O fruto de um amor escrita por eliana


Capítulo 9
Quem falou em bebé?


Notas iniciais do capítulo

Andei desaparecida, é verdade, mas voltei! :D Peço imensa desculpa por ter demorado tanto a postar, e acho que a partir de agora não o vou poder fazer com tanta frequência :(
Boa leitura ;)



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Violetta Pov’s on:

Eu estava sentada no sofá calmamente com a minha irmã ao colo, a Kim ao meu lado e o meu pai, a Esmeralda e o Ramalho à minha frente, depois de terem ido arrumar as malas nos quartos, quando a Olga entra de rompante na sala e começa aos berros.

– Vocês não vão acreditar no que eu acabei de ouvir! – Começou ela, agitando os braços no ar com a excitação – Adivinhem quem vai casar?

– Ramalho, pediste a Olga em casamento e não nos disseste nada? – Perguntou a Kim com ar ofendido, mas com um sorriso matreiro nos lábios.

– EU?! Não olhem para mim, desta vez sou inocente!

– Desta vez? – Foi a vez de o meu pai perguntar.

– Não, não – interrompeu a Olga. – Infelizmente esse franganote lingrinhas não se decide!

– QUEM É O FRANGANOTE LINGRINHAS?

– Não se sinta ofendido, Ramalho! O que eu estava a dizer é que foi o Leonardo que pediu…

– VAIS CASAR COM O LEONARDO? – Desta vez foi a Maria quem perguntou, escandalizada.

– VAIS CASAR COM O MEU PAI? - Perguntou desta vez a Kim.

– COMO É? – Intrometeu-se o Ramalho, furioso. E depois ainda teima que não gosta dela e que está muito feliz com o seu “Espaço Pessoal”.

– O Leonardo pediu a ANGIE em casamento! – Finalizou por fim a Olga. – E ela aceitou.

– O QUÊ?! – Perguntei eu, o Ramalho e o meu pai ao mesmo tempo.

– Isso é fantástico! – Opinou a Esmeralda e eu depressa percebi o porquê: agora a Angie já não era um problema para ela por causa do meu pai.

– É mentira.

Interrompi os meus pensamentos ao ouvir a afirmação da Kim.

– É verdade – contradisse a Olga -, eu ouvi…

– A Angie e o meu pai nunca vão ter nada. – Disse ela calmamente, como se nos estivesse a explicar que um mais um são dois. – São demasiado iguais. O meu pai é a Angie numa versão masculina com um metro e oitenta. Eles são irmãos de coração, nada mais.

– A mamã vai casar, Kim? – Perguntou a Maria, expectante.

– Com o Leonardo, não. Porque é que não vais brincar para a cozinha? Eu já vou ter contigo.

– Ok. – Disse a pequenina, correndo para a cozinha.

– Mas Kim, eu ouvi…

– Ouviste mal, Olga. A Angie não vai casar com o meu pai.

Subitamente, o meu telemóvel tocou e, ao ver que era a Francesca, afastei-me uns passos do grupo que discutia acesamente e atendi, embora me perguntasse interiormente o que poderia ser tão importante para ela me ligar a esta hora.

– Oi, Francesca – cumprimentei –, o que é que se passa?

– Tenho uma notícia ótima para te contar! – Atirou ela, entusiasmada demais para se lembrar de dizer “olá”. – O Leonardo VAI CASAR!

– O quê? – Perguntei, estupefacta. Afinal era verdade?

– Sim, e adivinha com quem?

– Eu já soube, a Olga acabou de me contar – murmurei. – Só não acreditei que fosse a sério.

– Mas é! Eu própria confirmei… ele pediu para não dizer nada a ninguém, mas eu tinha de te contar! Faz de conta que não sabes de nada, ele mata-me se sabe que eu te contei!

– Vai ser um pouco difícil, a Olga já informou toda a gente…

– Por favor, Violetta, fá-lo por mim. Além disso, o Leonardo disse que precisava de tempo para falar com a Kim mas, se bem o conheço, nem na próxima semana ele lhe diz. Age como se não soubessem de nada, deixa que sejam eles a falarem convosco.

– Ok, vou tentar. – Suspirei, derrotada. Sempre imaginei que a Angie ficaria com o meu pai, mas parece que nem tudo são contos de fadas.

