Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 2
Jennifer 1.3


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo ficou bem maior do que os outros pelo fato de que ele era pra ser dividido em dois, mas como estou readaptando a fic, não posso acrescentar capítulos, então...
Boa leitura :)



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A campainha toca assim que começo a escovar dentes. Solto um grunhido, mas fico aliviada ao ver que minha mãe vai atender a porta.

Estou rezando pra que não seja Nick. Ainda não estava inteiramente convencida se seria bom eu ir para a aula.

—A Jenn já está pronta? —escuto a voz do Leo na porta. Uma sensação de alívio toma conta de mim.

—Ela está no banheiro. Já deve estar terminando, eu acho. —responde minha mãe.

Enxaguo a boca e seco o rosto e as mãos com uma toalha. Caminho até a porta e vejo Leo encostado no batente, casualmente.

—Bom dia flor do dia. —ele ri.

Rio e o abraço rapidamente.

—O que está fazendo aqui? —pergunto franzindo a testa.

—Vim ver se você queria uma carona. —ele diz como se fosse óbvio. —Já que aquele babaca não vai mais fazer isso. —faço uma careta involuntária.

Vou pra sala, pego minha mochila e meu telefone que estava carregando. Dou um beijo na bochecha da minha mãe.

—Até mais tarde. —digo.

Leo já está no carro. Eu entro e coloco o cinto, ao mesmo tempo em que ele dá partida no carro.

—Como que você está? —ele pergunta me olhando de canto.

—Na medida do possível? Respirando. —suspiro e desvio o olhar para a janela.

—Pelo menos isso. —ele diz parecendo desconfortável.

—Tô com medo de terem espalhado isso pra escola toda. —digo quase num sussurro. —Vai ser a maior humilhação. —me viro em sua direção. —E se ele vier falar comigo? Dou um tapa na cara dele? Me finjo de muda? Saio de perto? Eu não sei mais no que pensar.

—Vai ficar tudo bem. —ele pousa sua mão sobre a minha e a aperta fracamente. —Não pensa nisso! —ele volta a olhar para frente. —Acho que você não deve falar nada. Finja que ele nem exista. Apesar do tapa na cara ser uma ideia tentadora. —ele sorri maliciosamente.

Reviro os olhos enquanto ele estaciona. Leo saí do carro e antes mesmo que eu tire meu cinto, ele dá a volta e abre a porta do meu lado. Me estende a mão e eu a seguro, me levantando e ajeitando minha blusa. Ele bate a porta e tranca o carro.

—Vai dar tudo certo. —ele diz apertando minha mão novamente. Ele a solta, ajeitando sua mochila. Depois coloca o braço por cima dos meus ombros, me abraçando de lado.

Vamos andando assim até o pátio.

Até que Leo então vai conversar com uns amigos do futebol, e eu fico parada num canto.

Então o avisto. Ele está caminhando na minha direção. Tento desviar o olhar. Penso que me coração vai se acelerar como antes, mas tudo o que eu sinto é raiva, decepção, mágoa. São tantos sentimentos que me sinto sufocada.

Ao ver que ele continua a caminhar em minha direção, lanço meu melhor olhar de desprezo.

—Jennifer, nós precisamos conversar. —ele diz assim que para a minha frente.

Olho para o lado, decidida a ignorá-lo.

—Jenny, eu sinto muito. —ele fez menção de tocar meu braço, mas eu me afastei, lhe lançando um olhar de alerta. —Foi um acidente. —eu quis rir naquele momento.

—Acidente? Então de repente você tropeçou e caiu com a boca em cima da dela? —olho pra ele, o tom de voz claramente alterado. —Pelamor de Deus! Você não conseguiu pensar numa desculpa melhor?

—Aquilo não foi nada. Eu amo você. Você sabe disso. —ele insiste e se aproxima mais um passo.

—Você me ama? Estou vendo o quanto você me ama se atracando com aquela vagabunda aqui na escola. —respiro fundo antes de prosseguir. —Eu quero que você enfie todo esse seu amor por mim em outro lugar e faça bom proveito dele, porque eu não caio mais na suas conversinhas. —ele parece magoado, mas eu não me importava mais. —Idiota! —digo o empurrando e entrando na sala.

Me sento numa cadeira ao fundo. Coloco meus braços em cima da mesa e me escondo entre eles, tentando estabilizar minha respiração. Eu não podia começar a chorar ali.

