Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 18
Bona fide


Notas iniciais do capítulo

Niko transborda felicidade e age de boa fé. Em sua vida corre amor... E perigo!



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Seus pressentimentos lhe apertavam a alma. Félix não conseguia entender o porquê. Nunca fora um homem de acreditar em coisas sobrenaturais ou espirituais ou fosse o que fosse de natureza inexplicável... Mas, de alguma forma, seu coração dissera para dar um longo e apaixonado beijo em Niko antes de este ir trabalhar. Por que tivera tanta vontade de se despedir desse jeito? Nem ele sabia. Mas, tinha a sensação de que tinha que beijar seu amado carneirinho como se fosse a última vez que fosse vê-lo, a última vez que fosse beijá-lo. Aquela sensação era agoniante, e ele só queria que seu amor voltasse logo pra casa. Talvez fosse só saudade pelo dia ótimo que haviam passado juntos... O dia inteiro curtindo a família, a noite inteira curtindo a paixão.

Mas, não era só saudade. Temia... Nem ele sabia bem o quê. Poderia estar sensível como o marido e o filho disseram, mas... Não era só isso. O que seria?! Não tinha motivo algum para tanta sensibilidade da sua parte. Se havia um único motivo que fosse, esse motivo era o grande amor que sentia por aquele loiro de olhos verdes capaz de lhe despertar os mais belos sentimentos.

Naquele momento não sabia por que só queria ter a certeza que o amor da sua vida estava bem.

– Alô, carneirinho?!

– Oi, Félix! Que foi? Acabei de chegar ao restaurante...

– Eu sei... Faz nem cinco minutos que você saiu daqui de casa...

– Inclusive já vi a porta nova! É ótima!

– Eu tenho muito bom gosto!

– Tem mesmo! Eu vou entrar pra ver as câmeras também e ver se precisa arrumar alguma coisa antes de abrir!

– Tá bom, carneirinho!

– Queria me perguntar alguma coisa, Félix?

– Não!

– Por que me ligou então?

Félix suspirou. – Queria ouvir sua voz!

Niko suspirou. – Oh Félix... Amo quando você faz isso! Mas... O que foi?

– Não foi nada, Niko!

– É que você está tão... Tão perfeito esses dias...

– Ah carneirinho, será que eu dei a primeira mordida no fruto proibido pra você dizer que sou perfeito?! Não sou não... Sou quase...

Niko riu como sempre de mais uma das piadinhas bíblicas de seu amado.

– Tá, meu amor, você é quase perfeito, pronto! Mas, me diz, porque ligou?

– Nada, carneirinho, é sério... Só... Senti saudade...

Niko sorriu apaixonado. – Já estava com saudade de mim?

– Não, Niko, imagina... Saudade do seu carro! – Foi claramente irônico.

– Ai Félix...

– Você que fez uma pergunta boba, né carneirinho?! É claro que eu estava com saudade de você...

– Mas, como você mesmo disse, não faz nem cinco minutos que eu saí de casa...

– E daí?! Na verdade... – Olhou no relógio. – Agora faz sete minutos, mas... Por acaso tenho tempo para começar a sentir saudade de você?!

Niko não conseguia tirar o sorriso apaixonado do rosto. – Claro que não, amor...

– Eu sinto saudade quando você vai... Sinto sua falta quando não está... – Deu uma pequena pausa, suspirou e falou: - Sinto você, como presença constante na minha cabeça, e como a força que faz meu coração continuar batendo... Amo você, meu carneirinho!

Niko não conteve a emoção e a felicidade por sentir todo esse amor que mesmo de longe emanava do seu amado companheiro. O sorriso não saía do seu rosto, mas os olhos já não podiam ver de tão cheios d’água.

– Ah Félix... Que lindo... Também amo você... Te amo, meu amor... Meu Félix...

– Meu Niko... – Ambos riram e puderam ouvir a risada um do outro pelo telefone. – Vou te deixar trabalhar agora... Fica bem, tá?!

