Lua e Sol escrita por Tiny Ms


Capítulo 33
Última Luz- Parte 1


Notas iniciais do capítulo

Nosssa quanto tempo eu enrolei pra postar esse capitulo, de verdade, editei muitas vezes por ser o penúltimo e eu peço perdão por demorar tanto.
Essa reta final é um tanto dramática, mas espero que gostem e entendam!!



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Não houve um pedido de desculpas, ou uma declaração de amor. Não foi necessário discursar sobre como elas se sentiram depois desses anos todos alimentando uma raiva sem motivo. Lua quis se justificar contando a ela sobre Vinicius ter dito que não era uma boa hora, mas Sol não quis ouvir, não tinha coragem de explicar o que havia acontecido com ela para que não fosse “ uma boa hora”, um dia ela entenderá, pensou Sol. Mas naquele momento elas apenas riram de toda aquela situação complicada.

Depois de andarem pela praia com a autorização de Augusta, que mal pode conter a felicidade em ver a ex nora, Lua e Solange, voltaram para o quiosque, abraçadas, como se nunca tivessem terminado.

— Solange? Agora entendi... Essa é a Luana?- Disse Nick, deixando claro seu descontentamento.

— Nicoly, pra que isso? Por que veio aqui? – Perguntou Sol se aproximando dela, deixando Lua para atrás.

— Eu vim pedir desculpas pessoalmente, ver se meu relacionamento ainda estava vivo. Mas acho que você acabou de matar o que sobrou dele.

— Pelo amor de Deus, para de drama, você não sabe nem um terço do que aconteceu e fica ai tirando suas conclusões. Luana está aqui para vender a casa antiga dela, não veio para me ver, nos encontramos depois de cinco anos e eu tinha o direito sim de andar abraçada com ela, apesar de tudo ela é minha amiga ainda, e você não vai tirar isso de mim ou me fazer sentir culpa por estar feliz por isso...

Luana deixou escapar um leve sorriso ao ouvir aquelas palavras, mas lembrou – se de Barbara, não sabia exatamente como lidar com todas aquelas confusões, mas preferiu seguir para seu compromisso do que ver a ex namorada brigar com a menina que tomara seu lugar.

— Sol... Desculpa, eu preciso ir. – Lua interrompeu a discussão deixando Nick irritada.

— Agora você vai embora de novo? Grande amiga é você.- Atacou Nicoly.

— Olha, eu não entendi nada do que rolou aqui agora e tenho um compromisso, não vim aqui a passeio e sinto muito se você é insegura, mas eu sei muito bem o que quero pra mim e Solange por enquanto não está nos meus planos. – Sol arregalou os olhos para Lua – Desculpa Sol, eu não vim pra atrapalhar sua vida de novo. Queria te ver pra matar a saudade, mas em menos de uma semana acho que já estraguei tudo... Eu vou encontrar a Barbara agora, talvez mais tarde nos falamos... Eu sinto muito –  Lua deu um beijo na bochecha de Sol e nem sequer olhou para a namorada dela, seguiu para fora da praia.

— Espera? A Barbara ? Você ta com ela agora?

— Sol, depois conversamos...

O clima pesou, Solange não imaginava que Lua poderia estar com sua antiga rival, sentiu ciúmes.

— Nicoly eu não quero mais namorar você... Depois do que você fez, não acho que vamos dar certo.

— Ótimo,quero ver agora você voltar a sofrer por causa dela. Passar bem.

Ao virar as costas para Solange, Nicoly chorou muito e todos que estavam na praia se voltaram para ela, mas no fundo não sentia tanto, era mais o orgulho por estar sentindo que perdera Solange para sempre, porém ela não sabia que na verdade nunca a tivera.

— Filha o que houve? – Perguntou Augusta.

— Acho que tudo voltou ao normal... – Sol não parava de pensar no que Barbara queria com Lua, precisava entender. Quando o seu turno acabou e foi liberada para ir embora, decidiu mudar um pouco a direção e ir até a casa de Lua.

