A Pedra do Deserto escrita por Sanguini


Capítulo 24
Conflitos Familiares




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A noite escura dos desertos líbios estavam agitadas enquanto carros armados de combate no deserto corriam em velocidade pela estrada recheada de buracos, seguindo em direção à poderosa fortaleza, todos eles carregados com milicianos armados e rostos cobertos.

Nicole finalmente encontra a saída dos tubos após longos minutos se esgueirando por entre cabos de energia. A gata azul chuta a grade que sela a entrada dos tubos e engatinha até a conseguir sair, encontra uma sala vazia com paredes de cor metálica e uma porta com símbolo de alta tensão, ela abre a porta e encontra um gigantesco salão com uma passarela de metal levando a uma plataforma suspensa no centro.

A altura da passarela dava arrepios em Nicole, que segurava o corrimão com força, deixando suas garras a mostra de forma instintiva. "Relaxe Nicole" Pensava ela enquanto ia em direção à plataforma enquanto olhava para os lados com receio de ser encontrada. Depois de alguns passos mais, ela s ficou de frente com o seu alvo, selado em torno de uma grossa camada de vidro, a pedra paralelogrâmica dourada estava presa a uma pinça de aço e brilhando como uma vela, iluminando todo o ambiente.

Nicole abriu a camisa preta e tirou de lá uma lâmina com fio diamantado, começou a dar alguns leves socos no vidro procurando o ponto perfeito. Com cuidado, ela começou a passar a lâmina no vidro, aos poucos os pequeno corte se transformava em uma fissura profunda. A gata azul achou melhor colocar mais força sobre a lâmina, quando fez isso, o corte logo começou a formar rachaduras ao redor, Nicole sentiu um lapso de desespero e soltou a lâmina. Para sua sorte, a esfera de vidro de manteve firme, em dúvida sobre como continuar, ela pegou o celular e discou alguns números, Chest a atendeu depois.

– Nicole? - Perguntou Chest.

– Chest, eu achei a pedra. - Disse Nicole.

– Perfeito! Isso ajuda muito. - Disse Chest com sua voz fraca.

– Sim, sim... Mas estou com um problema. - Disse Nicole.

Chest voltou a ficar sério.

– Do que está falando?

– Eu tentei cortar o vidro com a lâmina de diamante, mas acho que exagerei na dose e... Bem, não posso mais usar ela. - Disse Nicole.

– Hum... Isso não é bom. - Disse Chest enquanto pensava em algo. - Se esse vidro se quebrar, essa pinça de metal leva a pedra pra um compartimento interno mais profundo. Além é claro de disparar os alarmes.

– Profundo?

– Algo em torno de 190 metros. - Disse Chest.

– Isso vai ser difícil. - Disse Nicole voltando seu olhar pra brilhante pedra. - O que eu faço?

Alguns segundos de silêncio enquanto Chest folheava ao fundo o seu caderno.

– Se você disse que a esfera está rachada por completo, então você não pode mais manter essa missão de forma sorrateira, vai ter que disparar todos os alarmes da fortaleza. - Disse Chest.

– Chest, tem uma centena de guardas e funcionários lá em cima, como eu vou sair daqui viva? - Perguntou Nicole.

– Bem, você pode... - No mesmo momento que Chest tentou sugerir algo, Nicole ouviu os alarmes na sala superior junto com o som de tiros e gritos de aviso.

– Já?! Eu mal falei o que era pra fazer. - Disse Chest ao ouvir o alarme.

– Não fui eu. - Disse Nicole olhando pros lados.

– Que seja, pegue logo a pedra antes que ela suma.

Nicole ignorou o telefone e chutou com a mesma força que fez na grade e despedaçou a esfera de vidro em milhões de pedaços, jogando a pedra sobre a passarela metálica, pouco depois a pinça desceu vazia.

Sem terminar a conversa com Chest, Nicole desligou o celular e foi em direção à pedra em passos curtos, ao longe ela ouvia os tiros e o caos tomarem conta dos andares superiores. Nicole pensou em tocar naquela atraente peça, mas se lembrou do que Dave dissera antes da missão, ela então tirou a sua camisa preta, deixando apenas a regata branca que usava mais cedo cobrindo seu corpo e enrolou a pedra nela e pôs em seu cinto. Antes de voltar aos tubos e escalar os cabos de energia, ela conferiu a pistola que estava na cintura, preparando-se para qualquer coisa.