– Fico... – Niko sempre transbordava felicidade quando sabia que seu amado estava cuidando dele. – Fica bem também, amor! Dá um beijo nos nossos filhos!

– Eu dou, pode deixar!

– E você, sente meu beijo também que eu vou mandar agora e o vento vai levar direto pra o seu coração!

Félix ouviu Niko mandar-lhe um beijo pelo telefone e sorriu apaixonado. Mandou-lhe um beijo também e ambos desligaram o telefone.

Os dois não podiam saber, mas no mesmo instante uma corrente de vento carregado do cheiro da maresia passou por onde estava cada um, tocando seus corpos. Era como se a brisa suave vinda do mar realmente quisesse levar os beijos de um para o outro.

Félix voltou para dentro de casa. Niko entrou no restaurante.

.

.

Ali perto, Jéssica ia ao restaurante. Cabisbaixa, pensava nas ameaças daquele homem que se encontrava em uma linha tênue entre seu namorado e seu maior inimigo. Com vergonha de encarar os patrões, recuou várias vezes até ter coragem de ir. Com passos firmes, mas nem um pouco decididos, chegou.

Logo viu a porta nova e deduziu que teriam feito mais modificações. Teria alarme? E as câmeras, como teriam ficado? E a pergunta que mais lhe incomodava: Suspeitariam dela?

Lá dentro, Niko varria o restaurante esperando dar a hora de abrir. Distraído e pleno de felicidade, cantava enquanto varria.

– Deixa eu dizer que te amo,

Deixa eu pensar em você,

Isso me acalma

Me acolhe a alma

Isso me ajuda a viver...

Hoje contei pras paredes

Coisas do meu coração...

Passeei no tempo

Caminhei nas horas

Mais do que passo a paixão...

É um espelho sem razão

Quer amor? Fique aqui...

Meu peito agora dispara

Vivo em constante alegria

É o amor que está aqui

Amor I love you

Amor I love you

Amor I... – Nesse momento, o loiro virou e viu que alguém o espiava da porta.

– Jéssica?!

– Oi... Bom dia, seu Niko!

Deu um sorriso meio envergonhado, mas cheio de felicidade.

– Bom dia! Você me pegou! Eu estava aqui... Cantando... Lembrando o meu amor...

Ela apenas respondeu com um sorriso. Ainda estava relativamente nervosa.

– Ah Jéssica... – Niko ficou mais sério. – Você não apareceu nenhum desses dois dias... Por quê?

– É... E-eu soube do assalto...

– Sim... Quando essas coisas acontecem muita gente deve ter ficado sabendo né?! Mas, porque você nem ligou nem nada?! Eu, sinceramente, fiquei sem saber se você ainda viria trabalhar ou não!

Vendo que ele parecia não suspeitar dela, ela se acalmou mais, mas não deixava de sentir culpa.

– Eu... Eu vinha, seu Niko! Ontem até eu passei por aqui e seu filho estava aqui na porta...

– O Jayminho?

– Sim, esse... Aliás, que menino lindo! Eu perguntei o que estava acontecendo e ele disse que estava com o irmão instalando câmeras de segurança...

– Pois é, meu companheiro comprou algumas câmeras... Ele ficou tão preocupado com minha segurança, tadinho... Mandou colocar essa porta nova também! Ela é muito melhor que aquela outra, duvido que consigam arrombar essa tão fácil, e é bonita né?!

– É sim... – Ele notou o sorriso de Niko ao falar do marido. – Os senhores são muito apaixonados, não é?! Dá pra ver...

Dá pra ver? E pra ouvir né?! – Ele sorriu. – Do jeito que eu estava cantando... – Suspirou. – Ah, somos apaixonados... Nos amamos demais!

– É bonito ver um amor assim!

– Você nunca viveu um amor assim, Jéssica?