Quando saiu da praia, Luana parou no bar mais próximo tomou uma dose de vodka e foi para sua casa, já passara das duas da tarde, Babs estava impaciente esperando.

— Caramba onde você estava? – Gritou Barbara com uma caixa de chocolates na mão.

— Desculpa, eu fui ver a Sol..,

— Ah nossa, pra quem disse que não faria isso... – Babs nem tentou disfarçar sua raiva.

— Por favor, não faz isso... Será que você pode me ajudar e não tocar nesse assunto.

— Que bicho te mordeu? – Barbara lhe deu um abraço frouxo e entregou o presente – Pensei que iria querer, passei e comprei pra ti.

Luana apenas a encarou com tristeza no olhar, ela sentia – se mal por estar ali, principalmente por não ter noção de quanto tempo levaria para ir embora de vez sem intenção de voltar.

Já havia anoitecido quando Solange chegou a casa de Lua, olhou pela janela da sala e não avistou ninguém, mas estava claro dentro da casa, sinal que as duas ainda estavam ali. Elas limparam a sala e a cozinha e deixaram os quartos por ultimo, mal conversaram sobre qualquer coisa, Lua não queria pensar, nem discutir, apenas fazer o que era preciso.

— O que sentiu quando viu ela?- Perguntou Babs para quebrar o gelo.

— Eu não sei, talvez nada, talvez milhões de coisas...

— Você ainda a ama, só precisa admitir isso para si.

— Não sei se ainda a amo, poxa, é muito tempo pra um primeiro amor durar.

— Mas acontece, pensa comigo... Vocês viveram coisas que quase ninguém entende, só vocês, momentos bons e péssimos também, eu odeio falar isso, mas era visível o amor de vocês, de longe... Eu ainda tenho inveja do jeito que você olhava para ela. É diferente, por exemplo, do jeito que olha pra mim...

— Eu sei, mas Barbara, não é fácil retomar de onde parou... Eu nem sei porque ela não me procurou... Vai ver ela não queira mais nada comigo e eu não sou do tipo que insiste.

— Ah para você sabe que ela te ama...

— Eu nem sei mais o que é amor pra ser sincera...Mas tenho tanta coisa pra resolver, não queria ter que pensar nisso!! Preciso ligar pra Mariana e avisar que só amanhã eu vou na imobiliária.

Enquanto isso em Florianópolis, Mariana tentava convencer Rosa de ficar no lugar de Lua para que ela voltasse ao trabalho, a vaga em Nova York estava em risco se ela não voltasse a tempo de decidir.

— Mas Mariana tenho trabalho aqui, ela pode resolver isso!!

— Mas Dona Rosa, é o sonho dela ir para lá, como pode só pensar na senhora?

Rosa percebeu que estava sendo injusta, afinal o plano dela era ficar com todo o dinheiro e deixar Lua sem nada, ela não se importava com a sobrinha, muito menos com os sonhos dela, mas Nova York seria ótimo para as duas.

— Tudo bem, ligue pra ela... Eu viajo amanhã!- Disse Rosa.

Antes de Lua pegar o celular, Mari ligou, a alegria foi tamanha ao receber a noticia de que poderia voltar para Santa Catarina, a conversa durou cerca de meia hora, mas foi o bastante para contarem as novidades; Babs ao ver os olhos de Lua brilharem ao falar do encontro com Sol, sentiu ciúmes, largou a vassoura e foi tomar um ar e fumar seu cigarro de rotina.

Quando abriu o portão, Sol estava lá, sentada na calçada esperando Lua aparecer, sem coragem de tocar a campainha, se encararam por alguns segundos, mas Barbara não aguentou e começou a rir.

— Claro que você apareceria...A perfeitinha não poderia deixar de vir ver se a ex namoradinha estava bem depois do showzinho da senhorita atual namorada – Babs ria com ironia e depois de uma tragada ela se aproximou de Sol intimidando – a;

— Barbara, como você consegue ser tão infantil? E Nicoly não é mais minha namorada... Você pode chamar a Lua por favor, não tenho nada pra falar com você...