Chorar na escola era a mesma coisa que acionar um alarme. E eu não iria e nem podia dar esse gostinho a Nicolas. Não mesmo!

Então escuto os outros alunos entrando e levanto a cabeça, fingindo estar muito ocupada com meu material escolar.

—Jenny, minha linda. —diz Annie tocando em meu ombro e me fazendo olhar pra ela. —Eu sinto muito. —era óbvio que a escola toda sabia. —Queria ter ido pra lá ontem, mas não deu. —Annie era minha amiga há anos, não há tanto tempo quanto Leo, mas o suficiente para que eu a considerasse como uma irmã. —Fiquei sabendo que o Leo estava lá e acho que ele faz um trabalho melhor do que eu quando o assunto é consolo. —ela sorri pra Leo que está atrás dela, me olhando. Ela se inclina e me abraça rapidamente.

—Você deveria ter dito algo bem pior do que "idiota".—ele comenta se sentando na cadeira ao meu lado. Annie se senta na nossa frente com Nanda. Sorrio e começo a copiar a matéria do quadro.

Leo faz algumas piadas e falamos coisas aleatórias que me fazem sorrir como antes. Tinha me esquecido de quanto gostava de Leo. Parecia ter se passado anos e não meses.

Desde que comecei a namorar Nick, há alguns meses, nos se afastamos um pouco. Fazia sentido. Nenhum namorado gosta que a namorada passasse mais tempo com outro cara do que com ele, e ainda mais se o cara em particular for um gato.

Leo tem olhos verdes perfeitos, emoldurados por cílios longos. Seu físico é incrível, com os músculos bem definidos. Já tinha o visto sem camisa o suficiente para saber. Seus cabelos são castanhos e lisos, com pequenos cachos nas pontas.

A maioria das garotas tinham um tombo por ele, e muitas me desprezavam porque eu era a única garota com quem ele tinha uma amizade vamos dizer, mais íntima. Leo vivia me abraçando ou me dando beijos na bochecha, não importava aonde e nem na frente de quem. Isso já havia causado alguns boatos de que éramos um casal, mas foram logo apartados quando comecei a sair com Nick.

O sinal do intervalo toca e logo todos se levantam, exceto eu.

—Eu não quero sair da sala. —resmungo, olhando para Leo.

Ele se aproxima e para na minha frente.

—Por quê? Acha que ele vai tentar falar contigo de novo? —faço um gesto com as mãos, indicando um "não sei". —Ele que tente. Já estou tentando arrumar uma desculpa pra bater naquele otário há meses. —ele diz revirando os olhos.

—Há meses? —o olho confusa. —E por quê?

—Primeiro, ele tirou você de mim... —ele diz colocando uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha. —E ainda anda me irritando nos treinos de futebol.

—Ele não me tirou de você, Leo. —tentei ignorar o tom possessivo em sua voz. —Ainda somos melhores amigos, né?

—Nossa, claro! BFF's. – ele diz com ironia enquanto eu rio.

—Só saio se você comprar chocolate pra mim. —digo fazendo beicinho. Achava meio infantil esse gesto, mas isso não me impedia de fazer. Ele prende meu lábio inferior entre seu polegar e seu indicador.

—Me dá um beijo que eu te compro a Nestlé. —ele diz sorrindo olhando pra minha boca. Sinto minhas bochechas arderem e tiro sua mão com um tapa.

—Nossa! Se um beijo vale isso, não quero nem imaginar o resto. —digo rindo, mesmo que desconfortável.

—Ah, a gente pode negociar. —ele dá de ombros e solta uma risadinha. Vejo que ele está levando a brincadeira a sério.

Balanço a cabeça, me levantando e passo por ele, saindo da sala. Consigo escutar seu suspiro daqui e sorrio comigo mesma.

Chegando ao refeitório vou direto pra mesa onde estão meus amigos.

—Jenn, sua delícia! —grita Isaac fazendo meus lábios se abrirem em um grande sorriso.

Ele me abraça forte. Depois disso, abraço Ethan, que está ao seu lado. Éramos da mesma sala, mas eles se sentavam no fundo, e como sempre, haviam chegado atrasados. Annie e Nanda estão sentadas ali também e conversam animadamente. Nanda pisca pra mim quando a olho.

—Como você está? –pergunta Ethan me olhando.

—Tô melhor. —dou de ombros. —Vou sobreviver. —dou um sorriso tranquilizador.

