Lua e Sol escrita por Tiny Ms


Capítulo 32
Lar doce lar.


Notas iniciais do capítulo

Meu Deus vocês não tem noção de como as coisas estão bugadas nesse começo de ano. . . Mas depois de 3 tentativas, consegui escrever algo que eu realmente havia planejado desde o início.
Me perdoem pela demora, mas eu estou numa fase complicada.
Espero que gostem do capítulo. E bora me preparar porque ta acabando e eu odeio que as coisas acabem aushshshshs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/516654/chapter/32

Cinco anos depois...

— Luana preciso você organize a reunião de terça feira que vem, amanhã quero um relatório completo de todas as mudanças que decidimos fazer... - Disse Laura, chefe de Lua.
— Sim senhora, amanhã entrego na sua sala… - Disse Lua interrompendo -a.
— Ótimo... E sobre a vaga da filial em Nova York, preciso de uma resposta até o fim do mês. Uma oportunidade assim não se deve recusar.
— Estou analisando tudo corretamente, por conta da sociedade que tenho com minha tia, mas darei a resposta o mais breve possível.
— Espero que sim. Minha melhor funcionária merece uma promoção dessas. Pense no seu futuro brilhante, administrando uma empresa em New York!!!

Luana sabia o quanto queria aceitar aquela vaga, sua última viagem à Nova York, fora incrivelmente perfeita, morar lá com certeza lhe daria um entusiasmo fora do normal, mas havia situações para resolver antes disso. Nos últimos anos, Lua se formou na faculdade, se mudou para um apartamento luxuoso perto da praia em Florianópolis, entrou para uma das melhores empresas de relações públicas internacionais após alguns contatos de sua tia e finalmente se vira livre de seu doloroso passado. Mariana ainda insistia para que ela conhecesse alguém e tivesse uma vida pacata e normal, porém agora a única coisa que faziam os olhos de Luana brilharem, era o dinheiro entrando para sua conta. Se tornou uma garota arrogante, fria e gananciosa, ou melhor, era o que todos pensavam sobre ela.

Depois do casamento de sua amiga Sara, acabou se afastando dela e da irmã Patricia, seus objetivos completamente opostos impediam Luana de estar com elas, sem achar aquela vida uma total bobagem... " Casar? Ter filhos? Pra quê?", dizia Luana, mas no fundo ela invejava as pessoas que conseguiam ter um relacionamento, afinal estragara todos seus quatro namoros pós- Solange, queria estar com alguém, mas queria mais ainda ser livre para fazer o que bem entendesse.

Naquele dia em especial seus pensamentos estavam voltados a possibilidade de se mudar dali e deixar tudo para trás, mas um pedido de sua tia poderia mudar todos seus planos.

— Oi Mariana, avisa Rosa que eu tenho pouco tempo, tenho muito trabalho ainda...- Disse Lua pelo interfone do casarão de sua tia.
Rosa e Luana mantiveram uma relação basicamente profissional, cuidavam do dinheiro das lojas de Rosa, mas não se tratavam como família.
—Luana é bom te ver - Disse Rosa indo em direção a porta principal do casarão. - Preciso muito de você... Mas talvez você não goste muito do que irei pedir ...
— Vai logo ao ponto Rosa tenho muito o que pensar ainda e preciso fazer um relatório pra...

— Preciso que volte para Ubatuba e venda a casa antiga! - Interrompeu Rosa.

Luana ficou pálida, aquelas palavras a levaram de volta à um lugar dentro de si que não visitava há anos, pediu que sua tia repetisse, apenas para garantir que não estava em um de seus pesadelos.

— Sim é isso mesmo que você ouviu... Estou atolada de trabalho e a reforma da Loja 1 não vai me deixar viajar. A casa reformada deve custar quase 100 mil, ou mais, precisamos do dinheiro. E afinal, transferi a casa para o seu nome quando completou dezoito anos.

