Brooke Dunst escrita por Poliliana


Capítulo 2
Quarta dimensão.




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Agora faltavam apenas dois meses para o final do ano letivo, faltavam apenas cinco semanas para o começo da semana de provas e depois dos resultados estaríamos liberados para programar o baile de formatura.

Eu havia sido aceita em Princeton, Oxford e Cambridge. Eram todos longes da minha casa e da minha família, então ainda não me decidira. Eu esperava a resposta de mais quatro universidades, duas no Canadá, uma nos Estados Unidos e outra na Inglaterra. Mas eu ainda não tinha idéia de pra onde ir.

Tudo estava meio confuso na minha cabeça. Sair de casa e de perto dos meus pais parecia uma idéia meio assustadora a primeira instancia, eu sei que a maioria dos jovens da minha idade queria mais era entrar em uma universidade e ser livre, mas ainda era muito estranho para eu pensar em ficar longe da minha casa. Talvez seja porque eu sempre fui unida demais com minha família.

Eu sabia que agora eu teria que andar sozinha, com minhas próprias pernas, sem ter meus pais para me ajudar, isso me assustava. Não que eu fosse uma menina mimada que não sabia sobreviver longe do luxo da minha casa e longe da mamãe, mas eu sentiria muita falta daquele conforto todo.

Levantei-me atrasada naquela segunda feira, meu celular havia descarregado no meio da noite e não despertou para me acordar. Eu estava distraída aqueles dias, as respostas das faculdades me deixavam ao mesmo tempo nervosa e animada.

Eu sentia que aqueles dois últimos meses no colegial iriam ser uma loucura. Primeiro porque eu estava estudando que nem louca para as provas finais e depois porque faltava o mesmo tempo para a apresentação do espetáculo de balé e como eu era a principal dançarina do espetáculo, então eu tinha que ensaiar o dobro. Noite passada mesmo, em pleno domingo, eu havia ficado até as 2h da manhã no estúdio ensaiando.

Não me lembrava mais do garoto, ele nunca mais apareceu, nem no estúdio nem em lugar nenhum. Eu cheguei até a pensar que havia sido coisa da minha cabeça, ilusões por causa do cansaço.

Eu me vesti rapidamente e sai sem tomar o café da manhã. Quando passei pela sala percebi que não havia mais ninguém em casa, foi ai que me toquei o quanto estava atrasada.

Cheguei ao colégio já estava quase no meio do primeiro horário. Custou um pouco para me deixarem entrar na portaria, mas logo me deixaram passar e com a professora de inglês era mais fácil.

Sentei-me ao lado de Anne, no lugar de sempre e Berry estava sozinha nas mesas da frente. Tirei livro e o caderno, apressada, da mochila, para a professora não reclamar de nada e comecei a copiar as anotações que estavam no quadro.

Não havia passado muito tempo que eu tinha chegado, quando eu ouvi alguém chamando a professora na porta, mas não olhei para ver quem era eu estava bastante concentrada respondendo as perguntas do livro que a professora tinha mandado fazer.

- Ei garotas! – Disse Berry baixinho, se virando para nos olhar – Olha finalmente um aluno novo bonito!

 

- Aluno novo? – Levantei a cabeça meio confusa, era muito tarde para um aluno novo entrar no colégio, o ano já estava acabando.

Havia um garoto na frente da classe, entregando um papel a professora, provavelmente a autorização que dizia que ele era novo aluno no colégio. Ele era alto, forte e muito, muito mesmo, bonito.

A professora se virou para a classe e o apresentou.

- Classe! Esse é o nosso novo aluno, seu nome é Aaron Kalil. – ela se virou para ele e apontou para o lugar vago ao lado de Berry – Pode se sentar ali, querido. – Ela disse educadamente.

- Obrigado! – ele disse com uma voz firme, mas educada.

Quando ele veio andando com passos simétricos, parecia que estava num dos desfiles da mamãe, ainda mais com aquela roupa. Ele conseguiu modificar o uniforme de um jeito que minha mãe iria aprovar totalmente, colocou a blusa social pra fora da calça e abriu os primeiros botões da blusa, deixando a gravata larga.

Ele aparentava ser velho demais pra estar no ultimo ano do colegial, ele parecia um garoto do segundo ou terceiro semestre da faculdade. O garoto sentou-se elegantemente na minha frente, foi ai que seu cheiro invadiu minhas narinas como uma droga. Ele tinha o melhor perfume que eu já tinha sentido em toda minha vida, era uma mistura de hortelã com alguma coisa muito forte e nada doce.

Anne e eu nos entreolhamos na mesma hora, sabíamos exatamente o que a outra pensava, então sorrimos e ela voltou a fazer o questionário. 

Eu olhei de volta para o garoto, Aaron e comecei a observá-lo.  Era incrível como ele era simétrico até de costas, seu cabelo era muito preto, o que contrastava com a pele branca. Dava pra ver seus músculos debaixo da blusa social, que não estava nem muito apertada, nem muito larga.

