Escudo escrita por Melzinha


Capítulo 15
Capitulo XV- "Lágrimas e Fogo"




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Escudo

Capítulo XV

Por Mel

Lágrimas e Fogo

“Abaixem-se”- Li ordenou enquanto o exercito de Ueda cercava as entradas da cidade. As montanhas os protegiam de serem visto, mas também atrapalhavam a visão das tropas.- “Ao som das trombetas invadiremos”.

Olhou para Sakura de relance. A esmeraldas fixas na imagem imponente do palácio a distância. Tantas emoções passavam diante dos olhos verdes que lhe custava identificar o que se passava pela mente de sua princesa. A viu segurar sua espada, empunhar seu escudo e suspirar pesadamente. Sentiu uma necessidade latente de abraça-la e dizer que tudo ficaria bem. Seu coração doeu um pouco ao pensar no que ela estaria sentindo ao ver o lugar que fora seu lar por tanto tempo naquele estado tão... deplorável.

“Ela é um monstro...”- A voz trêmula, quase inaudível quebrou o silencio que se formara com a expectativa do ataque.

“Logo tudo vai ficar bem”- Ele lhe assegurou confiante- “Vamos acabar logo com isso e restauraremos Tomoeda de uma vez por todas”.- Tocou o rosto delicado- “Chega de fugir ou se esconder. Essa terra é sua”.

“Por Tomoeda!”- Takashi levantou a espada encarando o casal que sorriu de leve observando a animação do amigo.

“Por Tomoeda!”- Repetiram o gesto. E aos som das trombetas imperiais de Ueda, finalmente a guerra começou.

Cascos de cavalos, gritos e rumores ecoaram pelos muros da cidade criando uma ressonância tão grande que as paredes das casas tremeram. A maior parte dos soldados estavam posicionados na entrada das montanhas seguindo o plano astuto do general de Ueda. Viram as tropas de Tomoeda se movimentarem para a entrada norte e sul da cidade como o previsto.

“Está dando certo”- Takashi comentou ainda escondido vendo o batalhão de Meyling, juntamente com os ‘linces da montanha’ divididos em duas partes, chamar a atenção dos soldados inimigos como o combinado.- “Eles caíram na armadilha”.

“Ótimo”- Li comentou satisfeito atiçando seu cavalo, desfilou em frente ao exercito.- “Soldados!”- Chamou a atenção da tropa que se silenciou ao ver a imagem imponente do belo general- “Chegamos até aqui não só para vingar um reino, mas para salvar um povo!”- Encarou Eriol que o observava juntamente com os homens que ficariam no acampamento para cuidar dos suprimentos e dos feridos- “Cada um na sua função e na sua habilidade estão mais do que aptos para ganhar essa guerra. Tomoeda ficará livre da tirania, não apenas em nome do rei Masaki, mas em nome da liberdade e amor tão pregados no reinado do rei Kinomoto!”- Respirou fundo tentando controlar os próprios batimentos. A adrenalina o deixando ansioso e atento a todos os sons a seu redor- “Ao meu sinal, sitiaremos a cidade e sairemos vencedores!”- Sorriu ao ver os soldados gritarem em concordância e finalmente encarou Sakura- “E novamente e linhagem de Kinomoto reinará!”- Os gritos se tornaram mais alto- “Preparada, princesa?”- Sorriu torto encarando a jovem.

“Desde de sempre, general”- Sorriu confiante esperando o sinal para atacarem. Ajeitou-se em seu corcel branco. Esse era o seu momento.

Syaoran abaixou o olhar observando a movimentação na cidade.

“AGORA!”- Gritou comandando seus subordinados a invadirem.

SSSS Lembranças SSSS

“Tão calada”- Sorriu um pouco ao observar a princesa olhar sonhadoramente na direção de Tomoeda. O acampamento que fizeram nas montanhas evitava que alguém os visse antes do ataque surpresa.

“Só estou quieta hoje”- Disse simplesmente dando os ombros.

“Não é muito normal te ver quieta”- Provocou recebendo um tapa no braço como resposta. Riu da reação dela- “Está preocupada, não é?”.

