Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 17
Nimium ipse Amor


Notas iniciais do capítulo

..."Mas, de alguma maneira, sabia que aquele sentimento não era só saudade. Eram seus pressentimentos lhe apertando a alma."...



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Toda a família Corona-Khoury tomava o café da manhã na mesa no quintal.

No meio do café, Félix tocou no assunto:

– Então... Jayme... Me conta... Foi só uma vez?

– Só uma vez o que, pai?

– Foi só uma vez que você beijou aquela menina?

Todos olharam pra Jayme ao mesmo tempo e foi notável o quanto ele ficou envergonhado.

– O Jayme beijou uma menina? – Perguntou Fabrício.

Félix lhe respondeu: - Foi, filho, seu irmão tem uma namoradinha...

– P-p-pai!

– Que foi, Jayme? Só perguntei! Olha, se você quiser depois eu te ensino umas coisinhas...

– Félix! – Reclamou Niko.

– Carneirinho, eu dei dicas ao Jonathan e ele está com a mesma namorada até hoje! Não foi filho?

– É... Foi, pai... Mas...

– Mas o que, gente? É simples! Eu sei que o Jayme e o Jonathan não têm a mesma idade, mas eu não vou também ensinar ao menino a usar a língua como um parafuso e...

– Félix! – Interrompeu Niko. – Ele não te pediu para ensinar nada! Não é, meu filho?!

– É... É não... N-não, pai... N-não precisa... E a... A Angélica não é m-minha namorada...

– Félix, chega tá?! – Reclamou Niko novamente. – Está deixando nosso filho envergonhado! – Foi pior, pois Jayme ficou mais corado ainda. – Não se ensina a beijar, tá! Vai se aprendendo com o tempo... E ele ainda é muito novo!

– Olha carneirinho, você pode dizer o que quiser, mas se eu tivesse ensinado algumas coisas pra o Jonathan quando ele era mais novo, ele não teria beijado uma menina só quando já ia fazer dezoito anos!

– Pai! – Jonathan reclamou.

– Ai, que é?! Por acaso falei alguma mentira, criatura?! – Jonathan também ficou corado.

– Ai Félix, você não tem jeito! – Exclamou Niko. – Quem você acha que é? O professor do beijo?!

– Pelas areias do Egito, não banque o engraçadinho! Posso não ser professor de beijo, mas tenho jeito pra coisa... Tenho tanto jeito que até você, carneirinho, beija melhor agora que quando a gente começou a namorar! Óbvio, você nunca teve um professor como eu!

– F-Félix! – Niko reclamou e também corou.

– Que foi?! – Félix os observou e comentou com seu cinismo costumeiro. – Nossa! Será que eu tenho cara de corante de cochonilha pra deixar todo mundo vermelho assim?!

Niko balançava a cabeça com olhar de reprovação, mas disfarçava um sorriso tímido na face, já os filhos olhavam cada um para um lado. Fabrício era o único que estava totalmente por fora da conversa e sorria junto com o pai.

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Mais tarde, Fabrício e os pais brincavam na piscina. A brincadeira era a mesma do dia anterior: batalha naval. Como Niko havia dito que Félix brincaria com eles na próxima vez, a banheira era pequena para os três, então decidiram ir para a piscina. Jayme também estava na beira da piscina, só se divertindo vendo os três inventando brincadeiras e histórias e Fabrício dando gargalhadas com os pais.

Jonathan, que havia entrado para falar com a namorada ao telefone, voltou com uma notícia.

– Pai! – Chamou. Félix havia acabado de mergulhar e Jonathan teve que desviar dos respingos de água.

– Esse Félix... Nem te viu! Que foi, Jonathan? – Perguntou Niko.

– É que eu estava falando com a Ana e assim que desliguei, o técnico dos equipamentos de segurança ligou dizendo que pode ir hoje mesmo instalar tudo que meu pai comprou!

– Ah, sim... Pra instalar lá no restaurante né?! E ele comprou muita coisa?

– Não conhece meu pai, Niko?! Ele comprou, e se eu não estivesse junto teria comprado bem mais! Sabe que até seguranças ele queria contratar?