— Mas eu tenho um emprego importante aqui também. E uma reunião decisiva terça-feira, não posso me distrair.
— São apenas negócios minha querida. E o dinheiro da casa iriá direto pra sua conta, apenas 10% virá pra mim e é exatamente o que eu preciso agora. Hoje é segunda ainda, se viajar amanhã conseguirá resolver e voltar a tempo de sua " reunião importante".
— Rosa, mas é impossível vender uma casa em uma semana, você quer que eu reforme ainda? Está louca? Que remédios anda tomando? Mariana convença ela de não me pedir isso...
— Na verdade foi Mariana que me sugeriu e eu achei excelente essa ideia. Falarei com sua chefe ainda hoje e amanhã você viaja.
— Mariana... Como pôde fazer isso comigo? Você quer que eu volte lá? Onde meu pai e minha mãe morreram? Onde todas as pessoas que me esqueceram moram??? Eu vou morar em Nova York daqui a alguns meses, não quero perder a lucidez que conquistei nesses cinco anos longe de tudo aquilo.

— Querida... Me perdoe, mas você precisa entender que nem tudo na vida de resume a dinheiro... - Disse Mariana seguindo para seu quarto.
— Luana, na verdade é só pelo dinheiro. -Sussurrou Rosa - Faça isso como uma viajem de negócios, igual quando fomos pra Londres, mas sem toda aquela riqueza. Não precisa falar com ninguém, apenas com a Imobiliária.
A cabeça de Luana girava, tanto pelo gole de rum que bebera quanto pela ideia de voltar a ver Sol... " Não quero ver ela... Não posso ver ela... " Pensava Lua desesperadamente sem demonstrar. Enquanto isso, Mariana voltava de seu quarto com um caderno em sua mão. Um dos diários de Lua, justamente o que contava a história dela com Sol, completa e sem censura.

— Não, isso não está acontecendo... - Disse Lua pegando o diário.
— Faça isso Lua. Enfrente seu passado. Cure ele de uma vez. E viverá sem o peso dessa dúvida que mora em seus olhos... - Aconselha Mariana - Eu sei que me pediu para jogar todos fora, mas julguei esse importante demais para virar lixo. Creio que há algo nele que a faça enxergar que não é como sua tia...

Obviamente irritada, Lua se levantou pegando sua bolsa e seu notebook e o diário, olhando fixamente para Mariana, com raiva, pois sabia que tudo aquilo era verdade; sentia que Mari possuía algum poder de decifrá - la como ninguém mais fazia. Com relutância, aceitou fazer a viagem e depois de uma ligação de Rosa, estava livre de trabalho por uma semana. Temia por sua vaga de emprego, então mesmo aflita, quando chegou em casa dividiu seu tempo em, arrumar as malas e digitar o relatório.

Na manhã seguinte, dia 9 de fevereiro de 2016, Lua sentia -se anestesiada de tanto chorar a noite. Pegou as malas e ligou para o motorista da empresa, durante o caminho para o escritório, seus sentimentos aos poucos a consumiam, há tanto tempo escondera - os de si mesma, e só em algumas horas tudo voltara a sangrar.

— Laura, aqui o relatório que pediu. Espero que minha ausência não cause problemas.
— Você é a melhor, mas não é insubstituível Luana. Infelizmente essa é a realidade. Obrigada por se preocupar, mas não precisava, eu mesma fiz o relatório... - Luana sentiu um pouco de raiva, mas antes de fazer qualquer pergunta Laura completou - De qualquer maneira, obrigada e aguardo sua volta com todas as respostas que preciso. Faça uma boa viagem. - Sem lhe dar chance de argumentos, Laura virou as costas para Luana, indicando que era melhor hora para se retirar. Porém quando chegou na porta da sala, sua chefe lhe chamou mais uma vez.
— Espero que não me decepcione...
— Não irei. - Respondeu Lua sem hesitar. " Eu espero não me decepcionar", pensou enquanto andava até o carro.

