Tandem Felix escrita por Paula Freitas


Capítulo 16
Patris et Filii - Ab Imo Corde


Notas iniciais do capítulo

Finalmente pais e filho falam francamente!



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Niko e Félix, depois de algum tempo, finalmente conseguiram fazer Fabrício dormir. Dirigiam-se para seu quarto quando Niko parou Félix no meio do corredor e agarrou em seu pescoço, dando-lhe um beijo apaixonado. Os dois juntos deram alguns passos até encostarem contra a porta do próprio quarto ainda se beijando. Ao pararem o beijo, Félix o olhou surpreso e com um sorriso feliz.

– O que deu em você, carneirinho?!

Niko abriu um lindo sorriso e lhe fez um carinho no rosto fitando seus olhos.

– Ah não sei, Félix! De repente, me deu uma vontade louca de te beijar...

– Ah é?! Então, olha... Pode satisfazer essas suas vontades assim sempre que quiser, viu!

Ambos riram e trocaram um selinho.

– Sei lá, mas, me deu uma vontade de ficar te olhando, te beijando, te acariciando... Como se você fosse um gatinho! Meu gato Félix!

– Hum... Adorei essa vontade, meu carneirinho lindo! – Félix já ia abrindo a porta atrás dele, mas Niko interviu.

– Não, Félix, eu disse pra o Jayme que a gente não ia dormir agora...

– E quem disse que eu quero dormir, hein carneirinho?!

– Ai amor, ele disse que vem conversar com a gente, vamos esperar...

Félix suspirou. - Tá bom, que seja... Mas, só porque eu estou curiosíssimo pra saber o que deu nesse menino hoje pra ele ficar com aquele sorrisinho bobo durante o jantar!

Niko lhe sorriu. – Te amo... Amo quando você é compreensivo...

Félix pegou em seu queixo. – E eu te amo... Ai, porque você parece quase perfeito, carneirinho, sinceramente... Você ainda não me respondeu como que você existe!

– Seu bobo! Eu existo e pronto! E você me ajuda a viver...

– É? Como? Se... Você que me ensinou a viver...

– Ah Félix... Você me deixa cada dia mais apaixonado...

Félix não respondeu nada, apenas continuou fitando seus olhos verdes.

– Que foi? – Perguntou Niko.

O moreno suspirou e respondeu: - Estava pensando em alguma coisa maior que perfeito, mas não consegui achar outro adjetivo pra você, carneirinho! E também... Como você acha que você me deixa? Não sei, me deu uma vontade de ficar te olhando, te beijando...

Niko deu um sorriso tímido, mas uma resposta não condizente com tal: - Até agora ficou só olhando... Tá esperando o que pra me beijar?

– Ah! Olha só... – Félix logo o beijou.

O casal já havia esquecido tudo, encostados à porta do quarto, em um beijo profundo e lento. Foi quando ouviram o batucar de dedos na parede no início do corredor. Interromperam o beijo e viraram. Era o filho do meio.

– A-ah... Oi, filho... Você veio?!

– Você disse pra eu vir, pai Niko... Mas, se quiserem eu saio! A gente fala amanhã...

– Não, não... Volta, Jayme! – Pediu Félix. – Agora você vai falar!

– Mas... Falar o quê, pai?

– Falar, ora... Não se faça de desentendido! Vem que eu já estou achando que devo ter rabiscado as paredes do templo pra ficar tão curioso com essas conversinhas e segredinhos entre você e seu irmão!

– Mas... É que... Vocês querem mesmo?

– Claro filho! – Respondeu Niko. – Vem, entra, vamos conversar e você fala o que quiser falar, perguntar o que quiser saber...

Os três entraram no quarto do casal. Os pais sentaram na cama de frente para ele enquanto ele sentava na poltrona. Depois de alguns segundos em que o silêncio se fez presente sem que ninguém tomasse a iniciativa da conversa, Jayme, que passeava com os olhos pelo quarto, viu na cômoda o preservativo que havia entregado para o pai.

– Vocês guardaram?

– O quê?

– Aquilo! – Apontou. Félix e Niko viram.

– A-ah... Isso... Sim, nós guardamos! – Respondeu Niko.

– Por quê?

– Por que... Como assim por quê? Por que seria? – Indagou Félix.

