Caliente escrita por shussan


Capítulo 21
Capitulo 21


Notas iniciais do capítulo

cause youre lips, so kissable
and youre kiss, unmissable
and nanana, so touchable,
and youre eyeeeeeees, irresistable



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– Uva ou limão? – Naruto pergunta, me oferecendo dois picolés. Penso durante alguns segundos, mas logo pego o de uva, dando uma pequena mordida.

Continuamos a caminhar lado a lado, seus dedos entrelaçados nos meus. Sorrio com o cheiro de grama molhada enquanto passamos por ela. Sentamos em um banco feito de madeira embaixo de uma árvore. A luz chegava até nós através das folhas, enquanto uma brisa fresca fazia meus cabelos voarem.

Naruto se abaixa e pega uma flor branca. Se aproxima e coloca uma mecha de meu cabelo atrás de minha orelha e coloca a flor ali. Olha para mim e sorri.

– Então você está oficialmente divorciada? – ele pergunta com um sorriso largo e eu mordo outro pedaço do picolé.

Observo as pessoas naquela praça. Famílias faziam piqueniques, usando essa tarde de domingo para estreitar os laços uns entre os outros. Amigos se divertiam jogando comida uns nos outros e jogando frisbees para seus cachorros amarelos.

– Para a sua sorte, sim – respondo. – Essa situação de estar com uma mulher casada já devia estar sujando a sua reputação.

– Ah, é claro que estava. – ele diz, pegando outra flor embaixo do banco e a analisando com atenção. Descansa o braço no apoio do banco e me olha. – Outras mulheres casadas começaram a pensar que isso era só uma brincadeira. Você tem ideia de quantas ligações eu recebi essa semana?

– E você ainda está aqui? – falo, rindo. – Parece mesmo que você não está brincando.

– Como assim? É claro que eu estou brincando – ele responde, tirando cada uma das pétalas da flor e as deixando cair sobre o banco, um sorriso no rosto. – A vida é uma eterna brincadeira. A melhor parte está em decidir com quem brincar até o final do jogo.

– Às vezes eu me pergunto de onde você tira essas frases – ele ri. – Parece que você tem um livro enorme guardado no quarto, e a cada dia que vamos sair, você grava algumas frases, só para me deixar boba.

– Desculpe por te decepcionar, mas eu não tenho nenhum livro no quarto. Só a lista telefônica, para emergências. Eu nunca fui muito romântico... – ele pega a minha mão, afagando-a com carinho, deixando um rastro quente por minha pele. – Mas desde quando te conheci, não sei dizer com certeza o que eu sou e o que não sou.

Ele olha para mim. Durante alguns segundos eu me perco naquela imensidão azul, esqueço onde estamos e tudo o que nos cerca. Esqueço das guerras de comida, dos piqueniques entre família e das brincadeiras com cachorros. Por um segundo, nada mais importa. Só restamos eu e ele, só resta o nós.

– Eu estive pensando... – ele começa, mas não termina a frase. Ri consigo mesmo, coçando a nuca. – Tenho medo de dizer isso e alguma coisa acontecer.

– Estamos sozinhos – respondo, me perdendo em seus olhos outra vez. Sei que tenho um sorriso bobo estampado no rosto, mas não me importo. – Ninguém pode nos interromper.

– O que acha de ser minha namorada? – ele pergunta.

– Não acha que é meio cedo para isso? Quero dizer... – meus dedos parecem coçar, pedindo para serem estalados, mas Naruto os aperta com carinho. – Nós nem nos conhecemos tão bem... Isso não é um pouco precipitado? Acho melhor...

Naruto se levanta, sua mão ainda segurando a minha. Ele me olha, com um sorriso calmo.

– Me concede uma dança? – ele pede.

– Mas aqui não tem música – respondo. Ele me puxa e coloca uma mão no bolso, tirando dali seu celular. Aperta alguns segundos e conecta um fone de ouvido, colocando um em seu ouvido e o outro no meu. Not a bad thing do Justin Timberlake começa a tocar.

– Melhorou? – ele pergunta, sorrindo.