Não consegui tirar os olhos dele por um tempo, desejava que ele olhasse pra trás. Arrependi-me no mesmo momento de ter desejado isso. Ele virou o rosto na minha direção e me encarou, foi nesse momento que eu reparei nos seus olhos. Era um tom de cinza muito claro, quase branco, e parecia ter umas rajadas azuis.  E eram muito profundos, dava medo.

Eu não consegui desprender meus olhos dele por uns minutos, mas logo eu abaixei minha cabeça, envergonhada. Ele sorriu a me ver fazer aquilo e depois se virou de volta para frente.

A aula de inglês passou lentamente, Berry ficou conversando, animadamente, quase a aula toda com Aaron, ela enchia ele de perguntas sobre onde ele estudava e onde ele morava. Eu e Anne permanecemos caladas, fazendo os exercícios.

Quando a aula acabou fomos para a sala de biologia, ele não tinha essa aula conosco, nem essa, nem mais nenhuma outra até a hora do intervalo. Quando acabou a aula de Francês, fomos para o refeitório. Foi ai que eu o vi outra vez, sentado numa mesa no canto, no momento em que eu entrei, ele me olhou e sorriu quase que imediatamente.

Virei meu rosto para as garotas sem mostrar nenhum tipo de simpatia, Anne e Berry sentaram-se com Matt, Dan, Natanael e Mellysa. Eu fui com elas e me sentei, roubando uma batatinha frita de Matt e abrindo um largo sorriso para ele. Berry logo levantou o braço e chamou Aaron para se sentar conosco, eu quase gritei.

- Berry! – Disse tentando abaixar minha voz. Ele veio andando na mesma hora.

 

-O que? – Ela perguntou assustada sem entender, o pior e que nem eu entendi porque fiz aquilo.

 

Eu estava louca, só podia, qual era o problema do garoto sentar do meu lado? Ele não era nenhu... Calma ai! Pensei. Do meu lado? Foi ai que eu percebi que o único lugar vago era o do meu lado. Quando ele sentou do meu lado, eu me encolhi na cadeira. Ele me olhou e abriu um largo sorriso.

 

-Algum problema? – Ele disse, me olhando. – Se quiser eu saio! – ele parecia tão gentil e eu fiquei ainda mais sem educação com essa reação dele.

 

-N..ão – Eu soltei, meio sem graça.

 

Conversamos o intervalo todo, não eu e ele, mas todos nós. Ele era bastante educado, mas era sério, só o vi rindo duas vezes em todo, uma vez foi que Dan caiu da cadeira. e a outra foi quando eu contei da vez que eu havia caído do palco numa apresentação no balé.

 

Cheguei a minha casa e fui almoçar com meus pais, eu estava preocupada demais, até meus pais perceberam. Depois do almoço fui para meu quarto e me joguei na cama e fiquei lá pensando em o que tava acontecendo comigo. Eu não tinha confiado nele, era um garoto muito estranho, ele deveria estar em alguma passarela e não no colegial. Por algum motivo eu olhava pra ele e sentia medo, me dava vontade de ficar mais longe possível.

Fiquei deitada mais ou menos uma hora, assim meu pai e minha mãe não estariam em casa pra me perguntar o que aconteceu. Então decidi fazer alguma coisa pra animar. Tomei banho e mandei uma mensagem pra Berry perguntando se ela queria ir ao cinema, ela respondeu logo dizendo que sim e que Anne iria também.

Então me arrumei, coloquei um vestido branco de pano leve, estampado com umas manchas pretas e uma meia calça preta com um escarpam. Depois vesti um sobretudo preto, que ia até um pouco abaixo do meio da minha coxa, era fechado por uns botões grandes e tinha uma faixa na cintura. Mudei minhas coisas de bolsa e desci empolgada, pelo menos um cinema iria me distrair.

Quando cheguei à sala a campainha tocou, como eu estava perto da porta eu atendi com um sorriso acolhedor. Mas quando vi quem era meu sorriso se foi.

 

- Olá! – Aaron sorriu e me olhou dos pés a cabeça, o que não era muito difícil pra ele, era só olhas pra baixo. – Desculpe-me por vir sem avisar, Berry me deu seu endereço, ela disse que você tem toda a matéria do semestre.

Ele estava muito bonito, mais do que no colégio. Ele estava vestindo uma blusa de frio cinza meio azulada, que era de um linho fino e as mangas estavam erguidas até o cotovelo e com uma calça jeans escura. Seu cabelo estava como quando estávamos no colégio, arrepiado.

-Ah! – Eu cambaleei para trás, não como se fosse cair, mas pra me afastar. Ele estava muito perto. – Eu..- demorei um pouco pra continuar. Engoli seco e continuei. – Eu tenho, entre e sente-se aqui na sala, vou lá ao meu quarto pegar.

 

Esperei ele se sentar e subi as escadas para ir ao meu quarto.

 

- A Berry está muito ferrada! – disse a mim mesma, baixinho.