...

Gumball chegou à cidade com o apoio do seu irmão peixe, sua perna estava inchada com marcas de hematomas, ele mal conseguia mais pisar com aquele pé. Darwin estava preocupado com o ferimento de seu irmão, seu cansaço era evidente, pois estava carregando-o já havia muito tempo.

– Gumball, eu estou cansado. - Disse ele sentando-se na calçada enquanto fazia o mesmo com o gato azul.

– Não se preocupe irmão, você me ajudou muito. - Disse ele sorrindo enquanto deitava-se no chão gelado. Cobrindo o rosto para proteger os olhos da luz do poste de iluminação.

– Precisamos voltar pra casa, não é nada seguro ficar na rua a essa hora. - Disse Darwin, ele esperou uma resposta de Gumball, mas quando virou-se, viu seu irmão mergulhado no sono.

Darwin levantou-se e colocou o corpo de seu irmão sobre o seu ombro e continuou levando ele para casa. No mesmo momento, o jovem peixe lembrou que a casa da Penny ficava a poucas centenas de metros dali, com sorte eles poderiam passar a noite lá.

Darwin carregou o gato azul que dormia tranquilamente apesar da agitação que seu irmão fazia no corpo dele. Ao chegar na cara, o jovem peixe seguiu em direção à varanda e pressionou a campainha, depois de alguns segundos, a jovem cervo abriu a porta e assustou-se ao ver Darwin coberto de lama e Gumball ao lado dele.

– Gumball! Darwin! - Ela trouxe ambos pra dentro antes de trancar a porta com desespero, como quem estivesse esperando alguém indesejado.

Darwin esgotou suas forças e caiu no piso de madeira junto com seu irmão desacordado, ela se ajoelha ao lado dos dois.

– Vocês estão bem? - Perguntou ela com preocupação.

– Apenas... Apenas me deixe aqui. - Disse Darwin antes de começar a dormir.

Obedecendo à Darwin, Penny deixou o peixe laranja de lado enquanto cuidava de Gumball, ela segurou sua cabeça enquanto ele tossia, a cervo-fêmea limpou o rosto do gato azul enquanto algumas lágrimas dela caiam sobre o rosto dele. Ela olhava com receio o ferimento na perna dele, e saber que se não for tratado, poderia gangrenar.

– Desculpa Gumball... Eu não queria que você soubesse de tanto. - Disse Penny cultivando culpa ao pensar na família dela envolvida na tortura dele.

Penny ficou longos minutos abraçada à cabeça de seu amigo, não contendo as lágrimas que jorravam de seus olhos.

...

Dave andava pela estrada de terra, por entre construções rurais e longas plantações de cereais e tubérculos. Nervoso, ele ficava com suas mãos trêmulas, tanto por causa do frio da madrugada quanto pelo medo de ser pego de surpresa.

A estrada deserta logo depois revelou dois faróis ao longe vindo na direção de Dave, não querendo arriscar, o cervo correu até uma das cercas e se protegeu atrás de uma das estacas de madeira, esperando ver quem estava no carro. Quando passou ao seu lado, o veículo mostrou duas pessoas, uma delas era um cervo desconhecido no volante e no banco de trás, uma amendoim irritada, mas de certo modo preocupada.

– Ora ora... Então você está por trás disso tudo? - Disse Dave como se conhecesse a mulher.

Aproveitando a velocidade reduzida do veículo devido a estrada, ele saiu de seu esconderijo e correu até a porta do banco traseiro, a amendoim não conseguia ver nada que acontecia do lado de fora do carro devido a escuridão.

Dave tentou abrir a porta traseira com sua arma em mãos, porém a porta estava travada. Apesar de estar em velocidade reduzida, o carro ainda era rápido, fazendo o cervo correr de forma cansativa. Sem alternativa, ele tentou uma saída desesperada e bateu com a coronha de sua arma no vidro temperado, que se dividiu em centenas de pedaços.

