A Pedra do Deserto escrita por Sanguini


Capítulo 15
Saindo do Deserto




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516825/chapter/15

Nicole e Dave andavam pelo deserto no calor escaldante do norte da África, Dave olhava para o horizonte a todo momento para encontrar algum sinal de civilização, uma cabana, um vilarejo, etc. As armas são incrivelmente pesadas quando se está com sede, mas tudo que eles precisavam era de uma área de cobertura de celular. Nicole andava com ele ligado o tempo todo, procurando por sinal de forma que pudesse avisar Chest do que tinha acontecido.

As esperanças estavam acabando quando, depois de atravessar uma duna de areia, Dave viu uma ponta laranja de torre, mas não qualquer torre, uma torre de rádio, capaz de levar sinal à grandes distâncias, bastava eles chegarem lá.

A medida que eles se aproximavam, a era possível ver mais da torre, a chance de saírem de lá eram grandes, de repente Dave, que estava na frente, começou a diminuir a velocidade, logo depois ele se abaixou e e levantou a mão para que Nicole fizesse o mesmo.

– Nicole, espera! - Disse ele levantando a mão.

Ela parou e se abaixou ao lado dele.

– O que foi? - Perguntou ela.

– Olha lá! - Disse ele apontando para a base da torra, havia uma casamata, onde ficava o operador do rádio.

– Não é uma torre qualquer, é uma torre de rádio amador. - Disse Dave.

– Sim, vamos lá, talvez possamos conseguir alguma coisa. - Disse Nicole esperançosa.

Dave deu uma risada irônica.

– Eu não diria o mesmo. - Disse Dave apontando pro lado da casamata.

Nicole colocou a mão sobre os olhos para cobrir o sol e viu ao longe um carro baje com o brasão do exército do lado.

– Ah não! - Resmungou Nicole.

– Quem diria, eles realmente cercaram a cidade, em todos os aspectos. - Disse Dave.

– O que você acha que estão fazendo lá? - Perguntou Nicole.

Dave olhou para seu celular.

– Sem dúvida bloqueando o sinal.

– Maravilha! - Disse Nicole já frustrada.

– Calma, calma, nós não precisamos entrar lá, só sair daqui. - Disse ele.

– E como pretende fazer isso? - Perguntou Nicole.

– Vamos roubar aquele carro e seguir a estrada até a rodovia, nisso a gente segue pro sul e chega em Bengazi antes de anoitecer, lá nós ligamos pro Chest e pedimos equipamentos novos, depois a gente termina logo isso e voltamos pra casa. - Disse Dave.

– Tudo bem... - Disse Nicole.

Nicole olhou para ele.

– Dave, quando tudo isso terminar... Quando pegarmos logo essa maldita pedra e acabarmos com isso, pra onde você vai? - Perguntou ela um pouco mais calma.

Dave olhou pra ela e depois pra areia.

– Eu não costumo ficar em um único lugar por muito tempo Nicole, eu só escolhi ficar aqui porque era uma área mais isolada. Mas vou fazer o possível pra tentar acabar com os Fitzgerald. - Disse ele voltando-se para a casamata.

Nicole se alegrava ao ver o espírito determinado dele.

Dave se levantou e começou a descer a duna de areia, seguido por Nicole, ambos armados com seus rifles do exército e aproveitando que nenhuma soldado estava fazendo a guarda do lado de fora.

– Faça silêncio! - Disse ele andando devagar até chegar a uma boa distância da casamata.

– Espere aqui. - Disse ele apontando para a lateral da construção enquanto ele atravessava a porta fechada e ia em direção ao veículo. Era possível ouvir alguém falando algo lá dentro.

– Corre com isso! - Disse Nicole.

– Eu já vou. - Disse ele abrindo a porta do carro e procurando as chaves, sem sucesso, ele então bateu no painel com o rifle e começou a mexer nos cabos do carro. Durante sua tentativa de fazer ligação direta, ela ouviu um grito de Nicole do lado de fora, seu coração palpitou e saiu rapidamente para ver o que estava acontecendo.

Ao sair do carro ele viu Nicole ajoelhada e sem sua arma, com a mão no pescoço, e sua língua de gato pra fora da boca, ofegante. Ele procurou não se precipitar, e se aproximou dela devagar, ao chegar próximo dela, ele procura quem estivesse atrás dela, mas não encontrou ninguém, a porta abre e um soldado corre pra cima dele, e o joga no chão, fazendo-o bater sua cabeça e desmaiando.

...

– Ela não atende. - Disse Darwin guardando o celular.

Penny começou a ficar nervosa.

– O que nós vamos fazer? - Perguntou ela.

Darwin conhecia essa história desde cedo, mas desta vez ele tava sozinho.