– Ótimo! Já agora, a Angie pediu-me para te dizer que ela e o Leonardo vão chegar tarde, ela queria que vocês deitassem a Maria. Não lhe digas nada sobre o assunto, eu…

– Eu sei, Fran, não precisas de repetir vinte vezes a mesma coisa!

– Desculpa, é o hábito. E mais uma coisa, ouvi uma conversa entre a Angie e a Beca e elas estavam a falar de gravidez… ELA VAI TER UM BEBÉ!

– O QUÊ?! – Desta vez, gritei mesmo, e como resultado, toda a gente se calou e começou a olhar para mim.

– É verdade! Eu também não acreditei, mas depois perguntei à Angie se era mesmo isso e ela disse que sim, mas pediu-me para não contar a ninguém! O que é estranho é que ela já me conhece há anos e, como tal, já devia saber que eu sou péssima a guardar segredos! Bom, já sabes as novidades, o meu trabalho está feito! Tenho de ir, até amanhã!

– Adeus.

Desliguei o telefone e vi que ainda estavam todos a discutir o mesmo assunto. Sem me incomodar em disfarçar um sorriso, virei-me para eles e disse:

– É mesmo verdade.

Toda a gente se calou e voltaram-se todos para mim com uma sobrancelha erguida.

– A Francesca acabou de confirmar tudo, a Angie e o Leonardo vão casar.

– Não pode ser…

A Kim estava tão perplexa que mal conseguia formular uma frase. Discretamente, olhei para o meu pai e fiquei preocupada com o que vi. Ele estava mal, mesmo mal… como se nunca tivesse posto a hipótese de a Angie o esquecer de vez. Agora, não sabia o que fazer. Parecia completamente perdido.

– Isso quer dizer que a Angie é a minha nova mãe… - concluiu a Kim, ainda pensativa. Subitamente, abriu um enorme sorriso e começou a saltitar – ESTE É O DIA MAIS FELIZ DA MINHA VIDA!

– Mas a Fran também pediu para agirmos como se não soubéssemos de nada – continuei, deixando todos perplexos.

– Porquê? – Perguntou a Olga.

– Porque o Leonardo queria ser ele a dar a notícia. Não podemos falar com eles sem eles falarem connosco.

– Então, temos de fingir que não sabemos de nada e guardar segredo?

– Pelo menos até eles nos contarem, sim. Além disso, pelo que ela me disse… - fiz uma pausa e olhei novamente para o meu pai, com receio de acabar a frase.

– Disse o quê? – Perguntou o Ramalho, encorajando-me a continuar.

– Ela disse que a Angie está grávida. – Atirei de uma vez.

Pelo canto do olho, vi que o meu pai se levantou do sofá e subiu para o quarto, pisando firmemente o chão. Não o podia censurar, eu sabia que ele ainda amava a Angie, mas também tinha que admitir que foi ele que pediu a Esmeralda em casamento primeiro. Ela também subiu para o andar de cima, desejando-nos as boas noites, mas sem esconder a felicidade de se ter finalmente livrado da Angie. Naquele momento, apeteceu-me seriamente espetar-lhe um murro no nariz.

– Vou ter um maninho! – Repetia a Kim, entusiasmada demais para parar quieta. – VOU TER UM MANINHO!

– Mais um bebé… - repetia a Olga, processando a informação. – VAMOS TER MAIS UM BEBÉ EM CASA! Ai, Ramalho, eu também quero um…

– É QUE NEM PENSE NISSO, OLGA! “ESPAÇO PESSOAL”!

– POIS ESPERO QUE O SENHOR E O SEU “ESPAÇO PESSOAL” SEJAM MUITO FELIZES! Quero ver se é ele que lhe vai fazer a comida, que lhe vai limpar a casa… Você é um BRUTAMONTES!

Quando a Olga saiu a chorar, apareceu a minha irmãzinha, vinda da cozinha.

– O que é que ela tem? – Perguntou ela, referindo-se à Olga.

– Pergunta ao Ramalho – sugeri, maliciosa.

– Ramalho, ainda não pediste a Olguinha em casamento? – Perguntou ela com a voz aguda, como se já soubesse o que é que se passava. – Assim ela vai casar com outro!

– Como se isso me interessasse… - murmurou ele, saindo para o escritório. Sinceramente, como é que ele não percebia que só se conseguia enganar a si próprio?

– Vá, Maria, vamos para a cama? – Perguntou a Kim, finalmente recuperando do histerismo.

– Nãooooo! – Reclamou ela, com cara feia. – A mamã ainda não chegou.