Nesse instante, Leo se senta ao meu lado e me estende uma barra de chocolate. Ergo as sobrancelhas.

—Jura que você comprou pra mim? —ele me olha como se fosse óbvio. Eu o abraço de lado, meio desajeitada, e lhe dou vários beijos seguidos na bochecha —Já falei que eu te amo? —os outros presentes dão risadinhas.

—Só a cada dez minutos. –Leo diz sorrindo, completamente convencido.

—Essa aí é puta mesmo. —escuto uma voz feminina dizer. –Mal terminou com o Nicolas já está de agarramento com o Leo. Vê se pode?!

Olho ao redor e vejo Celeste me encarando com desdém. Vadia!

—Deixa pra lá, Jenn! –diz Leo segurando meu braço e me lançando um olhar de alerta. Respiro fundo e assinto com a cabeça.

—Ei Jenn! Pode dividindo esse chocolate com a galera. –diz Annie rindo.

—O chocolate é de quem mesmo? —falo com ironia. —Ah, é meu. Então... Não. –digo comendo um pedaço e olhando maldosamente em sua direção.

—Vende ali ô. –Leo aponta pra cantina. –Por que não pede pros namorados de vocês comprarem?

Eu sorrio quando Annie e Nanda imploram, ao mesmo, para Ethan e Isaac comprarem chocolate.

—Não vai dividir nem comigo, amorzinho? —diz Leo olhando pra mim suplicante.

—Dividir chocolate? —rio. —Em que planeta você vive? —olho pra ele.

—Tudo bem então. Nunca mais compro... —ele começa.

—Toma! —digo partindo um pedaço e lhe entregando, antes que ele terminasse de falar. Ele ri e come.

Logo o coordenador vem nos avisar que nossa turma não terá mais os últimos três tempos de aula e que vamos ser liberados. Todos gritam em comemoração, menos eu. Eu gostava da aula de literatura!

—O que a gente faz com esse tempo? —pergunta Nanda olhando para nós.

—A gente podia ir pra casa da Annie aproveitar a piscina. —diz Ethan.

—Perfeito! —diz Isaac sorrindo.

—Claro. —ela sorri. —Meus pais não estão em casa, mas não se incomodam se vocês forem para lá. —diz Annie.

—Eu vou dar uma passada em casa antes. Tenho que avisar a minha mãe e aproveito e pego o biquíni. —digo me levantando.

—Eu te levo. —diz Leo tirando as chaves do bolso.

—Tá bom. Mas nada de desviar do caminho. —diz Nanda sorrindo maliciosamente.

Depois de um lançar um olhar venenosa para ela, nós vamos para o estacionamento. Muitos alunos já haviam ido embora. Também, quem é que vai ficar mais tempo na escola do que o necessário? Ah, é mesmo. Eu!

Leo dá a partida e pisa fundo no acelerador.

—Eu quero chegar viva em casa, por favor! —digo me segurando no banco e olhando irritada em sua direção.

—Pode deixar. —ele sorri sem desviar o olhar da pista.

Então ele para o carro na frente da minha casa.

—Vai lá se arrumar. —ele diz me olhando. —Vou em casa rapidinho. A gente vai de moto porque minha mãe vai levar o carro pra oficina.

—Tá bom. —tiro o cinto e saio rapidamente do carro, já tirando a chave da bolsa e abrindo a porta de casa.

***

Subo as escadas correndo e jogo minha mochila sobre a cômoda. Prendo o cabelo num rabo de cavalo, enquanto olho à volta. Meu quarto realmente precisava ser organizado. Mas isso podia esperar um pouquinho mais. As roupas não sairiam andando nem nada. Dou risada sozinha, pensando que falaria a mesma coisa caso minha mãe entrasse ali.

Por falar nisso, ela deve ter ido mais cedo para o trabalho porque não a acho em nenhum cômodo. Resolvo então ligar pra ela. Depois de três toques, ela enfim atende.

—Alô? —sua voz parece distante.

Minha mãe trabalhava num escritório de advocacia, no centro da cidade. Ela tinha passado na faculdade de Direito, alguns meses antes de descobrir que estava grávida de mim. Decidiu se dedicar a vida de mãe e mulher casada e abandonou seu sonho de carreira. Após alguns anos, eu havia a incentivado a voltar, mas bem, eu sabia muito bem de quem tinha herdado a teimosia.

—Oi mãe.