“Na verdade estou com medo”- Confessou um pouco sem jeito- “Não de lutar...Mas medo de não saber o que fazer depois. Há meses que minha vida se resume em achar um jeito de tirar Sayiuri do poder, mas e se eu não for uma boa rainha?”.- Os olhos cheios de água traziam um brilho diferente as esmeraldas.- “E se eu colocar tudo a perder? Posso ser boa em ideias e discursos e até ter agido como uma líder agora há pouco, mas eu estou surtando...”.

“Minha flor”- Falou suavemente segurando o rosto delicado entre suas mãos- “Você será uma excelente rainha. A melhor que Tomoeda já teve”.

“Você fala como se fosse fácil, Syaoran”- Fez bico.

“Não estou dizendo isso”- Não resistiu e beijou suavemente os lábios rosados- “Fácil não vai ser, mas tenho certeza que você está preparada. Olha para você princesa. Liderando um exercito! Quando nos meus sonhos mais malucos eu achei que um dia isso fosse acontecer...E ainda assim eu acredito que foi uma excelente decisão. Você é uma rainha nata, Sakura”.

“Você acha mesmo?”- Deixou uma lagrima teimosa escapar demonstrando toda enxurrada sentimental que a invadia. Ele a olhou docemente e beijou todo caminho que a gota fizera no rosto de porcelana desde o queixo até os olhos. Sakura simplesmente suspirou apreciando o toque carinhoso de seu guardião.

“Eu tenho certeza! Eu sempre achei isso...”- Sentiu-a aconchegar-se em seu colo. Ainda se assustava em como o perfume dela o deixava enfeitiçado. Fechou os olhos apreciando o momento. Tê-la em seus braços parecia a coisa mais certa que existia no mundo. Quantas vezes sonhara com aquilo? Deus! Perdera as contas de quantas vezes a desejou em silêncio. De quantas vezes a quis.

E agora estavam diante de uma guerra...Sem saber o desfecho final, simplesmente porque não poderia deixar impune aqueles que lhe fizeram tanto mal. Aqueles que quase mataram sua princesa... Remexeu no bolso. O anel que o pai lhe dera incomodou sua perna.

“Você vai sempre estar ao meu lado, Syaoran?”- Perguntou manhosa quebrando a linha de pensamentos do general.

“Sempre, princesa...Sempre...Para o resto de nossas vidas”.- Beijou-lhe o cabelo.- “Eu nunca mais vou deixar você sair de perto de mim”.

“E quando eu for cuidar dos nossos filhos?”- Brincou.

“Quer ter filhos comigo, Sakura?”- A pergunta saiu mais séria do que esperava- “O filho de um soldado pobre adotado por um rei com piedade?”.

O seu grande medo transparecendo finalmente, clareando os ambares ainda mais. Não temia a guerra ou a morte, mas sim não ser suficientemente bom para a mulher que sempre amou. Quando Fujitaka ou Nadeshico estavam vivos tudo era diferente e o titulo que recebera abriu suas ideias e quebrou suas barreiras, sentia-se mais seguro, mas agora, apesar de saber que era igualmente correspondido e de ter Sakura aconchegada em seus braços, não passava novamente de um militar. Um general, sim, mas ainda assim... alguém sem berço. E ela merecia algo melhor que isso. Um príncipe talvez. A olhou com carinho. Não ousara tocar nela na noite que seus pesadelos o levou a cama da princesa, e por um segundo, pensou que se ele não se dava essa liberdade, como deixaria outro homem o fazer? Como vê-la com outro alguém e não morrer por dentro...Depois de tudo?

Deus...A vida poderia ser menos complicada.

“Não...”- A voz dela lhe trouxe a si novamente.

Sakura segurou o rosto másculo entre as delicadas mãos e viu dentro dos olhos ambares algo que jamais imaginou ver. Medo. Ele estava diante de uma guerra e ainda assim o que lhe assustava era o fato dele não ser ‘o suficiente’ para ela. Sorriu-lhe amorosamente- “O filho de um homem honrado que salvou não só a minha vida como um reino inteiro. O meu herói. O meu guardião. O meu amor. O único homem nessa face da terra com quem eu passaria o resto dos meus dias”.

“Estaria disposta a casar comigo, Sakura?”- Seu coração triplicou de ritmo.

“Está me pedindo em casamento, Syaoran?”- Perguntou em um misto de esperança, ansiedade e incredulidade.

