Escudo escrita por Melzinha


Capítulo 14
Capítulo XIV- "Flores e Sangue"




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517430/chapter/14

Escudo

Capítulo XIV

Por Mel

Flores e Sangue

A subida para a masmorra era mais alta do que esperava, sua pele delicada rachara inesperadamente ao encontrar o vento frio que soprava sem cessar. Quando pensou que seu coração a trairia dessa forma? Ela era uma princesa, filha da grande rainha Sayiuri de Tomoeda e ainda assim agia como uma rata no meio de uma madrugada fria, por medo da psicose da mãe. Reposicionou o capuz e respirou fundo.

“Alto lá!”- A voz grossa invadiu os ares como o estrondo de um trovão em noite de tempestade- “Identifique-se”.

Cautelosa e altivamente retirou o capuz encarando os guardas que deram um passo para trás. Sem dizerem uma palavra, deram passagem a garota que caminhou para dentro da cadeia como uma dama refinada entraria na sala do trono. Assim que as portas se fecharam, respirou novamente. Se eles soubessem...

A tosse seca a chamou novamente para a realidade e tropeçando em seus próprios pés chegou diante da cela para encontrar o amor de sua vida amarrado e machucado num canto como um animal indesejado.

“Kerberus...”- Sussurrou sufocada tentando inutilmente não chorar.- “Meu amor...o que fizeram com você?”.

Como uma voz poderia significar tanto no meio da solidão? O homem levantou os olhos esverdeados para encarar incredulamente a princesa que chorava livremente segurando as grades sujas da prisão.

“Akemi...Alteza...Não deveria estar aqui”.

“Você...é quem não deveria estar aqui...”- Tentou inutilmente alcança-lo mas seus braços era curtos demais.

“Eu não poderia”- Tossiu gemendo- “Permitir...que a sua mãe...continuasse... com essa loucura”.

“Kerberus minha mãe não é ruim”- Implorou sanidade entre lágrimas.

“Não meu amor...”- Riu de lado.

“Ela não pode ser essa assassina que todos falam”- Chorou alto- “Não pode...Ela...é uma pessoa doce e bondosa”.

“Ainda me admira como alguém como você”- Tossiu- “Pôde vir da linhagem dela”.

“O que você sabe, Kerberus?”- O rosto dolorido mostrando as emoções escondidas- “O que você ...sabe?”- Chorou- “Para terem te trazido para cá?".

“Isso é tão importante?”- Tentou abrir os olhos, mas o inchaço começou a piorar.

“Para mim é!”- Gritou a plenos pulmões- “Como acha que eu me senti quando...quando me falaram que você tinha sido preso por traição e aguardava sentença?! Como?”

“Princesa...”

“Akemi...Meu nome é Akemi para você...desde o dia que trocamos beijos no jardim...Kerberus o que houve?”- Encostou a cabeça na cela- “Pelo amor de Deus, o que houve?”.

SSS Lembranças SSS

“Ele era seu amigo?”- A voz aguda invadiu seus pensamentos diante da espada banhada de sangue a sua frente. Não podia negar o quanto estava triste com aquilo tudo.

“Syaoran Li era muito mais do que um amigo, alteza”- Comentou enquanto limpava a peça de ferro que pertencera ao jovem comandante.- “Era como um irmão mais novo para mim”.

“Ainda me custa acreditar que a princesa Sakura tenha feito tudo o que fez”- Comentou casualmente observando o belo loiro de olhos esverdeados. Quantos anos teria? Não aparentava ser tão mais velho do que ela.

“Não cabe a mim dizer nada sobre isso, alteza”- Finalmente a encarou fazendo-a ficar sem graça. – “E a senhorita não deveria estar aqui”.

“Oras... Acaso está me dando uma ordem, soldado?”- Levantou o tom de voz mostrando seu berço privilegiado diante da atitude mimada- “Que eu saiba você foi designado pelo general Spinel para cuidar de mim, ou estou enganada?”.

“Repito alteza, a senhorita não deveria estar aqui”.- A encarou seriamente.- “Nem sua mãe e nem o general gostariam de vê-la aqui...”.

“E o que vai fazer sobre isso?” O desafiou dando um passo para frente.

Kerberus respirou fundo e fazendo um barulho com sino que jazia na mesa a sua frente, ajeitou a postura. Logo duas oficiais apareceram na sala.