 

Peguei todo o material que eu havia usado aquele semestre e desci com eles na mão. Quando cheguei, ele estava em pé de frente para o quadro de tulipas, olhando para ele fixamente.

 

- Aqui está! – Disse parada perto do sofá. – Tem toda matéria que você precisa aqui.

Ele me olhou com aquele sorriso encantador. Que droga! Eu pensei. Ele é bonito demais.

- Err...- ele veio ate mim.. – Será que você poderia me ajudar? Eu não sei se vou conseguir entender tudo.

 

- Não! – eu disse como um impulso, e logo fiquei vermelha com minha reação. – Digo, hoje não dá. Combinei de sair com minhas amigas.

 

-Tudo bem. Pode ser outro dia, é só me dizer quando você está livre que eu venho. – ele esticou a mão ate os livros que estavam entre meu braço direito e meu peito. – Vocês vão fazer o que?

 

- Vamos ao cinema – Eu entreguei a ele os livros.

 

-Ah... Que bacana, faz tempo que eu não vou ao cinema. Posso ir com vocês?

 

Pra que diabos ele quer ir? Argh. Balancei a cabeça, afastando o pensamente. Eu não era mal educada assim. Lógico que ele podia ir. Eu tinha que parar de ser mal-educada com ele, às vezes ele nem é alguém ruim.

 

- Pode sim! Afinal, o cinema é um lugar publico. – pra que mesmo eu disse a ultima parte?

 

- Ok então! – disse ele empolgado- Quer uma carona? Eu te trago mais tarde se quiser.

 

-Pode ser!- levantei os ombros. Vamos dar uma chance pra ele. Pensei.

 

Peguei minha bolsa e fomos para o carro dele. Era a Mercedes preta, muito bonita. Ele abriu a porta do passageiro e eu entrei meio desconfiada, mas fingi um sorriso. Depois ele rodeou o carro e entrou.

 

- Gosta de musica? – Ele perguntou, ligando o som do carro.

 

- Quem não gosta?- sorri só para não parecer grossa.

 

-Que tipo de musica? – ele ligou o carro e começou a dirigir. – Pode escolher, tem uns CDs ai no porta luvas. – Ele apontou para a porta luvas. – mas antes me fala onde é o cinema.

 

- Perto do colégio de belas artes. Você sabe onde é? – olhei pra ele disposta a explicar onde era.

Ele acenou que sim com a cabeça e ligou o carro. Abri o porta-luvas rapidamente e peguei o porta- CDs e fiquei procurando algo bom, ele tinha um gosto musical parecido com o meu, menos nos Rocks pesados, que tinham muitos. Peguei um cd do Sum 41 e coloquei no som.

- Boa escolha! Esse é um dos CDs que eu mais gosto. – ele disse sorrindo.

- É legal. – disse desviando o olhar para a janela ao meu lado

-Você mora aqui desde que nasceu? – Ele não tirou o olhar da estrada para me perguntar isso.

-Não. Eu nasci em Amsterdam e morei lá até os meus três anos de idade, depois meus pais se mudaram para cá. – disse olhando pra ele rapidamente. – Você é de onde?

-Muito longe. – Ele deu um sorriso meio estranho, parecia malicioso.

-Seus pais moram com você?

-Não, eu morava com um tio em nova York, mas agora eu moro sozinho em uma quitinete aqui perto. Meus pais morreram quando eu era pequeno.

-Oh. – Eu disse meio sem graça. – Eu sinto muito!

- Relaxa, não faz mais diferença. Quantos anos você tem, Brooke?

Eu fiquei meio confusa com a resposta dele, como assim não faz diferença a morte dos pais?

- Tenho dezessete. – eu estava com a voz meio estranha, nem parecia a minha, estava seca. - Você tem quantos?

- Tenho dezoito, fiz semana passada. – Ele desviou o olhar para mim uns minutos e sorriu.

- Meus parabéns atrasados!- Eu sorri automaticamente ao ver o sorriso dele.

-Obrigado!

Eu fui guiando ele até o cinema, só abrimos a boca para isso, até o cinema. Quando chegamos, ele estacionou e veio abrir a porta para mim, mas eu já havia saído.

Berry e Anne estavam na frente do cinema me esperando, quando elas me olharam logo abriram um sorriso malicioso, pensaram besteira, sem duvida. Eu fui até elas e disse antes de qualquer comentário.

- Antes de qualquer brincadeira sem graça, eu quero dizer com todas as letras. - parei para olhar para Aaron, que estava colocando os livros no porta-malas do carro. – Eu odeio você Berry e você também Anne, se tiver algo a ver com isso– as empurrei para que elas entrassem no cinema e gritei para Aaron – Estamos na bilheteria.

Berry estava rindo feito uma louca, eu sabia que ela tinha feito de propósito, só porque eu tinha ficado conturbada com a entrada do garoto no colégio.

-Não sei qual é o problema, se você na o quer nada com ele. – Disse ela sorrindo.

-O problema foi a sua intenção senhoria Berry. Juro, que se você não fosse minha amiga de infância eu nunca mais falaria com você.

