O fruto de um amor escrita por eliana


Capítulo 3
Voltará tudo ao normal?


Notas iniciais do capítulo

Olá outra vez :D
Como veem, tenho andado a postar capítulos muito depressa (graças aos comentários que me incentivam a continuar, claro, e queria agradecer mais uma vez às pessoas que comentaram o capítulo anterior: OBRIGADA! Pode parecer que não, mas são os comentários que deixam nas histórias que incentivam a que se continue a escrever). Queria avisar os meus leitores que há a forte possibilidade de eu ter de viajar amanhã (ainda não está decidido). Se eu for, ficarei uma ou duas semanas sem poder postar capítulos, pois não vou ter internet, mas de qualquer maneira vou tentar compensar quando voltar. Se for mesmo de viagem, vou tentar postar mais um capítulo amanha, nem que seja pequenino, e aviso se vou ou não. Desculpem o inconveniente :(
Boa leitura;)



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Angie Pov’s on:

Assim que a reunião acabou e todos começaram a arrumar as coisas para almoçarem, levantei-me da cadeira onde estava sentada e fui em direção ao Pablo, que estava de costas para mim, a preparar um café.

– Obrigada por deixares a Maria assistir às aulas – disse eu. – É muito importante para ela.

– Não tens de agradecer, a Maria é um anjinho.

– Um anjinho? Não estamos a falar da mesma pessoa, de certeza! – Gracejei, recusando o café que ele me oferecia.

– Do que é que os dois tanto falam aí que nós não possamos saber? – Intrometeu-se o Gregório, sempre com o seu “bom humor” característico.

– Não é algo que te interesse, Gregório – respondeu o Pablo por mim. – Porque é que não tratas dos teus assuntos e deixas os outros em paz?

– O Pablo tem razão – acrescentou o Beto, fazendo com que o sobrolho do Gregório se carregasse ainda mais.

– Além disso, ainda temos de arranjar alguém que dê aulas de canto, a Angie não pode ensaiar as duas turmas sozinha. – Opinou a Jackie.

– É verdade – foi a vez de o António intervir. – Alguém sabe quem é que pode fazer isso?

– E que tal eu?

Arregalei os olhos e a minha boca abriu-se num perfeito “O” quando vi quem tinha acabado de entrar.

– Beca! – Gritei, saltando-lhe para o pescoço, sem me importar se a magoava ou não. A Beca era a minha melhor amiga, e a melhor parceira de canto que conhecia. Era pouco mais alta do que eu, tinha o cabelo liso e comprido castanho pintado de rosa nas pontas. Era excêntrica até ao limite, mas eu adorava-a.

– Ai, Angie, tive tantas saudades tuas!

– Não posso acreditar que estás aqui… quando é que voltaste?

– O Leonardo trouxe-me hoje de manhã. Fui eu que pedi à Kim para não te dizer nada, não queria estragar a surpresa.

– Sê bem-vinda, Beca. – Cumprimentou o António, aproximando-se para a abraçar. – Pelo que eu vi há uns anos, tens jeito para ensinar. O que achas de ficares uns dias à experiência, para ver como te sais?

– Para mim, está ótimo! Ficava-lhe muito agradecida.

– Onde está o Leonardo, Beca? – Perguntei.

– Está lá fora com a Kim a falar com o Rafa. A propósito, sabias que a tua filha não para quieta um minuto? Passei por ela há pouco, estava a correr atrás da Kim porque achou que ela lhe tinha roubado um rebuçado de caramelo… que por acaso fui eu que roubei!

– Lido com aquela miúda todos os dias – disse, enquanto saía da sala de professores – e nunca sei o que esperar dela.

Assim que saí para o exterior do Studio, deparei-me com o Rafa Palmer de pé e de costas para mim, com a Maria a debater-se energeticamente debaixo do seu braço direito, a Kim sentada na bancada de frente para ele e com um homem ao lado, loiro de olhos azuis, que eu identifiquei logo como sendo o Leonardo. Definitivamente, a Kim não tinha nada a ver com o pai.

– Bom dia – cumprimentei, fazendo com que os quatro pares de olhos se voltassem para mim.

– Olha, chegou o luar da minha noite – começou o Rafa, largando a Maria no chão e tentando beijar-me -, o Sol da minha manhã, o sangue das minhas veias, o ketchup das minhas batatas…

– A mão que te dará um estalo se não te afastares imediatamente! – Completei, afastando-o amigavelmente com o braço e pegando na Maria, que me estendia os braços, pedindo colo.