“Por favor, escoltem a princesa de volta ao palácio. Preciso terminar a limpeza das peças para a ‘festa da vingança’.

“Sim, comandante”- Responderam em uníssono e tudo o que viu foi o olhar contrariado da bela ruiva antes de sair de lá. Não podia negar, ela era muito, muito bonita.

SSSS

“O que está lendo?”- Não deveria perguntar, mas a curiosidade misturada a enxurrada de sentimentos que o invadia traíram seu autocontrole.

“Alguns pergaminhos persas traduzidos”- Deu os ombros- “Não resta muitas diversões para uma princesa nessa terra”.-A brisa leve do entardecer balançaram os cabelos ruivos.- “O que a outra princesa fazia afinal?”.

“Perdão?”- Kerberus a encarou de repente. De onde surgira aquele questionamento?

“É! Aposto que ela não ficava entediada como eu”- Bufou um pouco.

“Sakura era treinada para ser rainha, alteza. Ela tinha diversas aulas, era uma pessoa muito culta, fora os treinamentos militares que fez desde os doze. Não me admira que demoraram tanto para pegá-la”.

“Não entendo como uma princesa pode ser submetida a um treinamento rígido. Para que uma mulher tem que saber lutar com espadas se há tantos soldados para protege-la? Parece...bobagem”.- Diante do silencio dele, continuou a falar -“Dizem que ela era uma pessoa muito boa...”.- Comentou casualmente.

“A princesa Sakura sempre foi boa...”.- Limitou-se a dizer um pouco incomodado. Ainda lhe doía imaginar que não percebera a traição debaixo do próprio nariz...Do quanto se enganara com Syaoran. De como não enxergara que ele queria usurpar o poder...

“O que acha que aconteceu para ela ter matado o rei?”.

“De verdade?!”- Levantou uma sobrancelha- “Não tenho a menor ideia... Ela era o tipo de mulher de que qualquer homem se mataria para cortejar além de linda era muito doce, como a mãe fora, talvez...”.- Sorriu de lado- “Estivesse tão apaixonada por Syaoran Li que acabou tomando uma decisão errada”.

“Eles se amavam?”.- Um brilho diferente atravessou os olhos negros.

“Muito...Nunca vi um casal assim em toda a minha vida”.- Constatou.- “Se amavam desde pequenos”- Suspirou- “Por isso, no fundo, entendo a reação de Li quando sua mãe, a rainha tentou prendê-la...eu teria feito o mesmo se fosse...”- Brecou o pensamento por um instante e sorriu sem graça.

“Eu gostaria de viver um grande amor um dia”- Comentou simplesmente abaixando os olhos para os pergaminhos.

“Vai viver”.- Havia uma promessa escondia no meio daquela frase.- “É muito jovem ainda princesa”.

“Para um homem de vinte seis anos, você parece bem entendido de sentimentos, mas é apenas seis anos mais velho do que eu”.

“Gostaria de ser entendido assim, Alteza”.-

“Ama alguém, comandante?”.

“Achei que tivesse ficado evidente, alteza”- Respondeu a encarando intensamente.

“Ficou”- A respondeu o olhando de repente- “Mas estava pensando em quando você iria tomar coragem e me beijar”.

Surpreso com a resposta atrevida o coração de Kérberus acelerou dentro do peito e antes que pensasse em qualquer coisa tomou os pequenos lábios entre os seus.

SSSS Fim das Lembranças SSSSS

“Ela matou seu pai...”- Falou de repente- “Matou seu padrasto e matou a princesa”.-A encarou como podia- “Ela é doente”.

“Co-Como... De..onde...”- Socou a cela- “De onde tirou essa ideia absurda? Ela jamais faria isso...”.

“Akemi?”- A voz soou atrás de si como um sino fora de tom- “O que faz aqui filha? Quando me contaram que havia subido a torre eu-“.

“Mãe...”- Olhou incrédula para a bela mulher a sua frente. Os cabelos ruivos caiam como cascatas sobre a pele alva- “Diga a ele mãe...Diga que ele foi enganado! Que isso tudo não passa de um mal entendido, que você nunca faria isso nem a uma mosca...”.

Diante do silencio frigido e da opacidade dos olhos negros, Akemi perdeu uma batida em seu coração.

