Apenas eu e você. escrita por Carina Everllark


Capítulo 8
Capítulo 7.


Notas iniciais do capítulo

Heey gente, espero que gostem do capítulo e não se esqueçam de comentar, por favor...
Esse capítulo eu dedico totalmente a MHSI que recomendou a fanfic, muito obrigada linda, eu ameeeeeeeeei sua recomendação, muito obrigada mesmo.



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– Peeta, vamos no parque? – me referia ao lugar onde nós fizemos de “nosso” a anos atrás.

– Não. – a resposta saiu abafada pela porta fechada.

Já faz dois anos desde que Peeta e eu nos beijamos pela última vez. Dois anos que ele dormiu comigo quando eu estava muito mal por causa da morte de minha irmãzinha. Desde então, ele vem me tratando de forma fria. Ele me trata com desprezo, como se eu não fosse nada na vida dele. Isso faz meu coração doer desde que isso começou.

É horrível enfrentar uma vida sem Peeta. Sem seus sorrisos, sem suas brincadeiras, sem suas conversas de bobo, sem nossos passeios para o nosso lugar. As brincadeiras é o que mais me faz falta. Quando ele fazia cócegas em mim, quando fazíamos guerra de comida e tudo mais. Agora, ele parece um badboy até comigo.

Ele cresceu e ficou maduro demais. Ele fica trancado o dia todo no quarto, usando o notebook e o celular. Não sei com quem ele tanto fala, mas ele não desgruda mais daquilo. E eu, fiquei triste. Pois ele era quem me botava pra cima, e agora, além de não ter nada a fazer para me divertir, não tenho mais ele.

Delly e eu saímos juntas quase todos os dias e até ela percebeu minha tristeza. Ela tenta me animar, e as vezes até consegue, mas a verdade é que ninguém consegue colocar sorrisos tão sinceros em meu rosto como Peeta. Sinto falta dele.

– Vou sair com Delly.

– Tchau.

Ai. Aquele tchau frio me doeu mais ainda. Na verdade, eu menti. Não estava indo ver Delly, estava indo para o nosso lugar. Meu e de Peeta, apenas.

Coloquei ração para Buttercup e saí de casa, com apenas o celular, caso Delly, Finnick ou... Peeta me ligassem.

Chegando ao parque, muitas crianças brincavam de pega-pega, corriam pela grama feito loucas. Aquilo só me fez lembrar de quando eu era pequena e brincava com minhas amigas no quintal da minha casa. De novo, os momentos que me atormentavam vierem a minha cabeça, mas tratei de espantá-los logo.

Adentrei o parque, peguei a trilha que estava quase se fechando, pois só eu e Peeta entrávamos, e faz meses que não venho aqui. Peeta nunca mais veio aqui, desde a noite em que ficou comigo.

Quando cheguei, dei de cara com a nossa árvore e com os balanços que colocamos pendurados nela.

FLASHBACK ONN

– E se colocássemos um balanço na árvore, pra ter mais coisa além das cordas? – dei a ideia. Peeta e eu nos balançávamos na árvore com a corda, um ao lado do outro, conversando e rindo.

– Seria uma boa, vamos comprar os balanços ainda hoje? – ele ficou animado e vi um brilho em seus olhos.

– Pode ser!

*

– AI MEU DEUS, ISSO É MARAVILHOSO! – ele exclamou enquanto se balançava no topo da árvore.

Nós colocamos os balanços no topo da nossa árvore, em um lugar tão alto que era possível ver todo o parque. O riacho que tinha perto da árvore era mais lindo ainda de cima, e o laranja do entardecer só deixava tudo mais perfeito.

Subi na casa da árvore e fui subindo até o topo da árvore, me segurando na corda. Cheguei a minha balança e sentei, fiquei com medo de cair no começo, mas ao ver Peeta se balançando tão feliz, fiz o mesmo.

Me balancei muito e em segundos eu estava indo altíssimo. Peeta estava na mesma altura que eu, e o sorriso dele era tão grande que arrancou um sorriso do meu rosto. O vento batia em seus cabelos, fazendo-os voarem para trás desajeitados, mas lindos. O sol batia em seus cabelos louros e os deixavam cor de ouro.

