A Pedra do Deserto escrita por Sanguini


Capítulo 25
Reunião Familiar I




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"Mais alguns metros", pensava Nicole enquanto puxava seu corpo para cima, se esgueirando entre os cabos de alta tensão, enquanto os sons de tiro ecoavam no topo. A gata azul perguntava-se o que era que estava acontecendo, e de onde começou todo o tiroteio; ou pelo menos se era seguro sair.

Quando Nicole conseguiu chegar ao topo da tubulação elétrica, olhou para a pequena sala que invadiu, as luzes estavam apagadas apesar de ela ter deixado-as acesas. Com pressa, ela saiu das tubulações e rastejou até o chão frio de metal, vestiu novamente a blusa preta com o símbolo losango e tentou não ser reconhecida, saindo em direção ao salão com elevador.

O enorme salão que antes era escuro e soturno deu lugar a um enorme contingente de membros do grupo Fitzgerald agora armados com fuzis pesados de combate e coletes balísticos organizados em esquadras, Nicole procurou se infiltrar na multidão ordenada, e seguiu em direção aos vários elevadores que os agentes se embarcavam.

Nicole esperou longos segundos no elevador, parecia que a distância entre os andares superiores e inferiores ficara maior, um clima de tensão e ansiedade cobriu o local, principalmente a gata azul. Quando a porta do elevador se abriu, todos que estavam dentro foram recebidos com rajadas de metralhadora; os que estavam na frente não tiveram a mínima chance antes de caírem com seus corpos gelados no chão. Nicole buscou proteção em um desses corpos até os tiros pararem, o que só aconteceu depois de alguns segundos, mesmo com todos no elevador estarem sem vida.

Quando viu a chance de escapar, Nicole rastejou para fora do elevador se escondendo em meio ao sangue e mortos do combate, conseguindo ter uma visão privilegiada do conflito. Tudo que ela poderia dizer, ao ver rebeldes armados e com o rosto coberto por capas verde-escuras fuzilando agentes fitzgeralds aos milhares, era que a batalha não estava muito justa; alguns deles sobreviviam e, quando não estavam agonizando ao chão com balas cortantes alojadas no corpo, estavam tentando rastejar para longe da linha de tiro, o que deixava Nicole com o estômago embrulhado, ela agora tentava chegar o mais perto possível dos seus oponentes.

Não demorou até um deles notarem o movimento estranho que a gata azul estava fazendo, que morto poderia se mover? Ele chegou a mirar seu rifle de assalto para Nicole, mas foi impedido por um dos superiores ao notar que o alvo era ela. Para a gata que estava na beira do pânico, foi um alívio imediado ao mesmo tempo ela ficava em dúvidas sobre o motivo da ação piedosa dele.

Em árabe, ele gritou ordens a um de seus guarda-costas, sem entender o que ele disse, Nicole viu um dos indivíduos únicos indivíduos com rosto a mostra, que aparentava ser um lobo, indo em sua direção com velocidade e nervosismo. A gata azul não tinha certeza se eram amigos ou inimigos, porém ela estava impossibilitada de qualquer ação, o estresse e a exaustão deixavam-a fraca e alheia a qualquer agressão.

– Não se preocupe, você vai ficar bem, não vamos te machucar. - Disse o lobo enquanto tirava Nicole do chão e a carregava até o meio dos paramilitares. Ela mal conseguia ver os outros, mas interpretou que não fossem perigosos, pelo menos era o que ela achava.

Ao capturarem Nicole, os grupos de paramilitares começaram a bater em retirada, porém, os agentes continuavam vindos em grupos. Alguns rebeldes começaram a ser baleados pelos agentes enquanto fugiam, os feridos eram deixados para trás a serem capturados pelos Fitzgerald; antes do último paramilitar deixar o prédio, jogou no meio da sala de entrada um pacote coberto de fios.

– Aproveitem o presentinho. - Disse ele com um sorriso sádico enquanto fechava o portão e corria, junto a outros rebeldes, para os carros de combate no lado de fora. Os veículos aceleravam enquanto os agentes saíam da Colmeia atirando, outros entrevam nos carros pretos da organização para persegui-los.

Segundos depois da ação, tudo que estava aos arredores da Colmeia virou uma enorme bola de fogo, iluminando todos os arredores da fortificação. Quando a poeira baixou, tudo que se pôde ver era um amontoado de escombros e corpos carbonizados.

...

O carro balançava a medida que chegavam próximo à casa da família Fitzgerald, a cidade estava escura, com postes de luz iluminando a estrada enquanto a mulher amendoim dirigia o carro sob a mira do alce ao seu lado. Enquanto segurava o volante, sentia o sangue do seu parceiro e motorista secando sobre o volante, aquela sensação de nojo e medo misturados faziam com que ela mal conseguisse se concentrar.

O mistério que rondava a cabeça da amendoim, foram se revelando quando Dave mandou-a parar ao chegarem na porta da sua casa, que tinha o gramado da frente bastante mal-cuidado. Apenas as luzes internas estavam acesas, dando ao exterior da casa um clima obscuro e fantasmagórico, antes que ela fizesse qualquer coisa, Dave já saía do carro, mas sem tirar a arma em posição de mira para a amendoim. Ele contornou o carro pela frente até chegar na porta do motorista, sempre apontando contra a cabeça da amendoim, o alce abriu a porta e deu sua mão para a amendoim sair do carro, mantendo no rosto uma expressão fria.

– Se apresse, eu ainda tenho coisas a fazer. - Disse ele enquanto ela segurava a mão dele, agora sem resistência.

Do lado de dentro, Penny estava adormecida ao lado de Gumball que continuava desacordado, o irmão Darwin ainda estava deitado no sofá exausto. Depois de longos minutos de choro, ela já não sabia o que fazer, Gumball era quem guiava ela desde que Dave viajou, apesar de ainda viver com sua mãe, que frequentemente repreendia a filha por continuar sua amizade com "o Watterson", como ela costumava chamar. Essa relação de terror e confusão à deixavam indecisa e dividida, se deveria obedecer seu coração e seguir o gato azul ou ignorar e manter-se uma boa e comportada Fitzgerald.

Tudo que ela conseguiu fazer depois de pensar em tudo isso, foi dormir e deixar todos esses problemas na inexistência. Porém o barulho da porta da frente sendo aberta a fez ser expulsa do seu momento de descanso, quando olhou para a frente, viu sua mãe entrando com uma expressão assustada, coisa que ela nunca imaginou que veria na vida. Seu coração recebeu um impulso de emoção ao ver Dave de volta, sem pensar duas vezes, ela correu para abraça-lo e beija-lo calorosamente.

– Dave, você está bem! - Dizia ela enquanto o abraçava, o risco de Penny perde-lo tinha acabado. O alce por, outro lado, continuava com sua face gélida, deixando a pequena cervo assustada.

– Precisamos conversar, todos nós. - Disse Dave, agora baixando a arma.


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