“Mãe?”.- O desespero crescendo dentro de si- “Mãe?”.

“Eles mereceram morrer... Seu pai era um fraco...e-“

A princesa deu dois passos para trás tentando controlar a respiração. Cheia de uma súbita raiva, Akemi levantou-se e a encarou firmemente e sem se conter bateu com força contra a bochecha daquela que um dia fora seu porto seguro, seu ponto de referencia.

“Ora sua!”- Sayiuri segurou os braços da filha com tanta força que seus dedos quase entraram na pele delicada- “Você é uma ingrata! Menina tola! Como ousa levantar-se contra mim?”.

“As pessoas têm razão”- Disse desesperada- “Você é doente!”.

“Doente?”- Riu de lado- “Eu sou muitas coisas Akemi...Menos doente”- Levou as mãos as têmporas- “Tudo o que eu fiz foi pensando em você! Olha...Observe a grandiosidade do reino que vai herdar! Tudo isso um dia vai ser seu filha! E não dela...”.

“Dela?”- Perguntou sem entender.

“Da filha de Nadeshico...”- O olhar perdido dava um tom louco ao rosto branco.

“Não pode estar falando sério...”- Negou veementemente balançando a cabeça- “Você não pode ter feito isso por ciúmes...Não! Deus...Meu pai...Meu querido pai”- A fitou novamente- “Você é um monstro”.

“Um monstro que deu TUDO para você! Tudo o que eu não tive”.

“A que custo, mãe?”- Não conseguia mais conter as lágrimas- “Não existem JUSTIFICATIVAS para essa sua atitude...”- Passou as mãos pelos cabelos- “Como...você...foi...capaz?”- O ar lhe faltava.

“Levante a voz mais uma vez para mim e verá do que eu sou capaz”- Falou simplesmente.- “Menina mimada...”.

“E do que você é capaz, mãe?”- A enfrentou.- “Vai me matar como fez com o meu pai, o rei ou Sakura?”.- A voz cheia de dor.

“Nunca mais repita esse nome”- Foi a vez de Sayiuri esbofetear Akemi. Os dedos marcados na pele branca.

Kerberus tentou se mover, mas a dor em seu corpo não permitia. Estava morto dentro de si mesmo. Sayiuri encarou a filha altivamente e com o olhar apático abriu a cela com uma chave que escondia em seu espartilho. Tudo o que Akemi sentiu foram as mãos que um dia a acalentou a empurrarem contra o chão frio e o impacto lhe tirar todo ar de seus pulmões.

“Darei um tempo para você pensar no que me disse...”- Ajeitou o cabelo que caíram sobre sua face pelo esforço que fizera e encarou o casal de maneira sombria- “No fundo...Vocês dois se merecem...”- Falou entre os dentes rodando as chaves ostensivamente em sua mão e nem pelos gritos desesperados da filha ousou olhar para trás.

SSSSSSS

“Me ajudem! Por favor!”- O grito sufocado de Rika ecoou pelos bosques como um pedido de misericórdia.

O caos se espalhara no acampamento dos refugiados e criara um cenário apocalíptico. Haviam corpos, pessoas feridas, casas e arvores queimadas. Os soldados de Tomoeda a mando de Spinel descobriram o esconderijo dos ‘linces da montanha’ e os atacaram durante a madrugada.

O fogo vinha de lá.

“Syaoran!”- Meyling se aproximou dele com os olhos assustados.- “Foi um massacre... As terras estão inutilizadas”- Ela e Takashi haviam vasculhado o lugar com a ajuda de alguns soldados.

“Eu não entendo...Como descobriram que eles estavam aqui?”- Sakura perguntou incomodada. Um grande peso apossou-se em seu coração.

“Há muitos mortos”- Yamasaki se aproximou em seguida relatando- “Não pouparam nem as crianças”- Falou com pesar balançando a cabeça.

“Peguem os corpos... Vamos enterrá-los”- Decidiu- “Os feridos serão enviados para Ueda. Aonde está Eriol?”- Perguntou.

“Junto com alguns soldados socorrendo alguns sobreviventes...”- A morena falou- “Isso irá nos atrasar dois dias pelo menos”.