—Jenn? —ela parece surpresa e sua voz fica mais próxima e também mais audível. —Está fazendo o que em casa a essa hora? —a surpresa mudou para preocupação. —Aconteceu alguma coisa?

—Não, está tudo bem. —digo rápido, tranquilizando-a. —Nós fomos liberados mais cedo na escola. —apoio o telefone entre minha orelha e meu pescoço, e começo a dobrar algumas peças de roupa espalhadas. —Tô ligando pra saber se posso ir pra Annie, pra piscina.

—Piscina? —ela parece considerar por alguns instantes. —Tudo bem. Os meninos também vão?

Que pergunta era aquela? Era óbvio que eles iriam. Eles sempre iam.

—Sim.

—Usa protetor solar e juízo, Jennifer.

—Argh, mãe! Não me chama de Jennifer. —faço uma careta, mesmo sabendo que ela não pode ver.

—Tá bom, querida. —ela dá uma risadinha. —Estou ocupada agora. Beijos!

—Tchau. —aperto o botão de encerrar chamada.

Coloco todos os biquínis que tenho sobre a cama e começo a experimentar um por um. Alguns estavam sem as partes debaixo para combinar, então eu teria que improvisar. Estava colocando um cor-de-rosa quando a parte de cima cai e me abaixo para pegar.

—Jennifer? —ouço a voz de Leo. Pego uma toalha e me cubro rapidamente. A porta se abre no mesmo momento. —Você deixou a porta aberta e... —ele olha avaliando a situação e ao ver minha reação cai na gargalhada.

—Não sabe mais bater? —digo exasperada. Sei que meu rosto está completamente vermelho, inclino o olhar para baixo para ver se há alguma parte descoberta. —Fecha a porta e sai Leo! Tô me trocando.

—Para de drama. —ele revira os olhos. —Já te vi pelada. E você tá de biquíni. Como vai estar daqui a pouco na casa da Annie. —ele diz e me olha mais atentamente. —Bom, eu espero que com a parte de cima porque não quero me distrair e morrer afogado hoje. —ele ri se aproxima mais um passo.

—Leonard, fique onde está! —falei num tom de ameaça. —Estou avisando. —estreito meus olhos ao ver que ele dá mais um passo. Ele para e ergue as mãos, sorrindo. Depois dá meia-volta e vai para o corredor, fechando a porta atrás de si.

Respiro aliviada e coloco a parte de cima do biquíni. Coloco uma regata branca por cima e um shortinho jeans. Assim que saio, percebo seu olhar sobre mim. Ele estava tentando me irritar?

—Onde você pensa que vai com esse short? —ele ergue as sobrancelhas.

—Pra casa da Annie. —o olho cínica. —Por que? Você quer que eu vá de burca?

—Até que não seria uma má ideia. —ele diz rindo e depois morde de leve seu lábio inferior. Com um sobressalto, percebo que ele está olhando fixamente pra minha bunda.

—Será que dá pra você parar? —digo me virando e me encostando na parede, com os braços cruzados na altura do peito.

—Com o quê? –ele pergunta com tom inocente.

—De me olhar assim. –olho pra ele com carranca. —Com esse olhar de tarado.

—Ah, só sou assim com você amor. —ele sorri agarrando minha cintura.

—Uhum. —estreito os olhos e encaro suas mãos. —Pra quantas putinhas você disse isso hoje?

Ele ri e balança a cabeça. Depois simplesmente se inclina e me dá um selinho. Fico parada. Em choque. Ergo as sobrancelhas, como se exigisse explicações.

—O que foi? —ele franze a testa.

—Por que você me beijou? —eu praticamente grito.

—Eu não te beijei. —ele me olha rindo, claramente se divertindo com minha confusão. —Te dei um selinho, ué. –ele me dá outro, me provocando. —Alguns amigos fazem isso. —ele dá de ombros, como se não fosse nada demais. —Só que você é muito fresca.

—Fresca? —minha voz ainda está algumas oitavas acima do normal. O que estava acontecendo ali?

—Mas eu ainda te amo. —ele sorri acariciando de leve a minha cintura.

—Mais do que sua obrigação. —digo presunçosa e desvio o olhar para o lado.

Ele continuava perto demais.

—Abusada.

—Idiota. —reviro os olhos.

—Chata. —ele parece se segurar para não rir.