Jayme deu com os ombros. Ele ainda estava um tanto envergonhado, mexia nos dedos, perdendo aos poucos a vergonha para perguntar.

– Vocês... Vocês vão usar?

Os dois se olharam também tentando encontrar as palavras para aquela conversa com o filho, afinal, ambos eram pais de primeira viagem no assunto adolescência.

– É... Bom... Não, não meu filho... A gente não vai usar... – Disse Niko.

– Vocês não usam?

Félix respondeu: - Sim, Jayme... Usamos, mas não desse... Dessa marca!

– E tem marca?

– Ih meu filho, tem marca, tem cor, tem sab... – Niko lhe deu uma cotovelada de leve. – Tem... T-tem cada coisa...

– É... Mas, porque você tá tão curioso quanto a isso, hein Jayme?! – Perguntou Niko.

– Não, por nada... É só que... Bom, eu recebi isso na aula e disseram tudo por que era importante... Mas, aí, eu fiquei pensando... Vocês são casados e são dois homens... Então, vocês também usam?

– Ah... É isso... – Disse Niko. – Sim, filho, a gente usa... E mesmo casados, qualquer casal deve usar! Geralmente, fala-se na camisinha para evitar doenças sexualmente transmissíveis sérias e gravidez, mas também serve para uma série de coisas, inclusive, outras doenças! Por mais que o casal se cuide, é sempre bom prevenir!

– Tá! Mas... Se entre um homem e uma mulher quem usa é o homem... Entre dois homens?

Félix respondeu: - Bom... Filho... Num casal hetero nem sempre é o homem que usa, assim, é mais comum, mas também existe camisinha feminina!

– Ah, eu lembro que falaram isso na aula também! Mas, e num casal como vocês, qual dos dois que usa?

Se olharam e Niko pigarreou e respondeu: - É... Bom... De certa forma... Os dois!

– Os dois?

– É...

– Na verdade, depende né carneirinho?! Assim...

– Félix! – Lhe deu uma cotovelada de leve. – Os dois! – Falou com os dentes cerrados. – Não precisa entrar em detalhes!

Félix fez sinal de que não ia falar mais nada, mas Niko não acreditou muito, afinal, naquele momento Félix até parecia estar mais tranquilo que ele.

– Sabem o que é? – Perguntou Jayme. – É que... Depois dessa aula, sabe, falaram muito na relação de um casal formado por homem e mulher, e só citaram algumas coisas sobre casais homossexuais... E eu fiquei curioso, e... Eu pesquisei um pouco...

– O que você pesquisou, criatura? – Perguntou logo Félix.

– Ah, eu... Eu li algumas coisas... – Vendo a cara com que os pais o olhavam ele tratou logo de explicar. – Ah, mas eu não vi nada que fosse pra mais de catorze anos, viu! Foram só uns textos... Mesmo assim...

– Mesmo assim você quer nos perguntar algumas coisas né?! – Indagou Niko. – Pode perguntar, filho!

Niko ficou mais tranquilo e Jayme se sentiu mais à vontade.

– Tá... Bom... Tem um que é mais como se fosse a mulher?

– Como assim?

– Ah, eu vi dizendo que tem um negócio de passivo e ativo...

Os dois tossiram e coraram. Se olharam rapidamente e Niko respondeu:

– B-bom... Filho... Às vezes, tem... Às vezes não... Assim, como vou explicar?

– Eu queria saber quem é quem, porque, assim, o pai Niko é mais sensível, é mais fácil de se emocionar como as mães dos meus colegas geralmente são, mas ao mesmo tempo, quase ninguém percebe que ele é gay! Já o pai Félix, apesar de ser parecer mais durão pra expressar os sentimentos como geralmente os homens são, às vezes é muito fácil de perceber que ele é gay...

– Nossa... Gente, quer dizer que eu tenho muitos trejeitos? – Indagou Félix.

– Ai Félix... Não interrompe nosso filho, deixa ele acabar...

– Bom, é isso... Um amigo me perguntou qual de vocês era mais como se fosse minha mãe e eu fiquei pensando em tudo... E fiquei observando vocês... Olhem agora! Pai Niko tá sentado como eu, já pai Félix tá com as pernas cruzadas! Por outro lado, agora quando eu vinha chegando ao corredor, eu vi quando vocês se beijaram e... Pai Niko, você beija como uma menina...

