Caliente escrita por shussan


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

dedicado a Ráffa e beacarvalhosousa, obrigada pelas lindas recomendações
cause baby now we got bad blood



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– Já terminou? – Naruto grita do lado de fora. Bochecho água mais uma vez e saio do banheiro, um pouco tonta. – Nossa, mas você é mesmo fraca – ele faz piada.

– E todo aquele discurso sobre não julgar?

– Você não me disse nada sério, você comeu todo o meu algodão-doce e o vomitou quando saímos.

– Olhe pelo lado bom, eu não vomitei em você.

– Que romântico da sua parte.

Caminhamos até a fila da roda gigante. Eu observo tudo em volta com o maior cuidado, querendo guardar cada centímetro daquele lugar na minha memoria, querendo nunca me esquecer desse dia. “Mas você vomitou, Sakura” você diz, mas gente, você não percebeu que essa é a parte legal? As pessoas nos filmes sempre vomitam quando saem, não é?

– Eu estou me sentindo em um filme, sabia? – eu digo, ainda maravilhada com tudo. – Tudo aqui é tão legal.

– Deixe-me adivinhar: vomitar foi a melhor parte? – não consigo não rir. – E falando em filme, até que você parece uma artista de cinema... Aquelas que se parecem com as mocinhas e fazem o papel delas se jogando de prédios.

– Fofura é seu nome do meio, Naruto.

A fila anda bem mais rápido do que na montanha russa, e logo estamos dentro de uma das cabines na roda gigante. Nelas há lugar apenas para duas pessoas, o que é uma boa noticia. A pintura está gasta e os bancos estão furados, mas não consigo me lembrar de quando vi um lugar tão perfeito.

– Há quanto tempo você conhece a Hinata? – pergunto assim que a roda começa a se mover.

– Nos conhecemos há muito tempo, desde quando estávamos no Japão. – Minha garganta parece fechar.

– Mas você não disse que não tinha amigos lá? – minha voz sai diferente do normal e Naruto se vira para mim, com um sorriso sacana.

– É o que eu estou pensando que é, Sakura? – seu sorriso aumenta. – Sakura, você está com ciúmes da Hinata?

– Não seja idiota, Naruto. – respondo, virando para a janela e observando as pessoas ficarem cada vez menores lá embaixo. – Eu só perguntei por... Bem, porque você falou que “gostava quando invadiam sua privacidade” ou coisa do tipo...

– Eu disse que gosto quando elas se importam comigo. Está dizendo que eu sou importante para você, Sakura? – ele me encara, esperando uma resposta. – Mas nós nos conhecemos tem dois dias! – ele imita minha voz.

– Dois dias e meio.

Ele sorri, se aproximando um pouco mais de mim no banco. O cheiro de seu perfume fica mais forte.

– Se você invadiu minha privacidade, eu posso fazer o mesmo com você, não posso? – ele pergunta, com um sorriso brincalhão no rosto.

– Tenho medo de dizer que sim, mas não acho justo dizer não.

– Isso para mim é um sim – ele diz, sorrindo. – Pergunta número um...

– Espera, número um? Vai fazer um interrogatório comigo?

– Uma pergunta por uma pergunta, justo, não?

– Contra isso eu não posso protestar.

– Certo, como eu ia dizendo, pergunta número um: qual é o seu tipo de cara? – penso durante alguns segundos.

– Eu não tenho...

– Não diga que não tem um tipo de cara – ele me interrompe. – Olhe, deixe-me te explicar... Para você saber qual é o seu tipo, você coloca todos os caras por quem você já foi afim um ao lado do outro, e tudo o que eles tiverem em comum faz com que esse seja o seu tipo.

– Então vai ser completamente impossível saber qual é o meu “tipo”, porque em toda a minha vida eu só fui afim de um cara.

Ele faz uma careta.

– Só um cara? Quantos anos você tem? Doze?

– Certo... Um cara e meio.

– Isso não fez o menor sentido – ele apoia o braço encosto do banco, exibindo os músculos fortes e me dando uma melhor visão dele. Imito sua posição.

– É porque eu não tenho certeza se sou afim do outro cara, por isso ele conta só como meio.

O sorriso dele aumenta ainda mais.

– Hm... Então diga o que esse cara tem em comum com o inteiro. Tenho certeza que ele é muito mais legal e engraçado do que o outro, mas eles devem ter algumas coisas em comum. Esse é o seu tipo.

– Não serve dizer o que eles tem de diferente?

Imagino Naruto e Sasuke um ao lado do outro. Quase tenho uma crise de riso ao tentar achar coisas em comum entre os dois. Encontrar diferenças é muito mais fácil e divertido.

Chego mais perto dele e seguro uma mecha de seu cabelo loiro, o girando entre meus dedos.

– Bem, o inteiro era muito sério e quase nunca fazia piadas, já com o meio é o contrário, ele faz piadas até com coisas sérias, o que não é exatamente uma coisa boa. - eu digo e sorrio comigo mesma. - O inteiro só tinha olhos para o trabalho, já o meio não parece ter a mínima vontade de ter um futuro...

– Ei, eu sei exatamente o que quero para o meu futuro! – ele me interrompe.

– Quem disse que eu estava falando de você? – respondo, rindo. O sorriso dele aumenta.

– Eu tenho todo o meu futuro planejado desde quando cheguei nesse lugar – ele fixa os olhos em mim e se aproxima ainda mais. – Primeiro eu iria encontrar a mulher dos meus sonhos, aquela que todos olham quando passa e que me ama do mesmo jeito que eu a amo.

