POV Jace

Paro na vitrine da cafeteria, com a mão na maçaneta. Vejo Clary no balcão, jogando a cabeça para trás de tanto dar risada, junto a um garoto de cabelo claro, com os braços no balcão. O jeito que ele a olha não me agrada. Olhos negros praticamente devorando-a. Não consigo evitar o impulso de fechar o punho e abrir a porta com um empurrão, assustando todos lá dentro.

Sebastian permanece do mesmo jeito que estava antes, mas agora com um sorriso debochado. Paro ao lado dele e estendo o braço por cima do balcão, puxando Clary para frente. Dou-lhe um beijo na bochecha e ela solta uma risada com o meu ato.

–O que faz aqui Sebastian?- meu tom sai mais frio do que eu planejava.

–É uma cafeteria, certo? Posso ficar aqui o quanto quiser, sem lhe dar satisfações- ele para de sorrir e ajeita a postura, ficando parado na minha frente, fuzilando-me com os olhos sem brilho. Faço a mesma coisa, sem baixar guarda e querendo dar-lhe um soco na cara, mas resistindo ao impulso. –Bom, já disse o que tinha a dizer a Clary, então estou indo.

Ele simplesmente sai e é um alivio vê-lo passando pela porta. Viro-me para Clary, lembrando das ultimas palavras dele.

–O que ele te falou?

–Nada demais- ela dá de ombros e começa a mexer em alguns panfletos. Algo em meu peito parece se acender. Um sentimento estranho me preenche. Estranho, porém familiar.

–O que ele falou para você?– os olhos verdes dela sobem e me encaram. Percebo quão irritada ela está, mas logo sua expressão muda e ela dá um sorrisinho.

–Está com ciúmes de Sebastian?

–O que? Não- minto.

–Então ok. Mas deixe-me esclarecer uma coisa para você- ela se inclina para perto da minha orelha e eu sinto sua respiração batendo em minha pele. –Não tenho nada mais com você, então sou livre para conversar ou fazer qualquer coisa com qualquer um.

Ela se afasta lentamente, com um sorrio venenoso nos lábios. Apesar disso, ainda sinto a vontade quase incontrolável de beijá-la e mantê-la em meus braços. Não vou desfazer a ideia de que ela pertence à outra pessoa tão cedo, ou aceitar isso tão fácil.

Mas se ela está pedindo por um jogo, vou jogar.

POV Izzy

Giro e chuto o saco de pancadas. Olho para o relógio na parede a minha direita e vejo que já treinei o tempo suficiente.

Tiro minhas luvas e pego uma toalha na mesa perto da porta. No mesmo momento, a governanta aparece, com um sorriso gentil nos lábios como sempre.

–Isabelle, há um rapaz esperando por você na porta de entrada- franzo o cenho e depois imagino quem seja.

–Ah, obrigada.

Pego a garrafa de água e vou até a frente da casa, formulando artigos para dispensar Meliorn novamente. Não duvido nada que ele não entendeu o que lhe disse ontem, sobre “seguir em frente”.

Jogo a toalha sobre minha nuca e paro ao lado da escada quando vejo de longe cabelos castanhos olhando em volta, jeans rasgados nos joelhos e uma blusa de moletom. Engulo seco e ando em direção do garoto.

–Simon?

–Ah, oi Isabelle- ele se vira para mim e dá um sorriso. Franzo o cenho, confusa com a situação.

–Desculpe, mas o que faz aqui?

–Bom... Está passando um filme novo e eu gostaria de saber se gostaria de ir.

–Isso não é muito clichê? - ergo uma sobrancelha e ele dá uma risadinha sem graça.

–Têm um restaurante mais ou menos duas quadras dali. E também o Central Park é interessante de noite.

–Que horas vamos?- pergunto, mudando de ideia.

–Sete está bom?

–Claro- dou um sorriso- Até mais tarde.

Subo as escadas e deixo o garoto para trás.

POV Clary

Outubro finalmente chegou. A temperatura caiu um pouco e as pessoas já começaram a comentar sobre o Halloween.

Pego uma caixa do caminhão de entregas e começo a carregá-lo para dentro com certa dificuldade. Depois de deixar a caixa e voltar para o balcão e fazer um café para uma senhora, vejo um casal parado na frente da cafeteria, mas eles não entram.

Ao ver quem é um misto de ódio, ciúmes e dor me preenchem. Jace está com uma garota familiar para mim, uma garota que foi o motivo de tanto problema em minha antiga escola.

Aline está abraçada a Jace, rindo exageradamente, enquanto ele apenas sorri.

Abaixo o olhar, sem saber como agir ou o que pensar sobre isso. Tento me concentrar na ideia de que ele, assim como eu, não tem compromisso nenhum com ninguém e é livre para fazer o que quiser. Mas por que ele veio justo aqui na frente se agarrar com essa vadia?

Concentro-me em fingir que não vi isso e tratá-los como só mais um casal ali na frente.

Jace não sabe facilitar as coisas. Mas eu sei fazer o mesmo, caso queira.