– Nossa! Que exagerado! Vem cá, e como que vão instalar essas coisas lá?

– Na verdade, alguém tem que acompanhar o técnico e abrir o restaurante pra ele poder instalar tudo né?!

– Ah... Ah... – Niko ficou decepcionado. – Quer dizer que o Félix vai ter que sair...

Félix, que já havia emergido, estava distraído com Fabrício quando ouviu a última parte da conversa.

– Quê?! Eu vou sair? Pra onde?

– Félix, o técnico desses equipamentos de segurança que você comprou acabou de ligar, ele disse que pode ir instalar já hoje, mas você tem que ir abrir o restaurante pra ele!

– Ah, que bom que eles já vão instalar tudo... Mas, é preciso mesmo ir?! – Félix fez bico. – Ah não... Justo hoje que estou com os meus dois carneirinhos...

Niko deu um sorrisinho, mas não sabia o que dizer. Então, Jonathan sugeriu:

– Pai, quer que eu vá? Se quiser eu vou, não tô fazendo nada mesmo! Me dá as chaves do restaurante que eu abro e vejo tudo!

– Ah, tem certeza, Jonathan?!

– Claro! Sem problema!

– Ah, obrigado, filho! Olha, as chaves estão lá na cômoda no nosso quarto! Quando você estiver com o técnico coordena direitinho onde ele vai colocar cada câmera e vê se a porta nova ficou como eu pedi!

– Tá, pai! – Viu o irmão. – Quer ir comigo, Jayme? Já que os três estão brincando aí...

– Quero!

– Obrigado, Jonathan! Vão com cuidado! – Recomendou Niko.

Os pais continuaram a brincar com Fabrício na piscina enquanto os irmãos se preparavam para sair.

Saíram. No caminho, Jonathan falava com Jayme.

– Olha maninho... É... Não liga pra as coisas que o pai diz não, tá! Tipo... O que ele começou a falar no café da manhã... Ele é assim... Você sabe, ele fala demais! Nossa, eu acho graça só de lembrar tudo que ele tentou me ensinar...

– Jonathan... O que ele queria dizer com parafuso? Não entendi...

– É... – Riu. – É melhor não entender! Deixa assim! Depois, quando você for mais velho e mais experiente, você descobre...

– Tá... – Também riu. – O pai Félix é meio maluco, ás vezes!

– Só às vezes?! – Perguntou irônico, imitando o gesto de ajeitar a sobrancelha com o dedinho. Ambos riram.

.

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Já no restaurante, Jonathan via tudo com o técnico.

– Olha, meu pai disse que queria uma câmera de frente para o balcão, então... Vai ser ali... Outra filmando por trás do balcão, aqui onde fica o chef e o assistente... Também vai uma do lado de fora e outra na cozinha, essa última num ângulo em que filme as três portas, a da cozinha e as duas da despensa...

Enquanto Jonathan e o técnico trabalhavam, Jayme só observava da porta do restaurante. Foi quando sentiu alguém chegando e virou.

– Oi... Com licença...

– Oi... Ei, você não é a assistente que meus pais contrataram?

– Sim... Sou Jéssica... E você é...

– Jayme!

– Jayme?! Eu acho um nome tão lindo... Ah! É verdade, lembrei quando seu Niko apresentou você e seus irmãos!

Jayme deu um sorriso. Ela ficou observando-o até que perguntou:

– É... Eu soube do assalto que houve aqui... Eu não vim trabalhar no dia por que... Fiquei muito gripada... Mas... O que está havendo? O seu pai está aí?

– Não... É meu irmão! Meu pai só vai abrir o restaurante amanhã!

– Ah... E... O que seu irmão está fazendo? Ele também é chef?

– Não, é que meus pais mandaram colocar câmeras de segurança aqui por causa do assalto e ele tá vendo onde vai ser!

– Ah... – Ela ficou pensativa.

Jayme também a observou por um instante, achando-a estranha por alguma razão, até que Jonathan foi até a porta.

– Jayme... Ah, oi?! Você é assistente do Niko, não é? Jéssica?!