No riacho, podia ver-nos refletindo na água. Estávamos se balançando como crianças de 8 anos, como somos retardados, meu Deus. Mas ser retardada com Peeta me fazia feliz, então qual é o problema?

E nós ficamos lá, nos balançando, olhando o entardecer, nos apreciando, sendo felizes com pouco, que na verdade, era muito.

FLASHBACK OFF

Fiquei observando os balanços que já estavam cheios de cipós em volta deles, pela falta de uso.

Subi na casa da árvore, peguei na corda e subi até o meu balanço. Mas não sentei nele. Sentei no de Peeta, de propósito, só para ver se me traria algum conforto. Sou muito besta, mas eu tentava sentir sua presença, sentando em seu balanço.

Eu não me balancei, fiquei parada, passando as mãos na parte do balanço onde se põem as mãos. Tirei alguns cipós que estavam apenas incomodando e apreciei o riacho.

Tudo era o mesmo. Mas não parecia. Era como se tudo estivesse mais triste sem ele. De certa forma, as coisas sem ele eram mais sem graça, mais tristes. As flores pareciam desbotadas, o riacho mais escuro, o entardecer menos laranja, o sol com vergonha de aparecer e as nuvens querendo dominar tudo.

O nosso lugar, não era o nosso lugar, se Peeta não estivesse presente. Nunca seria.

Fiquei remoendo todos os momentos de nossas vidas em que brincamos, quando nos conhecemos...

FLASHBACK ONN

– Mãe aonde vamos? – perguntei, pulando no banco de trás do carro.

– Aquiete-se filha! Vai acordar sua irmã desse jeito. – só então percebi que Prim dormia na cadeirinha. – Nós vamos a casa da titia Mellark, lembra dela?

Então me lembrei da amiga de minha mãe, que não sei bem o porque, era meio parente minha.

– Lembro...

– Você vai conhecer o filho dela hoje, tenho certeza que serão ótimos amigos, ele também tem 6 anos!

– Eba! – me animei com a ideia de ter um amigo novo para brincar.

Chegamos à casa da titia Mellark e ela me chamou para subir ao primeiro andar de sua casa.

– Filho, vem cá ver sua amiguinha nova. – entramos em um quarto azul, com faixada branca.

Me deparei com um menino um pouco mais alto que eu, loiro, de olhos azuis, me encarando. Seus olhos percorreram-me inteira e um sorriso saiu de seus lábios.

– Oi! Quer brincar? – ele se levantou e fez um sinal para eu me aproximar.

– Quero! Vamos brincar de quê? – sentei-me ao seu lado. A luz do sol que entrava pela janela deixava seu cabelo cor de ouro.

– Do que você quiser, pode escolher um brinquedo meu ou uma brincadeira. Meu nome é Peeta, e o seu?

– Katniss.

– Que tal brincarmos de pega-pega então, Kat? – ele levantou, encostou a mão em meu braço e saiu correndo. Corri atrás dele.

FLASHBACK OFF

Os pingos grossos que escorriam por meus braços me tiraram de meus pensamentos. Chuva. Nem tinha percebido sua chegada.

Chovia forte, porém sem raios e trovões. Nem me preocupei em ir para debaixo da árvore, fiquei observando os pingos caírem no riacho e balancei de leve meu balanço. Ele rangia ao meu balançar fraco, provavelmente ele enferrujou com o tempo.

O céu ficou escuro rapidamente, ou fui eu que não percebi o tempo passar. Já era 18:45. A lua já aparecia no céu e as estrelas apareceram junto.

Era mais fácil vê-las aqui do balanço. Nunca tinha ficado até de noite aqui. Eu via o entardecer e ia embora, mas o que me impede de fazer isso agora?

Observei o luar refletir no riacho, os pássaros voltando para suas casas e as estrelas brilharem no céu. Isso parece tedioso, mas na verdade é maravilhoso.

Então, vieram as reflexões. Será que uma dessas estrelas é alguém de minha família? Posso pensar como uma criança inocente, mas eu acredito que, eles estão me observando lá de cima, e que eles podem sim ser essas estrelas.