– Seja bem aparecida – cumprimentou o Leonardo, com um abraço. – Eu sei que só estive fora um dia, mas mesmo assim, tive saudades tuas.

– Que querido… - ironizei, dando-lhe um beijo na bochecha. – E já agora, Kim, obrigada por me teres avisado que a Beca ia voltar.

– Ei, foi ela que me pediu para não dizer nada – defendeu-se – não me culpes a mim!

– Eu não culpo ninguém. – Disse eu, voltando-me para o Rafa. – Tu não tinhas de falar com o Pablo por causa do espetáculo?

– Estás a ver se te livras de mim? – Perguntou ele com um sorriso galã no rosto.

– Não é óbvio?

– Não, mas tens razão, tenho de ir falar com ele… mas depois levo-te a beber um batido, fica por minha conta! – Disse ele enquanto se afastava.

– Eu não tinha tanta certeza – murmurei quando tive a certeza de que ele já não me ouvia, fazendo o Leonardo e a Kim soltar uma gargalhada.

– Olha, mamã – falou a Maria pela primeira vez desde que eu apareci -, conheci hoje um homem e uma menina que me disseram que eu canto muito bem!

– Maria, estiveste a falar com pessoas que não conheces? O que é que eu já te disse sobre isso?

– Mas eles disseram-me os nomes deles… - argumentou. – Acho que eram Julietta e Sertã…

– Julietta e Sertã, Maria? – Perguntei com a sobrancelha arqueada.

– Acho que sim, não me lembro muito bem…

– Ouve, Maria, mesmo que te digam os nomes, não deves falar com estranhos, achei que isso já estava bem claro. Agora temos de ir almoçar – disse eu, virando-me para o Leonardo e a Kim. – Vocês querem vir connosco?

– Obrigada, mas almoçamos em casa – rematou a Kim. – À noite vemo-nos lá.

Concordei com a cabeça e dirigi-me ao Resto Bar. Encontrávamo-nos os quatro sempre à noite, antes da hora do recolher. Afinal, o apartamento deles era mesmo em frente ao nosso.

Angie Pov’s off

Kim Pov’s on:

– Então, pai, tens alguma coisa para me contar? – Perguntei-lhe com um ar curioso. Quando tinha algo para dizer, eu nunca sabia ficar calada, era um dos meus defeitos, e eu já há algum tempo que percebi que o meu pai anda muito pensativo, talvez até demais.

– Eu? Porque é que haveria de ter alguma coisa para te dizer?

– Estás estranho. Passa-se alguma coisa?

– Não, não te preocupes, estava só a pensar que tenho de pedir ajuda à Angie para fazer uma coisa.

– E não me podes pedir a mim?

– Não, não posso. Quando chegar a altura vais saber do que eu estou a falar.

– Como queiras. – Suspirei, mudando de assunto. – Não achaste estranho a Maria ter conhecido um homem chamado Sertã? Quer dizer, Julietta é credível, agora Sertã?

– Tenho pena do pobre homem que se chama assim – gracejou ele, começando a andar em direção a casa. – Vamos andando, é hora de almoçar.

– Ok. – Disse enquanto caminhava ao lado dele, mas por alguma razão não conseguia deixar de pensar naquilo. Julietta e Sertã, Julietta e Sertã… então fez-se luz e eu estanquei, horrorizada: Violetta e German!

– O que é que se passa, Kim? Não tens fome?

– Vai andando… - murmurei ainda em choque -, tenho de confirmar uma coisa.

Saí do lado do meu pai e corri em direção à mansão Castilho, rezando para que o meu pressentimento estivesse errado. Se aqueles dois estavam de volta, ia haver problemas… e dos grandes! Sim, porque eu não tenciono trincar a língua à frente deles, o que tiver a dizer, digo! E se, por alguma razão, tentarem magoar a minha Angie outra vez ou encostar um dedo sequer na Maria, vão arrepender-se seriamente de terem voltado a por os pés em Buenos Aires!

Kim Pov’s off

Violetta Pov’s on:

– Estive a pensar, pai – comecei, enquanto comíamos gelado na praça -, o que achas de voltares a contratar o Ramalho e a Olga? A casa não é a mesma sem eles.