– Sério?! – Virou pra Félix. – Eu beijo como uma menina?

Félix respondeu: - Olha, carneirinho, eu posso garantir que não!

– Ah eu só falei por que... Porque já vi na TV né?! E... O jeito como você pega no pescoço ou na cintura do pai Félix é mais tipo as mulheres fazem... Mas, não sei, na verdade nunca vi muito vocês se beijando... Sei que vocês evitam quando estão na minha frente ou do Fabrício...

Niko lançou um olhar compreensivo e respirou fundo. – Filho... Eu tô entendendo... Sei o que você quer saber, mas a resposta é... Não acredite em tudo que dizem ou que lê por aí! Não se pode julgar um casal homossexual por um heterossexual! Não há um de nós que seja mais homem que o outro, nem um que faça, digamos, o papel da esposa... Somos dois homens e vivemos um relacionamento de igualdade... Igualdade em todos os sentidos, em todos os aspectos! Também não se pode julgar um casal pelos demais! Cada um é um! E cada um tem suas particularidades! Entendeu?

– Entendi! E... Como vocês souberam que não gostavam de mulheres?

Niko riu. – Ah filho, eu... Eu acho que sempre fui muito óbvio! Eu nunca arrumava uma namorada, também não fazia a mínima questão de procurar! Também não olhava para as mulheres, nem elogiava nenhuma, a não ser minha mãe ou minhas irmãs...

– Você nunca nem deu um beijo numa mulher?

– Não, meu filho! Eu nunca tinha dado um beijo de verdade em ninguém até os meus dezoito anos, que foi quando minha mãe me chamou e conversou comigo... E eu disse que, na verdade, eu sentia era atração por homens! Ela entendeu! Seu avô é que demorou um pouco mais, mas acabou aceitando também! Afinal, não podiam me mudar...

– A mim tentaram mudar... – Comentou Félix com ar de tristeza.

– Félix...

– Carneirinho... É a verdade...

– Pai Félix... – Interferiu Jayme. – Você já me explicou os motivos de ter se casado com a mãe do Jonathan! Não precisa falar mais nada! Eu sei que isso deve te deixar chateado né?!

Félix sorriu para o filho. – Você e o seu papi carneirinho são dois poços de compreensão! Sabe, Jayme... Falar de ex sempre é problema!

Niko lembrou que Félix havia dito que Jayme também perguntara a ele sobre Eron.

– O que você quer dizer com isso, Félix? – Perguntou só para testá-lo.

– Você sabe muito bem o que quero dizer, carneirinho!

Niko riu e tocou no assunto para esclarecer as dúvidas de Jayme.

– Filho, além de perguntar sobre a ex-mulher do Félix, você também queria saber sobre meu ex-companheiro, não era?!

Félix ajeitou a sobrancelha e cruzou os braços, virando o rosto para o outro lado. – Perda de tempo falar da lacraia! – Comentou.

Niko viu sua reação, sorriu e falou para Jayme.

– Filho, o Eron foi o primeiro relacionamento realmente sério que tive! Eu pensava que era apaixonado por ele e até fui feliz por um bom tempo, mas quando eu conheci o Félix eu conheci um sentimento que nunca havia experimentado... O amor sem medidas! Uma paixão inexplicável! – Félix virou de novo para olhá-lo e o loiro continuou: - Descobri nele o grande e eterno amor da minha vida!

Félix sorriu mais que satisfeito com as palavras de seu carneirinho. Então, também falou ao filho: - Jayme... Você já sabe todos os motivos que me fizeram me casar com a Edith... Eu já te disse que tentei, mas que nunca seria feliz com ela... – Suspirou. – Por que eu precisava de um homem ao meu lado, mas não de qualquer um... Eu precisava de um ser chamado Nicolas Corona! Com ele eu descobri a vida! Descobri o poder e o prazer de amar!

Niko o encarou com os olhos brilhando e Félix fazia o mesmo. Em suas bocas um meio sorriso aparecia. Aquela conversa havia se transformado numa bela declaração de amor de um para o outro.

Jayme sorria com os dois. O amor dos pais era bem visível. Ele estalou os dedos algumas vezes para tirá-los daquele transe de quando ficavam olhando fundo nos olhos um do outro.

– Pai, pai... Alô?! Pai Niko, pai Félix... Eu ainda tô aqui...