—Insuportável. —volto a olhar para seus olhos. Seu nariz está quase roçando o meu, e de repente, sinto uma falta de ar repentina. Seus olhos verdes estão brilhando e seus lábios estão curvados num sorriso malicioso. Minha pulsação acelera sem permissão. Ele coloca as duas mãos na parede, uma de cada lado do meu corpo, me prendendo contra a parede.

—Cala a boca. —ele ordena em voz baixa. Faço que não com a cabeça, não encontrando mais minha voz.

Ele me olha por alguns segundos, antes de seus lábios tocarem os meus.

Fico em choque, mesmo sabendo de sua intenção desde que ele havia me provocado.

Segundos depois meu corpo reage novamente e eu entrelaço meus braços em seu pescoço. Sua língua se enlaça a minha e sinto gosto de bala de hortelã, o mesmo cheiro de seu hálito. O beijo é lento, mas ao mesmo tempo, sinto a urgência cada vez que ele pressiona seu corpo contra o meu.

Sua mão desce pelo meu corpo, me alisando com a ponta dos dedos e me causando arrepios. Uma parte de minha consciência diz que aquilo é errado, mas a maior parte dela está ocupada, focada nos lábios macios e quentes de Leo. Levo uma das minhas mãos até seu cabelo e puxo o mesmo de leve. Uma sensação de eletricidade toma conta de meu corpo. Eu nunca tinha sentido nada parecido, nem mesmo com Nick.

Ele aperta minha bunda de leve e seus lábios abandonam os meus. Respiro ofegante, desesperada por ar. Ele mordisca minha orelha e faz uma trilha de beijos do meu pescoço até minha clavícula. Depois me olha outra vez e me dá um selinho rápido, dando um passo para trás e me observando.

—Calei. —ele ri me olhando.

Não consigo dizer nada apenas fico olhando para os seus olhos, tentando estabilizar minha respiração. Seu cabelo está desgrenhado, sua camiseta bagunçada e seus lábios um pouco vermelhos. Sei que não devo estar em melhor situação e baixo o olhar para meus pés.

—Jenn? —ele me olha preocupado e faz menção de se aproximar outra vez.

Eu me afasto dele e me sento no sofá colocando a cabeça nas mãos. Minha respiração está mais calma e aquela sensação vai aos poucos diminuindo.

—Jennifer, o que houve? —ele se ajoelha a minha frente e afasta alguns fios do meu rosto.

—O que foi isso? —digo apontando para nós dois. Meu olhar está turvo e é evidente a minha confusão.

—Eu não... Me desculpa, eu... —levanto o dedo para silenciá-lo.

—Não! Não é isso o que eu quis dizer. —balanço a cabeça tentando organizar as palavras. —Eu me sinto culpada.

—Culpada? —seu tom é surpreso.

—Eu acabei de terminar um relacionamento.

—Ah.

— Isso foi errado. E... Não quero te magoar nem nada, mas eu não quero compromisso com ninguém. —digo olhando para o chão. Já até imaginava como as coisas seriam daqui pra frente. Íamos ficar sem graça e sem jeito um perto do outro.

Ele ri e levanta meu queixo pra eu olhar pra ele. Seu olhar está calmo, assim como sua voz.

—Você não vai me magoar, Jenn. —fico aliviada assim que ele diz isso. —Te amo, mas não desse jeito. Não pra um compromisso sério, entende? —concordo com a cabeça. —Você é minha amiga e nada vai mudar. Só algumas coisinhas. —aquele sorriso maldoso outra vez.

—Você faz isso com todas as suas amigas? —ergo uma sobrancelha.

Era óbvio que Leo estava diferente. Aqueles meses haviam deixado ele mais... Confiante. O Leo que eu conhecia jamais faria algo como aquilo. Bom, não comigo.

Ele ri e balança a cabeça em negativa.

—Acho bom. —digo num tom de brincadeira, mas acaba saindo de forma possessiva demais. Me xingo mentalmente por isso.

—Mal começamos e já vai ter uma crise de ciúmes? —ele com um sorriso.

—Começamos?—franzo a testa e tombo a cabeça um pouco para o lado. —E o que exatamente começamos?

—Uma amizade com benefícios. —ele diz presunçoso.

—Amizade colorida? —pergunto me lembrando do termo.

—Sim, uma amizade colorida. —ele se aproximando outra vez.

Então coloca uma mão em minha nuca e me puxa pra outro beijo.

É, eu poderia facilmente me acostumar com isso.


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Notas finais do capítulo

É isso!
Um beijo, um queijo e até o próximo.