Comecei a olhar cada uma como um parente meu. Vi uma que estava distante, e por isso parecia pequena. Prim. Vi outras duas, que estavam lado a lado. Minha mãe e meu pai. Do lado oposto, tinha outras duas, também lado a lado. Os pais de Peeta. Ao lado dessas, um pouco distante apenas, tinha duas. Os irmãos de Peeta. Depois, avistei várias estrelas juntas. O resto de minha família. Primos, tios, avós... Todos estavam lá, me observando.

– Um dia estarei aí com vocês. – sussurrei para o céu. – Eu amo vocês.

Posso parecer uma criança traumatizada, mas pensar desse jeito me confortou. Era como se eles estivessem me abraçando, todos eles.

Voltei para casa, pois se ficasse mais no parque, tarados apareceriam e vai saber o que me aconteceria.

Cheguei em casa e Peeta não estava. Nem me preocupo mais, pois ele quase sempre faz isso.

Fui para a cozinha e preparei o jantar, ele sempre faz o jantar, então não custa eu fazer um dia.

Fiz strogonoff e suco de goiaba para nós dois.

Demorou cerca de 15 minutos e ele chegou. Estava com roupa de badboy motoqueiro e óculos de sol. Não pude conter uma risada.

– Pra que óculos de sol de noite?

Ele só deu um sorriso e se sentou na mesa para comer. Como sempre, não trocou uma simples palavra comigo. Isso doía muito. Nós conversávamos o jantar todo, o dia todo, o tempo todo. E agora, nunca.

– O que você fez hoje? – acabei com o silêncio. Acho que, para fazer Peeta falar comigo de novo, tenho que ter a iniciativa. E mais que tudo: ser apenas amiga dele, sem beijos, sem noites juntos para confortar um ao outro, ou nunca o terei de volta.

– Nada de interessante. E você?

– Hum... Fui ao parque.

Ele soltou um suspiro ao ouvir a palavra “parque”. Provavelmente, ele tinha saudades de lá, mas por algum motivo que eu desconhecia, ele não fazia mais nada que o deixava feliz. Como eu queria poder trazê-lo para a felicidade de novo...

Será que isso seria por causa do incêndio? Ele teria começado a ficar depressivo por causa disso?

*

Levantei, fiz minha higiene matinal e me troquei para ir à escola. Peeta não conversamos no caminho, mas percebi ele acenar para algumas meninas que passavam na rua.

– Eu não acredito nisso, Peeta!

– O que foi? – ele me desprezou.

– Eu não posso ter amigos, mas você pode ter “amiguinhas”? Não acredito! – gritei com ele.

– O que eu faço da minha vida é problema meu. E, quer saber? Se quiser fazer amigos, você que faça! – ele apertou o passo para ir mais a frente que eu.

Mas que raios aconteceu com ele?! Ele não era grosso desse jeito! E isso só serviu para piorar minha dor, que ódio! Tenho que me desapegar dele antes que eu fique louca.

Fui para meu lugar na classe e passei o tempo todo pensando em um modo de fazer Peeta voltar a ser quem ele era. Sem sucesso, pois todas as opções pareciam ser horríveis. Pensei em perguntar para Delly, mas não seria falta de educação com Peeta contar o que acontece com ele para ela?

No intervalo, fiquei observando minhas ex-amigas. Como gostaria de tê-las comigo novamente. Elas nem olhavam mais para mim. Também o que eu podia esperar? Fiquei afastando elas por todo esse tempo...

Madge estava namorando um tal de Gale, Clove estava com Cato e Annie eu nem sei. Tudo isso só sei por causa das fofoqueiras que sentam do meu lado. Acho que o nome delas é Cashmere, Glimmer e Enobaria, não sei ao certo.

Sai da escola e nem avisei Peeta que iria almoçar com Delly. E nem quis avisar também, aonde já se viu aquela grosseria com a minha pessoa?

– Hey Katniss! – Delly gritou do outro lado da rua.

Tem um restaurante muito bom perto de nossas casas, então sempre que dá nós vamos lá.

Não estava muito cheio o restaurante, de forma que pegamos rápido a comida e nos sentamos sem nos preocupar com lugar.

