Brooke Dunst escrita por Poliliana


Capítulo 4
O Estranho




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Eu senti meus olhos arderem de sono na ultima prova do ano. Tinha certeza que havia ido bem na maioria das provas, mas foi uma semana angustiante.

Não esperava mais que Aaron voltasse, e se voltasse também, não sei se o perdoaria por te sumido e me deixado no momento mais decisivo da minha vida. Ele havia me trago tantas felicidades e esperanças, que eu não conseguia esquecê-lo nem se quer um momento. E eu me sentia tão triste e andava chorando tanto aqueles dias, eu não conseguia evitar aquele sentimento tão ruim que era a falta que ele me fazia.

Ele não voltaria, pelo menos não para a escola. Talvez ele tivesse ido embora da cidade sem de despedir. Talvez ele tenha desistido de mim, ou achado alguém melhor.

Eu havia me isolado um pouco das minhas amigas, elas entenderam meus motivos, mas ninguém é obrigado a suportar uma zumbi reclamona como amiga. Eu as entendia, por isso preferia ficar sozinha.

Eu terminei a prova e fui direto para casa, meus pais já havia desistido de achar meios pra me animar, mesmo sem saber o que estava acontecendo. Não contei pra eles o que havia acontecido, nem queria que eles se preocupassem provavelmente aquilo foi um engano na minha vida.

Aquela noite eu tinha a apresentação de balé no teatro nacional e depois tinha a festa que minha mãe havia programado para comemorar minha apresentação e o final do meu ensino médio, mas eu me senti tão fraca e tão sem vida que nem tinha vontade de ensaiar.

Não levei muito tempo pra me arrumar e sair de casa, eu não gostava de ter tempo pra lembrar dos nossos dias juntos. Fui para a galeria, mas logo tive que voltar minha professora não me deixou ensaiar, disseram que era melhor eu descansar e esfriar a cabeça, mas era justamente isso que eu não sabia como fazer.

Decidi correr no parque, pra me distrair um pouco. Vesti uma calça de moletom e uma blusa branca com um top por baixo e amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo. Ninguém me perguntou aonde eu ia, evitando mais um dos meus ataques de mal humor.

Cheguei no parque e me alonguei, já com o fone do meu Ipod no ouvido no ultimo volume, pra nenhum tipo de barulho me atrapalha e pra tentar espantar as lembranças dele também.

Como se adiantasse, não demorou muito para eu lembrar do dia em que passamos por ali para ir à casa dele. Fiquei tentando entender por que ele havia sumido assim, sem nem mesmo deixar um tchau. Ele poderia pelo menos ter terminado o namoro, assim eu não ficaria tão em duvida se ele voltaria.

No meio desses malditos pensamentos e acabei tropeçando e me esborrachando no chão.

- Mas que merda. – Levantei limpando minha calça e pegando meu Ipod que havia caído.

- Você está bem? – eu ouvi uma voz estranha falar acima de mim. Olhei rapidamente.

- Eu pareço estar bem? – respondi mal educada.

- Desculpa, foi uma pergunta idiota. – disse ele me ajudando a levantar.

- Tudo bem. – disse secamente tentando me livrar das mãos dele.

- Está tudo bem mesmo? Não quer nenhuma ajuda? – foi ai que eu percebi que ele tinha um sotaque britânico.

- Não, eu sei me virar, obrigada. – eu evitei olhar para ele e me virei indo para o meu carro.

Já estava na hora de voltar mesmo, eu precisava me arrumar e ir para a galeria encontrar o resto do grupo. Cheguei em casa e fui para meu quarto tomar um banho e arrumar minhas coisas. Meus pais deveriam estar se arrumando também para ver a apresentação, então eu resolvi nem ir lá.

Minha mãe logo apareceu na porta do quarto para me perguntar que horas eu iria sair. Ela estava absolutamente linda, com um vestido azul claro longo que marcava seu corpo muito bem e uma echarpe delicadamente bordado caindo em seus braços.

- Daqui a pouco eu saio, vou só pegar minhas coisas. – Disse enquanto guardava minhas maquiagens na bolsa.

- Você vai estar perfeita, tenho certeza. – ela sorriu para mim.

- Obrigada mamãe. – Eu fui até ela e a abracei, eu nunca havia visto minha mãe me abraçar com tanto calor. Fiquei triste em pensar que eu havia a afastado tanto.

-Eu te amo. – Ela disse me soltando.

-Eu também mamãe.

Um ônibus levou o grupo para o teatro e nós fomos direto para o camarim, lá começou a confusão. Eu sentia meu cabelo e meu rosto passando de mão em mão ate terminar todos os detalhes do figurino.