— Não posso não, ela está em uma ligação importante sobre a mudança dela para Nova York, ela te contou?

— Não é da sua conta o que conversamos... Eu vou entrar e chamar ela, com licença. – Disse Sol empurrando gentilmente Barbara.

— Já disse que ela está ocupada... Mas vem cá, você contou o por que não procurou ela? Pelo que ela me contou, acho que ainda não...

Solange olhou no fundo dos olhos de Barbara e sentiu que estava blefando, porém não quis mentir.

— É sobre isso que vim falar com ela, não acho que você tenha algo a ver com isso Barbara, mas se quiser ficar para ouvir a verdadeira história não vou me incomodar, talvez você não se sinta a vontade, afinal consigo sentir cheiro de ciúmes de longe!!!

— O que está acontecendo aqui?! – Disse Luana que estava escondida ouvindo a conversa das duas rivais.

— Conta pra ela Salles, sobre a gravidez!! – Gritou Barbara cega de raiva, a presença de Sol a incomodava muito, anos depois e era um sentimento que não havia sido tratado, ainda mais sabendo que Luana a amava.

Ao ouvir aquilo, o coração de Lua disparou assustada, Sol olhou para ela e se aproximou pegando em sua mão, elas se encararam e Lua perguntou se era verdade; Sol tentou explicar, mas começou a chorar, lembrando do quanto aquilo era difícil para ela. Barbara ao ver as duas chorando, sentiu- se culpada.

— Eu sinto muito Sol, não pensei direito... serio.... Lua... – Disse Babs.

— Barbara acho melhor você ir embora... – Disse Lua sem olhar para ela – Eu termino de limpar depois... Obrigada por tudo, amanhã pego minhas coisas na sua casa.

Sem questionar, Babs apagou o cigarro e entrou para buscar sua bolsa, cumprimentou Lua com um beijo na bochecha e seguiu para sua casa de cabeça baixa.

— Agora Sol me conte... que gravidez? – Perguntou Lua com a voz embargada.

— Vamos entrar e eu te conto tudo...

E assim passaram a noite, conversando com honestidade sobre o passado, tantas brechas precisavam ser fechadas... Lua chorou com intensidade ao ouvir os detalhes, sentiu ódio do Marcos e tristeza ao saber que Sol não teve coragem de pedir ajuda, percebeu o quanto se tornou uma pessoa fria e desligada, preocupou – se apenas com seus bens materiais por anos, não se importou em ligar para perguntar se precisavam de sua ajuda, cegou – se por orgulho, bloqueando seus sentimentos sinceros pela família de Sol, não parou para analisar que ao invés de lidar com seus problemas, ela apenas fugiu e isso fora seu pior erro.

Mas mesmo que se acertassem Lua iria embora em breve, ela não queria desistir dos seus sonhos, porém agora era complicado escolher ficar com Sol, não sabia o que dizer, as lágrimas insistiram em descer por mais alguns minutos, até conseguir pensar em algo.

— Você me ajuda a limpar aqui? Não quero que você vá embora... não posso ficar sozinha agora... Estou muito confusa...

— Eu sinto muito por não ser como você imaginou... – Disse Sol lentamente.

— O que não foi como eu imaginei?

— Nosso encontro... Meus motivos...

— Sol, eu nunca pensei em nada... Eu nem esperava por isso, não tem que se desculpar, eu que entrei em uma bolha de “mundo perfeito da Luana” e não prestei atenção no que acontecia ao meu redor... Agora entendo o que Mariana me disse... eu esqueci quem eu realmente sou – Interrompeu Lua...

Elas se abraçaram e juntas limparam os quartos; já estava tarde para seguir até a casa de Sol, então decidiram ficar na sala, abriram a garrafa de vinho que Lua comprara mais cedo e conversaram a madrugada inteira. Assim que amanheceu, Sol foi para sua casa e Lua para casa de Babs, sua tia chegaria em poucas horas e ela precisava fazer as malas.

— Sol, eu viajo hoje ainda... Quero te ver antes de ir!

