Amizade Colorida escrita por Juh Nasch


Capítulo 19
Jennifer 4.2


Notas iniciais do capítulo

Vocês já devem estar cansadas das minhas desculpas, né? Mas, ultimamente, minha mãe tem pegado no meu pé, e estou em semana de provas, fica super difícil pra postar. Então vou abandonar vocês um pouquinho!
Espero que gostem!
Boa leitura :)



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—Acho que cortou demais! —digo quando estamos voltando para o carro.

—Ah, ficou linda assim Jenn. —diz Nanda com um sorriso.

Eu peguei uma mecha de meu cabelo e encarei. Meu cabelo, que outrora batia quase na cintura, agora estava há alguns centímetros abaixo do ombro. Por que fui me deixar levar pela Annie? Que droga! Agora ia sofrer com aquela maldita depressão pós-corte!

Annie e Nanda andavam alguns metros a minha frente. Apressei o passo para acompanha-las.

Acho que nunca as descrevi, não é? Estranho! Mas então, Annie tem cabelos compridos, chegando quase à metade das costas, loiros e olhos castanho-claros. É mais alta que eu e tem a pele bronzeada. É do tipo, “patricinha”. Nanda já tem os cabelos castanhos claros e olhos pretos, sempre marcados por delineador e lápis da mesma cor. Tem a pele mais clara, quase do tom da minha e é poucos centímetros mais alta. Faz mais o estilo “eu acordei linda assim, não preciso me arrumar”. Não somos nada parecidas, apenas em algumas coisas, como nos gostos em comum. Mas meio que complementávamos umas as outras.

—Vamos pra onde agora? —pergunta Annie.

—Já tá quase na hora de irmos à lanchonete. —digo.

—Vou deixar vocês em casa então. —diz Annie. —Jenn?

—O que é? —resmungo.

—Não fica brava! O Leo vai gostar da mudança. —ela sorri.

—Se ele perceber, né? —diz Nanda.

—Eu tô quase careca! —Annie me olha com desdém. —Okay... Okay! Exagerei. Mas ele não é cego!

—Garotos não reparam isso, Jennifer. —diz Nanda.

O carro para em frente a minha casa.

—Você vai de moto com o Leo, né? —pergunta Annie e eu assinto com a cabeça. —Beleza! A gente se vê lá então. —ela me joga um beijo no ar. Eu saio do carro e aceno para elas.

—Jennifer. —grita Annie. —Vai com um short curto, tá? Tô cansada de ver você com essa maldita calça jeans!

—Cala boca, Annabella! Vai cuidar da sua vida!

—Também te amo.

Entro em casa e minha mãe não está. Deve ter ficado até mais tarde no trabalho hoje. Tomo um banho rápido, e dentro do box mesmo, escovo meus dentes. Resolvo seguir o conselho de Annie. Pego um short jeans, que ficava até o meio da minha coxa, e uma blusinha de alça azul. Deixo o cabelo solto e passo um pouco de maquiagem. Escuto a buzina da moto de Leo. Pego minha bolsa e desço as escadas. Fecho a janela e saio pela porta, trancando-a.

Ele está com o cabelo bagunçado, como sempre, jogado para o lado, com os perfeitos cachos nas pontas. Uma calça jeans, uma camiseta polo vermelha, uma jaqueta preta por cima e all stars. Abre um sorriso assim que me vê. Depois franze a testa e começa a me olhar mais atentamente enquanto me aproximo. Eu sorrio.

—O que foi? —pergunto assim que estou à sua frente.

—Tem alguma coisa diferente. —ele diz. Se inclina e me dá um selinho.

—Diferente? —pergunto erguendo uma das sobrancelhas.

—Sei lá. Sua roupa? Sei lá! Milênios que eu não te via de short.

—Ah, sim. A roupa...

Ele ri.

—Acha mesmo que eu não perceberia? —ele me olha cético. —Primeiro pensei que estivesse com o cabelo preso. Mas... Parece que não.

—Ficou bom assim?

—Ficou linda. Mais ainda. —ele sussurra se aproximando e agarrando minha cintura. Ficamos nos beijando por alguns instantes, até meu celular começar a tocar.

—Ai que droga! —ele resmunga.

—Alô? —digo assim que atendo.

—Onde vocês estão? —escuto a voz de Annie. No fundo há um barulho de várias pessoas falando, rindo. Já devia estar na lanchonete. —Já estamos aqui tem uns quinze minutos e vocês não aparecem.

—Já estamos chegando aí.

—Tá bom. —ela diz rindo. —Acho que atrapalhei alguma coisa, né?

—Você é profetisa ou sei lá?

—Agora estamos quites. —ela ri. —Vem logo! —ela então encerra a chamada.

—Vamos! Parece que já estão todos lá.

Leo me oferece o capacete e eu o coloco. Subimos na moto e ele acelera.

—Que droga! Dá pra ir mais devagar? —grito.

—Tá com medo? Relaxa! —ele diz, tendo sua risada abafada pelo capacete.

Paramos na rua ao lado, já que a lanchonete ficava na esquina, num estacionamento. Leo me ajuda a descer e vamos de braços dados até a mesa onde estão nossos amigos.