E logo foi o vestido e por ultimo a sapatilha. Alonguei-me rapidamente com o resto das dançarinas que vestiam um clássico figurino do balé, com a saia rodada e um tom de azul escuro e muito curta e elas usavam um coque no alto da cabeça. Eu era a única diferente e a mais destacada.

Eu usava uma saia branca com 4 camadas transparentes que juntas formavam um caimento leve e esfumaçado, um espartilho azul da cor do céu que tinha leves sombras de flores e era forrado com seda azul e no meu ombro caiam alças delicadas da mesma ceda do espartilho. Minha sapatilha era branca assim como a meia. Meu cabelo era afastado por uma tiara prata, que imitavam pequenas folhas, e caia em cachos até meu ombro.

Eu já haviam e acostumado com o publico, depois de tantas apresentações, então o nervosismo já não me atingia tanto. Lógico que eu sentia aquele frio na barriga e certo medo, mas nada que fosse me atrapalhar.

As cortinas se abriram e eu vi a única coisa que não esperava. Ele estava na primeira fileira, vestido em um terno preto e com a blusa social branca com os primeiros botões abertos. Eu hesitei, mas logo me posicionei e tentei esquecer todo o publico inclusive ele.

Era fácil me desconectar de tudo quando eu dançava então ele não me veio à cabeça até o final da apresentação. Quando eu fiz o comprimento final ele não estava mais na fileira.

Pensei que havia tido uma visão, pelo jeito tinha sido um sonho ou algo assim. Mas todos esses pensamentos se foram quando cheguei ao camarim e o vi lá, com um enorme buque de rosas azuis. Tive vontade de correr e voar no pescoço dele, o que ele pensava? Que seria simples assim? Mas eu simplesmente parei em sua frente e cruzei os braços.

- Você esteve perfeita, eu vi poucas bailarinas que interpretam tão bem o seu papel em um espetáculo. – ele sorriu o meu sorriso preferido.

Eu permaneci calada e séria olhando para ele.

- Eu conheci sua mãe, ela é muito agradável. Eu pedi um tempo pra conversar com você antes que volte para casa. Ela disse que nos espera lá. – Ele me entregou as flores e deu um passo pra trás. – Preciso muito conversar contigo, mas preciso de um lugar calmo. Espero-te lá fora, no meu carro.

Então ele virou as costas e saiu. Senti-me em pedaços quando ele fechou a porta. Por que eu era tão burra? Eu deveria ter dito o que eu sentia que eu estava mal e ele tinha me deixado assim.

Tirei a minha roupa da apresentação e vesti o vestido que eu havia programado para aquela noite. Era um vestido preto que ia até o começo do meu joelho e tinha apenas uma alça feita por um tecido que imitava pequenas flores. Usava uma sapatilha baixa, pois eu odiava salto alto.

Foi me dando um nervosismo quando eu andava no estacionamento até ele, que me esperava encostado em seu carro. Ele abriu a porta do carona e eu entrei calada, ainda controlando meus sentimentos. Naquele momento eu quis chorar e gritar, mas apenas abaixei a cabeça.

Ele me levou ao lugar onde nos beijamos a primeira vez, aquilo era golpe baixo e eu fiquei mexida com aquele lugar, mas eu não pretendia me deixar levar por isso.

Ficamos frente a frente um pro outro, como da primeira vez, e eu vi seus olhos duros e tristes.

- Eu te devo muito mais que isso. – ele disse me olhando, sério. - Mas se eu tentasse te dar uma explicação coerente a vida real, eu mentiria. Eu só te peço que me perdoe e tente me entender.

- Você não acha que isso é pedir demais? – eu disse seca, ainda tentando me conter.

- Por favor, meu amor? Eu quero te contar tudo, mas esse não é o momento. – Ele se aproximou, levando a palma da mão ou meu rosto.

- Me deixa ver se eu entendi. – já era, agora não dava mais. – Você acha mesmo que vai sumir da minha vida, me deixar feito uma louca pensando mil besteiras, não atender o celular nem pra dizer que está bem e depois disso tudo trazer um buque de rosas idiota e me pedir pra fingir que ta tudo bem? – nesse momento eu já estava quase gritando. – É isso? E o que mais você quer? Um cafezinho? Ou uma aguinha?

- Não precisa ser grossa.

- Eu estou sendo grossa? E aquele dia na sua casa, einh? O que foi aquilo?

- Esse é um dos motivos pra eu ter sumido. – ele disse sério, mas calmo. Aquilo me irritou ainda mais.

- O que? Você não consegue ter uma namorada? Então não é culpa minha.

- Para com isso. Você não tem a menos noção do que está acontecendo.