Ela suspirou profundamente e ficou com uma expressão de profunda tristeza. Niko logo percebeu.

– Que foi, Jéssica? Foi alguma coisa que eu disse?

– Não... Foi o que o senhor perguntou...

– Você teve uma decepção amorosa, foi isso?

Seus olhos ficaram marejados. Pela primeira vez, ela começou a falar parecendo realmente sincera.

– Não, seu Niko! Pelo contrário... Eu tive um grande amor...

– E o que houve?

– Ele... Ele morreu!

Niko era um misto de surpresa, curiosidade e compaixão.

– Sinto muito!

– Deixa isso pra lá, seu Niko! Já faz muito tempo...

– Parece ser uma coisa que te machuca...

– E é!

– Você não gosta de falar sobre isso?

– Não, não é que não goste... É só que... – Ela suspirou profundamente como que querendo conter a tristeza. – Depois que ele se foi... Minha vida se transformou...

Niko notou que havia alguma coisa errada no jeito de ela se expressar. – Se transformou para melhor ou para pior?

Ela o olhou e desviou o olhar. – Para... P-pior!

Niko estendeu a mão pegando no ombro dela, lançando-lhe seu olhar terno.

– Pode te fazer bem falar sobre isso! Faz mesmo muito tempo?

Ele respirou fundo. – Faz... Mais de doze anos...

– Nossa! Vem... – Acompanhou-a até uma das mesas. Ao sentarem, ele segurou sua mão. – Deve ser um golpe muito duro perder quem se ama!

– Sim, seu Niko... É muito duro... Dói demais... – Falava com o olhar distante. – Dói e é uma dor que pode enlouquecer a gente!

– Enlouquecer? Você ficou depressiva depois de perdê-lo?

– Acho que... Mais que isso... Eu... Fiquei louca...

– Louca? – Niko, por um breve instante, soltou sua mão, mas voltou a segurá-la com mais força. – Jéssica... Pode confiar em mim... Se abre comigo! Desde que te conheci te achei misteriosa, retraída, insegura... O que aconteceu na sua vida pra você dizer uma coisa dessas?

Ele mostrava seu olhar compreensivo capaz de trazer paz a qualquer um. E ela se sentiu assim... Com um pouco de paz.

Com a mão solta ela enxugou uma lágrima que já ia escorrer pelo canto de seus olhos e respondeu:

– Ah seu Niko, eu... Eu fiz muita besteira... Mas, tudo depois que eu perdi o homem da minha vida...

– Você era muito apaixonada por ele?

– Demais... O amava mais que minha própria vida...

– E como ele morreu?

Ela fechou os olhos por um instante como se estivesse viajando em suas recordações, enquanto lhe contava.

– Ele era um homem maravilhoso... Sonhador... Magnífico... – Sorria ao dizer isto, mas logo franziu a testa como que sofrendo. – Mas... Morreu... Num dia que eu jamais vou esquecer...

... ...

– Ah amor... Não vai agora!

– Você sabe que tenho que ir, minha vida! – Deu-lhe um beijo. – Preciso fazer os estágios desse curso de enfermagem! Isso é só o começo! Você sabe que ainda quero me tornar médico... E vou lutar pra conseguir...

– Eu sei, meu amor... Mas...

– Mas, o quê, hein?!

– Ah Marcelo, a faculdade de medicina é tão cara... É só pra filhinho de doutor, você sabe...

Ele riu. – Eu sei, eu sei... Mas, todo mundo tem direito de sonhar né?! Não custa nada... Quem sabe eu não arrumo uma bolsa ou alguma dessas facilidades que estão surgindo aí... – Ele se abaixou na sua frente. – Tudo que eu quero é poder dar de tudo para você e para o nosso filho!

Ela sorria olhando para ele acariciando sua barriga de grávida.

– Eu sei, amor, mas não queria que você saísse hoje...

– Eu preciso...

– Eu sei... Mesmo assim, não queria...

