Brooke Dunst escrita por Poliliana


Capítulo 3
Estado Neutro.




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Aaron me levou em casa aquela noite e combinamos de nos encontrarmos no sábado pela manhã, ele queria me mostrar onde ele morava e depois íamos estudar na biblioteca da cidade. As provas estavam chegando e nós queríamos estar preparados.

Meus pais tinham ido ver o hotel no campo, onde seria o desfile da mamãe e provavelmente iriam voltar apenas na segunda pela manhã. James não quis ir e ficou na casa de um amigo dele.

Eu acordei com Aaron me ligando.

-Alô?  - eu disse com uma voz rouca de quem acabou de acordar.

-Oi, eu te acordei? – Disse ele com um ar divertido.

- Acordou. – eu disse quase gemendo.

- Desculpe, mas é que eu estou ansioso pra te ver. Que horas você quer que eu vá te pegar?

- Quantas horas são?

- Umas 9h30. Você dorme demais.

- 9h30? – eu não acredito que ele me acordou essa hora num sábado, pensei. - Pode me buscar umas 10h30.

-Ok. Estarei ai 10h30, em ponto. Beijos.

-Beijos.

Levantei-me sem nenhuma vontade e fui cambaleando até o banheiro, eu estava parecendo mais um zumbi, levei até um susto quando me olhei no espelho. Comecei a encher a banheira e fui tirando o pijama enquanto isso. A água estava tão quentinha que nem dava vontade de sair, acabei demorando um pouco demais no banho. Mas quando saí eu pelo menos estava acordada.

Vesti uma bata vermelha com as mangas longas, uma calça jeans escura e uma bota bege de couro. Quando eu estava terminando de tomar meu café escutei a campanhinha tocar. Carlotta passou por mim e foi atender a porta.

- Se for o Aaron pode falar pra ele vir aqui na sala de jantar. – disse quando ela passou por mim.

Depois de alguns minutos ele entrou na sala de jantar com aquele sorriso encantador.

- Oi bela adormecida. – Ele veio ate mim e me deu um selinho, depois se sentou numa cadeira vazia.

- Você poderia ter me acordado com um beijo, iria se mais feliz do que com um telefonema.

- Quem me dera. – ele riu enquanto falava. – Eu ainda não aprendi a invadir casas para acordar donzelas.

- A porta seria uma boa idéia. – eu falei rindo.

- Desculpe. Da próxima vez eu venho te acordar pessoalmente.

Logo eu terminei o café e fomos para o apartamento dele. Era um lugar bastante masculino, já que só ele morava lá. O moveis eram na maioria modernos e escuros. Tinha muito preto e verde musgo, mas era aconchegante.

Na sala tinha dois sofás e duas poltronas pretas, sobre um tapete verde musgo e logo na frente uma TV grande, sobre uma estante marrom. A parede à direita da porta era grafitada, com um desenho de um homem tocando saxofone, na frente da porta tinha uma porta que ocupava toda a parede e dava para a sacada, ela estava coberta por uma cortina verde musgo meio transparente. No canto esquerdo da sala tinha a cozinha, que era separada da sala por um pequeno murinho que servia como mesa, a sozinha era toda em branco com preto. Ao lado direito da cozinha tinha um corredor, que levava a sala até os quartos e o banheiro social.

O quarto dele era muito organizado. Tinha uma cama de casal, feita de ferro e pitada de preto, do lado direito tinha uma mesinha também de ferro e preta. À frente da porta tinha a janela, com as cortinas verdes como as da sala e na parede onde estava a porta, bem ao seu lado, tinha duas estantes pregadas na parede, onde tinham vários livros. E por fim, no lado esquerdo da cama, tinha um saxofone apoiado na parede e um tripé com cifras de musicas

Eu me senti confortável naquele lugar. Como se eu estivesse em casa e principalmente acolhida, não sei se isso era por causa do carinho dele ou se era por causa do ambiente da casa.

Fomos para a biblioteca estudar e ficamos por lá um bom tempo. Apesar de demorarmos a sair ainda não havia anoitecido e eu estava meio faminta. Aaron não estava com fome, mas aceitou me levar na lanchonete para que eu comesse alguma coisa.

Era incrível com ele nunca sentia fome, acho que ele comia antes de sair comigo, só podia ser. Enquanto eu comia, ele estava me cotando sobre o seu tio, com quem vivia em Nova York antes de vim morar no Canadá.

- Nós sempre fomos muito unidos, – disse ele a respeito do seu tio, enquanto eu abocanhava um hambúrguer. – Mesmo antes de morrer...

-Antes de morrer? Ele morreu? – Eu disse confusa, ele não disse que seu tio tinha morrido. Quem era o tutor dele então?

- Ah! – ele ficou meio desajeitado. – Eu disse isso? Desculpe. Eu quis dizer antes dos meus pais morrerem.