– Hã?! Ah... Sim, claro, filho... – Niko continuou a conversa, mudando o foco do assunto. – Bom... Jayme, quando vocês dois conversaram, eu soube que você deduziu qual a época em que seu pai e eu ficamos juntos, não foi?!

– Ah, pois é... Você chegava em casa todo feliz e sempre falando do seu “amigo” Félix... – Jayme fez sinal de aspas com as mãos.

– Ah... Ah, Filho... – Niko deu um sorriso tímido. – Eu estava muito contente porque o Félix finalmente tinha aceitado namorar comigo...

– Vocês eram só amigos antes, mas... Já queriam namorar há muito tempo, não era?! Pai Félix ia tanto lá em casa que eu até comecei a chamá-lo de tio...

– Ah filho, eu queria, queria muito... Mas, o Félix se fazia de difícil!

– Difícil não, carneirinho... Eu não queria te magoar, é diferente...

– Pode ser, mas que foi difícil, foi! Eu tive que te convidar várias vezes pra... – Pigarreou. – Jantar... Até que você mesmo se convidou! – Piscou. – Agora não... É fácil, fácil...

– Ah! Eu devo ter roubado a coroa do rei Davi pra você estar me chamando de fácil na frente do nosso filho! Eu não sou tão fácil assim... Sou?!

Os três riram.

– O que mais você tem vontade de saber, Jayme? – Perguntou Niko.

Jayme ficou sério. Titubeou até que conseguiu olhar para os pais e falar o que mais lhe incomodava.

– Pai Niko... Pai Félix... – Respirou fundo. – Vocês hoje são felizes juntos! E eu sou feliz por ter dois pais como vocês! Mas... Como... Como eu vou saber se eu vou ser feliz se, um dia, me casar com uma mulher?

Os dois se olharam e Félix perguntou: - Porque essa pergunta, Jayme?

– Por que... Pai Félix, você se casou com uma mulher e foi infeliz... Eu entendo suas razões, mas... Eu lembro quando eu vivia no abrigo... Todos os casais que me adotaram antes do pai Niko... Me devolveram! Lembrando bem deles agora, eu lembro que nenhum desses casais era tão apaixonado como vocês! E... Eu vejo o quanto vocês são felizes, e o quanto ficam felizes quando estão juntos... Ah, eu não sei, eu fico pensando... E-eu gosto da Angélica... Se, um dia, talvez, eu me casasse com uma garota como ela ou outra... Será que eu seria tão feliz quanto vocês?!

Eles se olharam. Niko, sempre mais compreensivo, logo pegou na mão do filho e falou:

– Filho, presta atenção... Você gosta mesmo dessa menina né?! Da Angélica?! – Ele confirmou com a cabeça. – Então, você, um dia, vai se casar com uma mulher... Talvez como ela, ou com qualquer outra que você se apaixone e ame... E, se der certo, vai ser feliz! Eu me casei com seu pai e sou imensamente feliz! Mas, Jayme, ninguém tem garantias se vai ser feliz ou não pra sempre! Não importa se você quer casar com homem porque gosta de homem ou com mulher porque gosta de mulher! O importante é ter quem amar e ficar com quem você ama de verdade... Aí sim, tendo amor, você tem muito mais garantia de conquistar a felicidade! E, meu filho, não importa se com homem ou com mulher, o importante é amar e ser amado!

Jayme também pegou na mão do pai e, sentindo-se melhor com aquelas palavras, pediu:

– Pai Niko, pai Félix... Desculpa por como eu estava tratando vocês nesses últimos dias... É que... Eu estava irritado, estava meio confuso... Mas, depois que conversei com o Jonathan me senti melhor e agora também...

Félix perguntou: - Jayme, com o que exatamente você estava irritado? Se é que podemos saber...

O garoto respirou e contou: - Eu... Naquele dia que você me deixou sair com meus amigos, pai Félix, eu não fui jogar basquete... Eu fui pagar uma aposta... E... A aposta era... Era eu beijar uma menina...

– O quê?! Beijar uma menina, que menina?! – Perguntou Niko.

– Era uma que eu não conhecia, na verdade, nem conheço, só de vista... Meus amigos acham ela linda, eu também, mas... – Suspirou. – Tem uns caras que ficam pegando no meu pé, eles dizem que... Que se meus pais são gays eu devo ser também...