– Oh meu amorzinho... – Beijou-a de novo. – Eu acho que não demoro...

– Tá bom! Mas... Eu estou com um mau pressentimento...

– Deve ser por causa da gravidez, Jéssica! Você está muito sensível... Ainda mais estando tão perto do nosso bebê nascer!

– Eu sei que estou sensível... E pesada! Não vejo a hora de ter nosso bebezinho nos meus braços!

– Eu também não! E pensar que já falta menos de um mês... – Deu-lhe um beijo na barriga. – Tchau, meu filho, papai te ama! Eh! Ele chutou!

– Ele sempre chuta quando você fala com ele! Acho que ele vai ser sua cara!

Sorriu. – Você acha?

– Acho! Nosso filhinho vai ser moreno, alto e lindo como o pai! – Beijaram-se de novo e ele saiu sorrindo, acenando para ela.

Quando ele já estava mais longe, virou para ela e lhe mandou um beijo, gesticulando com a boca palavras que ela entendeu muito bem...

– Eu... Amo... Você!

Ela sorriu e lhe respondeu da mesma forma.

– Eu... Amo... Você!

... ...

– Ele foi trabalhar... E se foi... Pra sempre!

Niko estava chocado com o que ela contava.

– Ai Jéssica... Nossa, que... Que coisa terrível! Mas, como foi?

– Ele era um ótimo enfermeiro... No meio do trabalho ele foi chamado pra um socorro numa ambulância... Quando estavam voltando, a ambulância partiu com um médico e o doente e ele e outro médico tiveram que ir num carro comum! Foi quando sofreram o acidente que... Que o tirou de mim! O médico ficou muito ferido, e o Marcelo morreu no local!

– Vocês eram casados?

– Não... Mas, íamos nos casar depois que... – Ela parou de falar, abaixando a cabeça e dando um suspiro triste.

– Depois que o quê?

– Depois... Que... – Ela titubeou, mas acabou falando: - Q-que o n-nosso filho nascesse!

Niko já começava a se emocionar. – Jéssica... Você estava grávida?

– Estava... – Ela não segurou mais as lágrimas, enquanto lhe falava, se emocionava cada vez mais. Por outro lado, a cada palavra sentia-se um pouco menos tensa. Niko e sua capacidade de ouvir as pessoas e transmitir-lhes paz eram surpreendentes.

– Jéssica... Se não quiser mais falar, não precisa... Fica calma e...

– Não, não, seu Niko, não se preocupe... Eu estou bem... Já passei por emoções bem piores, acredite...

– Então... Continua!

– O Marcelo fazia o estágio no trabalho de enfermeiro... Mas, seu grande sonho era ser médico! Ele sabia que provavelmente nunca teria como pagar um curso de medicina, mas ajudar os outros era a paixão dele... A segunda maior alegria como ele dizia, porque a primeira foi quando soube que teríamos um filho!

Niko continuava ouvindo-a com atenção. Ela continuou a história.

– Eu só tinha minha mãe e uma tia! Quando fiquei grávida do Marcelo fui morar com ele! Ele não havia conhecido os pais, havia sido criado pela avó! Nós dois éramos muito independentes... E também, meio malucos... Nós começamos a namorar quando eu tinha dezesseis e ele dezenove! Engravidei quando estava perto de fazer dezoito...

– Então... Espera... – Niko se lembrou de algo. – Então aquele tempo que falta no seu currículo quando você tinha essa idade... Foi por causa do seu filho?

Ela engoliu seco. – Foi... Eu trabalhei num restaurante ainda alguns meses depois de grávida... Cozinhava já com o barrigão do meu bebê... – Sorriu ao dizer isso, mas mantinha o olhar triste. – Trabalhei até não poder mais... Queria ajudá-lo como pudesse... Ele sempre dizia que queria que nosso filho tivesse de tudo e do melhor... – Ela voltou a quase chorar. – Eu também queria...