Ao chegar no aeroporto seu coração palpitava tão intensamente que fora impossível cochilar, apesar do sono que estava sentindo, aproveitou e leu algumas páginas, sem absorver muito a energia daquelas páginas. E após algumas horas de avião e ônibus, chegara em Ubatuba.

Em cinco anos muita coisa pode mudar, mas algumas coisas permanecem as mesmas. Solange terminou a escola depois de todos seus amigos, porém desistiu da faculdade. Continuou trabalhando no quiosque, agora como gerente no lugar de Augusta que fica a maior parte do tempo cuidando de Júlio, com Vinícius trabalhando no quiosque e no lava rápido, ela precisava de mais tempo com o filho até que ele entrasse na escolinha, Solange tomava conta do quiosque praticamente sozinha e era muito responsável. Mas diferente de Lua, Solange não desistiu do amor. No primeiro dia de aula na escola em 2012, ela conheceu Nicoly, uma garota tímida, inteligente, de cabelos cacheados e pele negra, logo no primeiro encontro Sol se apaixonou e desde então não se separaram; quando conheceu Nicoly, ela decidiu que viveria algo novo, deixou para trás tudo sobre seu passado com Lua e apesar de nunca ter esquecido, era melhor evitar problemas.

Conseguiram comprar uma casa perto da praia onde trabalhavam, o quiosque ganhou visibilidade e o que ganhavam era o suficiente para sustentar uma casa melhor do que a antiga. Passou a viver cada dia de uma vez, sem se preocupar com o futuro, afinal sua felicidade estava naquele seu “presente”, mesmo que não fosse realmente feliz.

No entanto, não pensar em Lua, impediu que ela se preparasse para quando a encontrasse novamente, todos os dias acabava passando por lugares onde fora com Lua e se lembrava que a casa ainda estava abandonada, porém sabia no fundo que um dia ela voltaria, e voltou.

— Filha, adivinha o que o Sr. Marcos me contou hoje! - Disse Augusta preparando o café da manhã.
— Mãe não tenho ideia, estou com fome…
— Não vai nem arriscar? - Insistiu Augusta notavelmente animada.
— Mãe, por favor, hoje vamos ter um dia longo e preciso preparar a festa da Ni, falando nisso, você fez aquele brinco que eu pedi?!
— Não foge do assunto! Sim eu fiz, agora por favor respire fundo… - Augusta tirou do bolso o colar com a aliança de Lua - Encontrei isso em baixo do criado mudo da outra casa no dia da mudança, não sabia se era certo te entregar, resolvi guardar comigo, mas depois do que ele me contou, achei que era justo- Entregou o colar para Sol, que se espantou e seus olhos lacrimejaram de emoção, saudade e confusão.

—Luana voltou?!!- Gritou Sol.
—Quem é Luana? - Perguntou Nicoly entrando pela porta da cozinha que estava aberta.
—Feliz Aniversário meu amor! - Disse Sol a abraçando com o colar nas mãos, tentando mudar o foco da conversa, mas não deu certo. Nicoly continuou perguntando até que Solange contou para ela tudo sobre sua ex e sobre como aquilo a afetava, porém não era necessário que ela se preocupasse.

Foram trabalhar normalmente, enquanto Nicoly seguia para o aquário de Ubatuba onde trabalhava.

Lua ficou hospedada em uma pousada próxima a sua casa, a noticia de seu retorno se espalhara rápido entre os vizinhos e muitos foram até a pousada para revê -la, mas ela não estava preocupada com isso, seus planos eram : Limpar a casa, assinar todos os papeis na imobiliária, colocar a casa a venda e voltar a tempo da reunião e de assinar seu contrato para trabalhar em NY. Mas uma pessoa em especial importou para Lua naquele dia.
Ao entrar na sua casa, suas lembranças voltaram mais fortes do que nunca, seu coração palpitou como se ela estivesse correndo e seus olhos brilharam com uma ternura rara para ela. Fechou os olhos e imaginou o lugar como era antes, o cheiro do perfume floral de sua mãe, a risada inconfundível de seu pai e todas as vezes que ela e Sol assistiram filmes juntas no sofá. Um lágrima ousou rolar por sua bochecha, mas a campainha tocou antes que pudesse se entregar àqueles sentimentos.