– Mas... Pelas barbas do profeta, isso não é verdade, nada a ver... Não vê o Jonathan?!

– Eu sei pai, eu até já falei do Jonathan! Eu disse isso pra ele também e ele me disse a mesma coisa, que eu não devia ligar porque não tem nada a ver...

– E seu irmão está certo, meu filho! – Exclamou Félix. – É melhor nem ligar para esses comentariozinhos baixos! Eu sei como é...

– Eu também concordo... – Disse Niko. – Mas, nos conta... Como foi essa tal aposta, hein Jayme?!

– Então... Eles combinaram com essa menina pra ela ir pra a quadra e eu devia ir pra lá! Eu fui com meus amigos e quando cheguei... O Maurício e os seguidores dele estavam lá! O Maurício é o que fica dizendo que eu sou... – Ele titubeou pra falar, mas Niko entendeu.

– Esse garoto é quem fica dizendo que você é gay?!

– É! Pra falar a verdade... Sempre que ele me vê me chama de viado, de bicha! Por isso que eu fiquei irritado quando vocês estavam chamando um ao outro assim...

Eles se olharam. Félix explicou: - Mas, Jayme... Quando a gente fala assim é brincando, meu filho! Eu sei que não é muito legal... Aliás, quando eu queria parecer hetero eu ficaria irritadíssimo se me chamassem de bicha...

– É, eu também não gosto nem um pouco! – Completou Niko. – Principalmente, quando me chamam de bicha burra... Não é Félix?!

Pigarreou: - Eu captei a indireta, tá carneirinho?! Não muda de assunto... Deixa o Jayme falar! Fala, meu filho, continua... E no que deu essa aposta, afinal?

– É... Eles me pressionaram pra beijar a menina... Mas... Eu fugi... Eu não consegui, simplesmente, não consegui! Eu corri de lá, mas agora quando me veem eu tenho que sair correndo de novo, porque sempre ficam dizendo “lá vai a bicha... Corre fujão...” Essas coisas!

– Gente, mas isso é bullying! – Exclamou Niko. – Temos que falar na sua escola, Jayme...

– Não pai, eles não são da escola, eles treinam lá na quadra de basquete lá do centro...

– Mas, temos que fazer alguma coisa...

– Não pai!

– Como não?!

– É melhor não! Além do mais, carneirinho... – Interferiu Félix. – Se nós formos é bem capaz de piorar a situação pra o lado do Jayme!

– Mas, Félix, vamos deixar por isso mesmo?

– Não... Mas, vamos pensar em uma solução melhor que ir lá e interferir... O que você quer? Chegar lá e dar umas palmadas nesses moleques?

– Pai... Olha, deixem que eu resolvo sozinho!

– Mas, filho...

– Pai Niko, é sério... Uma hora eles têm que parar de me encher...

Niko suspirou conformado. – Tá bom! Se você diz... Mas, se precisar de ajuda, não hesite em nos falar! Nós somos seus pais e passaremos por cima do preconceito de qualquer um pra te defender!

Jayme sorriu. – Tá bem, pai! Eu vou sempre falar tudo pra vocês!

Os três se abraçaram. Félix lembrou: - Bom, e por falar em falar tudo... Quais eram os segredinhos que você e o Jonathan estavam compartilhando, hein?!

Jayme corou. – É... É... Ah... Segredos?

– Sim, segredos, criatura? Por que esse nervosismo todo agora?

– Ai Félix, deixa ele! Você é muito curioso!

– Ora... Sou mesmo! Pelas botas de Judas, eu quero saber!

Jayme deu um sorrisinho tímido. Niko sorriu e girou com os olhos.

– Olha, filho, não precisa falar, ok! O que você quiser falar com a gente você fala, senão, pode contar segredos pra o seu irmão! O Jonathan é um doce de pessoa, tenho certeza que ele sempre vai te ouvir!

– É, eu sei...

– Ah, e mais... Se você ficou confuso porque não conseguiu beijar essa menina que aqueles garotos levaram, não pense mais nisso! Você não conseguiu beijá-la porque como você disse, você não a conhecia, não que isso vá te fazer menos homem! Além do mais, você ainda não beijou uma menina né?! – Jayme desviou o olhar. – Meu filho, o primeiro beijo tem que ser mágico... Tem que ser com alguém que você goste... Como, por exemplo, a Angélica! – Jayme disfarçou um sorriso. – Quando chegar a hora você vai saber e vai acontecer!