– Eu vou atrás dele, acho que nós vamos perder o final de semana inteiro, e também acho mais seguro pra vocês voltarem pra casa. - Disse Darwin entrando.

– Sério? - Perguntou Carrie.

Darwin assentiu preocupado.

– Bom... - Carrie olhou para Penny que entendeu a mensagem e saiu da sala.

– O que foi? - Perguntou Darwin.

– Eu quero que você tome muito cuidado! - Disse Carrie abraçando ele.

Darwin ficou algum tempo ali, abraçado à Carrie.

– Não se preocupe, eu vou ficar bem! - Disse ele.

Carrie sabia que mal podia tocar nele (Até porque ela é uma fantasma), mas ela chegou perto dele e passou sua boca perto da dele, apenas simbolicamente, depois saiu da casa. Penny estava esperando-o do lado de fora.

– E então, como vai começar? - Perguntou Penny.

– Eu vou atrás dele sozinho. - Disse Darwin

– Ah, mas não vai mesmo. - Disse Penny em tom mais sério, deixando Darwin um pouco assustado.

– Você tem certeza? - Perguntou Darwin.

Ela deu um sorriso determinado.

– Vamos buscar ele! - Disse Penny.

Darwin ficou animado com sua nova parceira, era sempre bom ter alguém pra ajudar. Ele subiu as escadas da casa acompanhado por Penny e abriram o quarto de Nicole.

– O que vamos fazer aqui? - Perguntou Penny.

– A mamãe tem o maior arsenal militar que a polícia da nossa cidade. Por acaso você acha que o policial Donut usa apenas uma arma de choque? - Disse Darwin.

Penny riu.

Darwin puxou um caixote de madeira empoeirado, com um losango verde estampado na tampa de baixo da cama de Nicole, ele abriu a caixa e pegou alguns equipamentos tais como armas e celulares, eles iam se orientar pelo próprio instinto investigativo.

– Agora vamos, cada minutos perdido é um passo a menos pra encontrar Gumball. - Disse Darwin.

...

Dave acorda com dores na nuca e no pescoço, ele não sabia que bater a cabeça na areia era tão dolorido assim, por um instante ele se assustou ao imaginar que tinha rompido a esfera de metal com o veneno, mas essa possibilidade foi excluída quando ele passou a mão atrás da cabeça e sentiu ela intacta.

Ele olhou para o auto e viu dois homens conversando do lado de fora, e outro do lado de dentro falando algo no rádio, mas estava tendo dificuldades. Ele então pensou em se levantar e tentar reagir, mas quando tentou fazer isso sentiu sua mão esquerda presa, ela estava algemada em cano de gás, provavelmente a instalação era abastecida à base de gás.

Dave procurou alguma forma de sair de lá, mas logo depois um dos soldados deu uma ordem ao seu companheiro em árabe, ele obedeceu e segurou uma das mãos de Dave contra sua costa e soltou a outra mão das algemas, depois colocou-a junto com a primeira. Dave foi levado para dentro da casamata e viu Nicole desmaiada e também algemada à um cano de gás ligado ao teto baixo, deixando-a de pé e com ambas as mãos para o alto.

– Nicole! Nicole! - Sussurrou Dave tentando acorda-la, um dos soldado gritou com ele para que parasse.

O soldado algemou uma das mãos de Dave em um cabideiro de metal preso à parede, ele ficou sentado no canto da sala. O soldado então voltou-se para os rádios na mesa, mas nenhum respondia, ele abandonou os rádios e saiu pra falar algo com os soldados de fora.

Dave começou a cutucar Nicole com o pé, tentando acorda-la, finalmente ele conseguiu fazer isso, ela acordou da mesma forma que ele.

– O que... o que aconteceu? - Perguntou Nicole.

– Você foi presa junto comigo. - Disse ele balançando a mão algemada.

Ela suspirou profundamente.

– Espera, nós podemos dar um jeito. - Disse Dave pensando em algo.

Nicole viu um dos soldados discutindo com os outros dois, ela não fazia ideia do que eles estavam falando, apenas Dave entendia árabe a ponto de conversar, Dave ouvia o que . Logo depois um deles se irritou e entrou no carro junto com o outro, deixando o primeiro sozinho na casamata, Dave deu leve sorriso.

– Eles disseram que não conseguiram chamar ninguém pra nos remover daqui, e vão pessoalmente pra base chamar alguém. - Disse Dave.

– Isso é ótimo. - Disse Nicole.

– Agora só precisamos dar um jeito de sair daqui. - Dave tentou forçar as algemas, mas eram resistentes, Nicole também não podia fazer muito. O soldado entrou na sala e olhou para os dois.