Arrisquei olhar para ele e vi que pensava seriamente no que eu tinha acabado de dizer.

– Não sei se será boa ideia – disse por fim. – Vamos ficar muito pouco tempo em Buenos Aires, não acho que valha a pena.

– Vá lá, pai, o Ramalho é teu amigo, e eu tenho saudades da Olga… - tentei convence-lo, mas depressa percebi que o problema dele era outro. – Estás a hesitar porque eles ficaram do lado da Angie… pai, isso foi há anos! Não foram eles que te roubaram, só fizeram o que acharam que era justo ao ficarem ao lado dela.

– Não voltes a repetir esse nome à minha frente, Violetta.

Ele disse aquela frase com uma voz tão fraca que me arrependi amargamente de ter voltado a desenterrar este assunto. Eu sabia que ele ainda pensava nela, e não o podia condenar, pois eu também não me tinha esquecido da minha tia. Baixei os olhos e concentrei-me no gelado, mas o meu pai não demorou a retomar a conversa.

– Nesse aspeto tens razão, a casa não é a mesma sem aqueles dois. Vamos falar com eles.

“Boa!”, Pensei enquanto me levantava do banco, atrás do meu pai. Parecia que finalmente estava tudo a voltar ao seu lugar.

Não demorámos muito a chegar à antiga casa do Ramalho, um apartamento pequeno e simples num prédio no meio da cidade. Não tínhamos a certeza se ele ainda morava lá, mas tentar não custa. Como vi que o meu pai não se decidia a bater à porta, tomei a liberdade de o fazer eu, ignorando os pedidos do meu pai para esperar mais um pouco. Quando a porta se abriu, não foi o Ramalho que apareceu, como nós esperávamos, mas sim a Olga.

Eu tenho dois amores, tanana… AAAAAHHHHHH, VIOLETTA!!! - Gritou ela assim que me viu, largando o espanador e dando-me um abraço de urso (típico da Olga), ao qual eu correspondi logo. – Olha para ti, linda, estás tão grande… SENHOR GERMAN, DÊ-ME CÁ UM ABRAÇO TAMBÉM!!! Ai, que saudades… RAMALHO! CHEGA AQUI DEPRESSA!

– O que é que se passa, Olga, para quê tanta gritaria? – Ramalho apareceu à porta e, assim que nos viu, abriu um largo sorriso e abraçou-me a mim e ao meu pai. – Não posso acreditar que finalmente voltaram, que alegria! Estão com tão bom aspeto… olha para ti, Violetta, estás uma mulher!

Não consegui evitar corar com o elogio e, quando eles nos convidaram a entrar, comecei a pensar no porquê de eles estarem a viver os dois juntos. O meu olhar voou até aos dedos da Olga, mas como não vi nenhuma aliança ou anel de noivado, decidi perguntar diretamente.

– Então, quando é que é o casamento?

– O casamento de quem? – Perguntou a Olga, confusa.

– O vosso.

Ela virou-se para o Ramalho e cruzou os braços, fingindo-se irritada.

– POIS, RAMALHO, QUANDO É O CASAMENTO?

– Espaço pessoal, Olga! Não vai haver casamento nenhum.

– Então posso perguntar porque é que estão a viver os dois juntos? – Intrometeu-se o meu pai, com ar divertido.

– Somente para poupar dinheiro. As casas são caras, hoje em dia.

– Pois, pois… você quer é uma empregada à qual não precise de pagar, não é, Ramalho? – Refutou a Olga, batendo-lhe com o espanador na cabeça.

– Que conversa é essa, Olga? Eu não a mando trabalhar!

– Ah não? Então a partir de agora vá você varrer o chão, fazer a comida, lavar a roupa…

– Está a brincar, não? Isso não é trabalho para homens!

– Está a ver? Está a ver como você é? Você parte-me o coração todos os dias, Ramalho, às vezes penso que nem sequer tem um!

Eu e o meu pai limitávamo-nos a rir da discussão entre eles os dois e não pude evitar pensar que nada tinha mudado… felizmente.

– Bom, peço desculpa interromper, mas eu e a Violetta viemos perguntar se vocês não gostavam de vir trabalhar para a mansão, como dantes. – Arriscou o meu pai. O Ramalho tentou responder, mas a Olga adiantou-se.