– Sim! Sou eu! – Ela começou a demonstrar o nariz fungando o que não havia demonstrado enquanto falava com Jayme. – É... Eu... Eu vim ver se o seu Niko havia aberto o restaurante hoje... Depois do assalto que houve...

– Como você soube do assalto?

– A-ah... Eu soube... Eu vinha... Eu vim hoje só porque queria avisar ao seu Niko que a gripe ainda não tinha passado... E... É isso...

– Tá... – Jonathan tinha puxado o mínimo do instinto de Félix e achou estranha a reação de Jéssica de não responder sua pergunta e mudar o assunto. – Bom... Não precisa se preocupar porque o restaurante só abre amanhã... Se estiver melhor você vem!

– S-sim... Claro... Eu venho! Eu venho! Pode dizer ao seu Niko que eu virei!

– Está com tanta certeza que já vai estar melhor dessa gripe amanhã?

– É... S-sim... E-eu vou tomar uns remédios hoje... A-amanhã vou estar melhor... É... Então... Licença, eu já vou indo! Tchau!

– Tchau! – Jonathan e Jayme a ficaram observando. Jonathan voltou para dentro enquanto Jayme permaneceu na porta. Ele viu quando Jéssica estava parada já longe, olhando de novo para o restaurante e provavelmente para ele. Achou isso muito estranho e começou a encará-la mesmo de longe, porém, não pôde mais quando o caminhão que faria a entrega da nova porta do restaurante chegou e estacionou bem em frente.

Jayme ainda deu a volta no caminhão para ver se ela ainda estava olhando, mas não estava mais. Então, entrou.

– Jonathan! A porta chegou!

– Ah sim! Eu vou receber... – Os dois saíram.

Enquanto estavam do lado de fora vendo a colocação da porta nova, Jayme ainda a procurava ao longe. Jonathan percebeu.

– Que foi, Jayme? Tá procurando alguém?

– Não... Sim! Aquela mulher que esteve aqui...

– Ah, a assistente do Niko?

– É, ela já ia lá naquela outra rua, mas ficou olhando pra aqui quando você entrou!

– Foi? Que estranho... Ah, deixa pra lá!

– É, eu também achei estranho, mas... É como meu pai Niko diz: “não devemos confiar nem desconfiar das pessoas à primeira vista”! Sei lá... Eu a achei simpática... Apesar de esquisita! Aquela gripe parecia fingimento!

– Também tive a mesma impressão! Ah, esquece... Olha só a porta que o pai comprou...

Nesse momento, dois amigos de Jayme passavam por lá e o viram.

– Ei Jayme! Tá fazendo o que?

– Oi! – Foi até onde estavam. – Nada não, só vim com meu irmão ver como vão ser instaladas as câmeras que meus pais mandaram colocar no restaurante!

– Câmeras de segurança?! Maneiro! Olha cara, quer vir com a gente pra a quadra?

– Pra a quadra? Não sei...

– A gente sabe que você tá chateado desde aquele lance do Mauricinho e sua turma, mas liga não!

– É Jayme... A gente também nunca beijou uma menina...

Jayme deu um sorriso. – Eu vou contar uma coisa pra vocês... Mas, não saiam espalhando por aí!

– O quê?

– Conta, Jayme!

Deu outro sorriso meio envergonhado meio orgulhoso. – É que... Eu já beijei!

– O quê?! – Perguntaram os dois ao mesmo tempo.

– Ah não... Eu não vou dar detalhes...

– Ah Jayme, que é isso? Você é nosso amigo ou não? Conta, cara!

Sorriu de novo. – Tá, talvez eu conte... Esperem aí... – Entrou e foi falar ao irmão. – Jonathan, posso ir ali com meus amigos?

– Ali aonde?

– É só ali na praça, aqui pertinho...

– Você não vai naquela quadra de novo, vai?

– Não... Apesar de que eles querem ir, mas eu não tenho vontade de voltar lá ainda!

– Tá, tá bom, vai lá com eles... Mas, não demora muito não hein?! Você tá sob minha responsabilidade!

– Ah Jonathan... Valeu!

Saiu e foi com os amigos. – Gente, vamos até a praça e lá eu conto! Mas, na quadra não, pode ser?!

– Tudo bem, Jayme! Vamo lá!