- Hum... – Me pareceu convincente, eu não duvidei que ele tivesse falando a verdade.

- Sabia que você tem sido a melhor coisa da minha vida? – Ele abriu um largo e lindo sorriso.

Eu tive certeza que havia ficado corada. Engoli rápido o pedaço de hambúrguer que estava na minha boca e tentei sorri meio desengonçada. Ele riu da minha reação.

- Se você quiser, eu evito falar isso, se te constranger. – Ele se aproximou o um pouco e passou a mão no meu rosto.

- N..ão... – eu disse meio nervosa. – Eu só não to acostumada com esse tipo de comentário... Eu fico meio que sem saber o que dizer.

- Não precisa dizer nada. Só importante pra mim que você saiba que mesmo que a gente não se conheça muito, você já é muito importante pra mim, pra minha vida. Quando eu to com você é quando eu me sinto mais vivo e completo. – Ele beijou a minha cabeça e passou um dos braços em minha volta.

Eu levantei minha cabeça e o olhei sorridente, apesar de um tanto sem graça.

- Não está muito tarde. – ele olhou pra janela enquanto falava. – Podemos ver um filme lá em casa se você quiser. Tem alguns DVDs lá, mas podemos locar também.

-Quero sim. Vamos locar um, você já deve ter visto todos que tem na sua casa. – eu deixei um pedaço do hambúrguer no prato, eu não agüentava mais. – podemos ir agora, eu não agüento mais comer. Desse jeito eu vou acabar engordando.

- Então vamos, tem uma locadora logo ali, do outro lado da pista.

Fomos para a locadora e ficamos lá um bom tempo, foi difícil acharmos um filme só, queríamos levar um monte.

- Olha esse – eu disse com uma caixinha de filme. – ‘Quatro amigas e um jeans viajante. ’ Berry disse que é bom.

- Claro amiga, acho que temos que comprar um jeans pra nós. – ele disse imitando uma mulher.

- Definitivamente. Não. – eu disse rindo.

-Esse? – ele pegou um filme com uma capa muito macabra, cheia de sangue e dentes, me fez tremer só de olhar.

- Deus que me livre. – fiz o sinal da cruz enquanto me virava.

Eu senti suas mãos deslizarem em volta da minha cintura e me abraçar, encostando minhas costas no peito dele. Fiquei meio atordoada com aquele abraço repentino.

- Desculpe! – disse ele no meu ouvido. – Eu não quis te assustar. Não vamos ver nenhum filme de terror.

- Tudo bem! – eu me senti meio culpada, a voz dele parecia tão arrependida. – Eu tenho bobeira com essas coisas, acabo tento pesadelos.

Eu senti seu corpo relaxar, acho que ele tinha se sentido menos culpado. Achei uma besteira ele ficar tão atordoado com aquilo, mas não me liguei muito nisso.

Olhamos para frente ao mesmo tempo e havia um filme que parecia ser bom, eu o peguei na mão e coloquei ao alcance dos meus e dos olhos de Aaron. Senti um movimento nos meus cabelos, parecia que ele tinha sorrido.

- ‘Marley e eu’? Tem uma capa legal, talvez seja bom.

- Vamos levar esse então, eu também gostei. – Eu disse sorrindo.

Quando chegamos ao seu apartamento ele arrumou o sofá e trouxe uma coberta, onde eu fiquei embrulhada sozinha, já que ele não estava com frio. Ele colocou o filme e se sentou do meu lado, me envolvendo em seus braços. Aquilo me fez agradecer pela coberta.

Ao decorrer do filme eu fui percebendo que ele não estava muito atento ao filme. Eu percebia os olhos dele na minha direção o tempo todo. Às vezes ele beijava minha cabeça, ou meu rosto. Eu virei algumas vezes para olhá-lo, mas eu apenas sorria e olhava de volta para o filme.

Eu ficava um pouco sem graça de ficar daquele jeito com ele. Parecia tão intimo, tão próximo. Eu tinha medo de acontecer algo que eu não quisesse. Mas eu confiava nele, eu sentia que ele não seria capaz de me machucar de nenhum modo.

Quando o filme acabou ele passou os dedos em volta do meu rosto e o virou para ele. Eu vi seus olhos cinza, felizes, mas ao mesmo tempo sério. Ele era muito lindo, sua pele parecia veludo de tão macia.

Senti-me tão venerável naquele momento, mas me senti feliz por estar com ele, talvez ele me fizesse sentir assim para me proteger do resto. Eu não tinha medo dele, não como homem, eu sabia que ele me respeitaria em todos os momentos.

Ele se aproximou seu rosto do meu lentamente, medindo cada movimento que fazia. E logo eu senti seus lábios gelados tocarem os meus com cuidado, fazendo eles se abrirem.