“Não importa”- Li respondeu- “Esse é povo de Tomoeda...”- Constatou com um pesar profundo. Como uma pessoa era capaz de fazer tantas outras inocentes pagarem? E por quê?

“Não faz sentido...Isso não faz sentido”- A princesa murmurou levando a mão a cabeça visivelmente abalada- “Eles estavam tão escondidos. Como souberam da localização? Como?”.

“Sakura?!”- Li a olhou preocupado lendo nos olhos verdes algo que ele jamais gostaria de ler. Culpa...

Ela não poderia estar ser culpando. Poderia?

“Foi por minha causa”- Constatou de repente- “Alguém descobriu que eles me ajudaram. Só pode ser isso...Por que outra razão a rainha teria para ataca-los dessa forma tão...”- Buscou as palavras- “Cruel”.

Poderia...

“Isso é um absurdo”- Ele começou tentando acalmá-la- “Eles haviam se rebelado contra o governo de Tomoeda, por isso que estavam sendo procurados ha meses. Ueda os procurou também pelos roubos que faziam, só quando você voltou que as buscas pararam”.- Aproximou o cavalo- “Até que tudo foi esclarecido”.

“E se alguém me seguiu? E se...”- Brecou o pensamento quando o grito de Rika ecoou em seus ouvidos.- “Estão ouvindo isso?!”

Haviam tantos sons misturados que não conseguiam entender a que ela se referia.

“Isso o que, princesa?”.- Meyling foi a primeira a se manifestar vendo-a movimentar-se de forma diferente.

“Parece um grito de socorro”- Falou - “E vem daquela tenda”.- Levou a mão a boca de repente- “É a tenda de Rika!”.

SSSS Lembranças SSSS

Vendada no meio da campina, a bela princesa de dezesseis anos tentava se concentrar em algo que não fosse a doença repentina da mãe. Seus treinamentos foram intensificados pelo rei que por algum motivo a mantinha longe do palácio o maior tempo possível. Talvez para protege-la, talvez para proteger-se... Escutava o som de seu coração e o ruído de seus próprios pensamentos tão altos como os correntezas do grande rio.

Poderia jurar que esquilos brincavam em alguma arvore próxima e pássaros voavam a seu redor de forma repetida. Deu um passo para frente. Sua missão era encontrar Syaoran sem vê-lo, mas ele mantinha-se silencioso, apenas cortando o ar com a espada. Os ruídos a seu redor a impediam de precisar a localização do comandante.

“Eu sei que você está próximo”- Falou tentando esconder sua frustração por não conseguir definir o som com precisão.

Deu outro passo para frente e de repente, não apenas os sons estouraram como um redemoinho confuso, mas os odores a atingiram como um raio. E no meio de todos os movimentos, conseguiu identificar o ruído da lâmina cortando o ar, e o cheio delicioso que Syaoran tinha. Virou-se e apontou em sua direção dando três passos para frente. Imediatamente o barulho parou e ela puxou a venda para o pescoço, encontrando o olhar profundo de Li sobre ela. Foi impossível manter o coração calmo. Ele sorriu genuinamente juntando as mãos em seguida em uma palma contínua.

“Você está ficando cada vez melhor”- Congratulou- “Daqui a pouco vai me passar”

“Exagerado”- Sorriu de volta

“Como me achou tão rápido?”.

“Senti seu cheiro”- Corou de leve- “Ele é inconfundível”.

Agora fora a vez do comandante corar sentindo o coração acelerar intensamente.

SSSS Fim das Lembranças SSSS

“Rika?”.- Takashi perguntou tentando se lembrar onde já escutara aquele nome.

“Sim ela é a esposa de-”

Não teve tempo de responder. Alguns soldados de Tomoeda, que estavam a espreita não esperavam que o exercito de Ueda interferissem na missão e saíram de seus esconderijos antes que falhassem em massacrar todos os traidores da coroa.

“Ora...quem vemos aqui”- Um deles disse apontando uma flecha para Syaoran- “O famoso General de Ueda em pessoa...”- Debochou- “Ou devo dizer... O traidor Syaoran Li? Dessa vez levaremos sua cabeça...”.

“Vai sonhando”- Empunhou a espada defendendo-se da flecha com agilidade. O aro foi cortado ao meio como papel.