“Eu ia fazer isso na noite de seu aniversario, quando Takashi e Meyling me ajudaram a preparar a surpresa na clareira que você tanto amava”- Sorriu um pouco- “Mas a vida tinha outros planos...Então...”- Colocou a mão no bolso- “Não foi o anel que escolhi, porque aquele se perdeu no meio da confusão, juntamente com o broche que você havia me dado...Tive que deixar tudo para trás, porque a única coisa que me importava era te ver feliz”- A encarou docemente- “Sua mãe entregou esse anel ao meu pai, na esperança de que um dia...nós ficássemos juntos”.

Ela piscou varias vezes incapaz de dizer um só palavra.

“Sakura Kinomoto...Princesa de Tomoeda...Minha flor”- Sorriu timidamente ajoelhando-se na frente dela, não como um general diante da realeza, mas como um homem completamente apaixonado diante do amor de sua vida- “Me daria a honra de cuidar de você todos os meus dias, amar você enquanto eu respirar...Compartilhar minha vida, meus sonhos?”- Colocou o anel na mão delicada- “Casa comigo?”.

“A minha resposta para você sempre será sim”- Sorriu entre lágrimas jogando-se nos braços fortes o levando para o chão.- “Achei que você nunca iria propor”- Riu alto arrancando uma gargalhada gostosa do rapaz enquanto rolavam no chão.

“Você não tem ideia do quanto eu amo você”- Confessou novamente olhando-a profundamente. Havia tanta sinceridade naquela frase que impossível conter o rubor que se apossou de seu rosto.

“E eu amo você hoje e sempre Syaoran Li”- Roçou seus lábios delicadamente nos dele recebendo um beijo apaixonado como resposta.

SSSSS Fim das Lembranças SSSSSS

A guerra acontecia em câmera lenta a seu redor como estar preso em um olho de um furacão, vendo o resto da tempestade arrasar com tudo. Os intensos olhos ambares procuraram no meio da multidão despreparada os temíveis azul celeste, sabendo que a esse momento as tropas estariam espalhadas pela cidade tentando se relocar, mas para a sua surpresa e de todos os soldados, atrás dos camponeses distraídos e amedrontados ao pé da montanha, o exercito de Tomoeda os esperavam com milhares de soldados armados, prontos para contra-atacar. Assustou-se ao reconhecer, não apenas os olhos azuis, mas também os bonitos olhos castanhos e apáticos da amiga.

“Chiharu?”- Perguntou confuso não acreditando no que via. A procurou depois da confusão para oferecer perdão real a pedido da própria Sakura que sentiu pena da menina ao descobrir o que motivara o ataque a sua vida, mas o que ouvira durante esse todo tempo era que ela havia desertado e trabalhava de lavadeira em uma pequena aldeia próxima ao antigo reino de Fukushima. Nunca passou pela sua cabeça que – “Você... nos entregou...”.

“Olá para você também general Li”- A voz seca e fria mostrava que a doce menina havia morrido em algum lugar dentro da própria alma.- “Aqui sou comandante Mihara”.

“Não pode ser”- A voz surpresa de Takashi ecoou como uma lamina afiada em todo plano da garota de parecer indiferente a situação e por um momento vacilou encarando o pequeno rapaz que a olhava como se tivesse visto um fantasma.

A voz de MeyLing ecoava ao longe, soldados se moviam por toda parte e mesmo assim o tempo parecia paralisado.

“Mas é a Chiharu!”- Sakura foi a ultima a reconhecer a ruiva. Talvez pela armadura, pela adrenalina ou pela surpresa que sentia ao ver o exercito todo esperando por eles e a incerteza da vitória atingir em cheio seu coração.

“O que você está fazendo ao lado desse maluco?”- Takashi não se conteve em perguntar- “Não sabe que ele é o braço direito da mulher que assassinou o rei de Tomoeda a sangue frio e tentou nos matar?!”.- O temperamento perdido há muito tempo.

“Spinel jamais faria isso!”- Rebateu nervosa. A presença dele a deixava atordoada colocando um fim a sua razão – “Agora essa menina a quem todos veneram e chamam de princesa, já não posso dizer o mesmo”.

