O Herdeiro da Luz e a Profecia Divina escrita por T R Moreschi


Capítulo 4
A Viagem




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/517420/chapter/4

Quando abri por íncrivel que pareça, não vi nada tão íncrivel, estavámos sobre um grande e longo chão feito de madeira que estava flutuando em um grande lago que não se podia enxergar o fim, pois estava coberto de neblina, em volta do tal "chão flutuante", haviam vários botes de madeira cada um com um ser pequenino e com barbas dentro, e no meio do chão havia o que parecia ser um poste, mas que na verdade carregava uma placa no topo, e depois de tanto franzir os olhos, consegui identificar o que estava escrito, pois, a letra era muito garranchosa, e também brilhante, parecia ter sido feita de ouro, a placa dizia:
"Porto de Frieland"
Foi aí que eu entendi tudo, ainda não estavamos em Frieland, e logo percebi que os seres pequenos talvez seriam anões. O lugar era incrível, o tal porto flutuante, não tinha entrada, ao invés disso havia um enorme buraco retangular branco, depois pensando melhor, eu entendi que aquele poderia ser o portal, pelo qual nós passamos, e que se cruzassemos ele poderíamos voltar á Londres. Parecia estar de dia, pois, estava tudo claro, mas mal dava pra notar, porque, a neblina era muito grande, como eu disse não dava nem pra ver o fim do lago por causa da neblina. Depois percebi também que Gandolee estava novamente como um mago, com uma longa barba branca, com seu chápel, com seu cajado e enquanto eu ficava reparando o tal porto, ouvi ele conversar com um dos supostos anões, tive que me esforçar pra ouvir, pois, falava muito baxinho, ele dizia:
– Preciso que leve o garoto para Frieland - enquanto isso estendia as mãos dando para o anão, aquilo que pareciam moedas.
O anão disse então:
– Está certo o menino pode subir á bordo!
Gandolee então virou pra mim e disse:
– Preste atenção, Noah. Vou ter que deixar você continuar nossa viagem sozinho...
– Mas, como...
– Só escute, eu tenho um compromisso sério agora, que mais tarde você irá entender. Mas siga essas instrunções: entre no bote, o anão irá lhe levar até Frieland, chegando lá, procure por Darwyn, quando o encontrar, fale a ele que você é o herdeiro da rochosa, se ele lhe oferecer chá, ou algo pra beber, aceite. Se sentir fome durante a viajem tem provisões na mala. Não diga á ninguém quem você é, e o que veio fazer aqui. E mais importante, em Frieland não existem só pessoas boas, portanto, no caminho se alguém lhe oferecer algum fruto não aceite, siga direto pra casa de Darwyn, nele podemos confiar. Quando chegar lá me espere, eu estarei lá em breve, agora suba! Vai!
Eu meio que sem palavras, subi no bote, com a minha mala, mesmo sem conhecer o anão, e quando estavámos já navegando, no lago quase sumindo na neblina, Gandolee exclamou:
– Te vejo em breve, garoto!
Eu acenei com a mão, e agora já estava distante de Gandolee, mas pude ver de longe, Gandolee batendo seu cajado no chão e sumindo.
A viagem no bote foi um tanto estranha, pois o anão nada dizia, estava sempre calado, então eu perguntei:
– Qual seu nome ?
– Linfith, se é que isso o interessa - ele respondeu.
– Muito prazer Linfitiiirr, meu nome é Noah.
– Não se pronuncia Linfitiiirr, se pronuncia Linfith, e o seu nome não me interessa, o que me interessa é que me pague, e que fique quieto.
– Desculpa... Mas, Sr. Linfith, como é ser um anão ?
– Se isso é um tipo de gozação, lembre se que quem está dirigindo esse bote sou eu, assim como eu posso te transportar em segurança, eu posso te afogar, e acredite em mim, você não vai querer se afogar no meio do lago Killian.
– Não, não. Não é gozação senhor.
– Então é muito legal ser um anão, muito divertido, muito instigante, e fim da história. Agora, fique quieto e calado, vai me ajudar bastante.
– Só mais uma coisa.
– Arghhh, fala logo menino, antes que eu perca minha paciência.
– Tá bom... Todos os anões são tão razinzas como você ?
Nessa hora Linfith, me olhou de um jeito sério, quase como se fosse me morder. Eu me assustei, e me convenci a ficar quieto o resto da viagem.