Niko estava emocionado, porém, estranhando muito aquelas confissões já que lembrava bem da entrevista que ela dera antes de conseguir o emprego.

– Jéssica... Por que na entrevista você disse que não tinha filhos?

Niko sentiu que ela ficou nervosa quando, num movimento quase que involuntário, apertou sua mão.

– E-eu... Eu... Eu não gosto de falar sobre isso...

– Você perdeu seu filho?

Ela tentou falar algo, mas não conseguiu. Niko entendeu que ela estava extremamente nervosa e foi compreensivo.

– Fica calma, Jéssica... Não precisa mesmo falar se isso te machuca!

Ela quase que murmurou com a cabeça baixa. – Não perdi...

– Quê?!

– Eu... Não... Não perdi... Meu filho...

– Então... O que houve?

Respirou profundamente e contou:

– Meu filho nasceu n-no... No dia em que o pai morreu! – Niko estava pasmo com a revelação. Ela continuou: - Eu estava com pouco mais de oito meses e quando recebi a notícia sobre o acidente fiquei tão abalada, tão nervosa, que entrei em trabalho de parto! Meu menininho nasceu...

– E onde está seu filho, Jéssica?

Ela como que arrependida de ter-lhe dito tudo aquilo, levantou.

Ele também levantou, compreendendo que ela não queria falar sobre isso.

– Jéssica... Me desculpa eu ter feito essas perguntas... Eu deixei a curiosidade levar...

– N-não tem problema... – O celular de Jéssica tocou. Ela pegou-o na bolsa, deixando a mesma em cima da mesa e pediu: - Licença, seu Niko, eu vou atender lá fora!

Niko consentiu e ela foi. Ao mesmo tempo que ela ia saindo o garçom ia chegando.

– Seu Niko! Já abriu? Eu perdi a hora, nem lembrei que o senhor já ia abrir o restaurante hoje...

– Tudo bem, Carlos! Acabei de abrir, ainda estava agora a pouco varrendo, e a Jéssica também chegou há pouco tempo! Mas, vamos que já está na hora que começam a chegar os clientes...

.

.

Enquanto isso, ela falava ao telefone do lado de fora.

– Cobra, me deixa trabalhar em paz! Para de me fazer de capacho!

– Eu estou precisando de grana, Jéssica! Você precisa arrumar pra mim...

– Não tenho como...

– Tem, tem sim! Foi trabalhar hoje?

– Sim! Tô aqui!

– Pega alguma coisa, então...

– Não posso! Meus patrões colocaram câmeras de segurança por tudo quanto é lado! Inclusive, trocaram até a porta por uma mais moderna, mais forte...

– Merda! Então... Faz o seguinte... Procura onde não tem câmera, ou onde as câmeras não pegam, sei lá...

– Pra quê?

– Como pra quê? Quero ver se tem outro jeito de entrar! Não tem uma porta aí atrás?

– Tem, tem uma porta dos fundos... Dá pra cozinha! É uma portinha por onde jogam o lixo e acho que é porta de emergência também!

– Sei, quando a gente tava no estacionamento esperando o seu patrãozinho aí sair pra a gente entrar eu vi que tem até uma caçamba de lixo atrás né?!

– É, tem... Ela fica no beco entre o estacionamento aqui do lado e o restaurante... Mas, cobra, porque tá me perguntando tudo isso?!

– Simples, minha querida... Eu vou entrar aí de novo!

– Como é que é?!

– Tá surda?! Eu disse que vou entrar aí de novo! Não me conformo em ter pegado só a merreca que tirei no outro dia... Tem que ter mais grana aí em algum lugar, e você vai me ajudar dessa vez!

– Eu?!

– É, você, imbecil! Descobre se botaram câmera nessa parte de trás também, dessa vez a gente entra por essa porta! Vai ser mais fácil! E se aparecer alguém, a gente se esconde nessa caçamba que tem aí!