A amendoim virou-se para janela de forma instintiva, a única coisa que ela conseguiu ver foi a mão do cervo puxando a trava da porta, abrindo-a. Ela pôs sua mão na cintura procurando por sua arma.

Ao notar o que estava acontecendo, o motorista desconhecido começou a acelerar, agitando o carro devido à baixa qualidade da estrada de terra. Dave no entanto conseguiu entrar no banco de trás. Após algum tempo de combate corporal, a amendoim tentou atira-lo para fora do carro com um chute, o cervo perdeu seu equilíbrio e segurou a perna da amendoim, jogando ambos para fora do carro. A velocidade que o carro estava fez ambos rolarem pela terra, cortando-os com as pedras afiadas do chão.

Dave não conseguia sentir os ferimentos do corpo devido a adrenalina, mas ele sabia que estava cheio de ferimentos superficiais. Aproveitando sua anestesia natural, ele levantou-se e começou a atirar contra o carro, as balas cortavam os vidros e furavam os bancos estofados do carro, ao longe ele viu respingos de sangue atingirem o para-brisas do carro e parar lentamente até atingir uma cerca.

Dave esboçou um sorriso sádico antes de ser jogado ao chão pela mulher amendoim, ela ficou sobre o corpo de Dave enquanto tentava bater nele, ao mesmo tempo que ela entoava gemidos de força, ela também sentia lágrimas descendo pelo seu rosto. Dave não sabia se eram lágrimas de tristeza ou de raiva, apesar disso, a amendoim não parava de tentar golpear Dave.

– Você matou ele! - Dizia ela enquanto Dave tentava segurar suas mãos.

Dave ignorou as reclamações dela enquanto tentava imobiliza-la, o cansaço era inevitável, finalmente ela sucumbiu e parou respirando de forma ofegante enquanto soluçava de tristeza.

Dave aproveitou sua vulnerabilidade para virar seu corpo e ficar sobre ela. Sem reações, a mulher ficou a mercê do cervo, totalmente rendida.

– Sua filha sabe que você está fazendo isso? - Perguntou Dave.

Ela bufou e desviou o olhar.

– Ela gosta daquele Watterson, não deveria ser minha filha. - Disse ela.

– Então quer dizer que você ainda está preso aos Fitzgerald, não é? - Disse ele segurando firmemente o braço dela ao chão.

– Eu não quero que fique igual a você, traidor. - Disse ela tentando se levantar.

Dave deu uma risada irônica.

– Você nunca gostou da personalidade um tanto rebelde dela. - Disse Dave.

– Isso é o que acontece quando ela passa tanto tempo com você. - Disse Mrs. Fitzgerald.

– Ela ama o Gumball, vai acabar abandonando os Fitzgerald, desista. - Disse Dave.

– Assim como você fez, Dave? - Disse ela em tom mais ofensivo.

Dave passa um tempo pensativo.

– Exatamente. - Disse ele se levantando e segurando as mãos dela enquanto puxava os cadarços das botas dela.

– O que vai fazer comigo? - Perguntou ela.

– Você vai dar um passeio comigo. - Disse ele amarrando os pulsos dela com os cadarços.

– Pare de gracinha e me conte logo onde vai me levar. - Disse ela enquanto era levada por Dave até o carro perfurado por balas.

– Se você ficar calada e entrar no carro, vai saber por si própria. - Disse ele puxando o corpo morto do motorista, ela fechou os olhos em sinal de tristeza quando viu ele caído no chão.

– Desculpe parceiro, mas não podia arriscar e deixar você fugir. - Disse Dave colocando ela no banco do motorista e amarrando suas mãos ao volantes, logo depois ele sentou-se no banco do carona e colocou sua arma no colo apontado para ela.

– Se não quiser acabar como seu amigo, é bom dirigir direito. - Disse Dave em tom dominante, Mrs Fitzgerald não tinha outra opção se não dirigir em direção à rodovia com suas mãos presas ao volante do carro.

– Vamos fazer uma pequena visita à Penny. - Disse Dave esquecendo de Gumball e Darwin.


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