“Morte a princesa!”- Um dos soldados gritou incitando o exercito que reagiu imediatamente- “A assassina do rei voltou para matar a rainha!”.- Outro disse nervoso, apenas esperando ordens para atacar.- “Não podemos permitir!”- Gritos...Apenas gritos.

“Vocês estão enganados!”- A voz era doce, mas ecoou com tanta força que parecia um estrondo de um trovão calando a multidão de uma vez. – “Eu jamais faria isso! Vocês foram enganados. Olhem para a situação que o reino se encontra...Tomoeda está em ruínas. Isso nunca aconteceu no reinado de meus pais”.

Viu alguns soldados gritarem e vaiarem enquanto a maioria observava a cena com espanto e uma certa consideração. No fundo sabiam que era difícil acreditar que a doce princesa fosse capaz de algo tão vil e depois que a nova rainha assumira, Tomoeda declinou...Quase ruiu diante dos impostos e penas de morte. Vendo a duvida crescer entre seus soldados Spinel gritou.

“Bruxa!”- Os olhos azuis alterados assistindo seu exercito perder o entusiasmo diante da herdeira do trono- “Tenta nos enfeitiçar com sua beleza e suas palavras, mas não vai conseguir”- Encarou os soldados- “Ao meu sinal vamos atacar e-“.

“Eu precisava ver com meus próprios olhos”- A voz abafada em meio aos soldados de Ueda chamou a atenção do general de Tomoeda que parou seu comando ao meio.

“Eri..Eriol?”.- Não contava com aquilo. Não naquele momento.

“Quando me disseram que houve um ataque...em Fukushima eu realmente achei que houvesse esperança, que vocês fossem sobreviventes de um massacre sem sentido, mas-”- Deteve-se encarando o pai biológico.

“Você não é soldado... O que faz aqui?”- A voz fria e autoritária de Spinel mostrava o descontentamento diante da situação.

“Eriol, enlouqueceu?! O que faz aqui sem armamento?”- Syaoran ralhou preocupado- “Eu prometi a Tomoyo que cuidaria de você”- Desceu do corcel encarando o amigo. Sakura e Takashi fizeram o mesmo e se aproximaram do jovem médico.- “Deveria estar no acampamento”.

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“Sakura sofreu muito achando que vocês estavam mortos”- Os olhos violetas cintilaram com a lembrança daquele dia- “Ela pedia para Deus leva-la também e chorou até desfalecer”- Suspirou vendo os ambares se encherem de água- “Nunca vi alguém tão triste em toda minha vida...e então eu me coloquei no lugar dela e imaginei por um segundo a minha vida sem Eriol e morri com o simples pensamento”- Pegou de surpresa a mão do general que tentava assimilar as palavras da morena. Assustara-se quando pediu uma audiência particular em sua sala- “Eu estou grávida...”- Confessou o olhando nos olhos- “E eu não sei se sou tão forte como Sakura para seguir em frente, então por favor... Meu marido não é um soldado, é um médico e ele está indo nessa guerra não apenas para ajudar a princesa, mas porque de uma certa forma se sente responsável por causa do pai...”.

“Eu nunca...nunca...Poderei agradecer o suficiente por terem ajudado Sakura”- Falou sinceramente- “Você têm a minha palavra de que protegerei seu marido durante essa guerra com todos os meus recursos”.

“Eu acredito em você”- Sorriu de leve- “Assim como Sakura sempre acreditou. Ela levava o pingente de vocês como um amuleto...Nunca a vi em todo esse tempo sair sem ele. Creio que de uma certa forma a fé dela os reuniu novamente e é essa mesma fé que deposito em você general”.

SSS Fim das Lembranças SSSS

“Eu tive que vir...”- Levantou o rosto para encarar o temido general de Tomoeda- “Não percebe que tudo o que te rodeia é morte?”- Havia dor e ressentimento em suas palavras- “Primeiro minha mãe... e agora dois reinos. Você atacou Fukushima e destruiu Tomoeda, e porquê? Por um capricho de uma mulher louca!”.- Fechou os olhos tentando se controlar- “Se visse o estado em que encontrei a princesa...”.

“Deveria tê-la deixado apodrecer as margens do rio...”.

Syaoran contraiu o queixo e cerrou os punhos diante dessa afirmação. Teve que usar todo o autocontrole que ainda tinha para não cortar a cabeça daquele homem.