Sorrio com ele, colocando os braços ao redor de seus ombros enquanto ele coloca as mãos em minha cintura. Andamos lentamente para a direita e para a esquerda, sem desviar os olhos um do outro. Tenho vontade de rir ao imaginar a cena de duas pessoas dançando em um lugar sem música, ou que ouvem uma música agitada e a dançam como se fosse lenta.

– Se quiser me perguntar alguma coisa, a hora é agora – ele diz, sua voz nada mais que um sussurro para não atrapalhar a música.

Is not a bad thing to fall in love with me, Justin Timberlake canta, e eu me pergunto se Naruto também pensou nessa música. Não é uma coisa ruim se apaixonar por mim, a letra canta, como se fosse feita para mim, para esse momento.

– Uma pergunta por uma pergunta, o que acha? – respondo, e ele sorri. – Vamos ver... Qual é a sua cor favorita?

– Sério? Você tem uma única pergunta para me fazer e faz essa? – eu sorrio. – Não acha que temos a vida inteira para descobrir esses pequenos detalhes?

– A vida é feita de pequenos detalhes, sabia?

– Você me pegou – ele sorri. – Minha cor favorita é laranja, eu adoro lámem e detesto quando ouvem música no celular sem fone. Está bom de detalhes?

– Por enquanto, sim – respondo, rindo com sua impaciência. Ele falou tudo aquilo como se tivesse passado horas pensando em um roteiro para dizer alguma coisa incrivelmente importante e eu tivesse estragado tudo.

– Certo, é a minha vez... – a música termina e começa outra. Begin Again, da Taylor Swift. – Quais são os seus medos?

– Você já estava planejando isso, não estava? – pergunto, e ele ri, mas não responde. – Certo, isso foi covardia, mas... Eu detesto lagartixas. E cachorros. Eles não são do bem.

– E como fica meu plano de vida? Como eu vou dar um cachorro amarelo para o meu filho se minha mulher tiver medo de cachorros?

– Só uma pergunta, lembra? – ele faz uma careta e eu rio. – Quais são os seus medos?

– Que original – ele revira os olhos. – Eu não gosto de mar, nem de cuecas apertadas, e nem de perguntas sem graça – dessa vez eu reviro os olhos. – Certo. Eu tenho medo de perder as pessoas que eu amo e de receber um não.

– Um não para qual pergunta?

– Um não, qualquer não vindo da mulher da minha vida seria terrível – ele responde, colando sua testa na minha. Sorrio para ele. – Você fez duas perguntas, então... – ele dá uma risada malvada. – Vamos começar com a mais fácil: com quantos caras você já transou?

– Essa é a mais fácil? – pergunto, tentando pensar em qual seria a próxima, mas não consigo pensar em outra pergunta que consiga me deixar tão constrangida quanto essa. – Eu só transei com um cara em toda a minha vida.

– O que acha de mudar isso? – ele responde, rindo. Dou um tapa fraco em seu braço, mas também termino rindo.

– Essa foi uma proposta muito indecente – respondo, tentando soar séria, mas meu sorriso denuncia que eu não fiquei ofendida. – Eu sou uma mulher para casar, isso só aconteceu depois do casamento e só vai voltar a acontecer com o cara com quem eu me casar.

Thinking all love ever does is break, and burn and end, but on their Wednesday, when I look at your face, I watched it begin again, Taylor Swift canta, me fazendo rir outra vez, pensando em toda essa coincidência. Pensando no dia que eu cheguei naquele aeroporto. Uma quarta-feira.

Achando que tudo o que o amor sempre faz é quebrar, e queimar e acabar, mas naquela quarta-feira, quando eu olhei o seu rosto, eu assisti aquilo começar outra vez.

Ele ri.

– Você está tentando me induzir a te pedir em casamento, Sakura? – ele pergunta, sorrindo. – Olha que essa é uma maneira bastante indecente de fazer um cara te pedir em casamento – ele zomba, usando a mesma palavra que eu usei.

– Eu nem pensei em nada do tipo. Sei que não preciso te induzir a nada, daqui a pouco você virá me pedir em casamento por si mesmo. Não economize no meu anel, certo?

– Mas você é muito convencida, sabia? – ele diz, rindo. – Vá, é a sua vez de perguntar.

– Eu não sei o que perguntar! – digo, rindo com ele. – Mas essa nunca falha... Tem alguma coisa sobre o seu passado que você queira me contar?