- Ai Broo, que drama! Você esta numa coisa com esse menino. – Anne disse meio brava.

-Anne! – Eu disse, mas logo percebi que era verdade, eu não era assim, estava parecendo uma criança. – Desculpe meninas, eu não sei o que esta acontecendo comigo.

-É o amor, minha querida! – disse Berry rindo.

-Shhh... – eu disse tampando a boca dela - Está louca garota?

 

Escutei uns passos, vindo atrás de nós. Larguei Berry e me virei. Era Aaron, mas agora ele estava com um casaco preto por cima da blusa de frio fina que ele estava usando antes. Ele cumprimentou as meninas e fomos comprar o ingresso

Assistimos a um filme de ação muito sanguinário. Eu achei estranho que toda vez que ele via o sangue ele sorria, parecia que era psicopata. Anne saiu umas quatro vezes por causa da vertigem de sangue que ela tinha e eu a acompanhei, já que eu estava odiando o filme mesmo.

Quando o filme acabou já estava meio tarde e ainda fomos comer um hambúrguer. Resolvemos ir embora já estava de noite e o céu estava tão lindo, era raro ver o céu tão limpo em Winnipeg e quando acontecia eu sempre gostava de ficar observando.

Eu e Aaron nos despedimos das garotas na lanchonete mesmo e ele veio me trazer em casa. Eu coloquei o mesmo CD na volta, só que tocaram outras musicas. Eu estava me sentindo mais a vontade, mas não tanto, eu ainda tinha certo medo dele, parecia que ele iria me fazer mal.

Ele parou o carro em frente a minha casa e desligou o motor. Depois olhou pra mim, a beleza dele já estava me dando nos nervos.

 

-Então... – disse ele me olhando. – foi uma tarde agradável.

-As tardes com meus amigos sempre são agradáveis, é divertido fazer esses programas.

-Foi realmente bom, você são muito legais. Especialmente você. – ele abriu um largo sorriso.

- Que isso, elas são bem mais divertidas do que eu. A única coisa que eu faço é rir. – forcei um sorriso gracioso, mas eu detestava esses elogios de garotos. Pelo jeito ele era igual aos outros. – Bem, acho melhor eu ir e parar de tomar seu tempo.

Eu abri a porta e coloquei minha perna pra fora. Mas senti uma coisa gelada me segurar. Olhei para a direção dele e dei de cara com o rosto dele perto demais do meu, com um impulso me afastei rapidamente e fiz uma careta.

- O que diabos você ta tentando fazer? – soltei meu braço das mãos geladas com certa dificuldade. Ele era muito forte.

-Ah... Nada. Eu só queria saber se eu posso vir estudar com você amanhã. – ele não ficou sem graça nem nada, apenas respondeu com uma voz firme.

-Eu vou ver se eu não tenho nada pra fazer amanhã. No colégio eu te digo.

Sai do carro e fui em direção da porta com passos largos e apressados. Quando eu fechei a porta, eu ainda vi o carro dele parado na frente de casa.

Carlotta estava limpando os móveis da sala quando eu me virei para a sala. Eu olhei pra ela com uma cara meio mal humorada, aquele garoto tinha me irritado o bastante hoje. Ela me olhou assustada, como se tivesse feito algo errado.

- O que foi senhorita Brooke? – ela fez uma careta.

-Nada Carlotta. Nada! – disse tentando ser educada. – Cadê minha mãe?

-Ela estava no banho, deve estar no quarto.

- Obrigada! Estou subindo.

 

Subi as escadas e fui para o quarto da minha mãe. Ela estava no banheiro passando um creme no rosto, com os cabelos enrolados em uma toalha branca. Ela vestia com uma camisola de seda longa e azul claro.

Eu cheguei à porta e olhei para ela pelo reflexo do espelho. Ela abriu um sorriso por trás do creme verde que contornava sua boca e seus olhos. Eu não consegui não sorrir.

- Ei... Você vai acabar ficando com cara de abacate se continuar passando isso. – eu disse a ela rindo.

- Isso é ótimo pra pele meu amor, ainda mais para mim, que uso maquiagem a todo tempo. Faria bem pra você também.

- Não mamãe, eu não gosto de muito abacate perto da minha boca. – sorri para ela. – Queria conversar com você mãe, a senhora tem um tempinho?

-Senhora não meu amor, me sinto velha. – Ela passou por mim e me puxou para me sentar com ela em sua cama. – Qual o problema meu anjo? – ela me olhou com um rosto sério por baixo da máscara de creme, mesmo assim me dava vontade de rir.

- Ah mamãe! – eu deitei minha cabeça no colo dela. – Vou sentir falta de você.

-Eu também vou sentir sua falta, por mim eu te enfiava no meu closet e não te deixava mais sair. – disse rindo.

-Ai mãe. – comecei a rir. – Você tem cada coisa. – Eu me virei para cima para olhar para ela. – Entrou um garoto novo no colégio.

-Garoto? Nossa minha filha, você nunca me falou de nenhum garoto. É sério isso? – ela começou a acariciar meu cabelo.