—Aleluia! —diz Annie e Isaac ao mesmo tempo.

—Nem comece! Não tínhamos marcado hora certa. —digo dando um beijo na bochecha de Annie, e depois na de Isaac.

Nanda me apresenta a Rodrigo, seu futuro novo namorado. Ele é simpático e parece combinar muito com ela. Ethan também está ali e levou uma amiga, Amanda, do curso de química. Disse pra garota que era apenas para fazer companhia e ele não ser a tocha humana do lugar. Pobre garota!

Depois de eu e Leo cumprimentarmos a todos, nos sentamos e começamos a colocar o papo em dia. Enquanto os meninos falavam de jogos de videogame, times de futebol e animes que não faziam o menor sentido pra mim, nós, meninas, tratávamos de colocar os últimos assuntos em dia. Mandy tratou logo de se enturmar.

Depois de algumas horas, após termos comido muita pizza e falado demais, Annie pergunta em voz alta.

—E então Jennifer e Leonard? Ou como eu gosto de chamar, Lennifer. —ela dá um sorrisinho besta. Era patético como ela arrumava nomes de shipps pra todos os casais que conhecia. —Vocês vão assumir logo que se amam ou vão ficar nessa besteira de não dar um nome a esse mais obvio namoro?

—Fica na sua, Annie. —Nanda sussurra e dá um beliscão em seu braço. Mas ela nem parece sentir, pois continua com aquele sorriso afetado. Eu fico com as bochechas vermelhas, não sabendo nem pra onde olhar. Tudo bem estava na hora mesmo. Mas precisava ser assim? Parecia até uma intimação para Leo. Ou você pede a Jenn em namoro ou... Na verdade nem tinha outra opção. Era só essa! Um beco sem saída. Leo olha pra Annie e depois, logo em seguida, pra mim. Estávamos sentados um ao lado do outro. Ele engole seco e então diz:

—Mas eu já pedi a Jennifer em namoro. —ele diz e depois abre um sorriso. Ele olha nos meus olhos, e o conheço o suficiente para saber que ele está dizendo “agora você ajuda a encobrir isso, depois à gente conversa”.

Abro um sorriso também e entro no joguinho.

—Pensei que era tão obvio que vocês nem precisavam de uma confirmação. Se eu chegasse pra vocês... —digo apontando para Nanda e Annie. — E dissesse “Ah, eu estou namorando o Leo” não faria diferença alguma, né?

—Claro que faria. —diz Annie exasperada. —Como assim você não me contou?

—Ah, foi há alguns dias. —digo olhando para Leo.

—Na verdade foi há três dias. —ele complementa. Ele era melhor nisso do que eu.

—E como foi? —pergunta Nanda.

—Ah, foi normal, sabe? Hum, como todo o tipo de pedido de namoro. —digo dando de ombros. Que péssimo, Jennifer!

—Na verdade foi bem romântico. Eu quis preparar tudo! —intervém Leo. Isso! Salve a pátria! —Falei com Jennifer que depois, umas 19h, eu iria pra casa dela. Ela ficou curiosa como sempre, mas não revelei nada até lá. Cheguei lá e ela estava tocando teclado. Não desgrudou desse teclado a semana toda... —ele diz estreitando os olhos na minha direção e eu me limito a sorrir. —Eu disse pra ela que tinha uma surpresa e descemos. Eu tinha combinado tudo com a mãe dela, então estávamos sozinhos. Minha irmã também ajudou a arrumar a mesa de jantar. Depois do jantar fomos pra sala e assistimos um filme muito do chato, mas sabia que ela adorava. No meio do filme, estávamos abraçados, eu me inclinei e sussurrei no ouvido dela “quer namorar comigo?”. Ela me olhou exatamente como agora. —ele ri e todos da mesa acompanham. Eu estava imaginando a cena e não conseguia parar de sorrir. Ele parecia ter ensaiado essa história muito bem. —E disse que sim. Então, depois, eu tive uma sobremesa maravilhosa. —ele completa com um sorriso malicioso. Dou um tapa no braço dele.

—Awn, que fofo! —diz Mandy.

—Nossa cara! Que coisa mais gay! —diz Ethan o olhando incrédulo. Ele recebe olhares duros das outras meninas presentes. —O quê?

—Ainda estou chateada pela senhora não ter me contado. —diz Annie me fuzilando com o olhar, mas depois seus lábios se abrem num sorriso radiante. —Mas fico tão feliz por vocês! —ela se levanta e abraça a mim e a Leo, ao mesmo tempo.

—Eu ainda tenho uma reputação a zelar, e isso tá ficando gay demais! —diz Leo, depois que ela nos solta. Todos da mesa riem.

Todos decidem ir embora, já estava ficando meio tarde. Me despeço de Rita, que veio na nossa mesa algumas vezes e como sempre, ficou encarando Leo. Ficou surpresa quando Annie deu a notícia que eu e Leo estávamos namorando.

—Fico feliz por vocês! —ela diz depois de alguns segundos e abre um breve sorriso.

—Obrigada! —digo sorrindo também.