— Me encontra na trilha da minha antiga casa em uma hora... Pode ser?

— Claro... – Lua suspirou – Te encontro lá...

Elas trocaram olhares apaixonados, como se fosse a primeira vez que se olhavam nos olhos, se sentiram vivas e esperançosas, talvez agora tudo voltaria a ser bom, pensaram. O clima na casa de Babs estava tenso, as malas de Lua estavam na porta, arrumadas e com um bilhete :” Se quiser tomar banho fique a vontade, não precisa se despedir”. Luana suspirou irritada, mas achou melhor pegar suas coisas e ir para uma pousada perto da praia, aproveitar seu ultimo dia em Ubatuba.

Barbara estava deitada, mas não conseguira dormir, as lembranças de sua noite com Lua iam e vinham, impedindo - a de pegar no sono, quando ouviu o barulho da porta quis correr e abraçar a amada, implorando para ser escolhida, mas a ideia de se humilhar a alguém que não a queria, fazia seu estomago embrulhar, assim continuou deitada, mentalizando um adeus que talvez nunca aconteceria.

Luana seguiu para a pousada, fez o check in e depois do banho, ligou para Mariana.

— Lua, minha querida, o que houve? – Perguntou Mariana preocupada com a voz de choro dela.

— Resumindo, você estava certa... eu esqueci como era se sentir uma pessoa, normal, viva... – Lu começou a chorar intensamente.

— Não chore, não chore... Eu sei como se sente e isso vai passar. Fico feliz por ter se encontrado!! E não precisa me agradecer por ter te convencido a ir até ai, tudo na vida está premeditado, você sabe o que precisa fazer para ser feliz... Viver o agora, é algo que nós não nos importamos em fazer, mas minha querida, não existe o depois, amanhã será o novo agora, você só precisa escolher como quer viver. A intensidade da vida depende apenas de nós mesmos.

— Eu irei para Nova York... eu preciso me preocupar com o futuro Mariana, há muitas coisas para pensar... não sei como é possível viver intensamente com essa rotina estressante que eu vivo... Aqui é tudo tão diferente...

— Se você quiser, você consegue... E sobre a Sol, resolveu algo?

— Pensei que eu a conhecia... Mas talvez ela não seja quem eu achei que fosse...

— E ninguém é minha linda... Nós nunca iremos conhecer as pessoas, por que todos nós estamos sempre mudando, não se culpe ou a julgue, somos todos humanos, e se você a ama, não deve pensar assim...

— Vou encontrar ela daqui a pouco... estou com medo do que sentirei!

— Não crie expectativas, viva o momento! Aproveite essa oportunidade! Sua tia está a caminho do aeroporto, nos vemos aqui em breve.

— Obrigada Mariana, por ser quem você é!! – Lua parou de chorar e sorriu olhando a praia pela janela. Seu coração saltitava de ansiedade, enquanto se arrumava para encontrar Sol, lembrou – se da primeira vez que a viu, uma garotinha engraçada com pinta de surfista, jamais imaginaria que tudo aquilo aconteceria com elas;

“Viva o momento”, ela repetia em sua mente, era a hora de decidir como seguiriam suas vidas.

Sol chegara em sua casa aos pulos, feliz e empolgada, contagiando todos a sua volta. Augusta cortava maçãs para o irmão de Sol enquanto ela tomava banho, seu coração se alegrou ao ver que finalmente sua filha estava bem, mesmo estando com Nicoly, a energia de Sol nunca era boa. Fechou os olhos e imaginou Lua e Sol mais novas, e como o amor delas emocionava a todos que as conheciam, sentiu saudades de Lucio, e quis poder voltar no tempo,mas já que não era possível, ela apenas comemorou a volta da alegria naquela casa.

— Filha... Como foi com a Lua? – Perguntou Augusta na porta do quarto novo de Sol.

— Confuso, mas esclarecedor, contei a ela tudo e ela me explicou como se bloqueou para não sentir tanto minha falta, acho que nós evitamos sentir algo “ inevitável”, ela é o amor da minha vida mãe, não sei porque pensei o contrário...