-Não mamãe, eu não tenho nada com ele. Ele só é estranho, parece que é de outro mundo.

- Ah minha filha, todos os homens vem de outro mundo.

-É... Talvez seja isso. Acho melhor eu ir tomar um banho, 8h eu tenho ensaio.

-Quer que eu te leve?

- Não precisa mamãe. Acho que meus amigos não querem ver um fantasma me levando ao estúdio. – levantei do seu colo, rindo.

- Credo. – ela riu também e deu uma tapa em meu ombro de leve.

- Brincadeira mamãe, é porque não quero te incomodar. – lhe dei um beijo na testa. – Boa Noite!

- Boa noite!

Minha mãe não era uma das melhores pessoas pra conversar sobre sentimentos. Ela era um pouco fútil demais, não que eu não gostasse, eu achava que ela era divertida assim e equilibrava com a seriedade do meu pai.

Aquela noite eu voltei mais cedo do ensaio e tudo ocorreu normalmente. Eu me deitei e fiquei pensando no meu dia, especialmente na minha despedida de Aaron. Ele devia ser muito idiota se ele fosse tentar me beijar naquela hora, ele mal me conhecia. Isso chegava a ser até ofensivo, eu não era tão fácil assim.

Dormi depois de alguns minutos pensando. Eu sonhei com ele, foi um sonho confuso.

Primeiro eu estava em uma casa, grande e luxuosa. Eu tinha acabado de acordar em uma cama linda, com as cobertas de ceda vermelha. No momento em que eu me levantava eu via uma mulher linda, com os cabelos curtos e pretos, os olhos vermelhos e a pele muito branca, mais que a minha. Ela estava enrolada em um dos lençóis de seda vermelha que caia no seu corpo mostrando suas curvas perfeitas.

Quando eu me aproximei da mulher eu percebi que não era outra pessoa, era meu reflexo no espelho. Eu fiquei paralisada na frente o espelho, sem entender o que acontecia. Então Aaron aparecia na porta do quarto, com uma calça jeans e sem camisa, mostrando seu corpo perfeitamente branco e moldado. Ele vinha até mim e me beijava, com carinho, mas sem nenhum cuidado.

Depois esse mesmo sonho virava como se fosse um quadro onde em vez de tinta, sangue escorria pela tela.

Eu acordei assustada e não consegui mais dormir. Já era um cedo, faltavam uns 30min para meu celular despertar. Eu fiquei deitada tentando entender o sonho, não consegui entender onde estávamos, nem porque tinha sangue no final.

Meu celular despertou e eu fui tomar banho e me arrumar para ir ao colégio como era de costume. Fiz um rabo de cavalo em meu cabelo, deixando uns fios cair nos cantos do meu rosto.

Enquanto eu passava o rímel em meu cilho, escutei a campanhinha tocar. Fiquei meio intrigada, era difícil alguém vir aqui em casa, ainda mais essa hora, mas continuei me maquiando. Alguém abriu a porta e depois de um tempo Carlotta chegou à porta do meu quarto.

- Brooke, tem um rapaz lá embaixo querendo falar com você, ele parece ser do seu colégio.

-Rapaz? – levantei uma das minhas sobrancelhas, fazendo uma cara de duvida. – Que rapaz Carlotta?

- Acho que é aquele que você saiu ontem?

- O Aaron ta aqui? – eu disse quase gritando – O que ele quer?

-Não sei não, senhorita.

-Ainda tem alguém em casa?

-Não, seus pais já saíram e o James foi pra escola.

- Então você o manda subir aqui, mas fica por perto, caso eu precise me livrar dele.

-Ok.

Eu terminei de passar a rímel e comecei a passar o blush, foi nesse momento que eu o vi na porta pelo reflexo do espelho. Ele estava exatamente como no dia anterior, com o uniforme meio largado. Ele deu o sorriso que me deixava com raiva. Então e me virei para ele.

- Não acha que é muito cedo pra uma visita? – Eu disse enquanto guardava o blush na minha caixa de maquiagens.

- Não é bem uma visita. Eu vim te oferecer uma carona.

-Eu tenho carro, sabia? – eu disse a ele sorrindo.

- Sabia, mas não é muito triste ir sozinha ao colégio? – eu tinha certeza que ele estava arrumando um jeito de me levar com ele, e eu estava disposta a ir se ele insistisse muito. Acho que o beijo que ele me dera no sonho despertou em mim uma curiosidade.

- Não, já estou acostumada. – levantei os ombros.

- Eu não gosto muito. Você poderia me fazer companhia? Até que eu me acostume.

- Se eu não tivesse com tanto sono eu até tentaria te convencer de que ir sozinho é melhor, mas isso iria demorar.

Peguei minha bolsa e passei por ele na porta, deixando ele pra trás.

- Mas eu não quero me atrasar, então acho bom você não ficar viajando ai no meu quarto. – Quando eu fui olhar para trás ele estava do meu lado, fiquei assustada com a rapidez dele e acabei me desequilibrando.