– Isso é uma loucura! Por que você quer voltar?

– Por que tenho que voltar! Pronto! Os caras aqui tentaram ontem assaltar uma dessas lojinhas de posto de gasolina e não deu certo, explodiram o caixa e tava tudo vazio... Esses porcarias desses donos de coisas assim não guardam mais o dinheiro nos mesmos lugar...

– Ai cobra... O que você queria? Que eles te entregassem o dinheiro na mão quando você fosse assaltá-los?!

– Não seja besta! Faz o que eu mandei, descobre alguma coisa que preste! Vê se tem algum outro canto onde eles guardam a grana, vê se não tem câmera do lado de fora ou lá atrás...

– Eu não vou fazer isso!

– Você vai! – Foi categórico. – Senão você sabe muito bem o que posso fazer quando encontrar seu moleque!

– Você mente! Você não sabe onde ele tá, não faz nem ideia! Eu não vou ceder mais às suas chantagens!

– Olha aqui, Jéssica, eu preciso de grana pra pagar o chefe dos negócios! Sabe que o cara de quem eu compro as parada é traficante da pesada! Se eu não pagar ele me pega!

– Problema seu!

– Não querida, é problema seu também! Por que se eu for pra cadeia, eu te faço ir junto! Eu conto pra todo mundo que você matou seu ex-patrão! Lembra?

Agoniada com aquilo, não sabia se chorava de raiva ou de remorso.

– Eu, eu não m-matei ninguém... N-não sou uma assassina... F-f-foi legítima defesa... E-eu me defendi...

– Foi? E quem sabe disso? Hein?! Quem sabe além de mim?!

– M-maldito... – Ela estava pálida com os olhos vermelhos em brasa. Não tinha para onde escapar, estava em suas mãos.

– Maldito que você gosta!

– Eu te odeio, Danilo! Te odeio!

– Odeia nada! – Sua voz era cínica, debochada. – Mas, por mim tanto faz! Você vai me ajudar a conseguir a grana que preciso de qualquer jeito! Eu tenho que pagar até amanhã! Então, minha querida... Ou você dá um jeito de pegar qualquer coisa ainda hoje, ou eu vou entrar aí e eu mesmo pego, não me importo como...

Ela suspirou sofrendo. – Cobra... Eu... Eu... Já sei outro lugar onde... Onde eles, meu patrões, escondem dinheiro...

– Ah! Fala! Vamo, fala logo!

– N-numa gaveta... Numa das gavetas do balcão... Uma tem um fundo falso... É lá... Eu v... – Ia dizer que tentaria pegar esse dinheiro, porém ele a interrompeu.

– Ótimo! Já sei o que vou fazer! Até hoje a noite, gatinha!

– Como assim até hoje à noite?! Cobra, me explica isso! Como assim até à noite?! Espera!

Porém, ele desligou. Desligou deixando-a assustada e ansiosa quanto ao que ele estaria tramando dessa vez.

.

.

Jéssica respirou fundo diversas vezes, tentando se acalmar o máximo que pudesse antes de voltar para dentro do restaurante.

Enquanto isso, lá dentro, o garçom estava na cozinha e Niko foi até ele após falar ao telefone.

– Acabei de ligar para o mercado onde fazemos o reestoque, e o carregamento dos peixes já chegou e pedi pra entregarem aqui! É melhor porque já que estamos reabrindo hoje, já vem tudo novo! Hoje os peixes e amanhã eu compro as outras coisas no supermercado!

– Vai precisar que eu fique pra ajudar, seu Niko?

– Não sei, Carlos... Mas, acho que não será necessário, não tem muita coisa pra arrumar na despensa nem no freezer! Acho que posso me virar sozinho!

– Se for precisar é só dizer! E a que horas chega?

– Eles vêm entregar depois do fim do expediente... Hoje à noite!

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Notas finais do capítulo

Essa noite...
Continua...



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