O Preço de Uma Guerra escrita por Maya


Capítulo 16
A Última Vez




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1945-Agosto


Minha tia Carole recebeu uma carta.
Logo depois essa carta foi parar nas mãos da minha mãe.
E depois nas mãos de Puck.
E finalmente, nas minhas.
–Você precisa ler isso Rach-Puck me entregou a carta com as mãos tremendo
Caros Sr. e Sra. Hudson
Nós do exército americano temos o pesar de informar que o piloto Finn Hudson foi morto em combate na Itália.
Foi tudo o que li. Tudo o que eu consegui ler. Naquele momento, eu perdi o grande amor da minha vida.


~~*~~


O velório foi uma semana depois, quando o corpo dele chegou a Los Angeles.
A ficha caiu só nesse dia. Eu não consegui acreditar pela carta que eu o tinha perdido para sempre. Não parecia real. Eu estava sentada no banco da varanda do meu quarto enquanto encarava aquela estrela. A minha estrela.


–Não sei o que estou sentindo- sussurrei
–Nem eu- Finn falou no mesmo tom
–Sabe eu... Eu fico me perguntando como eu estou me sentindo mas na verdade eu não sei...
–Você já disse isso- ele sussurrou ao meu ouvido- tenho um presente pra você- ele tirou um papel do bolso
–Tá vendo aquela estrela perto da lua? Não aquela encostada nela, a segunda mais perto- eu olhei para o céu e a encontrei.
–Bom, meu pai tem um amigo na NASA e eles começaram a vender estrelas. Simbolicamente. Dando nome de pessoas a elas.
Ele me entregou o papel.
–Você deu meu nome para uma estrela?-perguntei
–Na verdade eu a chamei de Finn Hudson, pois já existe uma estrela chamada Rachel Berry. E ela está bem aqui... Na terra, brilhando mais do que qualquer outra estrela. Assim, quando você estiver se sentindo sozinha, poderá olhar para o céu e saber que eu estou com você, não importa a situação, ou onde quer que eu esteja. Nosso amor é assim. Perto ou longe, está com a gente.
Eu chorava e nem estava percebendo até ele enxugar minhas lágrimas com os dedos.
–Eu te amo- disse por fim
–Eu também te amo.


Ouvi batidas na porta. Eu ia falar ‘’entre’’ mas as palavras desapareceram. A minha mãe entrou no quarto.
–Rachel?
Não respondi. Apenas olhei pra trás. Ela sorriu com carinho. Tentei sorrir. Não consegui. Naquela época eu acreditei que não seria capaz de sorrir novamente.
–Você está bem?- eu a encarei por alguns segundos até sentir firmeza para falar
–Fico me perguntando isso sabe? Até agora não consegui uma resposta-as lágrimas que eu tentava segurar vieram com tudo- não sei o que sentir mãe. Não sei o que vou fazer... Eu ainda ouço a voz dele tão claramente sabe? Eu me lembro do sorriso dele e... Eu tenho medo de um dia esquecer isso.
–Você não vai esquecer- ela afirmou
–Como sabe disso- questionei com a voz fraca- como sabe que eu não vou me esquecer dele, do seu cheiro ou daquele sorriso com covinhas...- eu comecei a chorar mais ainda
–Eu não esqueci o seu pai- ela abriu um sorriso- até hoje me lembro do cheiro dele- ela me dá um abraço- não importa o que aconteça, não importa quanto tempo se passe. O grande amor da nossa vida nunca nos deixa de verdade. Ele sempre estará com você. Você pode vê-lo em Alice.
Eu a olhei com questionamento ‘’você sabe?’’
E ela simplesmente acenou que sim.
–Eu vejo o seu pai em você.
–Eu te amo muito- eu disse baixinho
–Eu também- ela se levantou- te vejo lá?
Afirmei com a cabeça.


~~*~~


Posso dizer que aquele foi o pior dia da minha vida. Eu o vi deitado, imóvel e completamente pálido dentro de um caixão.
Assim que o vi assim, senti o chão se abrir.
Me aproximei e toquei o seu rosto gelado. As lágrimas saíam descontroladamente dos meus olhos e eu soluçava com muita intensidade. Seus olhos estavam fechados. Eu daria tudo pra ver aqueles olhos castanhos novamente.
Por um mínimo instante, enquanto eu o observava, acreditei que ele abria os olhos.
Eu beijei a sua testa e sussurrei: ‘’Estamos bem’’
Não cheguei a ver o seu corpo sendo enterrado. Eu não seria capaz de ver aquilo. Não seria capaz de ver o homem da minha vida sendo colocado dentro da terra para todo o sempre.
Mas antes de sair, eu o olhei mais uma vez.
É a última lembrança que tenho dele.


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