Os gritos de Rika tornaram-se cada vez mais sufocados, mas ecoavam nos ouvidos de Sakura como um onda quebrada em dia de bonança. Precisava fazer alguma coisa e rápido. Olhou aflita para a tenda e seu movimento chamou a atenção dos soldados.

“Não pode ser...”- Um deles observou Sakura com os olhos arregalados e um traço de medo.- “Ela...Ela... voltou do além...”.- Se benzeu- “Eu sabia...eu sabia...Ela ia voltar para puxar meu pé a noite como nas lendas das montanhas”.

“Do que está falando?”- O outro perguntou confuso vendo o amigo recuar cada vez mais falando bobagens.

“Não vê? É a princesa de Tomoeda...”.

“Não pode ser...”- Deu dois passos para trás tão assustado como o outro.- “Que o ex-comandante e os grudes tenham fugido eu até entendo...Mas eu estava lá quando a rainha a jogou nas águas...Eu a vi morrer...Deve ser uma bruxa”.- Levantou a espada- “Vão queimar no inferno por mexerem com artes proibidas”- Ameaçou como se fosse uma autoridade espiritual.

Sakura então teve uma ideia e olhou para os amigos que captaram com o olhar o que ela pretendia. Li não queria permitir, mas antes que ele pudesse fazer alguma coisa, a princesa saltou do cavalo olhando fixamente para o grupo a sua frente.

“Eu sou a ALMA de Sakura Kinomoto...Princesa de Tomoeda”- Fez cara de malvada apontado a espada para frente- “E eu vim me vingar de vocês! TODOS vocês!”.- Lançou uma risada malvada.

Syaoran teve que conter o riso diante da expressão apavorada dos soldados e mais ainda ao ver Sakura tentar parecer má. Se não fosse a situação que se encontravam, riria por semanas.

“Fujam!”- Ela gritou alto- “Antes que a fúria dos céus caia sobre vocês por terem matado uma inocente...”- Riu por dentro pensando de onde tirara aquela frase absurda.- “O inferno os seguirá. Fujam! Enquanto ainda é tempo! HA-HA-HA-HA”.

E como covardes na face da morte, correram de volta para Tomoeda assombrados pelos seus próprios medos, falhas e arrependimentos e principalmente pela ‘morta-viva’ vestida em um armadura dourada pronta para traga-los para o submundo. Não houve tempo para comentários, o grito da primeira dama dos refugiados ainda ecoava fortemente pelos bosques.

“Socorro!!!!!”- Rika gritou o mais forte que pôde, quase desistindo que alguém a ouvisse no meio daquela confusão.

“Vamos!”- Syaoran ordenou sendo seguido pelos três.

“Por favor...Meu bebe...”- Ela implorava o mais alto que podia. As lagrimas que banhavam o rosto sofrido caiam sobre o pequeno rebento a fazendo chorar assustada. Seus gritos abafados tentando aceitar a morte eminente- “Sonomi não merece isso...Por favor Deus!”- Suas suplicas agora eram para os céus. Perdera a esperança de alguém salvá-la.

“Rika!!!”- Sakura gritou de fora tentando achar a amiga.- “Rika!!!”

“Princesa...”- Sussurrou para si mesma olhando pelas labaredas a linda imagem da herdeira de Tomoeda em roupas de guerra acompanhada por um grupo que não conseguia identificar.- “Princesa!!”- gritou novamente, mas uma parte do pano cedeu. Como fariam? Deus era tarde demais.

“Rika!”- Tinha que fazer alguma coisa e rápido. Não havia tempo a perder. Olhou para o carvalho ao seu lado. Aquilo não era um treinamento. Era o começo da guerra e estava mais do que preparada para lutar.

Deu um impulso assustando Li e subiu na arvore vendo por cima a mulher segurando seu bebe de forma protetora. Apoiou a perna em cruz em um galho grosso e jogou seu peso para baixo. De ponta cabeças gritou chamando a atenção da amiga.

“Rika!! Aqui!!!”.

“Princesa...Princesa!!!”- Olhou para cima assustada com a ousadia da menina e estendeu sua filha para ela- “Por favor, tira Sonomi daqui”.

“Eu vou tirar vocês duas daqui”- Falou apavorada entendendo o pedido de Rika.

“Você não vai aguentar o meu peso...”- Estendeu a filha mais uma vez- “Por favor, princesa...Por favor”.