Félix notou como Jayme estava enquanto Niko falava. – Filho... É... Você já teve vontade de beijar a sua amiga, a Angélica?

Jayme, surpreso, respondeu: - É... Bom... Já... – Deu um sorriso. – Eu... Eu já beijei a Angélica!

– Não, mas eu estou perguntando sobre beijar na boca!

– É, pois é...

– Quê?! – Niko e Félix entenderam e indagaram ao mesmo tempo.

Jayme levantou da poltrona e com outro sorriso tímido, contou:

– Eu e a Angélica... Nós... Nós já nos beijamos... Na boca!

Os pais continuavam boquiabertos. Jayme continuou: - Foi... Lá na praia! E não foi só um selinho não! Era isso que eu tinha contado pra o Jonathan! – Sorriu de novo, agora com a expressão dos pais. – Bom... Eu vou sair agora... Vou pra o meu quarto... E, é... Boa noite se vocês forem dormir agora! Obrigado por conversarem comigo! Eu já vou... Tchau! – Saiu logo do quarto antes que perguntassem mais alguma coisa, afinal, já estava bem melhor depois de finalmente ter conversado com os pais.

Niko e Félix se olharam mais uma vez e notaram que estavam abobalhados com a notícia.

– Félix... Ele disse isso mesmo que eu ouvi?!

– Disse, carneirinho...

– Eu não acredito... Nosso filho... Já deu o primeiro beijo?!

– É, foi isso que ele disse... E mais... Que não foi só um selinho, ouviu?!

– Ouvi... Ai Félix, ele tá crescendo...

– Isso é inevitável, carneirinho... Mas, não é o pior!

– O que o pior?

Félix suspirou. – Ai... Eu tô ficando velho!

Ele foi tão sério que Niko não se aguentou e começou a rir.

– Não acredito que você tá preocupado com isso! Félix!

– Quê, carneirinho... Estou sim... Chega mais pra cá...

Niko chegou mais perto e Félix deitou a cabeça em seu colo.

– Que foi?

– Meu filho mais velho já tem noiva, o do meio já está atrás de namorada, e o mais novo tem crises de identidade, uma hora quer uma coisa outra hora quer outra... Não sei, carneirinho, mas eu devo estar com cabelos brancos, vê aí...

Niko só fazia rir.

– Ai Félix, só você pra pensar em cabelo branco assim de repente! – Mesmo assim começou a mexer em seus cabelos fazendo um cafuné. – Amor... Deixando de lado essa história do beijo, que ainda estou pasmo... Você não está mais aliviado agora ao ver que a conversa com o Jayme foi ótima e não assustadora como você pensava?!

– Estou, carneirinho... Não me deixou tão traumatizado quanto eu pensei que ficaria...

Riram. – Que nada... Você até pareceu no início estar mais tranquilo que eu...

– Ah, você sabe como eu sou... Eu estava nervoso, mas se eu perder a piada, eu perco a pose, eu surto...

– Ai amor, você é surtado! – Félix o olhou se fazendo de ofendido e Niko só ria. – Fica quieto! Eu só espero que o Jayme encontre mesmo uma solução!

– Ele encontra, carneirinho! Nosso garoto é esperto! Olha só, deu um beijo, e bem mais que um selinho, segundo ele, com treze anos! E ele nem disse se foi um só! Essa criatura... Imagina quando tiver dezoito...

– Nem me fale... Mas ele é tímido! Já o Fabrício...

– Ih... Se o mini-carneirinho puxou tanto ao pai quanto eu penso... Vai dar um trabalho...

– E eu te dou trabalho, Félix?

Félix deu uma risadinha nada inocente. – Trabalho demais, carneirinho! Acha que não dá trabalho passar noites em claro?!

– Ah... Bem que você gosta de passar noites em claro... É... Trabalhando...

– Eu?! – Sorriu maliciosamente com o rosto próximo ao dele. – Adoro!

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Notas finais do capítulo

No próximo capítulo: O dia seguinte ainda é de folga para o carneirinho, mas depois ele precisa voltar ao trabalho...
...E mais: Será que Félix vai tentar ensinar o filho do meio a beijar como tentou ensinar ao mais velho?...
Continua...



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