Ele me segurou, mais uma vez rápido demais, mas dessa vez eu não fiquei nenhum pouco com raiva da atitude dele, mesmo que ele estivesse perto demais de mim, era melhor isso do que cair rolando da escada.

Eu me recompus, tendo certeza que eu não iria cair e me soltei dos braços gelados dele. Ele era tão gelado, que se ficássemos perto demais me dava arrepio.

-Acho que vou ter que ficar mais tempo por perto pra te segurar. – Ele colocou o a mão segurando meu queixo e levantou meu rosto para olhar para ele.

- Acho que se você não estivesse por perto eu não correria o perigo de cair. – eu desviei meu rosto da mão dele e desci a escada. Ele veio logo atrás de mim.

Fomos escutando musica e conversando até o colégio. Acho que eu estava começando a sentir algo bom por ele, a raiva e o medo estavam passando. Chegamos ao colégio e ele estacionou na vaga onde eu sempre estacionava o meu carro.

Berry cochichou alguma coisa para Anne quando me avistou ao lado de Aaron, isso me fez revirar os olhos. Se eu der bobeira era capaz da Berry me jogar nos braços dele só porque ele era bonito, grande amiga essa minha.

- O que foi? – Escutei Aaron dizer ao meu lado.

-Nada. – eu disse meio confusa. – É que todos devem estar falando de nós, nunca fui muito de andar com garotos. Fofoca é terrível.

-A gente supera. – disse ele rindo.

-Não fale isso por mim. – dei um longo suspiro.

Fomos todos juntos para sala de inglês, eu, Aaron, Berry e Anne. Aaron pediu para trocar de lugar com Anne e ficar do meu lado; Não entendi o motivo, eu não daria atenção a ele mesmo, quando eu ficava na aula eu nunca falava com ninguém. E estranhamente ele começou a aparecer em todos os meus horários durante a semana. Uns só para me levar a próxima sala e outros ele havia conseguido mudar o horário.

 Com o passar da semana nós fomos nos conhecendo mais e eu percebi que ele não era como os outros garotos que desistiam rápido. Ele era diferente, ele tava fazendo de tudo pra me mostrar que queria ficar comigo e isso acabava me fazendo ficar interessada.

Apesar de me sentir meio insegura quando eu estava sozinha com ele, eu ficava feliz por ele ser tão verdadeiro. O que eu não entendia era como alguém que eu tinha acabado de conhecer podia me fazer rir tanto às vezes.

Duas semanas depois, numa sexta, ele me trouxe em casa e ficou para estudarmos à tarde. Meus pais não voltariam para comer em casa, meu pai estava em uma reportagem muito importante e não podia sair do jornal e minha mãe estava ocupada com o desfile que estava chegando.

Eu falei para ele estacionar o carro em frente à garagem e entramos juntos. Ele estava me contando a historia de quando ele tinha viajado para o México e quase morreu de alergia da comida.

- E você não sabia nada de espanhol? Como você pediu socorro? – Eu abri a porta da casa e entrei.

- Como eu pedi socorro? – ele riu e entrou logo atrás de mim – Eu estava tão vermelho e inchado que se alguém não visse é porque essa pessoa era cega. A dona do restaurante gritava tanto que dava medo.

-Nossa! E como você foi pro hospital?

- A dona do restaurante me levou. Ela estava desesperada com medo que eu a processasse. Era uma pessoa simpática. - ele riu.

-Sorte a sua, você podia ter morrido. – Deixei minha bolsa no sofá e olhei pra ele. – Vamos almoçar?

-Ah... – ele fez uma cara de enjôo. – Eu não estou com fome, geralmente eu não como fora de casa, tenho muitos problemas de digestão.

- Não come fora de casa? – levantei uma sobrancelha. – por isso que você também não comeu aquele dia do cinema?

- É. – Ele sorriu. – Mas pode comer, eu te espero aqui. – Ele se sentou no sofá, sorrindo.

- Você que sabe. Vou ali ao quarto trocar de roupa, daqui a pouco eu volto.

Eu subia as escadas e fui para meu quarto. Chegando lá eu peguei uma calça jeans e uma blusa pólo listrada de mangas compridas e amarrei meu cabelo.

Quando eu desci, ele estava exatamente como eu o tinha deixado. Sorri de leve quando ele me olhou.

- Tem certeza que não quer comer? Carlotta cozinha muito bem.

- Não duvido que ela cozinhe, mas é melhor não. Não quero sair da sua casa correndo por causa de dor no estomago.

- Tudo bem então. – levantei os ombros. – Vou comer então, se quiser sentar a mesa comigo.

- Não, obrigado, vou ficar aqui esperando. – Ele entortou um pouco a boca em um sorriso

Quando eu voltei para a sala ele estava folheando a revista de moda da minha mãe. Ele parecia se interessar pelas paginas que passavam, não sei se por causa das modelos ou das roupas.

- É da minha mãe. – eu disse indo me sentar ao lado dele. – Ela é estilista e acabou de publicar essa coleção.

