velhas e sujas com uma porta de madeira caindo aos pedaços. Olhou para cima também e notou que o que prendia suas extremidades eram grossas cordas que num futuro próximo deixariam belas marcas - se é que já não havia deixado.

Mexeu-se fortemente na tentativa de soltar-se ou pelo menos afrouxar as cordas, mas apenas obteve um barulho de guizo como resposta, e logo ouviu passos perto da porta.

– Parece que a bela adormecida acordou... - falou um homem ao abrir a porta - Sorte que eu coloquei esse guizo na corda, fica mais fácil saber quando você acorda, se mexe, tenta fugir.... esse tipo de coisa.

– Você?! O que é isso? - bravejou a loira.

Frist venceu o espaço que os distanciavam e acariciou a bochecha da maga que no mesmo segundo fez cara de nojo.

– Ah você tem uma ótima expressão em boneca, pena que não vou poder me divertir com isso - disse o homem com uma cara de decepção - Diga-me, você é virgem não é?

– Desde quando isso é da sua conta?!

– Desde que as virgens são mais caras - e deu um sorriso maliciosamente cruel, fazendo a loira ficar atônita.

Ele...ele vai... mas a loira não conseguiu completar a frase nem em seus pensamentos.

– Sabe, eu tenho colocado anúncios da missão em todas as guildas onde eu poderia se encontrar belas mulheres, infelizmente todas as vezes que alguém aceita a missão aparecem apenas homens ou mulheres feias , mas parece que dessa vez eu tive sorte... - continuou o moreno, descendo a mão pela lateral do corpo de Lucy, passando pelo pescoço, seios, costela e parando na fina cintura da garota.

– Não encosta em mim! - gritou a maga, debatendo-se, fazendo o som do guizo pronunciar-se.

– Você não está em posição de querer algo aqui minha querida - e apertou a cintura dela com força, fazendo-a soltar um gemido involuntário de dor - Ah como seria ótimo fazer você continuar com esse gemido, mas sabe como é, tenho que te manter pura e coisa e tal - o homem revirou os olhos com cara de tédio.

– Você não presta! Aquela missão era uma farsa também!

– Nossa loirinha, você é um gênio - concluiu ele, com a voz carregada de sarcasmo.

– E você é um idiota! - gritou mais uma vez e deu uma joelhada nas partes baixas do homem, fazendo-o recuar alguns passos, já que por estar amarrada, o chute não fora tão forte quanto pretendia.

– Vadia! - e deferiu um tapa na pele alva da loira, que virou o rosto com o impacto - Sua sorte é que você vai me render muito dinheiro, senão...

Lucy continuou com o rosto virando e uma marca perfeitamente avermelhada de mão em sua face.

Frist saiu enfurecido, deixando a garota sozinha novamente. Essa era a chance dela de sair dali. Sem se mexer muito para não soar o guizo, Lucy, aos poucos - mas aos poucos mesmo - foi desfazendo os nós da corda. Assim que soltou a primeira pulso, pegou o sino e guardou no bolso da saia para que não fizesse mais barulho. Soltou o outro e caiu no chão, logo e em seguida, desfez os nós dos tornozelos.

Lucy foi até a porta e colocou as mãos na saia onde geralmente ficaria suas chaves, só então percebeu que havia deixado-as na pousada.

Merda... pesou.

Abriu a porta devagar e botou a cabeça pra fora para ver se não havia ninguém do lado de fora. Nada. Ótimo. Saiu do quartinho e caminhou pelo corredor não tão extenso, esperando poder sair o mais rápido o possível dali. Porém, contudo, entretanto ela ouviu alguns homens conversando entre si, e pode ouvir reconhecer perfeitamente a voz de Frist entre as demais. Parou e colou o ouvido na porta que estava entreaberta.

–Aquela loira deve nos dar uma boa grana - comentou alguém.

– É bom mesmo, aquela vadiazinha - e foi a vez de Frist falar.

– Acho que podemos descansar agora, eu já não aguentava mais ir nas casas anoite - comentou uma terceira voz - se bem que eu não me importava de ver aquelas delicinhas amarradas.

Então ele próprio fazia parte da gangue que ele falou, então, provavelmente ele e os outros quem bagunçaram o quarto dele. Se for isso, o Natsu achará esse lugar fácil concluiu em sua mente.

Natsu...

– .... e então é só vendermos as garotas que estão no porão daqui e vazamos dessa cidade - continuou o homem cuja voz Lucy sabia quem era.

A garota então chegou mais perto da porta, mas acabou abrindo-a por inteiro e caindo no chão.

– Ai - exclamou. Olhou para cima e viu que três homens a encaravam: Frist, um homem baixinho, magricelo e loiro, e outro igual a ele, só que mais alto.

– Ora ora, mas olha que está aqui -comentou levantando-se da cadeira que estava sentado, fazendo a maga por-se de pé também.

– Vim fazer uma vizitinha e acabar com você - e olhou para os dois loiros - ou vocês né...

Os três se entreolharam e riram como se ela tivesse contado uma piada muito, mas muito engraçada mesmo.

– E você acha que uma garotinha como você pode acabar com três caras como nós? - disse o loiro nº1, o mais baixo.

– Até parece - concluiu o loiro nº2

– Querem apostar? - desafiou a loira.

Ela sabia que estava sem as chaves e não estava certa se os treinamentos de Natsu funcionariam. Não que não confiasse nele, afinal, era um excelente professor. O problema era ela. Sempre ela mesma.

– Não perderia meu tempo - e Frist partiu para cima da loira, que desviou facilmente com um pulo, caindo de pé nas costas do moreno, fazendo-o ir ao chão. Espantou-se internamente com o que fez.

– Filha da- - e a maga o calou com um chute na boca dele.

A garota avançou no loiro nº1 com um soco, mas antes que pudesse continuar, o loiro nº2 agarrou os braços dela.

– Muito bem Zack - disse o loiro nº1. Ok. Loiro nº2 se chama Zack.

O loiro nº1 deu um soco no estômago de Lucy, fazendo-a tossir fortemente, e mais um soco, que a fez tossir sangue.

O loiro nº1 não era fraco, mas a maga celestial tinha seus truques.