— E o que vão fazer agora? Quanto tempo ela ficará?!

— Hoje vamos ver isso, vou encontrar ela na nossa praia... e bom... não sei como será!

— “Nossa praia”, estou feliz por isso filha... torço para que vocês fiquem juntas!!! Julio desenhou isso para você! – Entregou Augusta um desenho da família contendo Lua de mãos dadas com Sol, o cabelo ruivo foi o que diferenciou ela de Nicoly, assim Augusta percebeu de quem se tratava – ele deve ter visto vocês na praia ontem, deve ser um sinal!

— É lindo, obrigada mãe!!

— Mas Sol, ela não tinha que vender a casa?! Ou ela já resolveu isso!?

— A tia dela está vindo pra cá ver isso...

— Não gosto dessa ideia... Mas... Boa sorte Filha! Não esqueça que eu tenho orgulho de você!

Luana pegou um taxi até a trilha, não lembrava muito o caminho, mas conseguiu achar a praia, pensou que Sol já estaria lá, mas não a encontrou quando chegou; tirou o tênis e ao pisar na areia fofa, sentiu que voltara a ter 14 anos e que a saudade de sua mãe ainda machucava muito, seus olhos encheram – se de lágrimas, ela continuou andando até a rocha que costumava sentar, o mar estava calmo e a brisa que vinha dele a envolveu como um abraço materno, estava em casa, finalmente. Sol chegou vinte minutos depois, não encontrando Lua na entrada da trilha, seguiu até a praia como se soubesse onde encontra –la. Não acreditava quando diziam : “ O que é verdadeiro volta”, mas sabia que de um jeito ou de outro, sempre estivera e estará ligada a Lua, como se uma força maior a quisessem juntas, e nisso ela acreditava.

Logo que pisou na areia avistou Lua sentada na rocha com a cabeça nos joelhos, seu cabelo voava com o vento e era como se elas tivessem voltado a 2008, o corpo de Sol pedia para se aproximar, mas ela queria observar de longe por mais uns minutos, sua garota, apesar de tudo, ainda era a mesma, seus olhos de diamantes voltaram a brilhar e fizeram Sol se apaixonar de novo, como se fosse a primeira vez.

— Ei você!! Soube que vai ter um tsunami bem grande, acho que deve sair da praia!! – Gritou Sol. Lua reconheceu a frase e gritou de volta:

— Serio? Seria ótimo morrer assim!

Elas correram para se aproximar e quando ficaram de frente uma pra outra, se beijaram! E foi como se nunca tivessem saído dali, como se tudo o que acontecera, fosse parte de uma das histórias malucas de Solange. “ Viva o momento”, Lua pensava, então sua mente se esvaziou e durante o beijo, ela apenas o sentiu.

Houve entrega de ambas as partes, sem medo, sem arrependimentos, como se todos os beijos antes daquele, não fizessem sentido, como se todas as pessoas que passaram pela vida delas, não existissem mais, só elas, e o mar.

Foi impossível conter a emoção depois que o beijo terminou, mas riram e se sentaram na areia juntas, tentaram explicar o que estavam sentindo, mas o sorriso delas falavam por si.

— Sol... Quando eu voltar para Floripa, vou ir embora pra Nova York... Não sei como lidar com isso...- Disse Lua encarando -a com um olhar melancólico e confuso.

— Não vá... Não volte pra Floripa... Fique aqui comigo... Vamos construir nossa vida aqui... Você tem experiência o suficiente para abrir sua empresa... Vamos ser eu e você aqui de novo... Por favor... Olha o que meu irmão desenhou... É o nosso destino! -Disse Sol entregando o desenho a ela.

— Não me peça isso Sol... Eu não sei como conseguiria voltar a morar aqui... Essa ideia, é fantástica na teoria... Mas lá prática pode ser diferente... Nem nos conhecemos mais...

— Por favor... Eu não vou viver sem você de novo... Eu volto a estudar, eu me esforço pra conseguir uma vida melhor pra te acompanhar... Eu sei que pode dar certo!!