- São maravilhosos. – ele me olhou parecendo impressionado. – Eu realmente me interesso se ela fizer roupas masculinas.

- Ela não se especializou nessa área ainda. Ela tem alguns desenhos de roupas masculinas, mas nunca mandou fazer no ateliê nenhuma das roupas que ela desenhou.

- Eu acho um desperdício. Ela deve ter uns muito bons, pelo que eu vejo aqui ela é boa.

- É sim, mas ela prefere ir com calma. Acho que você combinaria com as roupas que ela desenha.

- São bonitas?

- Muito bonitas.

- Então eu agradeço. – ele sorriu e eu sorri com ele.

O combinado era que aquela tarde eu o ajudaria a estudar as matérias que ele não estava indo muito bem. Fomos para o escritório e começamos a ver as que ele tinha mais dificuldade, para a minha sorte eram só em historia e português, que eram as que eu mais sabia.

Ele entendeu tudo muito rápido, parecia até que nem tinha tanta dificuldade assim. Depois ele começou a me ajudar em física, ele explicava muito bem, então eu aprendi mais rápido do que eu pensei que séria. Apesar de ainda ter demorado bastante.

Quando terminamos já estava quase na hora de ir para o estúdio de balé, então ele se candidatou para me levar.

- Quer que eu te leve? Eu tava pensando em ir lá vê se me inscrevo nas aulas de saxofone.

-Saxofone? – eu levantei uma sobrancelha com a expressão meio confusa. – Ah... Não precisa ir, eu volto muito tarde.

-Melhor ainda, assim eu não te deixo andando sozinha tarde da noite. – ele colocou o dedo no meu queixo e levantou meu rosto para que eu olhasse pra ele.

- Pode ser então. Eu não gosto de voltar sozinha mesmo. – eu sorri e me afastei um pouco dele.

- Então eu vou a minha casa trocar de roupa e tomar um banho rápido e depois eu te busco.

- Ok então. Mas eu tenho que estar lá 8h.

- 7h40 estarei aqui. – ele se abaixou e me deu um beijo no rosto.

 Ele tinha os lábios gelados, assim como os dedos e o braço, e eu acho que o corpo todo. Eu não ligava muito pra isso porque era normal ficar gelado, pois ali era muito frio, eu mesmo ficava gelada as vezes. Não sei se tão fria quanto ele, mas era bastante gelada.

Eu o levei ate a porta e depois fui tomar um banho e me arrumar. Eu estava passando tanto tempo com ele aqueles dias que eu já tinha até me acostumado com a presença dele. Acho até que se ele se afastasse de mim naquele momento eu sentiria bastante a falta dele.

Apesar de conhecer ele há apenas três semanas, eu sentia que já o conhecia a muito tempo e ultimamente eu me sentia mais a vontade com ele do que com as minhas amigas.

Nós sempre tínhamos assuntos engraçados e diferentes. Talvez tenha sido porque a gente não se conhecia e estávamos nos conhecendo naqueles momentos.

Eu sai do banho e fui me vestir no closet. Peguei minha meia calça branca, minha polaina de lã listrada de rosa, branco e preto, e minha colan rosa claro de mangas compridas, que atrás era aberta até o final das costas.  Vesti ali mesmo e depois peguei uma calça de moletom, como sempre, e uma blusa de malha.

Dentro da minha bolsa do balé coloquei uma calça jeans e uma blusa preta com as mancas longas e a gola alta. Coloquei também uma jaqueta cinza. Foi nesse momento que escutei alguém buzinar em frente de casa.

Fui até a janela e o vi olhando para minha janela, ele estava do lado do motorista, entre a porta e a entrada dele. Ele me viu e sorriu encantadoramente. Eu sorri de volta.

Peguei minha bolsa e fui ao encontro dele. Quando eu sai ele estava encostado na porta do passageiro, me esperando. Ele abriu a porta para que eu entrasse e depois foi para o seu lado do carro.

Entramos juntos no colégio de belas artes e ele me acompanhou até minha sala e depois foi procurar a direção, para saber das aulas de saxofone. Antes de nos despedirmos ele me disse que iria voltar para me ver ensaiar.

E ele voltou mesmo. Depois de uns 40 minutos de ensaio ele chegou e se sentou no canto da sala, onde tinha uns bancos onde nós calçávamos as sapatilhas. Ele ficou me olhando fixamente todo o ensaio, as vezes sorrindo, as vezes ele fazia uma cara de bobo ou de espantado por causa dos movimentos. Mas toda vez que eu olhava pra ele, ele estava me olhando.

Ao terminar a aula eu fui até ele.

- Então, o que achou? – perguntei com uma voz ofegante.

- Não tenho nem palavras, você estava linda. Digo, você é linda, mas estava muito melhor do que qualquer uma bailarina que eu já vi.

- Obrigada!  - eu agradeci envergonhada.