“Eu não sou você!”- Eriol cuspiu de repente.

“Você não passa de um peso morto do qual tive que me livrar! Você e sua mãe...Ruby Moon era uma fraca”.

“Não toque no nome dela!”- Gritou de repente e avançou furioso, se não fossem os braços fortes de Li teria atacado o pai sem armamento algum.- “Um monstro como você...capaz de atacar dois reinos pacíficos não é digno de tocar no nome dela”.

“Como sabe que ataquei Fukushima?”- Perguntou desconfiado sem se dar conta de que estava se entregando diante de seus homens.

“Ficou claro quando ajudou essa mulher a usurpar o trono de Sakura. Vocês não deveriam estar aqui... Deveriam tem ficado lá aonde estavam, longe dessas pessoas inocentes que não tinham nada a ver com a ganância de vocês”.

“Essa menina...É filha de Nadeshico...”- Olhou com desdém para a princesa que se escondeu involuntariamente atrás de Li- “Isso basta para morrer... A mulher que tirou tudo de Sayiuri...Mas logo resolveremos isso, e dessa vez eu vou me certificar de que ela não volte mais”.

“Só por cima do meu cadáver”-Syaoran falou entre os dentes.

“Como desejar...”- Sorriu maldosamente levantando a espada, desafio esse prontamente aceito pelo general de Ueda que mantinha os intensos olhos o tempo todo sobre Spinel.

“Parem!”- A voz de Sakura ecoou desesperada – “Eu não acredito que essas maldades todas ... tem a ver com o ciúmes de uma lunática pela minha falecida mãe!”.

“Tem muita sorte ‘Ratinha’ dela estar morta agora porque senão eu a esquartejaria lentamente na sua frente...E riria da sua cara de pânico e horror...”

“Ofenda-a mais uma vez e vai se arrepender de ter nascido com língua”- Foi a vez de Syaoran apontar a espada.

“Ora ora...Mas se o ‘poderoso’ general Li Syaoran não mostrou suas garras?”- Riu de lado- “Como se sente traído pela sua grande amiga?”- Olhou para Chiharu que evitava a todo custo chorar. Aquela história estava mexendo com seus nervos. Tudo de repente fazendo tanto sentido dentro de si que lhe custava acreditar na cruel verdade- “Você a trocou pela ‘ratinha’... e ela te trocou por mim...”.

“Eu nunca tive nada com ela”- Sentiu a necessidade de explicar.

“Porque nunca quis”- A ruiva rebateu tomando as rédeas de seu pensamento novamente.- “Mas alguém me quis de verdade...”.

“Fala que isso é mentira”- A voz trêmula de Takashi mudou o foco da conversa- “Diz que você não nos entregou Chiharu. Nós éramos uma família”.

“Eu nunca...”- Fungou e o encarou- “Fiz parte da família de vocês. Quando Sakura voltou TODAS as atenções foram para ela... Ela roubou tudo que eu sempre quis...E mesmo antes dela voltar a sombra dela nos assombrava por onde íamos!”. – A encarou com raiva-“Ela roubou a atenção e o amor dos meus amigos... além do coração de Syaoran. Nem morta você saia da cabeça dele...Ele nunca seria meu completamente porque você um dia colocou seus pés sobre a terra...Como você acha que me senti sendo ameaçada por uma morta?”.

“E eu Chiharu?”- Yamasaki falou em um sussurro – “Eu estava disposto a te dar o mundo”- A dor na voz de Takashi quebrou mais uma vez sua indiferença.- “Não sabe como eu sofri quando você sumiu e agora...”.

“Eu nunca te quis Takashi!”- Gritou como se tentasse convencer a si mesma.- “Nunca tive olhos para você!”.

“Chega de baboseiras!”- Spinel falou de repente- “Nosso diálogo termina aqui”- Virou-se para o exercito -“Ataquem! Matem todos!”- Encarou Eriol seriamente – “Não façam prisioneiros e deixem o general e a princesa para mim!”.

O barulho de metal titilando, gritos de dores e a cor vermelha transformaram o cenário pacifico em segundos. Flechas voavam em todas as direções. Sakura levantou seu escudo e se colocou na frente de Eriol protegendo o amigo que um dia a salvara.