Os três iam andando enquanto os amigos faziam perguntas e Jayme falava sem dar muitos detalhes do fato, querendo fazer um suspense. Quando iam chegando, alguém acertou uma pequena pedra nas pernas de Jayme. Ele virou.

– Ei! Doeu!

– Ai... Doeu! – Um garoto da mesma idade imitou sarcasticamente a voz dele.

– Maurício?!

– Eu mesmo... Mocinha!

– Não me chama assim!

O garoto também estava acompanhado de outros dois.

– Ah não?! E eu chamo de quê? Bichinha?!

– Não... Me... Chama... Assim! – Jayme já estava com raiva das provocações. Deu alguns passos como se fosse brigar com o menino, mas os amigos o seguraram.

– Não Jayme! Não dá bola pra esse cara, não vale a pena!

O outro amigo de Jayme não conseguiu ficar calado.

– Olha aqui, Maurício, pra sua informação o Jayme tá ficando com uma menina, tá?!

Jayme falou baixinho para o amigo. – Eu não tô ficando com ela... A gente só deu um beijo...

O outro, com cara de cínico, falou: - Vocês acham que eu vou acreditar?! Pra mim, vocês são três gayzinhos!

Jayme lhe respondeu com tom desafiador. – Pior você, que não se garante sozinho e tem que andar com esses dois aí atrás... Acho que quem gosta da fruta é você!

Os amigos de Jayme riram e isso enfureceu o outro. Se puseram a correr atrás deles. Jayme e os amigos se dispersaram para tentar despistá-los, mas eram três contra três e cada um correu atrás de um.

– Volta aqui, Jayme! Você vai ver!

– Eu não quero ver nada, Maurício! Sai fora!

E eles continuavam correndo. Os amigos de Jayme voltaram a correr na mesma direção, mas Jayme desviou quando viu que um dos outros se aproximava.

Jayme foi fugindo daqueles meninos em meio à algumas árvores da praça, quando esbarrou com alguém fazendo com que os dois caíssem no chão.

– Jayme?!

– Angélica?! – Ele logo esqueceu os que corriam atrás dele, ao pegar na mão dela e ajudá-la a levantar. – Tá fazendo o que aqui?

– Nossa! Nem me pede desculpas?! Você me derrubou!

Jayme ficou ruborizado. - D-desculpa! Eu não te vi... M-mas, o que você tá fazendo aqui? Pensei que já tivesse viajado!

– Não, mas nós já vamos agora! Já estamos no carro, minhas mães estão só comprando umas coisas para comermos durante a viagem e... Bom, eu ia ligar para você... – Ela também ficou ruborizada abaixando o olhar. – É que eu não queria falar ao telefone com você na frente delas, aí eu pedi para comprar um sorvete aqui na praça...

– Você... Você queria falar comigo?

– É... Era só pra dizer que... Ah... Que eu vou sentir saudades!

– Sério?! Eu... Eu também!

As mãos se aproximaram instintivamente e se tocaram. Ambos perceberam e ficaram ainda mais vermelhos. Mas, Jayme tomou coragem e segurou na mão dela.

– J-Jayme...

– Err... Angélica... Você... É... Você vai ficar falando comigo pela internet né?!

Ela o olhou e os dois se olharam nos olhos.

– Sim... Claro, Jayme... A gente continua se falando, tá! E também, um mês passa tão rápido...

– Pois é... – Ambos deram um passo a frente ficando mais próximos. Os corações já batiam acelerados e suas bochechas ficavam cada vez mais vermelhas. – Então... Você já vai?

– Já... – Ela olhou para sua mão e sorriu. – Assim que você me soltar!

– A-ah... Ah é... – Jayme riu sem jeito e a soltou.

– Tchau!

– Tchau!

Falaram de forma tão seca que nenhum dos dois se convenceu da despedida. Angélica virou para ir, mas voltou. Agora ela pegou na mão dele.

– Tchau... Jayme! A gente se vê! – Lhe deu um beijo na bochecha. – Vou sentir saudades! – Ao mesmo tempo, Jayme pôs a mão em seu ombro sem nem perceber. Ao perceberem, os dois estavam com os rostos tão próximos como da outra vez na praia. – Eu também... – Disse Jayme olhando para sua boca. Ela fazia o mesmo. – Tchau... Angélica!