— Não me peça pra desistir do meu sonho... Eu não quero ter que escolher entre ele e você... Por favor não me faça ter que escolher...

Quando Sol ouviu aquilo, se levantou, concluindo de que tudo aquilo era uma felicidade ilusória, Lua não voltaria para ela.

— Se você tiver que escolher... Você me escolheria? - Indagou Sol. Luana virou se para o mar... Pensou por alguns segundos, mas não tinha coragem de dizer. - Vamos diga!! Você ficaria aqui por mim??

Lua apenas olhou para Sol que logo entendeu o que Lua estava pensando.

— É imaginei... Talvez Nicoly tenha razão... Eu realmente não sei quem você é... Adeus Luana...

— Sol por favor não... Não faz isso... Não estraga esse momento!! - Gritou Lua se levantando.

— Ja era... - Sol arrancou a corretinha com a aliança do pescoço e jogou na areia, fazendo o coração de Lua se despedaçar.

Suspiros e mais suspiros, e nenhuma conclusão. Luana não soube o que fazer. Apenas ficou parada vendo o amor da sua vida se distanciando mais uma vez.

— Sol, filha o que houve? - perguntou Augusta quando viu Sol entrar chorando para o banheiro do quiosque.

— Ela vai embora... Pra tão sonhada Nova Iorque. - Gritou Sol chorando.

— Calma filha... Vocês se viram agora... Você esperava que ela mudasse a vida toda de um dia para o outro? Você não pode cobrar ela assim...

— Preciso de batata frita... Eu não conseguindo pensar mãe... Eu jurei que ela ficaria comigo. Eu ficaria por ela... Porque ela não pode fazer o mesmo?

— Porque vocês são duas pessoas diferentes, não significa que ela te ame menos... Vou fazer as batatas, mas se eu fosse você... Voltava e pedia desculpas... Ou quer que fiquem mais cinco anos sem se ver?

Sol pensou sobre o que Augusta dissera e resolveu correr até a rodoviária pois sabia que Lua pegaria o ônibus as quatro da tarde para o aeroporto e ela tinha uma hora para resolver tudo. Pediu para Vinícius levar ela e foram de carro até a rodoviária. Ao chegarem não encontraram Lua em lugar nenhum, pensou que ela ainda não tinha ido para lá; mas olhando para as janelas dos ônibus que estavam para partir, viu Luana sentada com fones de ouvido chorando. Porém ao bater no vidro para chamar atenção, o motorista deu partida. Sol correu batendo no ônibus e quando Lua olhou ja era tarde. E mais uma vez se separaram sem se despedir.

Mas Solange não deixaria acabar assim, ela voltou para sua casa e telefonou para a casa de Rosa; falou com Mariana, que passou o nome do hotel que Rosa estava, assim que desligou o telefone seguiu para o hotel e ainda na entrada encontrou a tia de Luana.

— Rosa? - perguntou Sol.

—Oi.. Sou eu e tu quem é? - Perguntou de volta Rosa, fingindo não reconhecer ela.

— Solange, namorada da Lua... Quer dizer ex...

— Ah sim... O que você quer comigo? - Esnobou Rosa.

— Quero que impeça Luana de ir para Nova York!- Disse Sol ofegante.

—Ah minha querida... Esqueça isso, não vai acontecer!! - Riu a senhora colocando os óculos escuros - Eu tenho negócios para resolver e um deles depende da ida de Luana para o exterior, não estou preocupada com seu romancezinho de colegial! Então passar bem!

— Então eu mesma impedirei!

— Boa sorte com teu conto de fadas, mas conhecendo minha sobrinha ela nunca desistirá de morar no exterior por uma garotinha caiçara. Fora que lá ela tem uma missão muito mais importante e excitante, morar aqui é um tédio se quer saber!! - Disse Rosa entrando no taxi.

—Eu vou conseguir! Ela me ama!! -Gritou Sol desesperada.

— Veremos. - E o taxi de Rosa seguiu para o centro comercial da cidade.