Fomos conversando até o vestiário feminino, onde ele me deixou e foi esperar no carro. Eu troquei minha roupa sorrindo e depois soltei meu cabelo, que caiu ondulado em meus ombros. Ele me fazia muito bem, tanto nos elogios quanto na companhia, eu realmente não queria ficar longe dele, nem um minuto se quer.

Quando entrei no carro ele olho para mim sorrindo e olhava-me com um olhar doce. Ele passou as costas dos dedos no meu rosto, depois colocou uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha. Eu senti seu rosto se aproximando de mim e me dando um beijo demorado no rosto, que fez quase derreter.

- Eu quero te levar a um lugar, posso? – ele sussurrou no meu ouvido, eu até me arrepiei quando senti o a respiração fria dele na minha orelha.

Eu me limitei apenas em balançar a cabeça e sorrir. Ele se afastou de mim e ligou o carro, mas ele ainda ficou com uma das mãos acariciando meu rosto e meu pescoço

Nós entramos em uma pequena floresta que havia um pouco afastado da cidade. Eram mais ou menos uns 20 minutos de carro e demorou mais uns 15minutos até ele parou o carro.

A floresta não era muito fechada e estava clara por causa da lua cheia que iluminava quase tudo. Ele desceu do carro e abriu minha porta para que eu saísse.

Quando eu sai do carro ele me puxou pela cintura e começou a andar entre as arvores para algum lugar que eu não tinha a mínima idéia onde era.

Conforme nos andávamos, aumentava uma névoa ao nosso redor, que apesar de deixar o tempo mais frio, deixava o ambiente bonito. 

- Estamos chegando, pode ficar calma. – Ele sussurrou no meu ouvido e depois deu um beijo em minha cabeça.

Andamos mais um pouco e eu comecei a escutar um barulho de água, muita água. Foi ai que eu vi uma cachoeira logo a nossa frente. Quando passamos das ultimas arvores eu pude vê-la claramente.

Era uma cachoeira enorme, devia ter uns 8 metros de altura. Dela caia uma água tão limpa e transparente que dava para ver as pedras atrás da queda, e quando ela atingia o pequeno lago que estava embaixo formava uma cortina de fumaça branca. O Lago era tão transparente que dava pra ver as pedras através da água.

Eu nem imaginava que existia um lugar como aquele ali, tão lindo que faria a qualquer um sorrir. Aaron ficou atrás de mim, com as mãos geladas em meus ombros, ele esperou um pouco e abaixou o rosto até meu ouvido e sussurrou mais uma vez.

- É o lugar mais parecido com você que eu encontrei e nem assim consegue ser tão belo. Mas quando eu venho aqui, você é a primeira coisa que eu me lembro. Quando eu te vi a primeira vez eu tive medo de não poder ficar perto de você, por causa da estranha raiva que você sentia de mim.

“Então eu procurei um lugar onde eu pudesse ficar quando eu não estou com você, pra me distrai. Eu procurei nesta floresta e achei essa cachoeira. Eu queria que ela tivesse o mesmo significado pra você quanto tem pra mim. E eu queria ser pra você o que você é pra mim.”

Meu coração estava dando pulos quando ele terminou a ultima frase. Eu não tinha idéia do que fazer aquele momento. Estávamos num lugar maravilhoso e ele tinha acabado de dizer o que eu sempre quis ouvir de alguém, mas eu nunca tinha me programado pra caso isso acontecesse.

Mas eu não precisei fazer nada, ele fez tudo por mim.

Senti seus lábios beijarem embaixo da minha orelha, depois em meu maxilar, em minha bochecha, em meu queixo e por fim em meus lábios. Eu senti seus lábios gelados e macios contra os meus, sem muita urgência, seu hálito frio invadiu minha boca com a mesma calma do beijo. Ele colocou as mãos ao lado do meu rosto com delicadeza e continuou me beijando com cuidado.

Eu correspondi o beijo meio desorientada, o momento e o corpo frio dele me fez tremer um pouco. Eu levantei as minhas mãos e segurei o seu antebraço meio tremula. Ele desceu as mãos até minha cintura e me puxou para ele com firmeza. E eu coloquei meus braços em volta do pescoço dele e fiquei nas pontas dos pés para alcançá-lo melhor.

O beijo não demorou muito, eu acho que ele tinha medo de estar fazendo algo errado. Ele terminou o beijo e me abraçou forte, colocando o queixo no meu ombro.

Depois ele levantou o rosto e olhou pra mim com o rosto apreensivo, parecia ter medo de algo. Passou os dedos em minha bochecha com carinho e sorriu.

- Diz alguma coisa, por favor? Não me faz ficar nessa angústia, eu fiz algo errado? – ele parecia estar sofrendo.

Eu coloquei minha mão no rosto gelado dele, tentando acalmá-lo e dei um leve sorriso.

- Eu também sinto o mesmo. – eu disse com a voz baixinha.

 Ele suspirou aliviado e beijou minha testa. Eu encostei minha cabeça em seu peito. Naquele momento eu me senti tão bem, que se dependesse de mim, nós ficaríamos ali para sempre.


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