Ele levanta o braço lentamente e passa a ponta dos dedos pelo contorno de meu rosto, deixando um rastro de fogo em minha pele. Sorri.

– Ela estaria cheia de problemas e não iria ligar muito para mim, mas também não estaria tão segura de si mesma. Então eu mostraria para ela o quanto ela é especial e como fomos feitos um para o outro, e que nada e nem ninguém pode negar isso.

Ele toca a fita em meus cabelos, sua mão tão leve como se fosse apenas uma brisa de verão.

– E logo ela admitiria que também me ama e iriamos nos casar. Depois teríamos um filho e iriamos chama-lo de Minato, e compraríamos para ele um cachorro amarelo chamado Rex. Dali a dois anos mais ou menos, teríamos uma filha. Eu ainda não decidi o nome dela, resolvi deixar essa tarefa para a mulher da minha vida.

Ele olha para mim, e depois para a minha boca. Olha para os meus olhos outra vez.

– Você não acha que esqueceu de uma coisa? – pergunto, enquanto ele aproxima seu rosto do meu. – E o seu trabalho?

– Quem se importa em trabalhar quando pode ter uma mulher como você?

Ele para de se aproximar, nossos rostos quase se tocando, como se esperasse que eu terminasse o trabalho. Seu hálito era quente e se misturava com o meu. Eu não conseguia olhar para outro lugar que não fosse a sua boca. Seus lábios eram levemente rosados e pareciam me chamar.

Fechei os olhos e me aproximei lentamente, minha boca ansiando pela dele...

Paro no mesmo instante, o clima quebrado pelo tranco forte da roda gigante parando. Minha cabeça pousa no ombro de Naruto enquanto eu não consigo deixar de rir. Logo ouço a risada gostosa dele também.

– Sério isso? – ele pergunta para si mesmo.

– Parece que a realidade conspira contra isso – respondo, me afastando. A porta da cabine é aberta.

– Então que ela fique contra, a minha realidade sou eu quem faço – ele responde, piscando para mim enquanto se levanta.

–----

Abro e fecho os olhos. Abro os olhos outra vez. O sorriso não sai dos meus lábios.

Quem se importa em trabalhar quando pode ter uma mulher como você?

O riso flui como se fosse uma cachoeira presa dentro de mim. Flui tão fácil. Por um segundo eu consigo acreditar nele, acreditar em tudo que ele disse. Acredito que ele realmente planejou aquilo. Acredito que nenhum trabalho importa. Acredito que ele faz a própria realidade, e mais ainda, acredito que quero fazer parte dela.

A porta do meu quarto é aberta abruptamente e Ino entra por ela esbaforida, carregando uma panela pequena com alguma coisa que eu não consigo identificar dentro. Ela fecha a porta atrás de si e senta na minha cama, sem dizer uma palavra, sem a menor cerimonia, como se nada tivesse acontecido.

– Você não vai acreditar no que aconteceu – ela diz, os olhos azuis brilhando. Ela me estende uma colher de madeira cheia de brigadeiro.

– Brigadeiro? – pego a colher de sua mão. Ainda está quente. – Parece que o assunto é sério.

– Você não tem ideia... – ela se abana com uma colher vazia, mas logo a enche o máximo possível com o doce. – Eu e o Shikamaru...

– Espera, volta o filme – a interrompo. – Quem é Shikamaru? – ela revira os olhos.

– Ah, vou ter que explicar tudo desde o começo? Certo, eu vou explicar só uma vez, e só porque você é a minha melhor amiga – decido não comentar o fato de estarmos brigadas há mais de um dia. – Shikamaru é o marido da Temari.

Ela espera uma reação minha. Revira os olhos quando não respondo.

– Temari é a irmã mais velha do Gaara.

– Ah, sim, entendi, continue.

– Eu dormi com o Shikamaru.

Fico em silencio durante alguns segundos, tentando absorver aquela informação. Pego outra colherada de brigadeiro.

– Então... Você dormiu com o marido da irmã mais velha do seu namorado? – perguntei.

– Exatamente!

– O Gaara descobriu?

– Não, mas... – ela morde o lábio e não conclui o pensamento.

– Qual o problema, então? – ela não responde, encarando a própria colher de brigadeiro. – Ino, eu nunca te vi assim por ter transado com alguém. O que aconteceu de diferente dessa vez?

Ela continua encarando a colher, com um pouco mais de atenção dessa vez. Tenho uma crise de riso.

– Ino, você está apaixonada? – ela finalmente olha para mim, um pouco sem jeito. – Ah, é claro! Você está apaixonada pelo Gaara e está arrependida por ter dormido com o marido da irmã dele! Eu achei que não fosse viver para ver o dia que alguém fosse te laçar, Yamanaka. Ande, me conte todos os detalhes.

Ela levantou a colher e tirou um pequeno pedaço de brigadeiro da ponta da colher. Cerrou os olhos para a pequena bolinha marrom que parecia brilhar em seu dedo.

– Acho que eu não sou a única que precisa contar alguma coisa.

Ela limpou o máximo que pôde a bolinha de brigadeiro, exibindo um anel prateado cheio de pedras brilhantes.

– Desde quando você esconde sua aliança no meu brigadeiro?

– Na verdade, eu escondi na caixinha de leite condensado.

Como?

– Acho melhor colocarmos o papo em dia.


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Notas finais do capítulo

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