Inevitavelmente, o segundo beijo aconteceu.

Agora, eles já nem lembravam o que tinha ao seu redor, porém, aqueles que perseguiam Jayme assistiram a tudo.

Após o beijo, Jayme e Angélica se olharam. Sorriram um para o outro e ambos sentiam que as bochechas estavam quentes de tão vermelhas. Ela se despediu acenando, saindo correndo para onde as mães a estavam esperando.

Jayme ficou a olhando até que virou para ir. Nem deu um passo e deu de cara com todos os meninos que assistiam a cena.

No carro, as mães de Angélica estranharam e perguntaram: - Filha, e o sorvete que você ia comprar?

Ela ainda estava nas nuvens, mas se tocou do que havia esquecido. – Ai, o sorvete... É... A-ah... N-não tinha...

– Tá bem... – As duas se olharam e já suspeitavam o que poderia ter acontecido. Assim como Jayme havia contado para os pais, Angélica também já havia contado para as mães.

Na praça, os amigos de Jayme foram até ele, ambos o cumprimentando com a euforia típica da idade.

– Cara, você beijou mesmo!

– E a Angélica... Ela é uma das meninas mais bonitas da escola... Eh Jayme...

Os outros ficaram mais atrás só olhando. Os três foram saindo e ao passarem por eles, Jayme falou só para provocar um pouco ao ver a cara de surpresa deles:

– Ei, Maurício, fica assim não! Um dia você vai beijar também! Milagres existem, sabia?!

Jayme e os amigos foram embora com um sorriso vitorioso, deixando os outros emburrados para trás.

.

.

Jayme, então, voltou para o restaurante. O técnico já havia terminado o trabalho.

– E aí, Jonathan, já acabou?!

– Já! Ele instalou tudo... Mas, uma das câmeras tá com um defeito, não é grande coisa, mas ele disse que vem trocar assim que tiver outra da mesma! Dessas que o pai comprou não tem mais na loja, eles têm que encomendar!

– Mas, essa que ele deixou serve?

– Serve... É logo a que tem visão noturna! Ela, nesse modo, tá mostrando a imagem muito embaçada, e dando cortes... Tá com algum defeito na memória, não sei bem...

– Espero que o pai Félix não se chateie com isso!

– Não, acho que não... As outras ele testou e estão ótimas! Bom, aqui já tá tudo pronto! Vamos?

– Vamos!

Os dois voltaram para casa. No caminho, Jonathan percebeu.

– Ei, maninho, o que houve lá na praça hein?! Você parece feliz...

– E estou...

– Ah é?! Posso saber o motivo...

Jayme sorriu. – Pode...

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.

À noite, em casa...

– Carneirinho... Todos já foram dormir... – Falou Félix todo manhoso assim que Niko entrou no quarto.

– Eu sei, Félix! Acabamos de dar boa noite aos nossos filhos... Por que hein?!

– Como porque, criatura?! – Félix passou os braços em volta de seu pescoço. – Meu amor, você não quer fazer nada?!

– Hum... Quero... – Sorriu. – Dormir...

Félix soltou seu pescoço com cara de emburrado. – Carneirinho, eu devo ter laçado a corda com que Judas se enforcou pra eu vir todo cheio de segundas intenções e você me dizer que quer dormir!

Niko começou a rir e agarrou Félix pela cintura. – E você acreditou seu bobo?!

– Hum... – Mordeu os lábios. – Claro que não né?! Você, logo você, negando fogo, seria o apocalipse! Claro que nos outros dias você tinha uma desculpa, que estava cansado demais e tal, mas hoje não né carneirinho?!

– Não, hoje não... – Lhe deu um selinho e uma mordidinha nos lábios. – Hoje eu ainda tenho muita energia, Félix...

– Adoro... Então... Hoje, bem que você poderia me recompensar pelos dias de abstinência não é?! Dar aquela tal surpresinha que você falou...

Niko riu. – Ah não... Eu estava pensando em fazer outra coisa melhor pra te recompensar...