– E por isso mesmo sou eu que mando! E eu digo que vamos para a cama!

– Ela tem razão, Maria – reforcei. – A tua mãe vai ficar chateada se tu não te fores deitar.

– Está bem… - suspirou ela, conformada, enquanto eu lhe pegava ao colo e a levava para o quarto que ela ia dividir com a minha tia, sempre com a Kim atrás de mim.

Violetta Pov’s off

Angie Pov’s on:

Mal posso acreditar, correu tudo às mil maravilhas! Enquanto tomávamos um sumo no Resto, apareceu a Beca com o Pablo e a Francesca e eu aproveitei para arrastá-los dali comigo para outra mesa e deixar o Leonardo sozinho com ela. É óbvio que fiquei a espiar tudo com eles, afinal, não ia perder esta cena por nada!

Foi mesmo romântico, ele ofereceu-lhe um sumo e pôs o anel lá dentro sem ela notar. Quando ela viu o anel e ele se ajoelhou para fazer o pedido, vieram-me as lágrimas aos olhos e a boca do Pablo e da Fran abriu-se num perfeito “O”, enquanto toda a gente batia palmas e os pombinhos se beijavam. É nestes momentos em que eu tenho pena de ser solteira.

– Sabias que ele ia fazer isto? – Perguntou o Pablo ainda a recuperar do choque.

– Não sabia que o ia fazer hoje. Ele contou-me há umas horas.

Assim que saímos do Resto com o mais recente casal, a Beca aproximou-se de mim e afastou-me do grupo.

– Preciso seriamente de falar contigo, Angie – murmurou ela, deixando-me preocupada.

– O que é que se passa?

– Somos amigas, certo?

Não consegui evitar e ergui uma sobrancelha face à estranha pergunta.

– Claro que sim, Beca.

– Melhores amigas?

– Pelo menos da minha parte, sim. – Disse, confusa. – Afinal onde é que queres chegar?

– O que é que sabes sobre bebés?

– O quê? – Agora a sério, ela caiu e bateu com a cabeça? Que raio de perguntas são estas? – Bom, sei que precisam de muitos cuidados (eu que o diga, só eu sei as dores de cabeça que passei com a Maria), de muita atenção, e… - Foi aí que a ficha caiu. – Beca, tu estás GRÁVIDA?

– Chiu, cala-te! – Sussurrou ela, suplicante. – O Leonardo ainda não sabe de nada.

Eu não posso acreditar, a minha melhor amiga está grávida? Eu bem que achei estranho ela andar a enjoar com tudo e a vomitar por todos os cantos, mas isto é algo que eu nunca imaginei.

– Eu não faço ideia de como cuidar de um bebé, Angie – continuou, com ar desesperado. – Não sei o que fazer, nunca sei quando é que um bebé, chora de fome ou de cólicas, não sei quendo é que o devo alimentar, não sei… raios, eu não sei nada sobre bebés, Angie! Tu és mãe, achas que podes…

– Beca, tem calma. – Pedi, segurando-lhe as mãos com firmeza. – Tu não estás sozinha nisto. Eu também estava assustada quando soube que estava grávida da Maria, mas depois descobri que ser mãe é a coisa mais maravilhosa do mundo! Não tens de te preocupar com o facto de não saberes nada sobre o assunto, tens nove meses para aprender a parte teórica e o resto vai fluir naturalmente. Acredita, vai ser bem melhor do que pensas. Não estou a dizer que vai ser fácil, mas vai ser bom, acredita.

– Obrigada, Angie – murmurou ela, abraçando-me. – És a melhor amiga do mundo!

Quando ela se afastou para voltar para os braços do Leonardo, senti uma mão a puxar-me o braço e vi que era a Francesca.

– É verdade? – Perguntou ela em voz baixa. – A Beca está grávida?

– Não és demasiado crescida para andar a escutar as conversas dos outros?

– Diz lá, Angie, é verdade ou não?

Olhei por cima dos ombros e, ao ver que mais ninguém nos ouvia, confirmei.

– Sim, é verdade, mas não podes contar isto a ninguém.

– Não pode ser… a Kim vai ter um irmão! Ela vai ficar tão feliz…

– Fran! Não lhe podes contar nada!

– Está bem, eu prometo que não conto nada à Kim.