- Lógico, você não me diz. O que você acha? Que eu sou alguma tapada?

Eu senti seus lábios gelados nos meus tão rápido que me fez esquecer tudo o que eu estava protestando. Senti seus dedos me apertarem na cintura e me puxando para ele, até que não houvesse distancia entre nós. Eu esqueci a raiva, a tristeza e todos os meus argumentos, esqueci até que eu era.

Ele demorou um pouco pra parar o beijo, mas parou e eu lamentei aquilo. Mas não me soltou, ele ainda me segurava pela cintura com força, me impedindo de sair, até se eu quisesse.

Ele aproximou os lábios do meu ouvido e disse baixinho e seu hálito me causou arrepios.

- Eu amo você, eu daria e faria qualquer coisa por você, eu seria a sua vida se você quisesse. Eu perderia a minha vida por você se você quisesse. – As palavras dele saíram leves e, principalmente, verdadeiras. – Você faria o mesmo por mim? Você trocaria tudo por mim?

 Eu vi que aquilo era sério, eu vi que não era brincadeira. Mas eu sabia que também o amava e só aquele tempo que eu tinha passado sem ele já era o bastante para ter certeza que eu preferia qualquer coisa, até a morte, do que ficar sem ele.

- Me ofende essa pergunta. – eu disse tristonha, mas bem mais calma. – Mas eu acho que sem esse tempo que você esteve longe eu não saberia responder essa pergunta. E a resposta é que sim, se eu tivesse que trocar algo pra ficar com você, eu trocaria.

- Meu amor. – Ele sorriu levemente e encostou os lábios frios em minha testa. – Você pode esperar até mais tarde? Eu quero te levar pro meu apartamento e ai eu explico tudo.

Eu disse que sim com a cabeça e ele abriu meu sorriso predileto, o que eu mais senti saudade. Eu fiquei na ponta dos pés e lhe dei mais um beijo, explorando tudo o que eu podia.

Logo ele se afastou e nós fomos para casa juntos, todos os meus amigos estavam lá e os amigos do papai e da mamãe. A primeira pessoa que veio a mim foi minha mãe.

- Filha! – Ela veio com os braços abertos – Você encontrou seu amigo. – ela olhou para Aaron e sorriu.

- Namorado! – ele disse sorrindo, não dava nem pra discordar com ele sorrindo daquele jeito.

- Huum, que lindos! – Ela voltou o olhar pra mim. – Filha, tem alguém querendo te conhecer.

Uma mulher alta e com os cabelos pretos apareceu ao lado de minha mãe. Ela vestia um vertido lindo e vermelho de seda, que caía tão perfeitamente em seu corpo escultural. E a conhecia, qualquer bailarina que se preze a conhecia, era Polina Seminova, um das maiores bailarinas do meu tempo. Ela sorriu e me cumprimentou.

- Olá querida, meu nome é Polina Seminova, como está?

- Prazer, Brooke. Sou uma grande fã sua. Estou bem, e a senhora?

- Estou bem, mas não me chame de senhora, por favor, me sinto uma velha. Eu vi sua apresentação, você tem futuro garota.

- Obrigada! – eu disse sorrindo. – É realmente uma honra receber um elogio assim de uma dançarina como você.

- Por nada, querida. O que você acha de conhecer a minha companhia de dança, eu acho que você vai gostar podemos te ajudar no mundo da dança, como uma grande bailarina.

- Ah! Seria um prazer, mas eu não tenho a intenção de me tornar dançarina profissional.

- Isso é uma pena querida, mas você poderia ensaiar algumas vezes conosco, as vezes você muda de idéia.

- Com certeza, podemos combinar.

A festa se arrastou até umas 2h da manhã e aquilo não me incomodava nem um pouco, pois ele estava ali, do meu lado. Agora eu me sentia protegida outra vez.

Quando não havia quase ninguém na casa, apenas alguns amigos do jornal do meu pai, Aaron me levou até um canto e sussurrou em meu ouvido.

- Espere por mim no seu quarto, eu vou voltar pra te pegar quando todos estiverem dormindo.

Então ele me beijou delicadamente e foi se despedir dos meus pais. E eu fui logo atrás, me despedir também e subir para me arrumar.

Quando sai do banho não havia mais nenhum barulho na casa, então eu fui para meu closet e peguei uma roupa quente o bastante para que não passasse frio se ele resolvesse sair para algum lugar.

Assim que voltei pro quarto ele estava sentado na minha cama, me esperando. Ele sorriu a me ver e veio até mim.

- Como você veio parar aqui? – eu falei baixinho.

- Tenho meus métodos!

- Você costuma invadir quartos?

- Só o seu. – ele riu e me beijou.


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