Seu cheiro forte me invadiu muito intensamente, aquilo me deixou totalmente desorientada. Seus dedos se enrolaram em meus cabelos e me puxaram para mais perto dele. Eu não resisti. Soltei-me do cobertor e passei os braços em volta do pescoço dele, me aproximando mais.

Ele começou a aumentar a intensidade do beijo o que me fez afastar um pouco, mas ele veio junto. Ele me encostou no braço do sofá e começou a beijar mais violentamente, o que me assustou um pouco.

Aaron se afastou rapidamente, parecendo ter feito algo errado. Quando ele se afastou um pouco eu vi seus olhos, eles estavam muito escuros, um cinza quase preto.

- Seus olhos... – eu gaguejei, erguendo uma das minhas sobrancelhas.

Ele se levantou subitamente e foi para o seu quarto quase que correndo. Eu fiquei sentada, olhando os créditos do filme passar. O que foi isso? Perguntei-me.

Escutei alguma coisa cair no quarto e levantei num pulo, Fui correndo até a porta e tentei abri-la, mas estava trancada, então eu bati levemente na porta.

- Aaron? – eu disse um pouco mais alto para que ele me escutasse. – Você está bem? O que aconteceu ai? Por favor, abre, eu estou preocupada.

Eu não escutei nada lá dentro por um tempo. Só um leve ruído e depois voltou o silencio.

- Aaron, por favor. Eu estou preocupada... Pelo menos me responde. – eu estava quase tremendo.

Ele abriu a porta e ficou exatamente na minha frente. Os olhos dele haviam voltado ao normal, mas seu rosto estava muito triste e parecia estar com raiva também.

Ele passou por mim, sem dizer nada, e foi pra sala desligar a televisão.

- Você está bem? – eu perguntei, indo para a sala.

- Vou te levar em casa agora, tudo bem? – ele disse sem me olhar, dobrando a coberta.

- Tudo bem. Eu só queria saber se você vai ficar bem...

- Sim, estou bem. – ele me interrompeu em um tom frio.

O caminho até minha casa foi quase todo o tempo em silencio, as coisas pareciam ter ficado pesadas demais. O que eu não entendia era que foi ele que havia me beijado daquele jeito, por que ele estava com raiva.

- O que está acontecendo? – eu disse quando ele parou o carro na frente da minha casa.

- Nada. – ele olhou para a janela, evitando meu olhar.

- Aaron, é lógico que aconteceu alguma coisa. Você veio calado toda a viajem.

- Não é nada. – ele disse em um tom ignorante.

- Ótimo então! – eu sai do carro e bati a porta.

Quando eu dei meus primeiros passos em direção a porta eu senti algo gelado segurar meu braço. Virei-me para ele e ele estava com uma cara de cachorro sem dono, parecia que poderia chorar a qualquer momento.

- Me desculpe Brooke. Você não sabe o que... – ele parou de falar subitamente.

- O que eu não sei? – eu perguntei, olhando pra ele.

- Eu não queria te desrespeitar, me desculpe.

Ele beijou minha testa e foi para o carro, partindo logo depois.

Fiquei ali pensando um tempo, mas logo entrei e fui direto para meu quarto, sem falar com ninguém. Depois que tomei banho foi me deitar e vi que havia uma mensagem dele. Dizia apenas ‘Desculpe-me, juro que não cometo o mesmo erro. ’

Eu não entendia, foi só um beijo. Pelo menos pra mim foi só um beijo. Tudo bem que ele tinha exagerado um pouco, mas não aconteceu nada.

Naquela noite eu tive o mesmo sonho de antes, eu estava na cama coberta pelo lençol de seda. Mas havia mudado alguma coisa, agora ele não me beijava, era como se nós discutíssemos. Eu não conseguia saber o que falávamos, mas eu parecia estar muito irritada.

Acordei assustada, eu odiava ver aquele tanto de sangue no final do sonho. A noite passada ainda me atormentava, por que ele ficou tão irritado? Foi só um beijo.

Ele não apareceu nem pela manhã, nem pela tarde e muito menos pela noite. Não ligou nem deu noticia. E quem dera tivesse sido somente no domingo, mas foi toda a semana.

Eu tentei ligar pra ele muitas vezes, mas só dava na caixa de mensagens. E no terceiro dia desisti de deixar recados na caixa postal.

Eu não podia me atrapalhar com isso, faltava apenas uma semana para as provas finais e eu tinha que me dedicar ao máximo se eu quisesse mesmo entrar em alguma boa faculdade.

E também não queria esperar, apesar de estar sofrendo muito. Por que será que na primeira vez que eu resolvo ficar com um garoto ele some? Essa pergunta me irritava muito.

Eu não estava conseguindo nem dormir direito, toda noite eu acordava atordoada com os sonhos que eu tinha com ele. Apesar disso não ter me abalado nos estudos, eu me sentia muito inútil e frágil, mas agora, eu não tinha ninguém pra me proteger.


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