Cheguei à mansão por volta das três da manhã e acordei às oito com a Maria a chocalhar-me com fome. Desci para a cozinha com a minha filha nos braços e, ao cumprimentar toda a gente à mesa, percebi que o ambiente estava um pouco estranho. A Olga cumprimentou-me com um abraço de ursa, a Esmeralda deu-me um “Bom dia” demasiado feliz, o Ramalho, a Kim e a Violetta disseram um “Olá” com uma voz muito aguda e um sorriso estranho que denunciava que estavam felizes por alguma coisa – embora a Violetta depressa tenha desmanchado o sorriso e olhado para o pai com cara de preocupada – e o German não me dirigiu uma única palavra ou olhar. O Leonardo era o único que parecia normal a esta hora da manhã (com a cara de ensonado do costume).

Sentei-me à mesa com todos os sentidos em alerta, face ao estranho ambiente e, quando a Olga trouxe o pequeno-almoço para a mesa e todos se serviram, reparei que o molho de tomate que ela tinha preparado especificamente para mim tinha um cheiro estranho. Assim que o provei, senti a casa ficar verde, peguei num guardanapo e cuspi tudo o que tinha engolido. Aquilo estava mesmo horrível!

– Que raio de mistela é esta, Olga? – Perguntei.

– Oh, é uma receita antiga da minha família. – Justificou. – É ótima para o bom desenvolvimento…

– OLGA! – Gritou a Violetta e ela depressa fechou a boca, como se tivesse dito alguma asneira.

– Para o meu, não! – Disse eu, bebendo um copo de água à pressa. – Sem ofensa, Olga, mas só o cheiro já me enjoa.

– A Angie tem razão – acorreu logo a Kim, levantando-se da cadeira e forçando-me a fazer o mesmo, para meu espanto total. – Ela está muito sensível, Olga, principalmente quando se trata de receitas que cheirem a ovo podre… e tu, Angie, não podes comer nada que te enjoe. Vamos ao Resto comer alguma coisa comestível e que não cause problemas…

– Porque é que de repente te preocupas com o que me enjoa ou não?

– Porque se preocupa contigo – foi a vez de a Violetta intervir. Esta casa está cada vez mais estranha! – E nós também vamos, eu tenho de ensaiar e, como hoje os ensaios são abertos ao público, vocês vêm todos assistir! Quero a família toda lá!

– Não posso.

Assim que ouvi a voz do German pela primeira vez nesta manhã, senti o sangue a congelar e o coração aos pulos. A última vez que o tinha ouvido usar um tom de voz tão frio foi quando ele me acusou de o ter roubado, há 5 anos atrás.

– Claro que podes, pai – contradisse a Violetta, sem admitir um “não”. – Vamos todos, sem desculpas. E rápido, que já estamos atrasados!

Em pouco tempo, apesar de termos feito o caminho a pé, chegámos ao Studio. Pelo caminho, a Kim comprou-me uma sandes, o que eu estranhei, mas não fiz comentários. Este dia não podia ficar mais estranho.

O espaço do Studio perto do palco estava cheio, com os familiares e amigos dos alunos ansiosos por assistirem aos ensaios. O Leonardo afastou-se de nós assim que viu a Beca ao longe e eu aproveitei para “correr” para perto do Pablo com a Maria atrás de mim. Sim, “correr”, porque eu literalmente “fugi” do German. Não sei porquê, mas desde hoje de manhã que ele me tem olhado de uma forma estranha, como se estivesse desiludido com alguma coisa. Nem me dei ao trabalho de perguntar, ainda não estava pronta para falar tão abertamente com ele, ainda por cima com a Esmeralda por perto.

Pouco tempo depois, os alunos começaram a ensaiar as músicas no palco. Não demorei a reparar que a Violetta não estava com eles e estranhei isso. Quando olhei mais atentamente para trás das cortinas, vi que ela estava a preparar-se para entrar, mas hesitou quando a Francesca, também fora do palco, lhe disse qualquer coisa. Pelos gestos percebi que elas já estavam a falar há algum tempo e, quando a Violetta levou a mão há testa e arregalou os olhos como se acabasse de perceber algo, ouvi o som de gritos de homens a discutir e, ao aproximar-me, percebi que estavam no meio de uma briga e um deles levantava-se do chão depois de ter levado um murro na cara. Quando vi quem eram, o chão fugiu-me dos pés: Leonardo e German.


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Notas finais do capítulo

Que tal? Ficou bom?
Não se esqueçam de comentar;)
Beijinhos