Dolovan Breus escrita por Roma


Capítulo 12
Sal


Notas iniciais do capítulo

Preparem-se para um capítulo tenso. E para ficar com vontade de bater no Frost. Enfim, aí está!



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SAL

Ela deixou a cabeça pender para trás, fazendo um grande esforço para não vomitar. O carro estivera dando solavancos pela estrada irregular há cerca de uma hora, e ela simplesmente não conseguia se acostumar com aquilo. O jardineiro já se voltara várias vezes para ela e se desculpara em francês, mas ele simplesmente não compreendia que desculpas não iam fazer a ânsia desaparecer. No banco de trás, o resto da equipe parecia lidar tranquilamente com o movimento, e ela desejou que sentisse o mesmo. O carro parou de súbito, e o impacto a lançou para frente, de modo que ela bateu a testa contra o vidro. Gemeu e esfregou a mão no local da batida.

– O que houve?

Non sei – o francês ergueu uma sobrancelha e abriu a porta do carro desajeitadamente, esgueirando-se para fora. Desceu do veículo e praguejou – algo que ela não entendeu muito bem. Voltou para perto do carro e balançou a cabeça negativamente. – Empacou. Não vai sair daqui non, a lama cercou os pneus.

– Estamos muito longe? – Sandy perguntou, de modo desanimado. Ele pensou por um instante.

– Mais ou menos. É uma pequena caminhada.

Ela suspirou e saiu do carro.

– Vamos lá, pessoal.

Ainda esfregando a mão na testa, Sal saiu do carro, um pouco tonta. Os outros fizeram o mesmo. Andando para a frente, Sal verificou o que o jardineiro havia falado. Por um instante, ela desejou que o terreno fosse arenoso. Seria muito. Muito. Melhor. Murmurou algo como “Ninguém merece” e seguiu o grupo, ficando um pouco para trás com Jack. Os dois andavam em silêncio. Após algum tempo, ele deteve-se.

– Está brava comigo por algum motivo? – perguntou.

– Não. – ela respondeu, devagar. Sem se voltar. Tentou apertar o passo, mas ele a alcançou com facilidade.

– Você está brava.

– Se tem tanta certeza, por que perguntou? – ela rebateu, friamente. Ele comprimiu os lábios e coçou a cabeça.

– O que foi? O que eu fiz de errado?

Ela deteve-se e voltou-se lentamente, estreitando os olhos.

– Você é mesmo impressionante, Frost. E não estou me referindo ao bom sentido da palavra.

– Qual é, o que foi?

– O que foi? Você não sabe? – ela sorriu, sarcasticamente. O sorriso desapareceu. – Pergunte para a Elsa, então.

Ele franziu o cenho.

– Como é que é?

– Ah, Jack, por favor. Não finja que não sabe do que estou falando.

– Eu sei que você não gosta da Elsa, mas...

– Ei. Isso não tem nada a ver com a Elsa. Ela nem é tão ruim. Tem a ver – ela encostou o indicador no nariz dele. – Com você, Frost.

– Pode me dizer do que está falando? – ele riu. Má escolha. Ela balançou a cabeça negativamente e cerrou os punhos.

– Você pode, Frost? Pode me dizer o que está acontecendo com você nos últimos dias? Porque eu gostaria mesmo de saber. É impressionante, Jack, há uma semana você não passava um dia sem perguntar para o Noel como vai a neta, não passava um dia sem comentar o quanto a Sandy tinha ficado melhor em seus truques. Não passava um dia sem falar comigo.

– Não vá me dizer que está com ciúmes da Elsa. – ele riu. – Não seja infantil, Sal.

– Infantil? Agora eu sou infantil? – a esse ponto, os outros haviam parado e se voltado para trás, mas ela não se importou. – Caso você, senhor inteligência superior, não tenha notado, você era o nosso líder. Era o que nos animava, nos dava forças e até contava piadas nos momentos inadequados. Mas desde que a Elsa entrou para a equipe, você parece ter esquecido tudo. Tudo o que já fizemos por você, e o quanto é importante para nós.

– Ei, quem inventou isso tudo?

– Eu não estou inventando nada, Frost! É a verdade, e todos nós percebemos! A Elsa pode ser incrível, pode ser bonita, pode ser esperta, pode ser essencial, mas não é a única! Você não fala comigo desde aquela noite, e ainda vem me chamar de infantil e ciumenta? Você não quer saber mais dos truques da Sandy, ou da neta do Noel, ou do time de basquete do Paco, ou... – sua voz falhou, a primeira lágrima deixou o seu rastro na maçã do rosto da vampira – Ou de mim. A Elsa não nos conhece, Frost, e ela deu mais atenção a nós do que você! Está apaixonado? Eu entendo. Sabe, eu entendo perfeitamente bem. Mas nenhum amor é desculpa para abandonar pessoas que sempre estiveram ao seu lado. Eu não falo só por mim, Frost, eu falo por eles! Eles são gentis e bons, por isso continuaram tratando a você bem, mas eu não vou mais aguentar isso! Não vou aguentar que você me chame de infantil para depois perguntar a Elsa se está tendo um bom dia!

– Isso não é verdade! – Jack gritou de volta – Eu me importo tanto quanto...

– E por acaso – ela interrompeu – Você, que tem se importado tanto com todos, o verdadeiro generoso, sabia que a neta do Noel está no hospital? Sabia que ela foi diagnosticada há dois dias? Você sabia, Frost?

Ele olhou dela para o senhor, que desviara o olhar pesadamente.

– Isso é verdade, Noel? – perguntou devagar. Sal soluçou e afastou-se do vampiro, seguida por Sandy e Elsa. Elas foram à frente do grupo, seguidas de Noel, Paco e do jardineiro. Jack ficou mais alguns minutos ali parado, quando ouviu a voz do jardineiro:

– Estamos aqui.


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Notas finais do capítulo

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