– Melhor do que o que eu estou pensando, carneirinho?! Impossível...

– Nã nã não...

– Nã nã não?! Como assim?

– Imaginei em... – Suspirou. – Te fazer uma surpresa diferente... De repente... Uma coisa nova...

Félix levantou uma sobrancelha, olhando naqueles olhos verdes e adorando a expressão maliciosa de seu amado carneirinho.

– Coisa nova?! Estou ficando cada vez mais ansioso! Adoro novidade!

– Eu sei que você adora... – Segurou em seu queixo, sorrindo maliciosamente. – Por isso que não seria novidade nenhuma fazermos amor aqui no quarto como sempre...

– Hum... E no que o senhor está pensando? Um local exótico? Um motel luxuoso? Um cruzeiro?! Acho chique...

– Não é só o local, meu bem... É, digamos... O conjunto...

– O conjunto?! Sei... Bom, não sei aonde você quer chegar, carneirinho, mas... Enquanto você não prepara essa sua surpresinha, eu sei muito bem até onde quero chegar esta noite... – Disse isso passando as mãos nas costas largas do loiro.

Ambos se olharam intensamente e já sabiam muito bem onde chegariam e como.

.

.

No dia seguinte...

.

.

Niko, já arrumado para ir ao restaurante, acabava de tomar um café na cozinha. Félix, ainda de pijama, estava com ele.

–Ai Félix... Queria esse café mais forte, senão não acordo... Ainda tô com uma preguiça...

– Eu que o diga, criatura! Ontem você me deu uma canseira! Acho que pra acordar de verdade hoje só misturando energético ao café!

– Olha, até que não seria má ideia... – Ambos riram e trocaram um selinho. – Mas, você tá de boa, vai voltar a dormir mais um pouquinho... E eu que tenho que ir ao restaurante agora?!

– É... – Félix fez um carinho em seus braços. – Você bem que podia ficar mais um pouquinho...

– Félix, amor, não acabou de dizer que eu te dei uma canseira ontem?!

– Ué, carneirinho... Eu aguento outra...

Niko riu, deixando a xícara de lado e pondo as mãos em seu peito. Encarando-o e beijando-o antes de se despedir.

– Você também me deu uma canseira, tá?! Eu ainda estou sonolento, mas tenho que trabalhar! Já ficamos dois dias com o restaurante fechado, amor, e mesmo que os assaltantes não tenham levado a maior parte do dinheiro, ainda levaram o que havia sobrado no cofre!

Félix não argumentou mais, apenas o beijou demoradamente.

– Pronto! Agora você pode ir!

Niko sorriu e foi saindo. Na porta, Félix segurou seu braço.

– Não! Espera... – Puxou-o para outro beijo demorado.

Niko sorriu.

– Porque isso tudo, amor?! Tivemos uma noite tão maravilhosa... Você fez questão de levantar para vir tomar café comigo... Porque tá se despedindo tanto de mim?!

Félix suspirou. – Não queria que você fosse...

– Eu preciso...

– Eu sei... – Falou baixinho. – Mesmo assim... Não queria!

Niko deu um sorriso apaixonado e o beijou, agarrando-se a ele como se já não fosse mais. Por um instante, Félix até pensou que ele fosse ficar e o abraçou com mais força, não querendo soltar. Mas, ao pararem o beijo para recuperarem o fôlego, as mãos de Niko se soltaram de sua cintura e Félix viu seu amado afastando-se aos poucos de si. Ainda tocaram as mãos que escorreram uma sobre a outra até não se alcançarem mais. Niko estava indo agora em direção ao portão. Olhou para trás e lhe mandou um beijo, sorrindo, com aquele sorriso que lhe hipnotizava. E, ao sair, Félix ficou encostado a porta, com uma angústia no peito.

– Devo estar mesmo ficando sensível demais... O carneirinho mal saiu e eu já estou com saudades... – Suspirou pensando.

Mas, de alguma maneira, sabia que aquele sentimento não era só saudade. Eram seus pressentimentos lhe apertando a alma.

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Notas finais do capítulo

Continua...
(Desculpem a possível demora para postar o próximo capítulo, mas continuarei essa fic assim que puder).



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