Quando Leo e eu já estamos em frente a minha casa, tomo coragem pra perguntar.

—História legal aquela, né?

—Gostou?

—Muito bem ensaiada para ter sido contado de última hora.

—Ah... Visualizei aquele momento por muito tempo. Sempre mudava alguma coisa, mas gostei daquela versão. —ele sorri.

—Eu também gostei.

Entramos em minha casa.

—Minha mãe ainda não chegou. Estranho! —digo depois de olhar todos os cômodos da casa.

—É... Estranho! —ele diz dando uma risada.

—O quê foi?

—Hum, nada. —ele coça a nuca. —Eu vou lá em casa rapidinho, tá legal?

—Tá. —ele sai quase que correndo pela porta. Franzo a testa. Estranho...

Ele tinha ficado de assistir um filme comigo. Procuro alguns DVD’S e deixo três sobre a mesinha de centro: Amizade Colorida, Diário de Uma Paixão e Harry Potter e as Relíquias da Morte Parte 2.

Depois disso vou pra cozinha preparar pipoca. Escuto a porta se fechar.

—Já escolheu o filme? —escuto ele perguntar.

—Tem três aí na mesinha. Escolhe você!

—Diário de Uma Paixão? É meio que deprimente o final. E HP, eu e você já sabemos as falas de todos os filmes. —eu rio. —Então restou Amizade Colorida... Tem umas cenas bem maneiras nesse filme. —vejo sua cara maliciosa porque nesse momento entro na sala com um pote de pipoca em mãos. Ele está com uma caixa nas mãos. Me aproximo e vejo que é uma caixa enorme de Ferrero Rocher.

—Você ainda vai comer pipoca? Depois de toda aquela pizza? —ele pergunta e franze a testa.

—Comemos pizza há três horas. Depois só ficamos conversando mesmo. Pra que isso? —digo indicando a caixa de bombons.

Ele me estende a caixa.

—Você me deve sua alma em troca. —ele diz sorrindo. Eu pego e sorrio, como uma criança que recebeu o presente de Natal adiantado. Dou vários beijos em seu rosto e paro com um selinho nos seus lábios.

—Obrigada. —digo assim que me afasto.

—Ah, isso faz parte agora, né? Já que estamos “namorando”. —ele fez aspas com as mãos e nós dois rimos.

Assistimos o filme em silêncio, abraçados, rindo quando necessário. Então num momento, Leo sussurra no meu ouvido:

—Quer namorar comigo?

Era a mesma fala que ele havia dito para Annie. Para todos hoje na lanchonete! E do mesmo jeito!

—Para de brincadeira. —digo rindo.

—É sério! —ele diz.

—Uhum, tá bom. —digo presunçosa. —Sei.

—Não acredita? —ele pergunta em tom magoado.

Aceno com a cabeça, negando e dando um sorriso fraco.

Ele sorri e então para a minha frente. Se ajoelha e pega a minha mão.

—Você sabe que isso é completamente desnecessário, né? Não precisa...

—Shiu! Você pediu por isso! —ele me interrompe. —E eu machuquei o joelho no futebol, então quanto mais rápido for isso, melhor pra nós dois. —ele diz e eu solto uma risada. Depois encaro seus olhos e ergo uma das sobrancelhas, esperando ele prosseguir.

—Então?

—Jennifer Lewis... —ele começa. —Antigamente, no tempo em que dinossauros ainda vagavam sobre Terra...

—Você tá de brincadeira comigo?

—Estou. —ele sorri. —Tá bom, parei. É apenas para quebrar um pouco o clima. Okay. Jennie! —ele diz olhando bem nos meus olhos. —Acho que é meio obvio o que eu sinto por você, não é? —assinto com a cabeça. —E eu sei também que você não resistiu ao meu charme. —ele sorri enquanto eu reviro os olhos e abro um sorriso de má vontade. —Eu sempre gostei de você. Desde quando você quebrou meu carrinho de controle remoto o jogando da janela do seu quarto, porque eu rasguei uma página do seu livro favorito. —eu rio. Eu me lembrava daquilo. Tínhamos cerca de nove anos. —Desde quando fomos mudamos, crescendo juntos. Sinceramente, acho que eu ficava com todas as outras garotas apenas pra te esquecer. —ele diz mais pra si mesmo. —Sabia que você não gostava de mim na época. Que me achava insuportável e mil outras coisas. Eu me senti muito mal quando o Nicolas te magoou daquela maneira. Eu pensava que tinha te superado! Mas então, do nada você me provoca com aquele... —ele me olha. —Com esse short! —ele aponta e eu rio. —Desculpe, não pude resistir. Tá legal, não dá mais pra ficar de joelhos aqui. —eu sorrio e o ajudo a levantar. —O que estou tentando te dizer... É que eu amo você Jennifer!

—Eu também amo você. —sussurro.

—Quer namorar comigo? —ele pergunta. Como ainda podia haver dúvidas em seu tom de voz?

Eu jogo meus braços ao redor de seu pescoço e o beijo. Acho que essa era uma resposta muito mais válida do que um simples sim.


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Notas finais do capítulo

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