“Precisamos tirá-lo daqui!”- Disse apavorada vendo a guerra acontecer ao seu redor em câmera lenta.

“Eu o levo para o acampamento”- Um dos capitães sugeriu vendo a duvida nos olhos da princesa- “Os soldados precisam mais de você do que de mim”.

“Como pode dizer isso? É um homem treinado!”.

“Não pelo seu poder de luta”- Disse levantando a espada e colocando o médico atrás de si- “Mas o que você representa...”- E antes de misturar-se a multidão ouviu a voz dele dizer –“Esperança”.

“Esperança”- Repetiu para si mesma. Viu Li se direcionar até Spinel. Foi impressionante a velocidade que ele alcançara o general de Tomoeda. Sentiu alguém puxar seu cabelo e para sua surpresa Chiharu a desafiava, como na arena há meses atrás.

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“Está escutando esse barulho?”- Akemi perguntou tentando alcançar a pequena janela de sua cela- “Parece...Um ataque”.

“É uma guerra...”- Kerberus constatou sem muita emoção. O rosto menos inchado do que há três dias atrás.

“Ueda finalmente invadiu então”- Os olhos castanhos repousaram sobre o comandante- “Eu estou com medo. Não quero que minha mãe se livre dessa, mas também não a quero morta...”.

“Sua mãe cometeu muitos pecados, Akemi... Merece o que lhe está acontecendo”.

“Sei disso, mas ainda assim”- Suspirou pesado- “É minha mãe e eu tenho esperança de que ela mude...Que se arrependa”.

“Esperança é uma palavra muito bonita e muito poderosa”- Sorriu de leve.- “Gosto dessa palavra”.

“Acha que...Acha que Tomoeda vai vencer?”- Perguntou de repente assustada- “E se matarem a princesa de verdade? Minha mãe não tem condições de continuar no trono... Ela...matou meu pai”- Disse com pesar.

“Tudo pode acontecer nessa guerra...Ainda mais porque uma moça do exercito de Ueda entregou o plano de invasão para esse reino”- Comentou apoiando a cabeça na pedra. Naquela manhã a falta de alimento estava lhe fazendo mais mal do que o de costume. Seu estomago estava embrulhado.

“Precisamos dar um jeito de sair daqui”- Disse de repente observando que a guarda diminuíra drasticamente após o recrutamento- “Precisamos chegar até a minha mãe...quem sabe se-”

“Princesa”- Kerberus falou rouco e um pouco impaciente- “Não percebe que sua própria mãe a jogou aqui? Há dois dias? A base de pão e água?”.

“Eu a agredi”- Disse ressentida- “Deve ter sido uma forma impensada de me corrigir. Fiz um ato muito vil”.

“Ela matou seu pai...Ela matou o rei Fujitaka a sangue frio, e jogou a princesa quase morta nas aguas geladas, matou o monge que descobriu a fraude envenenado...atacou pessoas inocentes durante o reinado...Isso não foi uma correção Akemi”- Tossiu incomodado- “Sua mãe tem problemas na alma”.

“Mas não muda o fato de ser minha mãe”- Falou aflita com lágrimas nos olhos- “Por favor... Vamos tentar. Preciso falar com ela...Eu jamais me perdoarei se não conseguir ao menos tentar...Por favor, meu amor”- Implorou- “Me ajuda...”.

“Meus braços e pernas estão presos, princesa...”- Comentou cansado- “Não consigo sair daqui...Mas você pode tentar”.

“Não posso te deixar para trás, eu não sei fazer nada. Nunca lutei na vida!”- Seu nervosismo exposto.

“Vamos dar um jeito nisso...Chame um guarda”.

“O que pensa em fazer?”- Mordeu o lábio e franziu a testa.

“Te dar a chance de conversar com a sua mãe...”.- Sorriu suavemente encarando a expressão confusa da menina.