Já fazia um dia que estava a bordo, e Linfith estava sempre calado, isso era o que mais me incomodava na viagem, eu sempre comia como se não estivesse na companhia de ninguém, pela primeira vez na vida senti saudade de casa, saudade de meu pai cantarolando sobre a mesa, saudade da tia Guida me dando conselhos, na maioria das vezes ruins, senti até saudades da Emma, com o seu jeito mal-humorado me chamando de idiota, só não senti saudade de Gandolee, porque sabia que o veria de novo.
No segundo dia, sem poder conversar, observava o lago, colocava minha mão sobre ele, e Linfith parecia não se importar, ele só dirigiu a palavra pra mim, uma vez, dizendo: - Tenho uma noticia boa, garoto, se continuarmos nesse ritmo, conseguiremos chegar amanhã em Frieland.
E eu já sem muito ânimo, só afirmei:
– Poxa, que legal.
Na noite desse dia, as ondas pareciam estar mais agitadas que o normal, Linfith tinha mais trabalho, e por ser pequeno tinha momentos que não conseguia controlar o bote, e eu com medo do que podia ouvir de ruim dele, não ofereci ajuda, fiquei quieto. Ficava ouvindo Linfith falando baixinho pra si mesmo:
– Isso não é normal, isso não é normal.
Não sabia o que fazer. Até que quando achava que as coisas não podiam piorar, vi algo se mexer na água, e de uma hora pra outra, antes que eu pudesse pensar, um monstro subiu da água em nossa direção. Linfith só conseguiu dizer:
– GAROTO, DEPRESSA, SE ESCONNDDDAAAAAA !!!!!!!
Eu estava desesperado não sabia o que fazer, logo percebi que o monstro era uma cobra, mas não uma cobra comum, uma cobra muito maior que qualquer outra, você não ia acreditar ela era muito maior do que você possa imaginar, eu já estava prevendo minha própria morte, a cobra parecia querer se enrolar, no bote, ela vinha com cara de faminta e furiosa ao mesmo tempo, em um momento achei que ela fosse me achar, eu estava deitado tentando me esconder, tremendo de medo. Até que Linfith, pegou um arco e ficou atirando flechas na cobra, mas nenhuma delas parecia afetá-la, pois, ela era muito grande, atirava flechas sem parar, mesmo vendo que isso não ia funcionar, e mais uma vez ouvi Linfith falando pra si mesmo:
– Preciso acertar no coração, preciso acertar no coração, coração.
Então criando coragem que não existia em mim, aranquei um pedaço do bote, o pedaço era como se fosse uma lança, então eu sem pensar nenhum segundo, me levantei, atirei o pedaço de madeira na direção da cobra naquilo que parecia pra mim ser o coração, e me joguei pra trás. Pra minha surpresa, em segundos a cobra caiu na água, criando uma enorme onda. E eu só pude ouvir Linfith, respirando fundo, e perguntando aliviado:
– Você está bem?
Antes que eu pudesse responder, Linfith, já foi dizendo:
– Olha garoto, meus parabéns! Eu não sei de onde veio, ou quem é você, mas que tem alma de guerreiro, ah, isso tem! Você teve muita bravura e muita coragem essa noite.
Eu fiquei feliz por dentro, pois, sabia que pra completar minha missão isso era tudo que eu ia precisar, fiquei orgulhoso de mim mesmo, mas só respondi:
– Obrigado!
– Vamos seguir, mais um pouco, - exclamou Linfith - paramos perto daquela árvore pra descansarmos, e amanhã bem cedo chegaremos em Frieland.
Eu só respondi:
– Tá bom. Boa Noite Linfith!
– Boa Noite garoto!
No dia seguinte, Linfith me acordou dizendo:
– Estamos quase chegando, falta um tiquinho só!
Agora Linfith estava melhor, conversava mais, parece que aquela noite tinha mudado a natureza dele. Depois de navegar bastante, paramos em uma ilha e Linfith disse:
– Chegamos, você desce aqui anda um pouco e chegará no destino final, Frieland.
– Então acho que é isso, né ? Tchau!
– Espere, antes de ir, quero lhe dizer, me desculpe por ser tão razinza no começo, sabe é da nossa natureza ser assim, é da natureza dos anões, e queria dizer também, que eu até iria com você, mas o meu trabalho é esse, tenho que voltar. Sabe, esse é meu ganha-pão. Então, Boa Sorte na sua viajem!
– Que é isso, não precisa se desculpar, eu entendo, eu sei que é esse é seu trabalho. Obrigado por tudo!
– Adeus, garoto!
– Adeus Linfith!
Depois disso eu segui andando a estrada de terra, imaginando o que aconteceria a seguir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O Herdeiro da Luz e a Profecia Divina" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.