Enfim sábado de manhã, Lilian tinha tempo para se despedir, afinal seu voo só sairia as 14:00hs. Iniciaria sua busca.

As malas estavam prontas e a fantasia usada na noite anterior permanecia jogada ao chão do quarto. Ouviu alguém batendo na porta, era Anderson, seu irmão. Ele havia chorado, seus olhos extremamente avermelhados demonstravam isso, e agora pedia passagem para entrar no quarto da irmã.

Palavras não eram necessárias, no abraço apertado estava explicita a dor da despedida. Anderson sabia que sua queria irmã Lilian, a irmã mais velha, mas a pequena Lilly partiria em uma viagem onde não existia a certeza do retorno. A esperança que antes existia entre eles agora estava fragilizada. 

O pentagrama em suas costas agora era forte e tinha o aspecto de uma queimadura, porém Lilly nada mais sentia. Effy, que até o momento dormia, acordou e começou a ajudar a amiga nas preparações finais para a viagem. Não poderia acompanhar a tão querida e fiel amiga, a amiga que estava lá quando o namoro acabou, e permaneceu lá quando o casal voltou a se entender. Não poderia estar com ela nessa busca pela cura, cura de sua própria morte.

As últimas despedidas, iria sozinha até o aeroporto, não queria ninguém mais ali.

O celular tocava, era Kenny, ma ela não queria atender, já tinha sofrido o suficiente ao sair do salão de festas deixando-o sozinho. Estava na sala de embarque enquanto pensava em tudo que estava deixando para trás. Ouviu alguém chamando seu nome em algum lugar dentro do aeroporto. Reconheceu a voz, era seu companheiro na noite passada. Não demorou muito até ficar cara-a-cara com ele, apenas o grosso vidro os impedia de se tocarem. 

"Fica!", foi a mensagem de texto que Lilly recebeu vindo do número de Kenny. "Não posso", foi sua resposta.

A voz metálica saia das caixas de som, precisava embarcar. Acenou triste para o amigo do lado de fora. O celular, agora desligado, não recebia mais ligações ou mensagens. A poltrona do avião era desconfortável, mas nada era pior do que a dor da partida.