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No seu banho de leite e perfumes iguais aos de Cleópatra, Sayiuri sentia cada célula de sua pele ser invadida pela sensação viscosa e hidratante enquanto de sua grande janela de vidro assistia a guerra como um espetáculo de um baile de mascaras. Sentiu os lábios tremerem com antecipação a sua vitória. Os ventos sopravam a seu favor... Teve que dividir Spinel com uma prostituta de quinta categoria que queria salvar ‘Ueda’ depois de ter atacado Sakura e acertado o cão de guarda. Teve uma certa simpatia pela menina ao saber que havia atacado a filha de Nadeshico. Aquela família era assim,

“Não sei se você está no céu ou no inferno Nadeshico”- Começou a falar- “Mas de onde estiver eu espero que você esteja assistindo...Porque eu vou queimar os seus sonhos um por um diante dos seus olhos”- Sorriu de lado- “Sua filha tinha que ter permanecido na cova...Mas já que resolveu voltar...Terei prazer de manda-la novamente e dessa vez...Dolorosamente”

“Majestade?”- A voz de sua dama de companhia lhe tirara de seus devaneios- “Sua presença é requisitada na sala do trono. Os monges convocaram uma assembleia”.

“Sem a minha autorização?”- Perguntou irritada.

“Parece que um dos guardas confirmou ao conselho que a senhora prendeu sua própria filha na Torre...e estão preocupados com sua saúde mental”- Falou humildemente evitando encarar sua senhora que permanecia nua diante de seus olhos.

“Saúde mental?”- Gargalhou- “É até engraçado, vindo de um monte de velhos gagás...Traga-me panos de linho e prepare meu melhor vestido”- Ordenou severa- “Hoje é dia de comemorar”- Olhou de relance pela janela Tomeoda queimar... Sentiu-se como Nero quando incendiou Roma...Vitoriosa de uma forma louca.

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“Acha que pode comigo?”- Chiharu limpou o sangue que saia do canto de sua boca- “Aquele dia na arena eu lhe menosprezei, mas agora...”- Levantou a espada- “Sei muito bem com quem estou lidando”.

“Por que fez isso?”- Os olhos verdes repousaram sobre ela como uma carga de culpa.

“Você jamais entenderia...Sempre teve tudo o que quis...É filha de reis, amada pelo homem mais bonito que já pisou nessas terras...Viveu sempre rodeada de riquezas”- Fitou-a por um instante- “Não sabe o que é sofrer”.

“Você não sabe de nada...”- Desviou de um golpe- “Minha mãe morreu de uma doença nos pulmões...Meu pai assassinado pela mulher que protege, eu perdi tudo o que eu tinha... Minha família, meus amigos, meu amor, minha saúde em um único dia...”- Sentiu as lagrimas embaçarem sua visão- “Só porque não tive que ‘lutar’ para me tornar uma princesa, não significa que eu não tenha cargas em minha alma...Você não tem noção de um décimo do que já passei nessa vida”.

“Tenta me comover com suas mentiras, mas não vai conseguir”- A atacou novamente- “Spinel tinha razão. Você só pode ser uma bruxa...Por isso que todos a seu redor parecem loucos por você”.

“As coisas não precisam ser assim Chiharu. Eu havia conseguido um perdão real para você...Mesmo que seu ataque tenha e custado ainda mais sofrimento do que pode imaginar. Eu preferia ter sido atingida do que ver os olhos de Syaoran não me reconhecerem”- Confessou sentida- “Mas mesmo assim... eu ...entendi que agiu por impulso e-“ Uma forte dor nos braços a fez calar-se. A ruiva lhe havia atingido quando baixou a guarda.

“Olhe bem nos meus olhos e veja... se eu estou realmente agindo por impulso”- Desafiou com raiva e a atacou novamente vendo-a defender-se com precisão, mas por um segundo... Seus olhos percorreram a cena de horror a seu lado e a imagem de Takashi encurralado por Spinel entre a espada e uma parede de pedras retirou sua atenção. Sakura a atingiu na perna obrigando-a a cambalear para trás. A vida da ruiva passou diante de seus olhos...e tudo perdeu o sentido.

Continua...


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Notas finais do capítulo

NA/ Genteeeeeee.... Tudo bem??? Recebi poucos comentários e fiquei preocupada. Não estão gostando??? Será que eu paro? Contem-me o que estão achando da história e dos capítulos... Queria muito muito saber a opinião de vocês. Tirem dois minutinhos para me contar, vai?? Queria agradecerem especial a Sarinha Kinomoto que comenta em todos os meus capítulos :)



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