“Mais um vizinho chato, meu Deus” - Pensou Lua, mas ao abrir a porta, veio a surpresa.
—Você voltou, finalmente!
—BARBARA!!!! - Lua gritou e pulou no colo de Barbara, que agora de cabelos curtos e ainda rebeldes, estava mais linda do que há oito anos atrás. Ela se formara na faculdade de Direito em Goiânia e após sua formatura, voltara para Ubatuba para trabalhar no Escritório de Advocacia do seu tio.

—Sr. Marcos da rodoviária contou para todo mundo que você havia voltado, não acreditei até sentir esse seu cheiro maravilhoso - Explicou Babs com Lua em seus braços - E ai, meu Deus quanta saudade senti de ti!

—Eu também, sério, tu fez falta… Mas aqui não tem nada pra gente fazer, vamos tomar alguma coisa, eu pago!

— É rica agora? Curti! - Brincou Babs, Lua trancou a casa novamente e se deixou levar pelo momento nostalgia. Andaram de mãos dadas até a padaria, onde tomaram café e conversaram sobre tudo o que havia acontecido naqueles anos. Babs perguntou porque Lua nunca havia ligado, mas ela não quis assumir que não se importava mais com o que havia ficado em São Paulo.

— VOCÊ VAI MORAR EM NOVA YORK??? - Gritou Barbara mais alegre do que nunca.
— Calma, ainda preciso resolver muitas coisas, mas se tudo der certo sim! Confesso que estou ansiosa…- Lua contou para Babs seus planos a curto prazo e aos poucos matavam a saudade que até então Lua nem se lembrava que sentira.

Enquanto isso Solange era consumida pela indecisão de procurar ou não sua ex namorada, “justo no aniversário da Nicoly, justo hoje essa garota tem que aparecer”, pensava Sol, mas nada tirava a sensação de que muita coisa seria diferente daquele dia em diante, ela não se preparara para sentir aquilo novamente, ela pensava estar feliz com sua atual realidade, porém a vontade de abraçar Luana só aumentava a casa segundo.
— Mãe porque me contou sobre a Luana, se estou feliz com minha namorada!? - Perguntou Sol furando um coco para um cliente.
—Sol, nesses quatro anos eu nunca tive certeza sobre você e essa menina, você sabe que sempre vou preferir a Lua, apesar dos erros dela, eu ainda a amo e sei que você também. Por que não assume isso logo? - Sol olhou para o mar por alguns segundos e depois suspirou fundo.
—Eu não sei o que sinto por ela…
—Ela quem?
—Nicoly… Ela me faz bem, mas sempre que beijo ela lembro de como era beijar a Lua, ou rir com a Lua, ou nadar com a Lua… Quando levei ela na minha praia, não senti o mesmo que sentia com a Lua… E todo esse tempo eu tentei esquecer que me sentia assim, sabe…eu sinto como se tivesse a decepcionado… Não fiz faculdade, não tenho uma profissão, não esperei por ela… Ela deve ser uma pessoa importante agora, você acha que ela largaria tudo pra ficar comigo de novo? Ai meu Deus… isso me deixa com tanta fome…- Pegou uma batata na intenção de desviar o assunto, porém sua mãe sentia que ela não estava bem.

—Filha, eu tenho orgulho de você, da sua força! Você pode não ter feito faculdade, mas e as aulas de surf que você da de graça para as crianças pobres? E o que você fez com esse lugar? Minha linda, você é a minha alegria e sempre que você faz algo, tudo se transforma. Não pense no que ela acha sobre você. Só quero que seja feliz.