– Não tentem nada. -Disse ele com sotaque árabe.

– Ele fala meu idioma. - Pensou Nicole.

Nicole procurou algo pra fazer e sair dali, até poderia fazer uma coisa, mas seria difícil. Ela cerrou os dentes por nervosismo.

– Não me odeie por isso Dave, mas não tenho outra escolha. - Disse ela tentando mudar seu humor, relaxando.

– Você me parece bastante solitário aqui não é? - Disse ela olhando para ele.

O soldado estranha a conversa.

– Por que? - Perguntou ele.

– Olhe só pra você, está aqui nesse lugar sujo e sozinho, eu tenho certeza que nunca apreciou o amor de uma mulher. - Disse Nicole com um leve sorriso.

Apesar de tudo, era verdade. Geralmente o exército chama primeiro quem não tem família.

Nicole aproveitou que suas pernas estavam soltas e puxou o soldado com uma delas pelo tornozelo dele, seduzindo-o. Aos poucos o soldado chegava próximo dela, a ponto de deixar o fuzil nas suas costas e as mãos livres.

– Eu tenho certeza que você não me deixaria aqui sem tirar uma casquinha, não é mesmo? - Disse ela com um sorriso malicioso, tentando ser o mais sexy possível.

Ele chegou mais próximo a Nicole e aproveitando o momento, ela beija a boca do jovem soldado.

Dave fica perplexo com a cena, pasmo. No mesmo instante, ele vê Nicole abrir um do seus olhos no meio do beijo e começa a sinalizar com ele, olhando para a arma do soldado e pra Dave.

No início Dave não entende o que ela quer dizer, mas depois entende que o beijo foi uma distração, pois Dave ainda estava com uma das mãos livres, possibilitando-o de pegar o fuzil do soldado.

Dave então aproveita a distração armada por Nicole e puxa com força o fuzil do ombro do soldado, e aponta pra ele. Ele então se assusta, mas não reage.

– Nos solte daqui agora! - Gritou Dave para o soldado.

O soldado então pega as chaves de seu bolso e solta a outra mão de Dave das algemas, Dave então segura o seu rifle com precisão melhor e o soldado vai em direção à Nicole e a solta de ambas as mãos.

– Perfeito, agora vamos sair daqui. - Disse Dave colocando as algemas no pulso do soldado. Nicole pega o celular e percebe as 3 barras que indica que há sinal disponível;

– Excelente! - Disse Nicole discando os números e indo pra área exterior.

Dave prendia as mãos do soldado com as algemas no mesmo cano onde ele tinha sido preso dentro da casamata, logo depois ele saiu da construção e encontrou Nicole do lado de fora. Depois de alguns toques, Chest atendeu Nicole.

– Nicole, é você mesma? Eu soube do acidente! - Disse Chest com certo desespero.

– Não se preocupe Chest, estamos bem, depois que caímos viemos parar em Sirte, mas agora devemos estar em algum lugar da saída da cidade. - Disse Nicole.

– Muito bem, eu vou mandar meu homens aí pra buscar você o quanto antes. - Disse Chest.

Nicole desligou.

– Ótimo, a partir daqui, vamos pra Bengazi. - Disse Dave olhando pro alto.

– Sim! - Continuou Nicole.

Logo depois um veículo preto apareceu no horizonte levantando a areia do deserto sobre a estrada. De longe era possível ver o losango amarelo.

– Lá vem eles. - Disse Dave.

Quando o carro chegou, uma raposa com casaco preto e calças camufladas do deserto chegou próximo de Dave.

– Vocês são os agentes do Chest? - Perguntou ele.

– Sim, somos nós. - Disse Dave.

– Entrem no carro. - Disse ele entrando no carro junto com os outros dois.

Dave e Nicole sentam no banco de trás enquanto o outro pega o volante, o carro arranca em velocidade e vai em direção à rodovia.

– Er... Nicole. - Dave sussurrou pra ela.

Ela olhou pra Dave.

– Eu... bom, aquilo que você fez na casamata. - Disse Dave tentando achar palavras.

– O quê, aquilo? Faz parte do treinamento que recebi. - Disse Nicole.

Dave ri.

– Eu sei, parece estranho, mas acredite, eu já fiz coisas bem piores que um simples beijo pra escapar de situações assim. E nem sempre foi só um soldado que eu tive que "persuadir". - Disse Nicole com uma voz mais sombria. (Eita! XD)

Centenas de cenas passam pela cabeça de Dave.

– A questão é que no final, nós conseguimos escapar. - Disse ela abraçando Dave, com um sorriso.

– É... - Disse ele retribuindo o abraço.

O carro seguiu o curso pela estrada entrando finalmente na rodovia.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Pedra do Deserto" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.