Lua chegou no aeroporto desolada. Estava ciente de que assim que entrasse no avião para Florianópolis, não haveria volta, assinaria os papéis do emprego novo e não voltaria para Ubatuba. Estava com medo do que aconteceria, mas não iria desistir do seu sonho por causa do amor.

" O que é o amor? Se não hormônios" , lembrava de sua tia dizendo quando a via chorando por Sol. Talvez a influência familiar não fosse a melhor de todas. Sempre imaginou que sua relação com a tia melhoraria com o tempo, mas a cada ano se tornava ainda mais fria.

Algumas horas depois, chegou em seu apartamento, estava calmo e sem vida, mas ainda era seu. Comeu algo rápido e foi dormir, de manhã teria um futuro inteiro para decidir.

Sol por outro lado não iria dormir, passou horas pesquisando passagens baratas para Florianópolis, não tinha muito dinheiro, mas o que tinha era suficiente para ir, para voltar ela daria um jeito.

— Mãe só tenho uma chance...- Disse Sol.

— Então não desperdice!! Eu te amo. - Respondeu Augusta lhe dando um abraço reconfortante.

Vinícius a levou até o aeroporto de Guarulhos em São Paulo, as passagens de ônibus estavam esgotadas e assim eles chegariam mais rápido.

                                    Florianópolis, sete horas da manhã.

— Luana Martins, minha funcionária favorita!! -Disse a chefe de Lua com um tom irônico na voz.

— Estou aqui para aceitar a vaga em Nova York... – Disse Lua sem emoção.

— Sabia que iria aceitar, você não perderia uma oportunidade dessas, ainda mais com tanta coisa em jogo!! Sente – se aqui, chamarei alguém do RH.

 Sem perceber Laura deixou sem rádio nextel em cima da mesa, e Lua ouviu algo que não esperava ouvir.

— Laura... a laranja chegou? Precisamos dos papeis assinados até amanhã! Laura, preciso de uma resposta hoje. – A pessoa do outro lado não sabia que a chefe de Lua não estava com o telefone celular, mas Luana sendo esperta entendeu do que se tratava a conversa, eles precisavam de alguém nos Estados Unidos para intermediar alguma fraude e Luana era essa pessoa... Sua chefe entrou na sala com uma pasta cheia de papeis, interrompendo seus pensamentos.

— Vamos começar?! – Disse Laura empolgada. Lua com medo apenas olhou para ela com desconfiança – Luana preciso que assine aqui, colocando seus dados de conta bancária e pessoais, depois eu assinarei sua carteira de trabalho para a promoção e te encaminharemos para nossa representante de vôos internacionais. Tudo bem contigo? Porque essa cara, pensei que estivesse empolgada.

— O que eu farei lá exatamente?- Lua perguntou seriamente, Laura subestimou Lua.

— Irá me representar e fazer muitas compras!- Respondeu Laura deixando claro seu julgamento errado de quem era Luana.

— Eu não quero fazer compras, quero uma carreira de sucesso!

— E você terá se fizer tudo o que eu lhe direi depois que estiver lá.

— Preciso saber exatamente onde e com o que vou trabalhar lá, não vou representar algo que desconheço.

— Sua tia me disse que você iria sem reclamar, não é seu sonho ir para a grande NY?

Lua pensou antes de responder, “ este é realmente meu sonho?” “ Eu quero me envolver nisso só para morar fora do Brasil?” “ Vale a pena me arriscar tanto pela ganância dos outros?”.

— Ei, Martins, precisamos resolver isso logo. Você tem que voar amanhã ainda. Temos um prazo muito curto, se não o acordo será desfeito e você perderá muito dinheiro.

— Como assim perderei meu dinheiro? – Indagou Luana, pronta para desmascarar a chefe criminosa. – Laura, eu sou a laranja!?

Continua...


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Notas finais do capítulo

Se o capitulo ficou um pouco confuso, me contem nos comentários, o próximo será o ultimo e eu estou me controlando pra não chorar, por isso demorei muito :/
Espero que tenham gostado!! Até breve



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