Sol não conseguiu conter as lágrimas, mas no fundo ela se orgulhava de ser quem era, ainda estava confusa sobre o que sentia por sua atual namorada, era tanta coisa que organizar em sua mente que durante a tarde, esqueceu - se de pensar no que faria para a festinha de Nicoly a noite.

Anoiteceu e Lua ainda estava com Babs na padaria, conversaram muito, tomaram cerveja e riram até sentirem dor, era visível a harmonia que elas possuíam quando estavam juntas.
—O que você vai fazer amanhã? - Perguntou Barbara.

—Ai… limpar aquela nojeira de casa e ir na imobiliária.
—Vai vender ela mesmo?
—É… como disse antes, não sei se conseguiria voltar pra cá sempre, é melhor vender mesmo, fora que o valor dela está ótimo, vou precisar de grana quando for pro exterior.

—É verdade, mas promete que vai vir me visitar?!
—Eu venho sim!!!

—Que pousada você ‘’tá’’? - Babs ofereceu sua casa para Lua ficar sem ter que pagar diária. Lua aceitou e antes do final da primeira diária ela fez o check out e seguiram juntas para a casa de Babs, que agora morava sozinha.

Lua desfez as malas e tomou um banho quente para relaxar enquanto Babs preparava a janta, elas em pouco tempo resgataram toda amizade e química que tinham antes de Babs ir embora; comeram quietas saboreando o camarão delicioso que Barbara preparara, mas quando foram para cama, Lua percebeu que estava ali muito perto de fazer alguma besteira, pois estava carente e completamente confusa.

—É tão bom te ter de novo! Quer dizer, te ver de novo! - Disse Barbara envolvendo Lua em seus braços.

—É sim, você está de folga amanhã?
—Não, mas eu saio as duas da tarde, posso te ajudar na casa se quiser.

—Vou querer sim, aquela casa está terrível… Mas tem outra coisa…

—Pode falar - Respondeu Babs mudando o tom de voz, sua voz rouca arrepiou o corpo sedento de Luana, que num impulso beijou os lábios macios da amiga.

Barbara que sempre foi apaixonada por Lua, não resistiu, retribuiu o beijo com vontade, mas no fundo sabia que não era sincero, Lua não queria ela, ela queria alguém e Barbara estava ali pronta para fazer o que ela quisesse. A noite fora completamente excitante para as duas, que mal se encontraram e já realizaram um desejo que há muito tempo fora enterrado.

Sol por outro lado, não garantiu uma noite feliz, mas sim intensa ao extremo. Saiu do quiosque as oito da noite e correu para o mercado para comprar o bolo de aniversário de Nicoly; os amigos delas se reuniram na casa de Augusta e todos esperavam a aniversariante chegar do trabalho, ela não imaginava que estavam todos juntos para comemorar seu dia. Ao chegar, ela e Sol conversaram um pouco no portão para que todos se preparassem. Mas foi ai que a briga começou:

—Luana… Quem é Luana…? - Perguntou Nicoly antes de beijar Sol.
—Nossa, calma, por que está me perguntando isso?!
—Eu falei com o Tavi hoje lá no aquário, ele me contou mais ou menos sobre, mas quero ouvir de você. Por que nunca me falou dela?
—Sol tentou de todos os jeitos levar Nick para a cozinha, mas ela não queria entrar sem saber sobre tudo.
—Ela foi minha primeira namorada e não acho que seja importante para o nosso relacionamento você saber disso!!
—Ah não? Olha… eu vi você com os olhos cheios de lágrima hoje cedo, sua mãe te entregou alguma coisa que te fez chorar e você ainda GRITOU que ela tinha voltado… Se ela não é importante por que te faz chorar ainda?! Você não falou comigo o dia todo e ainda por cima disse que estava confusa sobre algo e não me contou o que era… O que você quer que eu pense Solange??