– Preciso conversar uma coisa com você... – disse baixinho enquanto comíamos. – É sobre Peeta.

– Uhum. – ela fez cara de safada. Eu nunca disse que gostava de Peeta, mas ela sempre me acusou disso. Não sabia se era tão obvio, mas né...

– É que... Você sabe que ele está fechado no quarto todos os dias e nem fala mais comigo certo? – ela assentiu – Então, e ele está muito grosso comigo. Além de não falar comigo, quando fala, quer me machucar. E eu... – hesitei em dizer – Queria trazer ele de volta pra realidade. Fazer ele voltar a ser o mesmo. Voltar a ser o meu Peeta.

– Oooooooooopa! “Seu Peeta?” Ai meu Deus! – ela sorriu de orelha a orelha. – Só te ajudo se você confessar que gosta dele.

Fiquei olhando-a com uma cara mortífera, mas ela apenas ria. Eu não queria confessar, mas pra que esconder? Delly é minha melhor amiga, sei tudo dela e ela sabe quase tudo sobre mim. Menos o meu segredo e de Peeta e que eu gosto dele.

– Ai tá! Que saco! Eu gosto dele sim, gosto muito. Mas, dói ver ele me tratando assim. E hoje, ele acenou para umas loiras no meio da rua, não acredito que ele virou “amiguinho” dessas piriguetes.

– Ah, Katniss... Sinto muitíssimo por você. Eu posso tentar te ajudar, mas não garanto nada. – ela pegou minha mão por cima da mesa. – Mas preciso analisar a situação. Posso ir dormir na sua casa hoje à noite? Aí eu vou avaliar tudo e pensar em um modo de trazê-lo de volta. E você precisa me contar o que ele gostava de fazer também.

– Pode ser, hoje nossas famílias nem estão em casa e tal... – menti. Eu não gostava de mentir sobre isso com ela, mas era necessário. Eu não iria trair Peeta assim.

– O.k – ela sorriu. – Finnick não para mais de sair com o amigo dele, o nome é Gale Hawthorne. Você conhece?

– Já ouvi falar. – é o namorado de Madge!

– E toda hora esse menino está lá em casa, até é um pouco gatinho, mas ele nem olha pra mim.

– Não sei por que, com esse cabelo loiro maravilhoso que você tem e esses olhos azuis, qualquer um se apaixona fácil. – disse com sinceridade. Delly era linda.

– Uhum, claro! E você com esse cabelo castanho lindo e olhos cinzentos?! Você pode achar que não, mas você também é linda.

“Gostaria que Peeta pensasse assim” pensei. Sorri para ela.

*

Eu e Delly chegamos à porta da minha casa e começamos a ouvir uns risinhos abafados. Abrimos a porta e suspiros vieram do andar de cima. Suspiros, risadinhas abafadas e gemidos.

– Mas que raios é isso? – sussurrei. Delly fez que não sabia e nós fomos subindo as escadas.

– Peeta? Quem está aí? Peeta?!

Subimos e os suspiros continuavam, mas agora com cochichos, vinham do quarto de Peeta.

Buttercup pulou no meu colo e fomos andando até o quarto dele. Bati na porta, mas tudo continuou, ninguém disse nada. Abri a porta devagar e encontrei uma cena que me doeu tanto que eu achei que fosse cair.

Peeta encurralado na parede por uma mulher loira, que estava apenas com as roupas de baixo. Ele estava sem camisa, apenas de calça, ele estava com os olhos fechados, passeando as mãos pelas costas da menina. Ela estava com as unhas vermelho choque no cabelo dele, puxando-os.

Eu paralisei. Pelo jeito, Delly também. Acho que meu queixo estava no chão. Como assim Peeta e essa menina? Como assim ele com alguém? Como assim?

E nós? E nosso trato? E eu e ele?

Ela cochichou algo no ouvido dele que o fez rir. Minha vontade era pular no pescoço dela, mas eu estava imobilizada. Sentia que ia desmaiar a qualquer momento.

De repente, ele abriu os olhos e me viu.


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Notas finais do capítulo

Que tal a mudança drástica da história? u.u
Comentem o que acharam please, obrigada.