Ela olhou para baixo de relance e não conseguiu mais achar Syaoran ou os outros...queria buscar apoio dentro dos olhos âmbares sobre decisão que deveria tomar. Um pensamento horrível atravessou sua mente, mas antes que pudesse raciocinar estendeu o braço para pegar a criança tentando bolar um plano brilhante para tirar a amiga de lá. Estava perdendo as esperanças, principalmente ao sentir o galho começar a rachar em baixo de si, quando viu vários soldados de Ueda com baldes de água rodear a tenda. Li os coordenava, juntamente com Takashi e Meyling.

“Vamos! Rápido!”- Ele mantinha os olhos fixos nela, apesar das ordens serem direcionadas aos soldados.

Fumaça e cinzas subiram em sinal da baixa de temperatura. Por segundos os olhos de Sakura embaçaram incapaz de ver o que acontecia. Perdeu a amiga e o bebe de vista. Reposicionou-se para tentar enxergar, mas seu galho rachou um pouco mais. Droga! Não podia se mexer e a fumaça a estava deixando tonta.

“Aqui!”

Foi então que o ouviu no meio de seus pensamentos. Girou o corpo em direção a voz de Li tentando localiza-lo.

“Solte-se!”- Gritou mais uma vez- “Eu pego você!”.

Sakura deixou-se cair, como fizera varias vezes durante a sua vida...E quem estava lá para segura-la eram os braços de seu ‘para sempre’ guardião.

“Vai ter alguma vez que você não vai me salvar?”- Perguntou com um sorriso divertido sendo depositada no chão.

“Espero que nunca mais”- Sorriu genuinamente achando graça.

“Vamos”- A pegou pela mão- “Sua amiga e o bebê passam bem”- Disse observando os olhos verdes encherem-se de água de alivio- “Apesar de me admirar que-”

“RIKA! RIKA”- A voz de Terada disparou no meio dos soldados. Com o rosto machucado e o braço sangrando, o líder dos linces fez espaços entre os homens e caiu de joelhos diante da esposa. – “Meu Deus...Eu pensei que havia perdido vocês”.

“Yoshiyuki”- Tocou carinhosamente no rosto do marido- “Eu...senti....tanto medo”- O olhou com pesar apertando Sonomi em seus braços- “Eu pensei que...”- Não conseguiu terminar a frase. No meio de um choro sofrido lançou um sorriso agradecido em direção a Sakura que observava a cena com o coração apertado- “Muito obrigada princesa...”.- Fungou.

“Princesa...”- Terada se soltou da esposa e caiu prostrado com o rosto em terra aos pés de Sakura – “Deixe-nos juntar a vocês...Eu sei que não somos muitos e não estamos na melhor forma...mas isso não pode ficar assim”- Cuspiu de nervoso- “Eles...”- Levantou os olhos- “Vieram do nada...Era muitos homens”.

“Terada...Não...Levante-se por favor.”- Ordenou docemente estendendo a mão para o homem que a olhava desnorteado. – “Se vocês querem lutar ao nosso lado, que assim seja. Tomoeda também é de vocês”.- Olhou para os soldados- “Meu pai sempre me ensinou que um reino não é feito por palácios ou riquezas, mas sim pelas pessoas...”.- Deu os ombros- “Além do mais, precisamos do máximo de ajuda possível...Precisamos tirar aquela maluca do poder”.- Olhou para os amigos esperando alguma palavra que endossasse sua decisão.

“Arrumem armaduras para os que quiserem lutar e deixe-os a par do plano”- Li ordenou olhando para o líder dos linces- “Você está sangrado. Melhor deixar o Dr. Hiragisawa dar uma olhada nisso”.- Virou-se para Meyling- “Chame Eriol. Montaremos um hospital improvisado com as tendas que sobraram”-

“Não deveríamos parar, os soldados vão avisar que estamos indo pelos bosques. Nosso plano de invasão será comprometido”- Mey Ling comentou um pouco incomodada.

“Não podemos deixa-los assim”- Syaoran subiu um tom de voz sem perceber.

“Também não podemos nos atrasar dessa maneira”- A morena rebateu- “Não percebe? Esses homens que fugiram vão comprovar que estamos vivos, e que a princesa marcha ao nosso lado. Pode haver uma comoção. As pessoas acham que ela realmente matou o rei...”.