Ao ouvir a gritaria, Augusta saiu no portão para ver o que estava acontecendo, então Nicoly começou a gritar que aquele era o pior aniversário que já tivera, que em todos esse anos ela fora enganada, que Sol ainda amava Lua e que ela era apenas uma distração. Tudo o que Sol e Augusta diziam, ela distorcia e gritava ainda mais. Todos os amigos delas, incluindo Tavi, que também trabalhava no aquário, mas saia mais cedo; foram para fora da cozinha ver do que se tratava. Quando Nicoly viu que todos estavam ouvindo a gritaria ela se irritou mais.

—Ah ótimo! Agora eu sou a vilã e todos vão dizer que eu estraguei meu próprio aniversário! Obrigada Solange.
—Nicoly, não tem nada a ver o que você está fazendo… Eu fiz tudo isso pra você, não falei contigo hoje pra fazer surpresa e você chega brigando comigo por ciumes de uma pessoa que você nem conhece e que eu não vejo ou falo há cinco anos, CINCO ANOS!! Está me ouvindo?
—Não quero saber...Estou cansada, festejem sem mim e por favor, Sol, não me liga não, preciso de um tempo de você!
—Por favor não faz isso…
—Já está feito… Obrigada Augusta pela intenção, mas eu sei que você nunca gostou de mim!

Nicoly correu para o ponto de ônibus e antes que Sol fosse atrás, Gustavo a segurou e contou o porque havia dito aquilo para Nick, todos os amigos de Sol sentiam que ela não era o que parecia; e apesar da falsa sensação de felicidade, Sol não sorria como antes. Eles comeram os salgados e o bolo, enquanto Sol chorava em seu quarto sozinha, segurando o colar, pensando em tudo o que Nicoly havia dito. E naquele instante ela confessou para si, que ainda amava Luana.

Na manhã seguinte, não houve um comentário sequer sobre a fracassada festa surpresa, Sol tomou o café quieta e cabisbaixa, e por alguns minutos não pensou em nada.

Lua acordou sentindo - se culpada, porém satisfeita, Barbara era realmente boa quando se tratava de sexo, mas mesmo assim, ela preferia fazer com Sol. Elas levantaram cedo e se comportaram como se nada tivesse acontecido, apenas amigas tomando café juntas, depois de se trocarem, cada uma seguiu seu caminho e mais tarde elas limpariam a casa antiga. Nesse meio tempo, Lua tomou coragem e decidiu visitar Augusta no quiosque, para ver como estava o sonho de seu pai e quando viu que ele permanecera o mesmo, só que mais bonito, seu coração se alegrou. Em menos de dois dias, Lua sentira tudo o que há anos evitara e já não fazia sentido lutar contra aquilo. E cinco anos depois, seus olhos se tocaram. Sol viu Lua chegando, com um vestido vermelho florido e o cabelo, agora ruivo, preso em um coque bagunçado; seu coração disparou por ver que ela estava ainda mais linda, Lua por outro lado se encantou por Sol ter continuado a mesma, magra, alta, bronzeada, loira e com um sorriso tímido estonteante, vestindo o short e a camiseta do uniforme do trabalho, parecia que nada havia mudado realmente; Luana sentiu seu corpo se aquecer.

Suas bochechas coraram ao ver que Sol usava o colar com a aliança, ainda mais por ela também estar usando o dela, a cada passo a sintonia era retomada e todas as pessoas ao redor pareciam desaparecer. Luana se aproximou do balcão e elas sorriam uma pra outra, ainda sem acreditar que estavam ali, parcialmente juntas novamente. O ar pesou e elas suspiravam tão intensamente que sem perceber estavam cara a cara, e como imãs seus corpos se atraíram para um abraço longo e cheio de significado, o mundo parou por alguns longos minutos. E com a voz doce e embargada Lua disse:

— Oi.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Bom espero que tenham gostado e sim faltam dois capítulos :'(
Mais uma vez me desculpem a demora e obrigada a quem chegar até aqui



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Lua e Sol" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.