– Só volto para aquela casa se vocês se decidirem a falar com a Angie e com o meu anjinho! Sem isso, nada feito! – Teimou, deixando-me desolada. Nem eu nem o meu pai estávamos dispostos a encarar a Angie ou… de quem é que ela falou?

– Olga, de que anjinho é que estás a falar? – Perguntei.

– Ora essa, não se façam de desentendidos, que a Angie mandou-vos carradas de e-mails a falar d…

– Já chega, Olga – pediu o Ramalho, tapando-lhe a boca com a mão. – É claro que gostávamos, German, conta connosco.

– De quem é que a Olga estava a falar? – Perguntou o meu pai, também curioso. – Já agora, gostava de saber.

– De ninguém, vocês sabem como é a Olga, sempre a dizer coisas sem sentido.

Desta vez, a Olga deu com o espanador na cara do Ramalho e livrou-se da mão que lhe tapava a boca.

– SEM SENTIDO É O SENHOR, RAMALHO! E fique sabendo que eu só aceito por causa da Violetta!

O meu pai ainda tentou saber mais, mas eu impedi-o de abrir a boca. Ter a Olga e o Ramalho de volta já era um grande começo.

Violetta Pov’s off

Kim Pov’s on:

Não percebo, a sério que não percebo. Tinha a certeza de que só podiam ser eles, como é que me fui enganar? Entrei às escondidas na mansão, vasculhei-a de alto a baixo e só encontrei três malas de viagem que provavelmente pertenciam à mulher que vi lá dentro. Teriam eles vendido a casa? Não faz sentido, a Angie, a Olga e o Ramalho disseram que a mansão era muito valiosa para eles, porque é que a venderiam? Seria a mulher uma amiga da família a quem eles emprestaram a casa temporariamente? Bom, não importa. Pelo menos, agora sei que a Violetta e o German não estão em Bueno Aires, e isso tirou-me um peso enorme de cima. Não ia suportar ver a Angie sofrer por causa daqueles dois outra vez.

Kim Pov’s off

Dia seguinte

German Pov’s on:

– Estás pronta, Violetta? – Perguntei assim que acabei de tomar o pequeno-almoço.

– Sim, pronta e ansiosa por voltar ao Studio. Mas pai, já te disse que não preciso que me acompanhes, tenho 23 anos, não sou nenhuma criança.

– Eu sei, mas mesmo assim, eu gosto de ir. Também estou curioso por entrar e ver se encontramos a pequenina outra vez. – Disse eu, embora sabendo que aquela não era a principal razão para eu a acompanhar ao Studio. Simplesmente não queria que, se a Angie lá estivesse, a Violetta tivesse de lidar com o assunto sozinha.

– Muito bem, vamos?

Concordei com a cabeça e fomos andando a pé em direção ao Studio. Eu estava nervoso, muito nervoso, e acho que a Violetta percebeu, mas não disse nada. Não demorámos a chegar e, assim que entrámos e a Violetta correu a abraçar os colegas que não via há anos, eu vasculhei o lugar com o olhar, mas felizmente, não havia sinal da Angie.

Como regra de boa educação, cumprimentei pessoalmente cada um dos amigos da Violetta e estava prestes a ir embora quando passei a frente da sala de professores e a porta se abriu repentinamente, o que me fez chocar com quem quer que fosse que estava a sair. Com a surpresa, acabei por cair ao chão com a pessoa com quem choquei por cima de mim. Quando abri os olhos, encarei o rosto que me atormentava em sonhos todas as noites e que eu desejava nunca mais voltar a ver: Angie.

Eu não sabia o que fazer. Estava paralisado, e ela também. O meu coração parecia querer saltar do peito, comecei a suar, as minhas mãos tremiam, e eu não sabia como ocultar isso tudo à frente dela. Subitamente, parecia que tudo tinha parado. Os amigos da Violetta calaram-se repentinamente, tal como ela, e não se ouvia uma única mosca. Maldito silêncio! O que é que eu faço agora?

– Mamã, o que é que estás a fazer em cima do senhor Sertã?

– A tua mãe está em cima de quem?

Reparei que apareceram mais cabeças curiosas vindas da sala de professores, mas não lhes prestei atenção. Reconheci a pequenina como sendo a rapariga que estava ontem a cantar à porta do Studio e… espera aí! Ela chamou-lhe “mamã”?

German Pov’s off


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Queria pedir desculpa mais uma vez pelo que avisei acima, mas não é algo que dependa de mim:(
Beijinhos!



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