Ele fica em silencio, seus olhos parecendo me dizer um milhão de coisas. Por um segundo eu imagino ter ouvido a sua voz suave e baixa sussurrando no meu ouvido. Ele me contava tudo, dizia o que tinha acontecido com seu irmão, dizia tudo o que tinha sentido com aquilo e o quanto odiava os Uchiha pelo que fizeram.

Por um segundo eu o ouço confessar tudo. E ele me abraça apertado, chorando baixinho no meu ombro enquanto fala tudo o que sente, e derrama sobre mim tudo o que manteve guardado em seu coração durante todos esses anos. Por um segundo.

– O passado não faz diferença quando se tem todo um futuro pela frente – ele diz e sorri, um sorriso genuíno. Não o tipo de sorriso de alguém que está magoado ou ferido pelo passado. O sorriso mais simples e verdadeiro possível, que me faz esquecer de toda essa história e acreditar que tudo o que importa é o futuro. É o nosso futuro. – É a minha vez de fazer a pergunta... Namora comigo?

– Naruto, por favor, essa não conta – digo, com cuidado.

– Isso é um não?

– Isso é um pedido. Vamos deixar as coisas acontecerem. – Coloco as mãos em suas bochechas, segurando seu rosto, os olhos dele fixos nos meus. – Isso que nós temos... Não é nada parecido com o que os outros têm. Não pode ser nomeado como o deles pode.

Olho para ele e perco o folego, sem acreditar no que eu estou dizendo. Eu estou realmente negando namorar sério com ele?

Não, eu não estou negando namorar sério porque nós já estamos fazendo isso. Estamos fazendo algo muito melhor. Estamos juntos. Apesar de todos os problemas, de todos os empecilhos, da realidade que tentou nos separar, nós continuamos juntos, e com isso nenhum namoro pode competir.

– Então... Por que não casamos? – ele pergunta, me pegando desprevenida. Eu rio de nervoso.

– Ainda é cedo demais para isso, Naruto – digo, e ele coloca suas mãos sobre as minhas.

– Não, não é. Você mesma disse, o que temos não pode ser nomeado. Eu sei o que eu sinto por você, e sei que tudo o que eu mais quero é passar a vida inteira ao seu lado. O que nós sentimos não pode ser nomeado, mas por aqui, quando as pessoas se amam assim, elas se casam. E isso que eu sinto por você... Eu nunca senti nada parecido por mulher nenhuma, eu... eu te amo, Sakura.

Ele coloca as mãos em minha nuca e me puxa para um beijo. Sinto minhas pernas tremerem e perco todo o ar que tinha em meus pulmões. Quando nossas línguas se tocam, é como se não existisse mais o nós, como se a partir daquele momento fôssemos apenas um.

O puxo mais para perto, acabando com a distância que existia entre nós, querendo que aquilo nunca mais acabasse. E por que teria que acabar? Ele me ama.

– Eu também, Naruto – digo, e respiro fundo para recuperar o ar. Rio comigo mesma. – Eu também te amo.

Ele coloca uma mão no bolso e tira de lá um anel prateado grosso com o formato de luas entalhado nele, muitas luas, todas grudadas umas nas outras e contornadas por fios dourados. O coloca entre nós, bem diante dos meus olhos. Consigo ler nitidamente as palavras impressas no interior do anel: Uzumaki Sakura, para todo o sempre.

– O que acha de usar esse anel por um tempo? – ele pergunta, sorrindo para mim.

– Por quanto tempo? – pergunto, enquanto ele pega a minha mão e coloca o anel ali, sem esperar que eu dissesse a resposta. Porque eu não precisava dizer nada, o que tínhamos era muito mais forte do que palavras.

– Não sei, uns cinquenta, setenta anos... Talvez o resto de sua vida, o que acha?

Penso durante um segundo, imaginando como seria viver o resto de minha vida com Naruto. Acordar todos os dias e ele ser a primeira coisa que eu vejo. Ter que aturá-lo mesmo quando ele está de mau-humor, ou irritado, ou de TPM. Não poder sair com mais ninguém e nem dar em cima de garotos de programa contratados por garotas malucas.

– É, pode ser legal.


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Notas finais do capítulo

talvez, pode ser legal até
coments?



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