“Acha que o povo viria contra ela? Não acha que a reputação de Sayiuri não é suficiente para provar que aquela mulher é louca. Olha o que ela fez com o próprio povo dela!”- Os ambares contrariados.

“Vamos esperar...”- Sakura disse em um fio de voz encarando os belos rubis- “Não há nada mais importante do que o povo... Sayiuri pode vir com quantos homens quiser e saber que marcho contra eles. Os bosques de Gifu dão acesso ao rio. Jamais pensarão que vamos pelas montanhas. Não há como eles saberem!”.- Suspirou- “Perderemos o elemento surpresa do ‘quando’, mas não do ‘onde’”.

“Agora você falou com uma verdadeira rainha.”- O general colocou a mão nos ombros delicados e sorriu daquela forma que ele só fazia pra ela.

“É isso que eu sou, Syaoran...”- Sorriu- “Rainha de Tomoeda e vou salvar o meu povo...De algum jeito”.

SSSS Escudo SSSS

“O que faz acordada até essa hora, minha rainha?”- Spinel perguntou ao ver a imagem de sua amante e dirigente no balcão do salão real observando a campina.

“Eles vão me tirar tudo pelo o que eu sempre lutei...”- Os olhos fixos na paisagem.

“Não vou permitir que isso aconteça, majestade...”.

“Tem certeza que a menina falou a verdade?”- Levantou uma sobrancelha analisando a reação do general- “Vocês estão...muito próximos ultimamente”.

“Chiharu se mostrou uma prostituta na cama”- Riu de lado- “Não tem a classe que vossa majestade tem e jamais terá, mas conquista-la nesse mês era a única garantia de que ela estaria falando a verdade”.

“Não sente nada por ela mesmo?”.

SSS Lembranças SSS

“Você é linda, Chiharu...”- Sussurrou no ouvido dela enquanto se afundava ainda mais- “Como o general pôde ter te trocado por alguém, como?”.

“Ele nunca teve olhos para mim”- Disse entre gemidos.

“Ao contrário dos meus”- Gemeu- “Que sempre foram voltados para você, desde que a vi...”.

“Você me ama?”- Ela perguntou o encarando.

“Eu amo seu corpo...amo seu pele, seu cheiro...seu cabelo...”- Sorriu no pescoço dela ao sentir os batimentos aumentarem com a sua declaração.

“Eles virão pelas montanhas...”- Sussurrou em meio ao prazer- “Eu menti... Eu estava tentando limpar minha...reputação”- Gemeu quando sentiu ele acelerar o ritmo- “Mas agora...o que eu quero...é fica aqui. Com você”.

Ele arregalou os olhos e aumentou a força dos movimentos sentindo seu ápice chegar.

SSS Fim das Lembranças SSSS

“Além de desejo sexual?”- Balançou a cabeça- “Nada...”.

“Espero que isso seja verdade”- Riu um pouco- “Quem diria que Ueda seria tão ousada em nos atacar pelo lado das montanhas”.

“De acordo com os soldados que conheciam Syaoran Li, isso não os surpreende. As estratégias dele sempre foram muito boas”.

“Não vai haver estratégia que os salve dessa vez”.- A confiança latente na voz aguda.

“Agora só precisamos saber quando...”.

E como se os ventos soprassem na direção das velas de Tomoeda, um grupo de soldados apavorados surgiu pela campina gritando

“Fantasma!”. “Fantasma!”

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aeeeeee!!!! Mais um capítulo. Finalmente! Desculpem-me pela demora. Eu estou fazendo o possível para concluir a história o mais rápido possível, mas as atividades, férias e em seguida fiquei doente (Pneumonia) me atrasaram… Mas já comecei a escrever o próximo!

Mas e aii??? Quem diria hein!! Muitas novidades aqui. Os linces se uniram ao exercito. Chiharu virou amante de Spinel e contou a verdadeira estratégia de Ueda. E a Akemi e o Kerberus?? Juntos e presos. Sayiuri é muito louca mesmo né? Que vilã do mal que eu criei rssss

Queria muito muito saber o que vocês estão pensando! Estou fazendo essa história com tanto carinho. Estão gostando??? Era o que vocês esperavam???

Contem-me tudo! Beijos e até a próxima :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Escudo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.